• Bruno Braga
  • 12 Julho 2015

Em viagem apostólica pela América Latina, o Papa Francisco visitou o Palácio de Governo de La Paz. Na solenidade realizada na última quinta-feira, 09 de Julho, o Pontífice recebeu das mãos do Presidente da Bolívia - Evo Morales - um crucifixo talhado sobre o símbolo comunista da foice e do martelo.

Não é o caso de especular aqui sobre a reação de Francisco. Não parece sensato reproduzir as explicações e justificativas do Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e da Rádio Vaticano, porque cada palavra dita pelo padre Federico Lombardi deixa escapar pelo canto da boca um insulto ao público: "idiotas"... "idiotas"... [1]

Evo Morales presenteou o Papa com uma reprodução da peça de Luis Espinal Camps - padre jesuíta espanhol que foi assassinado na Bolívia, em 1980. Não é necessário levantar as circunstâncias do crime ou o contexto político da época - nem discutir a pertinência e as razões de Francisco para, antes de ser surpreendido pelo Presidente boliviano, rezar no local onde foi encontrado o cadáver de Espinal [2] - para reconhecer que a peça é uma espécie de atestado: Espinal era, independentemente do grau de comprometimento, um "apóstolo" da Teologia da Libertação - do simulacro de teologia forjado para tomar de assalto a Igreja Católica e instrumentalizá-la em favor da revolução comunista [3].

Não é demais afirmar também que Evo Morales expressa - através do próprio presente - o apreço que tem aos "ideais" da teologia revolucionária, afinal, ele não daria ao Papa algo pelo qual não nutrisse pelo menos alguma admiração e que não o fizesse sentir orgulho de oferecer em presente.

Evo Morales - o governo da Bolívia - fazem parte do Foro de São Paulo. Da organização fundada por Lula e por Fidel Castro, em 1990, para transformar a América Latina na imensa "Patria Grande" comunista. A Teologia da Libertação - dentro da proposta de revolução cultural, embora muitos de seus "apóstolos" tenham efetivamente pegado em armas - foi um dos ardis mais eficientes no processo de ascensão do ambicioso, e também criminoso, projeto de poder que hoje domina o continente [4].

Em 2014, a Bolívia abrigou o XX Encontro do Foro de São Paulo. Evo Morales - ainda concorrendo à reeleição - participou da abertura oficial do evento, que em seu documento final destacou:
"Declaramos nosso respaldo ao companheiro Evo Morales" [...] "O FSP resgata a contribuição da Bolívia à TEORIA e PRÁTICA REVOLUCIONÁRIA UNIVERSAL a partir do protagonismo dos MOVIMENTOS SOCIAIS na TRANSFORMAÇÃO REVOLUCIONÁRIA e na articulação do SOCIALISMO com o projeto emancipador dos povos indígenas" [5].

Logo depois de ser reeleito Presidente da República, Evo Morales participou, ainda em 2014, do Encontro Mundial de Movimentos Populares. Evento organizado pela Santa Sé, e que teve a presença do Papa Francisco. Embora ostentem a insígnia de "movimentos populares", os grupos que foram a Roma são extensões de partidos políticos. São agentes de um projeto de poder - inclusive do Foro de São Paulo. É o caso, por exemplo, da delegação do Brasil, representado pelo MST - com João Pedro Stédile, comandante do "exército" com o qual o ex-Presidente Luiz Inácio recentemente ameaçou o país [6] - pela CUT, pelo Movimento de Mulheres Camponesas / Via Campesina, pelo Levante Popular da Juventude.

Dentro do Vaticano, Evo Morales revelou sem o menor pudor a sua estratégia revolucionária:
"Nossa EXPERIÊNCIA" [...] "revolução DEMOCRÁTICA e CULTURAL" [...] " com TODOS OS MOVIMENTOS SOCIAIS agora demonstramos que a REVOLUÇÃO não se faz nem com armas e nem com bala, se faz com a CONSCIÊNCIA e com a luta" [...].

Morales não reproduziu apenas a estratégia gramsciana utilizada pelo movimento comunista latino-americano. Pelas lentes da TeleSUR - a emissora de TV venezuelana criada pelo Foro de São Paulo que fazia a cobertura do evento - Morales era o resultado bem sucedido de sua aplicação. Travestido de "líder indígena" - alçado à Presidência da República - discursava com honras e prestígio dentro do Vaticano.

Mas, de volta à visita do Papa à Bolívia, horas depois de ser presenteado com um símbolo comunista que representava a morte de milhares de cristãos, Francisco participou - junto com Evo Morales - do SEGUNDO Encontro Mundial de Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra.

O Presidente boliviano vestia uma jaqueta com a foto de Che Guevara. O ícone da revolução comunista cubana que ordenava o fuzilamento de cristãos e pregava: "Não sou Cristo nem filantropo. Sou totalmente o contrário de um Cristo" [...] "Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar movida apenas pelo ódio". Morales saudou o Papa - o "irmão" com o qual diz "coincidir" em "princípios", "valores" e "temas sociais" - e proferiu um discurso para enaltecer os seus feitos e estimular a militância política com a qual esteve em Roma. Esbravejou os velhos chavões contra "império norte-americano", o "neoliberalismo"; denunciou o "colonialismo", defendeu a "libertação política" e "econômica" contra a "dominação imperial"; condenou o "pecado" do "capitalismo" - e disse que se todos os sindicalistas, todos os "movimentos sociais", acompanhados pelos "partidos de esquerda", sejam eles "comunistas", "socialistas" ou "anti-imperialistas", "derrotamos facilmente a direita, os neoliberais, em qualquer país latino-americano". Para fechar, o cocaleiro boliviano disse: "pela primeira vez sinto que tenho um Papa, Papa Francisco" [7].

Era então a vez do Papa. Os aplausos o interromperam várias vezes. Porém, não pelas alusões à sua fé. Afinal, quem deu ouvidos quando ele alertou que as "mudanças" não se dão por "opção política" ou "estrutura social", e que "é preciso mudar o coração"? Ou quando observou que "o pai da mentira sabe usurpar palavras nobres, promover modas intelectuais e adoptar posições ideológicas"? A militância - disfarçada de "movimentos populares" - entusiasmou-se com o discurso socio-político, no qual viu - por estarem comprometidos com um projeto de poder - certa correspondência. E aplaudiu as denúncias contra o "sistema", a "economia idólatra", as "instituições financeiras" e "empresas transnacionais", contra as "novas formas de colonialismo" e a "concentração monopolista dos meios de comunicação social" - que impõe o "colonialismo ideológico"; festejou as advertências contra o saque e a devastação da "mãe terra". Os militantes ficaram de pé quando o Papa pediu "perdão" pelos "pecados" que a Igreja Católica cometeu em nome de Deus na "conquista da América". Vibraram quando Francisco proclamou que "a nossa fé é revolucionária", e quando ele repetiu a fraude publicitária dos governos comunistas latino-americanos:
"Os governos da região juntaram seus esforços para fazer respeitar a sua soberania, a de cada país e a da região como um todo que, de forma muito bela como faziam os nossos antepassados, chamam a 'Patria Grande'. Peço-vos, irmãos e irmãs dos movimentos populares, que cuidem e façam crescer esta unidade. É necessário manter a unidade contra toda a tentativa de divisão, para que a região cresça em paz e justiça" [8].

Muito bem. Não se trata de avaliar a fé de Francisco. Não é preciso pensar se ele de fato conhece o cenário político latino-americano - levando-se em conta não apenas a posição de autoridade, mas a origem de um Papa que saiu do "fim do mundo". Não é necessário divagar sobre os seus "planos" e "estratégias" pastorais, ou apontar as possibilidades de ação do Espírito Santo. Fato é que, independentemente de todas essas questões, a Igreja Católica será utilizada - ainda mais - para legitimar as ações e iniciativas de agentes políticos que contrariam integralmente os seus princípios e a sua doutrina, e que têm o objetivo declarado de pervertê-la e subjugá-la a um projeto de poder: os "movimentos populares" comprometidos com a fundação da "Patria Grande" comunista na América Latina. Tudo será utilizado, inclusive as palavras do próprio Papa, que diante de um público de militantes, falou sobre a sua alegria de "ver a Igreja com as portas abertas a todos vós" e convidou "a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais a aprofundar este encontro" [9]. A situação é delicada, e é preciso sim "vigiar" e não fechar os olhos; mas, sem esquecer - o católico - que este dever é acompanhado do "orar": orar, inclusive, para o Papa.

Originalmente publicado no blog do autor: http://b-braga.blogspot.com.br/2015/07/francisco-cruz-foice-e-o-martelo.html].


REFERÊNCIAS.

[1]. Rádio Vaticano, 09 de Julho de 2015 [http://br.radiovaticana.va/news/2015/07/09/pe_lombardi_explica_origem_de_cruz_entregue_ao_papa_pelo_pr/1157294].

[2]. Vaticano, 08 de Julho de 2015 [http://w2.vatican.va/content/francesco/es/speeches/2015/july/documents/papa-francesco_20150708_bolivia-espinal.html].

[3]. PACEPA, Ion Mihai. "A KGB criou a Teologia da Libertação" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/01/a-kgb-criou-teologia-da-libertacao.html]. Tradução do Capítulo "Liberation Theology" (15), que é parte do livro "Disinformation": former spy chief reveals secret strategis for undermining freedom, attacking religion, and promoting terrorism (WND Books: Washington, 2013); "A Cruzada religiosa do Kremlin". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html]; "As raízes secretas da teologia da libertação". Trad. Ricardo R. Hashimoto. Mídia Sem Máscara, 11 de Maio de 2015 [http://www.midiasemmascara.org/artigos/desinformacao/15820-2015-05-11-05-32-01.html]; "Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação", ACIDigital, 11 de Maio de 2015 [http://www.acidigital.com/noticias/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao-28919/].

[4]. A importância da Teologia da Libertação para a construção do projeto de poder revolucionário latino-americano nas confissões de: [a]. Fernando Lugo - ex-Presidente do Paraguai [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/o-engodo-da-libertacao-e-o-poder.html]; e [b]. Lula - ex-Presidente do Brasil [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/07/nao-guerra-nao-acabou.html] (item III). Consultar o material de estudo: [a]. "A hegemonia SOCIALISTA-COMUNISTA: o pacto entre o Foro de São Paulo e o Diálogo Interamericano" (reprodução do artigo de José Carlos Graça Wagner) [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/05/a-hegemonia-socialista-comunista-o.html]; e [b]. "O Eixo do Mal latino-americano e a Nova Ordem Mundial. O pacto entre o Foro de São Paulo e o Diálogo Interamericano" (referente ao livro de Heitor de Paola) [http://b-braga.blogspot.com.br/2014/05/o-eixo-do-mal-latino-americano-e-nova.html].

[5]. Cf. [http://forodesaopaulo.org/declaracao-final-do-xx-encontro-do-foro-de-sao-paulo/].

[6]. "Lula ameaça com 'exército' do MST" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/02/lula-ameaca-com-exercito-do-mst.html].

[7]. Cf. [https://www.youtube.com/watch?v=PbVuStr4eQk].

[8]. O discurso do Papa Francisco pode ser assistido neste link: [https://www.youtube.com/watch?v=PbVuStr4eQk]. E o texto acessado aqui: [http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/july/documents/papa-francesco_20150709_bolivia-movimenti-popolari.html].

[9]. Idem. 

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  • Darcy Francisco Carvalho dos Santos
  • 11 Julho 2015

 

Para aqueles que não acreditam na monumental crise financeira que o Estado está atravessando é bom irem se acostumando com a ideia.

Essa crise decorre de três grandes causas, basicamente. A crise estrutural, de décadas, que vinha sendo enfrentada pelos governos, mediante contenção de despesa, ao ponto de no governo Yeda, os déficits terem sido quase zerados. A governadora conjugou grande crescimento da arrecadação com contenção de despesa, gastando somente o que tinha em caixa.

A segunda causa foi o excesso de gastos feitos pelo governo passado sem que houvesse correspondência com o crescimento da receita, que foi baixo. Ele concedeu reajustes a servidores, cujos índices maiores passaram a vigorar em novembro de 2014 (dois meses antes de findar seu período), utilizando quase que integralmente o saldo dos depósitos judiciais (R$ 5,7 bilhões), correspondendo a 72%, a soma dos três últimos governos.

E para piorar a situação, para certas categorias representativas na folha de pagamento foram concedidos reajustes que correspondem a mais de três vezes o índice de crescimento da receita, até novembro de 2018. E o mais lamentável foi que a Assembleia Legislativa aprovou tudo por unanimidade.

A Zero Hora de hoje (11/7/2015) trás a dívida do Estado para com a saúde, de R$ 332,6 milhões, dos quais 282,6 milhões são despesas do governo anterior ou criadas por ele. Mesmo que justas, essas despesas permanentes não poderiam ter sido criadas sem a existência de recursos igualmente permanentes. É isso que diz um dos princípios basilares da responsabilidade fiscal.

O orçamento para 2015 foi feito com um incremento de receita de 16,7% superior à arrecadação de 2014, quando deveria ter sido no máximo entre 9% e 10%. E até maio esse índice de crescimento está em 6,7%. Além disso, a despesa foi subestimada em mais de R$ 1 bilhão. Somando-se despesas subestimadas e receitas superestimadas, o buraco atinge a cifra de R$ 5,4 bilhões, o que, coincidentemente é o número afirmado como déficit do exercício pelo atual governo. Em 28/10/2014, em artigo publicado na Zero Hora, denunciei esse fato.

E para piorar a situação, a crise econômica por que estamos passando está influindo negativamente na arrecadação. E essa queda só não é maior por fatores negativos: os altos preços da energia elétrica, dos combustíveis e a inflação.

Para termos uma ideia, somente na Administração Direta, considerando a proporcionalidade do ano em maio (5/12), a queda das receitas correntes estava em R$ 2,478 bilhões (-12,2%) e as receitas de capital (-95,4%), totalizando R$ 3,6 bilhões a menor que o valor constante do orçamento para o exercício (-16,9%). O segundo semestre costuma ser melhor na arrecadação dos tributos, mas não dá para termos grandes esperanças, diante da crise econômica (Tabela no final).

Acreditem: não é choro de governador. É maior crise financeira que o Estado do RS passou em todos os tempos. Estamos no limiar da governabilidade.

Sem querer contar vantagem pessoal, mas tudo isso estava previsto no livro “O Rio Grande tem saída”, de autoria minha e de três outros colegas. É só olhar as páginas 150-152 e 296 em diante, além de muitas outras.

Além disso, há mais de dois anos que venho escrevendo que estavam sendo concedidos reajustes muito além da capacidade financeira do Estado e que os recursos extras como caixa único e depósitos judiciais estavam se esgotando. Além disso, o limite de endividamento do Estado também se esgotaria em 2015, como se esgotou.

As consequências são imprevisíveis, podendo o atraso na folha ser a menos grave delas. Tomara que estejamos todos equivocados, que tudo isso seja apenas um pesadelo que, ao fim e ao cabo, se transforme num final feliz.

http://darcyfrancisco.blogspot.com.br/

https://www.sefaz.rs.gov.br/AFE/DOT-DES_1.aspx 

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  • Luis Milman
  • 11 Julho 2015

 

Os petistas, acuados, estão vivendo num estado misto de transe e tara política, orientados por seus líderes e, com isto, levando o país para o caos institucional. O encontro clandestino de Dilma Roussef e Ricardo Lewandowski para tratar da Operação Lava Jato, em Portugal, demonstra que não há mais qualquer resíduo de pudor, decência e vergonha no comando da República. Em nenhuma circunstância Lewandowski poderia ter se encontrado com Dilma, fora de uma agenda protocolar e pública, muito menos para tratar de assunto que vai desaguar no Judiciário, que ele preside. Cornelius Castoriadis escreveu, no ensaio a Indústria do Vazio, a propósito da decadência moral da academia francesa, um diagnóstico que se aplica à nossa República dos tempos atuais. Transcrevo pequeno trecho: " 'Na República das Letras' há - ou havia, antes da ascensão dos impostores - costumes, regras e padrões. Se alguém não os respeita, cabe aos outros chamá-lo à ordem e pôr o público de sobreaviso. Se isso não é feito, a demagogia incontrolada, como se sabe de longa data, conduz à tirania. Ela engendra a destruição - que progride ante nossos olhos - de normas e comportamentos efetivos, públicos, sociais, que estão pressupostos na busca em comum da verdade. Aquilo porque somos todos responsáveis, precisamente enquanto sujeitos políticos, não é verdade intemporal, transcendental, da matemática; se ela existe, ela está imune a todo o risco.

O que é de nossa responsabilidade é a presença efetiva dessa verdade na e para a sociedade em que vivemos. E é essa presença que está sendo arruinada tanto pelo totalitarismo como pela impostura publicitária. Não se insurgir contra a impostura, não a denunciar, equivale a tornar-se co-responsável por sua eventual vitória... . A democracia só é possível onde há um ethos democrático: responsabilidade, pudor, franqueza, controle recíproco e consciência aguda de que as vantagens públicas são também vantagens pessoais de cada um de nós. E, sem um tal ethos, não pode mais haver República, mas apenas pseudoverdades administradas pelo Estado, pela mídia."

Castoriadis está constatando que a degeneração moral e a empulhação destroem a democracia. O Congresso é ainda o poder mais representativo do povo e é do povo que o único poder legítimo emana. Não podem os congressistas, diante de tamanha degradação, se omitir mais uma vez. Se o fizerem, diante do atual quadro de ruína moral daqueles que ocupam os mais altos cargos da República, preocupados apenas em sobreviver em suas posições, a qualquer preço e por meio de negociatas clandestinas, estará escancarada a porta da insegurança institucional, estarão revogadas as nossas garantias jurídicas e, em consequência, um estado de coisas fora da lei pode tomar conta do país.

Não podemos confiar, apenas, na atuação heroica de um magistrado, no caso o juiz Sérgio Moro e na devassa que ele está fazendo nos porões dos mecanismos de corrupção entranhados na Petrobrás e Eletrobrás. As ações de Moro estão limitadas por sua jurisdição e todas se encaminharão para os tribunais superiores. Enquanto isto, o PT se sustenta no poder por meio de arranjos obscuros e de um mandato cuja legitimidade material já não existe. A cada dia que passa, mais surgem elementos que provam a sua articulação com esquemas de corrupção com empreiteiras, entranhados na administração da Petrobrás e da Eletrobrás.

Estes esquemas atingem diretamente a presidente da República, que perdeu toda a autoridade recebida das urnas para governar com base em padrões éticos. Dilma Roussef não é mais do que uma desgraçada personagem de folhetim político vulgar, que só permanece no cargo porque seu partido conta com a sustentação de uma elite que domina a mídia e patrocina aquilo que Castoriadis chama de administração de pseudoverdades. Fosse um político de outro partido, editoriais sucessivos e indignados já teriam, há muito tempo, exigido a sua renúncia. Se nossas elites corromperam-se pela adesão psicótica ao petismo, como se observa numa simples leitura de um grande jornal brasileiro, cabe a maioria esmagadora do povo preservar sua sanidade e exigir que esta farsa continuada, desastrosa para a nação, tenha fim.
 

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  • Rômulo Bini Pereira - GEN EX R1
  • 11 Julho 2015

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foi constituída dentro dos princípios de integração da América do Sul, com a fusão das duas grandes uniões existentes no continente: o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Comunidade Andina de Nações. No início de suas atividades com uma visão mercadológica e aduaneira, a Unasul vem-se transformando numa instituição intergovernamental que atua nos campos político e social dos países que a integram.

Ao final de 2008, em cúpula extraordinária da Unasul, foi instituído, por iniciativa do governo brasileiro, um Conselho de Defesa, composto pelos ministros de Defesa dos países integrantes. O conselho é o componente militar da Unasul, cabendo-lhe prioritariamente a criação conjunta de políticas de defesa. Outras missões recomendadas, como intercâmbio de pessoal militar, exercícios operacionais conjuntos, Forças de Paz da ONU e integração de indústrias de defesa, vinham sendo realizadas desde a década de 1980.

Entretanto, quanto à citada criação conjunta – anseio de lideranças que governam a maioria dos países sul-americanos, especialmente os ditos “bolivarianos” –, não existia um órgão específico para os estudos e propostas para tal finalidade. No início do corrente ano, a imprensa brasileira informou o início das atividades da Escola Sul-Americana de Defesa (Esude), com sede em Quito, um centro de estudos que representa, em última análise, um passo efetivo para o pretendido órgão de elaboração de políticas de defesa e, também, a capacitação de civis e militares nos assuntos de defesa e segurança regionais.

No período anterior à criação da Esude não foi observado nenhum debate em nossa sociedade, em nossas Casas Legislativas e muito menos na área militar. Um processo feito no mais alto nível governamental, porém às escuras, com deliberações impostas de cima para baixo, bem à feição das lideranças que nos governam, o que, sem dúvida, identifica o modus operandi gramscista do Foro de São Paulo. O escopo estratégico desse foro é intervir na área militar – principalmente a brasileira –, o que se está consumando de modo flagrante e abre caminho para o seu objetivo maior: a América Vermelha.

Segundo assessores do Ministério da Defesa (MD), a Esud vai gerar uma “confiança mútua” entre os membros da Unasul. Em bancos e currículos escolares será possível, mas, por certo, na prática isso não se dará. As nações ibero-americanas convivem, até os dias atuais, com atritos oriundos de suas respectivas formações. São conflitos que ainda deixam marcas em suas sociedades e, aliados ao forte componente emocional ibérico, poderão ressurgir. Um deles poderá ser o “imperialismo brasileiro”, ainda latente em alguns países fronteiriços. É bom lembrar que Simón Bolívar, o líder maior do “bolivarianismo”, como forma de confrontar o citado imperialismo pregava a integração da América espanhola. O Mercosul é um exemplo. A preocupação dos países integrantes é que o “irmão maior” se vai beneficiar das tratativas comerciais. Talvez o BNDES, com seus expressivos apoios financeiros aos países latinos, possa reduzir essa imagem imperialista.

Assessores do MD ainda informam que a frequência de militares brasileiros em cursos nos Estados Unidos será reduzida. Uma medida incompreensível e preconceituosa. Parece que tal redução advém de uma possível doutrinação americana favorável ao seu regime democrático, diferente da bolivariana a ser ministrada na Esude, que, por seu turno, não vê com bons olhos o “Satã do Norte”, como diria Hugo Chávez. Esse é um sinal claro de como essa escola estará comprometida com a ideologia bolivariana.

A par desse comprometimento ideológico, temas curriculares deverão ser considerados, e um deles será o estudo das personalidades que expressarão simbolicamente a pretendida integração. Simón Bolívar encabeçará a lista por sua capital importância para os países de origem espanhola. Estarão tais temas, sem dúvida, em consonância com a ideologia a adotar nomes como Fidel Castro, Hugo Chávez, Che Guevara, líderes indígenas andinos e outros. Não se tem conhecimento de personalidades históricas brasileiras que apoiaram uma integração latina.

O governo, para demonstrar coerência, deveria indicar como personalidade marcante o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, o sr. Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores do Foro de São Paulo, ideólogo confesso das esquerdas e o maior orientador do PT em integração latina, com liberdade para agir superior à do Itamaraty – nesse caso, então, um simples coadjuvante.

Segundo ainda assessores do MD, a Esude terá um desafio para atingir um “consenso sobre uma Estratégia de Defesa comum”. Um desafio esdrúxulo e inexequível, que repercutirá nas doutrinas das Forças Armadas sul-americanas e em sua soberania. Política Nacional de Defesa e Estratégia de Defesa são documentos abertos só no Brasil, país de índole pacifista. Em outros países são documentos reservados por conterem em grande parte hipóteses de conflitos.
No Brasil, por sinal, os documentos teóricos em vigor apresentam um enorme hiato entre as teorias expostas e a prática no preparo e no emprego de suas Forças Armadas. Elas não poderão cumprir adequadamente a sua missão constitucional de defesa territorial e salvaguarda da soberania nacional. O seu poder de dissuasão é limitado e, ano a ano, seus orçamentos diminuem. Esta situação em que se encontram poderia ser reduzida por uma ação efetiva do MD, órgão político de convencimento das autoridades constituídas e do Legislativo quanto à função e relevância da missão constitucional das Forças Armadas brasileiras, bem como da cultura dos necessários e impreteríveis investimentos. Infelizmente, o MD preocupa-se muito mais em complexas, ineficientes e ideológicas ações, como a criação de uma Escola de Defesa Sul-Americana, do que se engajar na solução dos graves problemas que afligem as Forças Armadas nacionais.

*Rômulo Bini Pereira foi chefe EM/MD

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  • Alfredo Peringer
  • 10 Julho 2015


 Ela ignora seus desmandos, inclusive constitucionais, a exemplo do verificado nos 55 anos do comunismo cubano, quando fala em levar o Brasil para o mesmo caminho, o dessa carcomida sociedade. Desconsidera, também, que ela e seu tutor Lula são os grandes culpados pela crise que começa a assolar o país, fruto de um governo perdulário, esbanjador, gastador de dinheiro além da conta e expropriador da sociedade, inibindo, com isso, as ações da iniciativa privada.

Frederic Bastiat afirmou que o único propósito de um governo é o de proteger o direito dos indivíduos à vida, à liberdade e à propriedade. Além dessas funções, estará pilhando a sociedade, ao expropriar recursos que devem ser administrados pelos próprios indivíduos. Aliás, Milton Friedman está correto quando diz que há quatro maneiras de gastar dinheiro, quando se gasta: (a) o próprio dinheiro com a gente mesmo; (b). o próprio dinheiro com terceiros; (c). o dinheiro dos outros com a gente mesmo; e (d) o dinheiro dos outros com terceiros. E o governo é aquele agente que gasta o dinheiro dos outros com ele mesmo e com terceiros.

Esse é o caso brasileiro, com o agravante que os nossos governos já mostraram ser administrados por criaturas perdulárias, esbanjadoras, que gastam o nosso dinheiro não apenas com ela, mas com terceiros e não apenas dentro do País, mas em países estrangeiros, principalmente se tiverem um viés doutrinário esquerdopata socialista, paixão dos nossos atuais governos do PT. A título de ilustração, no início do século passado a participação dos gastos do governo andava em torno de 5% do PIB. Hoje se aproxima de 50%, se considerarmos não apenas o que ele expropria via tributos, como os que ele toma emprestado Ignora, ademais, que os governos, a partir dos níveis sugeridos por Bastiat, são sistemas perdedores, geradores da falta de liberdade e da miséria humanas, devido à impossibilidade de geração do cálculo econômico de mercado.
https://mises.org/library/posing-problem-impossibility-economic-calculation-under-socialism-0
 

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  • Augusto Nunes
  • 10 Julho 2015

 

Não há sinais de vida inteligente na entrevista de Dilma Rousseff publicada pela Folha. A leitura das três páginas é a travessia de um deserto de ideias, planos, projetos ou programas. Nessa terra desolada só vicejam vigarices, platitudes, palavrórios sem pé nem cabeça e muita conversa fiada. A aridez da paisagem é acentuada pela ausência de explicações, justificativas ou meras atenuantes para as delinquências que colocaram a declarante na mira do Tribunal de Contas da União, da Justiça Eleitoral e da Operação Lava Jato.

Por falta de álibis a tripular, Dilma embarca em fantasias de colegial. Uma delas é qualificar de “golpista” quem acha que os artigos do Código Penal e as normas constitucionais valem para todos. A indistinta aplicação da lei não tem qualquer parentesco com golpismo. Golpista é quem usa dinheiro roubado da Petrobras para financiar a própria candidatura. Golpista é quem gasta o dinheiro que não tem e tenta esconder o rombo com pedaladas fiscais. Golpista é quem promove bandido a ministro e ajuda corruptos de estimação a escapar da cadeia.

Por ter sido submetida há quase 50 anos a sessões de tortura que os democratas de verdade sempre abominaram, a mulher que desgoverna o país se concedeu o direito de passar o resto da vida contando mentiras. Vai logo aprender que o que houve no passado não autoriza ninguém a assassinar a verdade todo o tempo. Muito menos torturar o presente e trucidar o futuro do Brasil.
 

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