• Percival Puggina
  • 18/02/2016
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DO VÍRUS ZIKA AO ABORTO? FRANCAMENTE!

A prática do aborto remonta à antiguidade e tem, portanto, longa história. O primeiro relato de técnica abortiva data de 1550 a.C. e se encontra no Papiro Ebers, um documento médico do antigo Egito. Na Grécia clássica praticavam-se abortos. Hipócrates fazia abortos. Aristóteles recomendava abortamento em certos casos. Abortava-se em Roma. Abortava-se na Índia. Há mais de 4 mil anos faziam-se abortos na China. Certas culturas antigas o criminalizavam. Outras não. A Igreja o considerava pecado grave já durante a Idade Média. Ainda hoje, índios brasileiros matam bebês com deficiência física.

 É irrecusável, portanto, que a atual defesa do aborto retoma a insuficiente informação própria das antigas civilizações. Recua nos passos de evolução das ciências. Assume como não sabido o que se tornou conhecido, para acolher uma prática que a informação proporcionada pela ciência fez com que fosse rejeitada. É uma curiosa inversão! Quando nem se pensava na genética, quando os mecanismos da concepção e da gravidez ainda eram desconhecidos, o aborto não envolvia qualquer juízo moral. No entanto, à medida em que o saber avançou e a genética evidenciou a natureza humana do feto, o aborto passou a ser objeto de interdição moral e legal. Os abortistas, porém, querem mandar a Ciência às favas e retornar à antiguidade em nome da modernidade!

Recentemente, enquanto seus convidados trocavam ideias sobre vírus Zika, microcefalia e aborto, uma apresentadora da Globo News lançou esta convocação: "Vamos ver se agora o Brasil começa a debater com seriedade a questão do aborto". Para aquela cabecinha "politicamente correta", debater com seriedade a questão do aborto é assumir a atitude reacionária de dar marcha-ré na história e no conhecimento científico. Por isso, digo: Aborto? Francamente!

Agora, querem submeter o assunto ao STF - ao cada vez menos douto e mais abelhudo Supremo Tribunal Federal, àquele que diz não estar legislando exatamente quando passa por cima do parlamento. E os abortistas querem levar o caso ao STF por um motivo especialmente imoral, ou seja, por um problema de saneamento básico. Ora, se o governo e as autoridades sanitárias não conseguem proporcionar condições adequadas de saneamento ao país, se a população não zela pelo próprio quintal, se o Estado não cuida dos seus fundilhos, se o mosquito zune nos ouvidos e zomba das autoridades, sacrifiquem-se os inocentes, porque queremos uma humanidade fisicamente perfeita, como naquele projetinho de Hitler e do Dr. Mengele.

Outro dia, li sobre médicos escandalizados com relato de mulheres abandonadas pelos maridos após o nascimento de bebês com microcefalia. Quanta perversidade desses genitores! Quanta debilidade moral! E o aborto, então, é o meio digno de resolver esse embaraço? Francamente!

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


Luiz Felipe Salomão -   24/02/2016 16:06:52

Caro Professor, sobre o tema em questão, seria oportuno ouvir o áudio do Dr. HEITOR DE PAOLA (https://soundcloud.com/rvox_org/o-outro-lado-da-noticia-psiquiatria-e-controle-mental-19022016). Saudações.

Dalton Catunda Rocha -   23/02/2016 14:59:51

O site http://www.amazon.com/How-Civilizations-Die-Islam-Dying-ebook/dp/B005O2PMYI/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1456239160&sr=1-1&keywords=how+civilizations+die tem livro que mostra como civilizações antigas como Grécia Antiga e Roma antiga colapsaram-se ante a legalização do aborto e o gayzismo generalizado. Sobre a planta fonte da forma padrão de aborto, na área do Mediterrâneo, na Antiguidade, ver site em inglês: https://en.wikipedia.org/wiki/Silphium

Susana -   20/02/2016 16:49:47

Fico impressionada com o fato de que os abortistas não reconhecem os direitos do feto - um ser humano em constante formação desde a concepção - e entendam que o desejo da mãe é superior ao direito à vida da criança. Para tanto, "esquecem" de forma conveniente todos os avanços da medicina e o que a ciência diz sobre o assunto. Vale tudo para justificar que o aborto é um direito da mulher e todos os argumentos favoráveis ao direito do feto são contornados sem qualquer preocupação com a lógica, com a humanidade, com a ciência, com a evolução da sociedade, com a moral e com a ética. Como bem escreveu o Professor Percival, nem precisamos apelar para a religião para este debate.

Leia Pereira -   20/02/2016 15:04:27

O iluminismo está se apagando. A humanidade vai voltar às trevas, mesmo com todo conhcimento que adquiriu. É o que parece.

Fernando Luiz -   20/02/2016 14:53:31

Simples e pertinentes, neste caso, as palavras do meu querido Papa Francisco... Em seu retorna á Roma! Sensatez, para mim basta! FERNANDO LUIZ

Percival Puggina -   20/02/2016 00:02:51

Prezado Urquiza, sua observação foi oportuna. Fiz breve alteração para lembrar que a Igreja apontava o aborto como pecado grave. Quando escrevo sobre aborto eu evito o argumento religioso porque ele é desnecessário. Há um excesso de argumentos contrários para convencer qualquer pessoa que pare para pensar.

Urquiza -   19/02/2016 23:20:03

Só não concordo com isso: "Quando nem se pensava na genética, quando os mecanismos da concepção e da gravidez ainda eram desconhecidos, o aborto não envolvia qualquer juízo moral. No entanto, à medida em que o saber avançou e a genética evidenciou a natureza humana do feto, o aborto passou a ser objeto de interdição moral e legal. " Ora, A Igreja Católica berçou a Civilização Ocidental em todos os seus campos: arte, filosofia, física, matemática, música, arquitetura, direito, economia, moral, ciência, letras, língua, etc. A Igreja Católica pregou contra e aboliu a prática do infanticídio que era considerada moralmente aceita pelos antigos gregos e romanos. Platão disse por exemplo, que um velho pobre e doente que não pode trabalhar, poderia ser abandonado a morrer; Le Goff afirma que Sêneca escreveu: "Nós afogamos as crianças que nascem doentes e anormais". Então se hoje temos o discernimento de que o aborto entre outros é errado foi graças a Igreja que ensina o que é moralmente correto e que valoriza a vida humana desde a sua concepção, a ciência só veio confirmar o que ela já dizia, então "Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se parecem com elas." (Lucas 18,16)

sanseverina -   19/02/2016 21:39:28

Prof. Puggina: como os governos estão mais ocupados em encher os próprios bolsos e, portanto, “não têm recursos” para saneamento básico (quase metade da população brasileira não tem esgoto!), saúde, educação e distribuição racional de alimentos (produção tem), a solução que sai dos bestuntos de marqueteiros e políticos e é propagada por jornalistas e “intelectuais” politicamente corretos é a contenção do aumento populacional: a estratégia deve ser o retorno às cavernas com alta tecnologia só para privilegiados amigos do rei. Daí todas essas táticas sujas que incluem gaysismo, diversidade de gênero e práticas abortivas (além dos limites legais). A alegação de que a mulher é dona do próprio corpo e que, portanto, pode se desfazer do feto como de um tumor é o ápice do cinismo com o conhecimento científico que se tem da concepção e da vida intrauterina, hoje. Estes temas levantam a bandeira da tal vanguarda e, por isso, muitos embarcam neles para parecem modernos, antenados, conectados. Pobres cabeças vazias que não passam de gado tangido. Indígenas, destaque para os yanomamis, além das ervas abortivas, não só descartam recém-nascidos com alguma deficiência, mas, principalmente, também meninas para equilibrar os sexos lá na conta deles, comportamento que é apoiado por antropólogos como “expressão cultural a ser respeitada”. As epidemias que nos assolam atualmente, como as doenças transmitidas pelo aedes aegypti são até benvindas para o nosso “governo” porque ocupam o noticiário na função cortina de fumaça. Quanto ao atendimento preferencial da lei Rouanet, é mais um escândalo: tenho em casa, devidamente escondido, um livro de poesia (com dedicatória, oh my God!) tão primitivo que nem chega a naïf, patrocinado pelo MEC, porque os autores são da patota. Estamos vivendo o fim dos tempos? PS. Li o seu artigo no MSM, por isso estou comentando a lei Rouanet.

Gustavo Pereira dos Santos -   19/02/2016 03:48:45

Outro dia, defendendo o aborto, uma mãe e avó disse que o corpo é da mulher, que ela faça o que bem entender. É como se alguém deixasse um bebê na casa de outrem que mata o bebê, com a justificativa que a casa é dela, quem manda é ela e fim de papo.

Ismael de Oliveira Façanha -   19/02/2016 02:41:11

Ouvi, um dia destes, Martha Medeiros opinar favoravelmente ao aborto, dizendo que o nascituro é absolutamente parte da mulher, e totalmente disponível por ela, não sendo ouvido o pai ou os avós. Esse disparate feminista talvez não seja o pensamento da escritora Martha, mas, o artista fala sempre a linguagem de seus seguidores, e os leitores dela são majoritariamente feministas. Se L. F. Veríssimo escrever meia linha elogiando Jair Bolsonaro, perde seus leitores e seus cachês; logo estará postando comentários no facebook dos amigos esquerdistas que lhe restarem. Os ditos formadores de opinião, em verdade são transliteradores da opinião dos grupos para os quais servem; se V. van Gogh tivesse pintado para seus contemporâneos, teria morrido na riqueza, mas preferiu criar para os vindouros, e em vida vendeu apenas uma de suas 2.100 obras (O Vinhedo Vermelho), obras que, hoje, valem milhões. As abortistas gostam de afirmar que só os nascidos com vida são pessoa a ser protegida pelo Direito, os certamente nascíveis não. Para elas os fetos são pólipos, sujeitos a descarte, ao arbítrio da gestante.

Odilon Rocha -   18/02/2016 23:13:58

Desculpa esfarrapada e imoral para prosseguir com o projeto 'new world', caro professor. Esse pessoal não tem nada de bobo, mas de besta; demonicamente falando. Abraço

Genaro Faria -   18/02/2016 21:01:52

Tirar vidas de pessoas indesejáveis , por questões de cor, origem ou de má formação biológica é eugenia. É tratar o ser humano como um produto que não saiu perfeito segundo o controle de qualidade da linha de produção industrial. Se o argumento for o de liberdade da mulher sobre o seu corpo, esse direito de matar um inocente indefeso é de uma monstruosidade ainda maior. Daí a matar para controlar o crescimento demográfico de um país é só um passo de anão. A simples discussão pública desse tema que abomina a grande maioria da população - e por isso não se fala na convocação de um plebiscito - escancara o descaso dos atuais governantes pelo pelo povo, que só merece consideração na parcela, ínfima, dos que militam na política doutrinados pela mesma ideologia da elite no poder. Mas também confirma a irrelevância política dessa grande maioria que não faz parte dos aparelhos ideológicos ativos e regiamente patrocinados com recursos que pagamos para que se destinassem a fins nobres e necessários à saúde, educação, segurança pública e outros que estão se deteriorando rápida e sistematicamente.