Percival Puggina
Se há um sentimento comum entre os cidadãos brasileiros é o de sua insignificância na relação com o Estado. Fora os que dele dependem para os próprios fins, a imensa maioria se sente impotente e mal representada. Os partidos políticos, aos quais corresponderia a organização das opiniões com vistas à representação, abdicaram dessa tarefa para se tornarem, nacionalmente, instituições gelatinosas, coloidais, assumindo a forma determinada pelas conveniências pessoais dos parlamentares.
Em breve síntese: os cidadãos perceberam, com suficiência de exemplos, que multidões nas ruas e praças falam às árvores, aos pássaros, aos ventos, mas são mal ouvidos por aqueles que com maus olhos os veem. Outrora, chegaram a pensar que as redes sociais, embora caóticas quanto aos meios e quanto aos fins, eram a nova praça da democracia. No entanto, espontaneamente, as plataformas passaram a prestar serviços aos que têm a ideia fixa de acabar com elas sufocando-lhes a liberdade e a liberdade de seus usuários.
Paradoxal? Sim, mas há algo ainda mais ilógico e incongruente. Aqueles que dizem combater uma certa e não identificada organização extremista de direita e falam sobre ela sem cessar são a única organização que se pode ver atuando – e pelo lado oposto – à luz do dia, na penumbra dos sigilos e ao brilho dos castiçais nas noites elegantes dos donos do poder. “Que organização é essa?” – perguntará o leitor menos atento aos acontecimentos nacionais. Pondere ele o fato bem recente descrito a seguir.
Apesar da má qualidade da câmera, o vídeo que registrou os movimentos do “terrorista” do último dia 13 deixa indisfarçada a inabilidade, o amadorismo de suas ações e o modo canhestro como ele se movimentou na cena. Embora o fato merecesse, prioritariamente, atenção pericial e psiquiátrica do Estado, aquela ação tresloucada foi pendurada num organograma! E ele envolve o 8 de janeiro, um tal golpe de estado, extremismo de direita, terrorismo, discurso de ódio, fake news e claro, decididamente, tudo sem direito à anistia.
Tenho imensa dificuldade de discernir o que uma coisa tem a ver com a outra. Não obstante, para surpresa geral da nação, a conexão é repetida com insistência pedagógica goebbeliana pelos que mandam no governo federal, pelos que neutralizam a representação política no Congresso Nacional, pelos mais falantes do STF e pelos veículos da velha e decadente imprensa.
A propósito, o que a anistia tem a ver com o senhor Francisco, também conhecido como Tio França? O cidadão comum percebe onde está palpável, visível, em alto relevo, a presença de uma organização e percebe que o acontecimento do dia 13 se dispersa na volatilidade de um impulso individual e desordenado.
O muito que tem sido dito sobre esse achado na improvável cartola dos acontecimentos é um claro exemplo de que só há uma organização política operando eficazmente no Brasil e ela é de esquerda, bem radical.
Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
Joâo Jesuino Demilio - 20/11/2024 11:41:20
VOTO DISTRITAL PURO com RECALLLMonica Abeid - 19/11/2024 14:17:41
Os "fora da lei" tomaram o pais e a imprensa os apoia. Nao entendo como isso pode se manter por tanto tempo.Márcia - 19/11/2024 09:48:19
Eles só sabem instigar às pessoas, conseguem fazer de uma pessoa com problema mentais julgarem como terrorista, infelizmente no nosso país enquanto essa gente estiver no poder o povo de bem estará sendo julgado como propagador de mentiras, nós só queremos um país melhor pra nós e pros nossos filhos e netos, abraçosEnio Sandler - 18/11/2024 23:48:17
Excelente Percival, parabéns 👏👏Decio Antonio Damin - 18/11/2024 14:02:10
TIU FRANÇA, pelas ações que-e como- as praticou deixou clara que estava impulsionado por uma psicopatia que parece ter se agravado quando participou do acampamento que culminou com as agressões aos três poderes em 8 de Janeiro...! Não é merecedor de aplausosRubilar José Bernardes - 18/11/2024 12:26:53
Grande Mestre, me causa espanto que até quinta-feira última, 14 ppdo. a imprensa amiga vinha destacando com e ênfase o tal limite de gastos, cortando verbas da saúde, defesa e outros ministérios. Depois do tal ataque ao STF, por um desmiolado(?) o tal "limite de gastos" silenciou.Francisco - 18/11/2024 10:54:42
Disse tudo, em alto e bom som!Afonso Pires Faria - 18/11/2024 10:45:12
Perfeito professor. Some-se a tudo isso um discurso vazio e mentiroso que recebeu a alcunha de "narrativa". Eles a usam de forma muito eficiente no terreno fértil da ignorância.Patrícia Lanzoni da Silva - 18/11/2024 09:44:08
Boa semana professor!! Tenho a impressão que este evento mortal foi o primeiro de uma série nesta sociedade hedonista e amoral, que rejeita, deliberadamente, Deus!