• Percival Puggina
  • 03/02/2016
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DEDICAÇÃO TOTAL AO FRACASSO

 Engana-se quem supõe que o desastre da pedagogia marxista se dá apenas na sala de aula onde estão os alunos mais vulneráveis, aqueles que Paulo Freire chamava "oprimidos" e aos quais dedicou uma pedagogia que os oprime para o resto da vida. O aluno que recebe dos professores, ano após ano, uma carroça cheia de materialismo histórico, dualismos e conflitos em sociedade de classes, sai da escola pronto para coisa alguma - ou para as "lutas sociais". Jamais para ganhar a vida, que isso é coisa de neoliberal. Mas não é somente ali que se prepara o desastre. Idêntico problema se derrama sobre todo o sistema de ensino, transmitindo aos estudantes uma visão de sociedade e de Estado incapaz de estimular o desenvolvimento individual e, consequentemente, o desenvolvimento social e econômico do país.

Os calouros da Faculdade de Serviço Social (SeSo) da UERJ contam-se entre prováveis novas vítimas da pedagogia marxista. O Centro Acadêmico dessa faculdade criou um legítimo trote para os novatos da primeira turma de 2016. A todos foi sugerido (felizmente não é imposto) que suas páginas no Facebook - ora vejam só! - sejam encimadas por uma "capa" onde, ao lado da imagem de Marx, se lê: "Sou calouro do SeSo e não viro à direita".

É razoável presumir que o jovem, feliz por ingressar numa faculdade estatal gratuita, que lhe vai garantir o futuro canudo, receberá essa sugestão como animada declaração de princípios, norma técnica a ser replicada e preservada ao longo do curso. E a tal "capa" proposta para as páginas dos alunos pode ser compreendida como dístico no umbral de um espaço acadêmico em que o marxismo - supõem-se - seja a chave que abre as portas ao conhecimento e à interpretação da realidade.

Não é assim? Pois se não for assim, que reajam com firmeza calouros e demais alunos! Com essas coisas não se brinca. Graças a tais desgraças, tolerâncias e omissões, as políticas sociais do Brasil são de estagnação, de cristalização na miséria, de manutenção do IDH na mesma posição relativa no ranking mundial. Poucos sabem (esse dado, quando divulgado, irritou Lula profundamente) que o governo petista, devidamente "virado à esquerda" como pretendem os acólitos marxistas da SeSo, tem resultados bem piores do que seus antecessores na melhoria do IDH nacional. Eis o que revelou o relatório de 2014 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud):

"Entre 2000 e 2013, o crescimento do IDH brasileiro foi de 0,67% ao ano, em média - abaixo da média mundial, de 0,74%. Entre 1990 e 2000, o índice havia sido de 1,1%. Na década anterior, de 1,16%. Desde 2008, o Brasil perdeu quatro posições - não porque teve uma redução no IDH, mas porque outros países cresceram mais rápido: Irã, Azerbaijão, Sri Lanka e Turquia, especificamente. Na América Latina, o país ficou atrás de Argentina, Uruguai, Chile e (pasmem!) Venezuela" (1).

Contra todas as evidências, porém, os seguidores de Marx têm no alemão uma fé que faz inveja aos fieis de qualquer religião. Ela não é do "tamanho de um grão de mostarda", como Jesus dava por mais do que suficiente para produzir milagres, mas do tamanho de uma semente de abacate. Só que não serve para coisa alguma, exceto angariar militantes do atraso.

(1) http://www12.senado.gov.br/emdiscussao/edicoes/pacto-federativo/realidade-brasileira/agenda-social-avancou-mas-desigualdades-persistem

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
 


Odilon Rocha -   05/02/2016 00:53:24

Fico aqui, caro Professor, meditando, indagando-me filosoficamente, como pode alguém dedicar-se tanto assim ao fracasso sem que ninguém se dê conta ou se importe com isso? Será uma febre zumbinóide? A hipnose neocomunista já está em fase adiantada? É de lascar!

Genaro Faria -   04/02/2016 08:37:17

Como sair desse atoleiro? Meus pais viveram no atoleiro de uma ditadura. E eu, também. E antes deles, meus avós nem soubessem que viveram no atoleiro de uma ditadura. Não admira, então, que até hoje o brasileiro não saiba o que é viver em liberdade. O brasileiro e a grande maioria dos nossos vizinhos latino-americanos. Nosso conceito de liberdade tem um pedigree de vira-latas. É muito vagabundo. Mas nós temos dignidade. Porque somos humanos. E agora, nesse novo atoleiro em que nos meteram, os novos tiranos se meteram a besta de nos tirar até a dignidade . Deu essa vontade neles. Coisa de gente louca. Psicopata. Acho que eles estão abusando. Quem nos criou foi Deus. E nem Ele abusa de nós. Como é que essa gente da peste faz o que faz com a gente e acha que vai ficar por isso mesmo? Pois sim! Tem hora que a gente também faz trato com o demônio. E esse cujo não tem compromisso com ninguém. O que ele gosta mesmo é de ver o circo pegar fogo. O caminho da vida é muito estreito. E ninguém pode jurar que já viu aonde ele vai chegar. Cada um tem sua loucura. O abuso, quando é demais, um destempero, faz juntar no mesmo tacho loucuras que viviam apartadas. Cada uma no seu canto. Perigo nenhum. Ou muito pouco. Mas quando junta. Juntou. Então é uma loucura só. Aí Deus se levanta do trono e vai-se embora. Só o diabo nos governa. Ele gosta. E já encomendou o convite da festa. Esfregando as mãos.

Genaro Faria -   04/02/2016 04:41:18

Quem sabe de uma marca de carro, de relógio, de roupa, de aparelho doméstico, de perfume, de cigarro ou de um papel higiênico, pelo menos, de um país socialista? Ninguém. O que produzirem esses países em nosso benefício? Nada. Em que teriam avançado esses revolucionários para a vida aqui na terra - já que eles não acreditam em outra vida - se fizesse mais confortável, ou menos árdua? Em nada. Que país onde o socialismo triunfou, como Cuba, fechou as fronteiras para evitar que refugiados da exclusão social de sociedades injustas o invadissem em levas que ele não poderia suportar. Nenhum. Todos eles fecharam suas fronteiras para impedir a fuga de seus habitantes. Só mais uma questão: Por que o socialismo, que atribui ao Estado a primazia de no libertar de toda opressão, não permite que os seus cidadãos sequer expressem sua própria opinião? Ora, essas questões são tão rudimentares que não podem suscitar qualquer discussão. E os próprios socialistas são os primeiros a concordar, embora não confessem. Mas eu afirmo que concordam porque nenhum deles escolheu um país socialista para viver no exílio. Todos foram viver em Paris, Londres, Roma, Santiago do Chile. Salvo algumas raríssimas exceções, reconheço. Houve quem foi para Cuba. A fim de aprender a lutar pela democracia. Como Zé Dirceu, que fez outro Zé, o Serra, chorar ao ver o estado deplorável do amigo e herói, mais até, "um retrato da nossa geração", com algemas no pulso que, ao ser preso pela primeira vez levantou, fechado, na tradicional saudação comunista. É por isso que não me surpreende que o Brasil esteja numa situação mais deprimente até que a Venezuela. Porque lá, assim como na Argentina, sempre houve uma oposição. E por isso mesmo seus governos socialistas foram obrigados a tomar medidas mais autoritárias que as anulassem. E a mostrar sua identidade sinistra sob o verniz de uma falsa democracia. Aqui, não. Nossa oposição é um tigre de unhas aparadas, patas aveludadas e só rosna como o famoso leão da Metro: para a plateia. Na intimidade, ela gosta de ser chamada de gata.