• Olavo de Carvalho
  • 31 Julho 2016

(Publicado originalmente no Diário do Comércio)

No imaginário popular, criado e alimentado por essas três classes de vendedores de drogas que são os jornalistas, os professores e o pessoal do show business, o termo “universidade medieval” evoca imediatamente um ambiente mental opressivo e rigidamente dogmático, hostil à linda “liberdade de discussão” que a modernidade viria a inaugurar para a felicidade e conforto do gênero humano.

Como praticamente tudo o que vem dessas três fontes, isso é a exata inversão da realidade.

Nas universidades medievais, o principal método de ensino, ao lado da lectio ou comentário de texto, era adisputatio, ou debate organizado, que, dada uma questão, começava justamente pelo levantamento de todas as opiniões pró e contra disponíveis e em seguida prosseguia pela confrontação sistemática dos argumentos que as sustentavam.

O aluno que desejasse defender alguma ideia era convidado primeiro a reproduzi-la fielmente e argumentar contra ela, da maneira mais eficiente que pudesse, levando em conta todos os argumentos preexistentes, para ter a certeza de que se movia em terreno firme.

Ao contestar uma opinião, devia, antes, anunciar se negava alguma das suas premissas, o desenvolvimento lógico do argumento ou a sua concordância com os fatos conhecidos.

Em nenhuma universidade do mundo, nos dias que correm, vigora tamanho respeito pela liberdade de opinião e pela honestidade do debate. Nem mesmo no campo das ciências naturais, onde a distribuição das verbas de pesquisa, a mando de governos, de grupos bilionários e de interesses corporativos, já bloqueia in limine a mera possibilidade de discussão das teorias julgadas inconvenientes.

Mas, se isso é assim em praticamente todas as universidades do mundo, no Brasil a seletividade autoritária é ainda agravada até à demência pelo império dos professores ineptos –cinqüenta por cento deles, entre os recém-formados, analfabetos funcionais –, que defendem ferozmente os seus privilégios grupais e os seus interesses partidários contra o risco de discussões abertas que terminariam inevitavelmente pela sua desmoralização pública.

É esse estado de coisas que seus criadores e mantenedores descrevem, cinicamente, como “pluralismo”, “liberdade democrática” e “respeito pelas diferenças”.

O fenômeno do Dicionário Crítico do Pensamento da Direita (leiam aqui), em que cento e vinte professores universitários, subsidiados por verbas oficiais e privadas, prometiam um vasto panorama dessa corrente de opinião e em lugar dela promoviam a sua ocultação sistemática, ludibriando desavergonhadamente seus alunos e os leitores em geral, já bastava para ilustrar no ano de 2000, com amostragem estatística mais que suficiente, um estado de controle ditatorial que desde essa época não cessou de se ampliar formidavelmente e que seus beneficiários defendem com a bravura de militantes fanatizados e a mendacidade de criminosos psicopáticos contra a intrusão do “Escola Sem Partido”.

Há alguma coisa errada com o "Escola Sem Partido"? Há. O nome. Deveria chamar-se "Escola Sem Censura", porque a parte mais decisiva da dominação comunista na educação brasileira não consiste na propaganda ativa, que pode ser eficiente mesmo quando em doses mínimas, e sim na exclusão sistemática de tudo o que a contraria.

A mente do estudante pode se defender do que lhe dizem, mas fica impotente quando os meios de reagir lhe permanecem totalmente desconhecidos.

O nome "Escola Sem Partido" evoca o isentismo hipócrita que os jornais brasileiros encarnam tão bem, que só serve à esquerda e que ainda dá a ela a chance de acusar os adversários de querer praticá-lo.

Outro erro é a insistência na palavra “doutrinação”. Doutrinação é a inculcação sistemática de um corpo de sentenças ou teorias, de uma visão da realidade, que não pode nem mesmo ser compreendida sem alguma confrontação, por modesta que seja, com hipóteses adversas ou alternativas.

Como dizia Benedetto Croce, “é impossível compreender um filósofo sem saber contra quem ele se levantou polemicamente”. E Julián Marías explicava que a fórmula de qualquer tese filosófica não é simplesmente “A é C”, mas “A não é B e sim C”.

de nível superior, a quantidade de doutrinação é mínima.

Pascal Bernardin demonstrou, no já clássico Maquiavel Pedagogo, que as técnicas pedagógicas, algumas velhas de muitas décadas, utilizadas hoje em dia para escravizar mentalmente a população estudantil, do primário à universidade, são ardis psicológicos calculados para produzir mudanças de comportamento sem passar pelos processos normais de formação de opiniões, isto é, subtraindo-se não somente à confrontação crítica mas a qualquer exame consciente do que está sendo ensinado.

Freqüentemente as condutas induzidas permanecem no nível pré-verbal, como por exemplo no caso do menininho que, em vez de ouvir uma apologia ao homossexualismo, é convidado – por experiência, só por experiência – a dar um beijo sensual na boca do seu coleguinha.

Ou, na universidade, o aluno que, antes de ter ouvido dois minutos de teoria marxista, é liberado da aula para juntar-se a uma assembléia “contra o golpe”, tendo de escolher entre curvar-se à pressão dos pares ou tornar-se um réprobo, um excluído, um maldito fascista, sem ter tido ao menos a oportunidade de esboçar mentalmente alguma objeção formal à conduta pretendida.

A indução de comportamentos, a engenharia social, a pressão dos pares, a chantagem psicológica e a intimidação velada ou aberta são os procedimentos usuais empregados em praticamente todas as universidades brasileiras para manter a população estudantil obediente a padrões de conduta cujo alcance ideológico ela pode permanecer até mesmo incapaz de formular verbalmente.

Desde os estudos de Kurt Lewin, nos anos 40 do século passado, está demonstrado que procedimentos desse tipo são muito mais eficientes do que qualquer propaganda ou “doutrinação” explícita. E hoje em dia é notório que o emprego maciço desses recursos psicológicos é recomendado e imposto até mesmo pelos organismos internacionais.

O professor que aplique essas técnicas até transformar os seus alunos no mais obediente dos rebanhos pode mesmo reagir com indignação ante a sugestão de que os esteja “doutrinando”. E não é impossível que em alguns casos ele esteja mesmo sendo “sincero”, no sentido da autopersuasão histérica que se apega a uma auto-imagem grupal defensiva para não precisar julgar moralmente o que faz na realidade.

Esses dois pontos fracos deram aos inimigos do “Escola Sem Partido” , de mão beijada, a oportunidade de ouro de inverter o quadro todo da situação, apresentando as reivindicações do movimento como se fossem as deles próprios e atribuindo a ele as propostas simetricamente inversas.

Os cinco pontos fundamentais do "Escola Sem Partido" são tão obviamente justos e tão solidamente amparados na Constituição Federal, que os inimigos do movimento, para combatê-lo, não tiveram outro remédio senão roubá-los e fingir que o movimento defendia as propostas contrárias.

Isso não é discussão, é difamação proposital, ardilosa, dolosa no mais alto grau.

http://olavodecarvalho.org
http://seminariodefilosofia.org
 

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  • Pedro Henrique Mancini de Azevedo
  • 31 Julho 2016

 

"Usaremos o "idiota útil" na linha de frente. Incitaremos o ódio de classes. Destruiremos sua base moral, a família e a espiritualidade. Comerão as migalhas que caírem de nossas mesas. O Estado será Deus." (Vladimir Lenin)


Há alguns meses atrás, uma "música" de funk ficou famosa em todo o país após o jogador Neymar fazer uma coreografia na comemoração de um de seus gols pelo Barcelona. Não foi a primeira vez que Neymar acabou tornando uma música famosa por utilizá-la na comemoração de um gol. Mas esta última música em específico tinha uma particularidade, pois o cantor da música se autointitula MC Bin Laden.

Me lembro que na época comentei com alguns amigos da falta de noção de Neymar ao fazer referência a um cantor que utiliza o nome de um terrorista como nome artístico, em um país que foi vítima de um de seus ataques. É claro que Neymar não sabia deste fato, mas a Al Qaeda de Osama Bin Laden foi responsável pelo ataque em Madrid no dia 11 de Março de 2004, onde 191 pessoas foram mortas. Felizmente para o jogador, a imprensa espanhola não deu muita atenção ao caso, que poderia ter causado um embaraço enorme ao jogador.

Nada me espantou, porém, quando ouvi a notícia nesta semana que o vulgo MC Bin Laden teve seu visto negado para fazer um show nos EUA. Os representantes do artista alegam que o motivo foi pelo fato do Consulado americano ter pedido um exame toxicológico. Mas quem já viajou aos EUA sabe que esse tipo de pedido não é feito para a obtenção de vistos, pelo menos não é de meu conhecimento. Isso só me leva a acreditar que o motivo real da não liberação do visto do cantor foi devido ao seu nome artístico. Nada mais justo!

Utilizar o nome de um terrorista como Osama Bin Laden como nome artístico é uma falta de respeito a todas as pessoas que foram mortas em ataques planejados por ele. Isso não é piada, não tem graça, Bin Laden era um assassino. Deixar que um cantor utilize esse nome nos EUA, sobretudo em Nova York, é o equivalente a deixar que algum cantor utilize o nome de Hitler na Polônia. É uma ofensa que não tem tamanho.

O mais incrível disso tudo, é que a ideia de cantar em Nova York, mesmo que sem noção, não partiu do cantor brasileiro, mas do próprio Museu de Arte Moderna de Nova York. E é aí que chegamos ao ponto central da questão. Vejam como os valores da esquerda são distorcidos. Dentro do Brasil, temos uma pessoa como Caetano Veloso falando que funk é música popular brasileira, que é cultura (risos). E nos EUA, temos os "intelectuais" da esquerda americana convidando, em nome da "arte", um imbecil que fica três minutos de barriga de fora cantando "tá tranquilo, tá favorável", e ainda utiliza o nome de um assassino terrorista como nome artístico!

A inversão de valores da esquerda é algo realmente abominável, e como pode ser visto isso é um fenômeno global. A esquerda quer nos fazer acreditar que qualquer porcaria é arte. Ora, se tudo é arte então como é possível separar o que é bom e o que é ruim? Cada um tem seu gosto, e eu respeito isso, mas tudo tem limite. Uma coisa é a pessoa gostar de um lixo como funk, que só pessoas como Neymar, que não tem um neurônio vivo na cabeça, e Caetano e outros artistas inteligentinhos, que acham que todos nós somos burros demais para compreender a arte, gostam. Outra coisa completamente diferente é achar normal que alguém faça apologia a um assassino.

A luta contra a esquerda, sempre foi e continua sendo, não só política, mas também cultural. Essa idiotização que a esquerda quer promover no mundo todo é para fazer com que as pessoas fiquem cada vez mais imbecilizadas e no fim não percebam que viraram os famosos idiotas úteis que Lenin pregava. Feministas, ambientalistas, artistas, estudantes e professores ativistas, fazem parte dessa subversão da ordem social, pois eles acham que estão trabalhando por um mundo melhor, quando na verdade são massas de manobra. Cabe a dita "direita retrógrada" lutar contra isso, assegurando os valores tradicionais da família, religião e bons costumes, de geração em geração. Mas como podemos ver, a batalha é longa e diária. Não é fácil remar contra essa maré de proliferação da estupidez. Mas os passos tem que ser dados.

 

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  • Graça Salgueiro
  • 30 Julho 2016

 

E chegou a vez do Brasil. Apesar de ser o refúgio preferido de terroristas durante a malfadada era PT, nunca antes tivemos notícia do terrorismo islâmico por nossas plagas. Mas o Daesh, ou Estado Islâmico (EI), liberou seus "soldados" para agirem também aqui, uma vez que entre os dias 5 e 21 de agosto receberemos milhares de europeus de países considerados inimigos, para a realização das Olimpíadas.

Desde o fim do ano pasado o EI vem intensificando seus ataques bestiais na Europa, sendo nos últimos meses a França e a Alemanha seus alvos preferidos. O ataque ocorrido em Nice, que deixou um saldo de 84 mortos (a maioria crianças) e mais de 200 feridos, seguido do ataque na Alemanha, vem sendo tratado pela imprensa com um misto de parcimônia, covardia e omissão em relação aos atacantes, uma vez que temos observado um cuidado excessivo em rotular como "doentes mentais" que faziam tratamento psiquiátrico, para encobrir quem eram, na verdade, muçulmanos convictos cumprindo sua missão, terroristas que não agiram sozinhos mas orientado pelas lideranças do bando terrorista.

No dia 26 de julho dois terroristas invadiram uma igreja em Rouen, França, com o objetivo de assassinar os "infiéis" que lá estavam. Um padre de 84 anos que celebrava a Missa, duas freiras e dois fiéis foram feitos de reféns. Sob gritos de "Allahu Akbar!", os dois renderam os fiéis e enquanto um falava coisas em árabe em volta do altar, o outro mandava o padre Jacques Hamel se ajoelhar e o decapitava. Outra pessoa teve igualmente a garganta cortada e foi levada ao hospital, graças a uma freira que conseguiu fugir e avisou pessoas que passavam na rua. Os terroristas foram abatidos.

Congressistas franceses culpam o presidente socialista François Hollande pela intensificação dos ataques, pois eles apresentaram uma série de medidas preventivas e de proteção ao país antes mesmo do atentado em Nice, mas o presidente e seu primeiro-ministro, Manuel Valls, ignoraram solenemente.


Quando era presidente do Uruguai, o terrorista José Mujica cometeu a insensatez de trazer para o país 5 terroristas que estavam detidos da base de Guantánamo, Cuba, o que na época causou muita revolta na população. Desses, o sírio nascido na Líbia, Jihaj Ahmad Diyab, sempre causou problemas, apesar das mordomias que recebiam do governo uruguaio e, tão-logo chegaram, Mujica disse que eles eram livres para ir a qualquer país, "desde que fossem aceitos". Três meses depois de chegar ao Uruguai Diyab foi para a Argentina, acompanhado de uma argentina "defensora dos direitos humanos" cujo nome se desconhece, e lá afirmou ser filho de mãe argentina e vinha advogar pela libertação de todos os presos de Guantánamo, embora não falasse nada em espanhol.

Consultando a ficha dele em Guantánamo, verificou-se que era mentira, que sua mãe era líbia, que sua especialidade era "falsificação de documentos", e que ele pertencia a Al-Qaeda no chamado "Grupo Sírio". Em junho as autoridades uruguaias informam que Diyab saiu do país, entretanto, não há qualquer registro de passagem dele pelos postos de fronteira, o que leva a crer que saiu com documentos falsos, afinal, essa é sua especialidade. A Polícia Federal (PF) e os ministros da Defesa e da Justiça brasileiros informam que ele nunca pôs os pés aqui, mas ontem (27.07) ele apareceu em Caracas, alegando que viajou até lá de ônibus, tendo passado inclusive pelo Brasil. Lá ele procurou a embaixada do Uruguai para pedir que tragam sua família da Síria mas teve seu pedido recusado, inclusive pela Cruz Vermelha, pois saiu do país ilegalmente.

Há pouco mais de duas semanas de se iniciar as Olimpíadas, a PF deteve 12 "supostos" terroristas brasileiros que se articulavam para cometer atentados durante os jogos. Apesar de detidos e de não se ter informações posteriores aos interrogatórios, as autoridades brasileiras enfatizam que se tratava de elementos "primários", "sem experiência nem preparo", mas não é prudente subestimar o que as aparências demonstram. Sabemos que, tanto quanto os comunistas, os chefões do EI já deram a ordem para fazer uso da "combinação de todas as formas de luta", o que ficou provado com o atentado de Nice cuja "arma" foi um caminhão.

É óbvio que, mesmo utilizando redes privadas como o Telegram ou o Nashir Português, as mensagens são cifradas, passadas em código e os atacantes têm que manter um baixo perfil para não levantar suspeitas. Poucos cumprirão o Ramadan, freqüentarão mesquitas ou demonstrarão comportamento agressivo, como foi o caso dos últimos que atacaram na França e Alemanha.

Nesta quinta-feira 28 a PF prendeu mais um suspeito, brasileiro descendente de libanês, e um dos refugiados do Uruguai, o iraniano Pouria Paykani, foi visto pela última vez no aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre.

Deus permita que nada aconteça no Brasil e que não passemos a entrar nas estatísticas do terror do Daesh, e que as autoridades envolvidas na segurança tenham a clareza e a perspicácia de ver nas entrelinhas e não se fiar apenas em bombas e armas de fogo. O inimigo é astuto como as serpentes e até uma caneta pode se tornar uma arma letal.
 

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  • Thiago Kistenmacher
  • 30 Julho 2016

 

Publicado pelo Instituto Liberal e por Rodrigo Constantino


Eu tenho amigos muçulmanos – alguns que me são muito caros – que jamais pegariam em uma arma sequer ou tomariam uma faca para degolar alguém. Muito menos um padre, como ocorreu com o sacerdote Jacques Hamel. Lamento por eles, pois não são todos os muçulmanos que são violentos. E isso é evidente, pois se assim fosse, a julgar pelo seu número total, a situação estaria mil vezes pior – o número de muçulmanos no mundo já ultrapassa os 1,6 bilhões. Porém, os radicais devem ser combatidos impiedosamente, sem essa conversa de islamofobia, xenofobia ou compaixão “bonitinha” que é defendida pelas universidades e por religiosos que, em vez de lutar, preferem ser abatidos como gados anestesiados por teorias modernas.

Uma coisa precisa ser esclarecida aqui: a humanidade matou, mata e continuará matando. É melhor aceitar isso e não se iludir. Olhe lá do alto para o mundo, e de lá, segundo Nietzsche, “No cimo de certos cumes mesmo a própria tragédia deixa de parecer trágica.” Mas, claro, não é por isso que o homicídio e o terrorismo não devem ser rechaçados. Ao contrário, não se deve pensar que se pode negociar com bárbaros tais como estes do Estado Islâmico. A diferença é aceitar que nos matamos, hoje, e vamos nos matar amanhã como sempre fizemos. Por isso mesmo a guerra é inevitável.

O ser humano não é “bonitinho” como pregam os discípulos de Rousseau, aqueles que só sabem vociferar contra o seu próprio lar, quer dizer, contra a civilização ocidental. Essa mãe que, conforme inúmeras dissertações e teses, pariu a intolerância e o individualismo. O grande aliado do jihadista, o politicamente correto, vem exatamente daí e este é alguém que ele jamais irá combater. Acho que é a única coisa, excluindo, naturalmente, as armas e a tecnologia, que os terroristas amam no Ocidente. Se o jihadista é um criminoso, o politicamente é seu cúmplice!

Enquanto o Papa, Obama e François Hollande se solidarizam, outra faca é afiada e outra metralhadora é carregada. Talvez quando o crucifixo no topo da Basílica de São Pedro tiver sido trocado por uma Lua crescente e uma estrela, quando a Casa Branca ostentar uma bandeira preta e a Torre Eiffel se tornar um grande minarete, estas autoridades já não tenham mais nem suas próprias gargantas para poderem se pronunciar de modo mais racional.

Talvez quando estivermos todos vivendo sob um califado, nossas mães e irmãs trajando niqabs pretos e nós, homens, tendo que nos curvar em direção a Meca cinco vezes por dia dentro daquilo que havia sido a Catedral da Sé, alguém comente em voz baixa: “Você lembra daquele livro publicado em 2015 e que se passa numa França dominada pelo islamismo? Achei que fosse de ficção, não o relato de uma premonição.”

Espero que Michel Houellebecq, escritor e autor de Submissão, nunca possa ser chamado de vidente. Mas, não podemos assistir passivamente o politicamente correto continuar distribuindo faca para carniceiros em forma de teses e glorificando o martírio, pois assim ambos continuarão degolando o ocidente.
 

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  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 29 Julho 2016


Recentemente dois fatos estão tomando conta da mídia de modo marcante e insistente: as olimpíadas do Lula, que começarão daqui alguns dias, e a eleição presidencial norte-americana. As olimpíadas, elucubradas por Lula ou por algum de seus companheiros como o foi a Copa do Mundo do 7 x 1, tem feito brotar aos montes trapalhadas e desacertos oriundos do improviso, da incompetência, do despreparo das autoridades cariocas, notadamente do prefeito Eduardo Paes.

O alcaide, infeliz nas suas graçolas que beiram a grosseria tenta minimizar o caos dos apartamentos da Vila Olímpica, os transtornos no trânsito, os problemas do decantado Veículo Leve sobre trilhos – VLC e muito mais que vem acontecendo. Por tudo isso Paes devia receber o título de prefeito mais desastrado do Brasil.

Para piorar a situação, malgrado o enorme aparato de segurança que baixou no Rio de Janeiro, os assaltos continuam prejudicando e apavorando a população e infernizando atletas e turistas. É a vergonha nacional da violência urbana mostrada ao planeta mesmo antes das Olimpíadas começarem.

Quanto a eleição presidencial norte-americana parece que se dará no Brasil onde se votará em Hillary Clinton. Donald Trump é mostrado como um demônio branco, rico, um bufão desbocado, dotado de retórica forte contra os adversários. Isso lembra dentro das devidas proporções uma figura nossa conhecida que adicionou ao nome a alcunha de Lula.

Na verdade, Luís Inácio Lula da Silva é mais desbocado no quesito palavrão e sua riqueza e patrimônio não têm a mesma origem nem o tamanho da de Trump, o magnata que não gosta de imigrantes ilegais nem de mulçumanos, "sujeito perigoso" que deseja que "a América volte a ser grande". Em todo caso, Trump nunca usou a expressão, "nunca antes nesse país" ou se comparou a Jesus Cristo.

Tem também um traço no discurso de Trump que o faz detestado no Brasil latino-americano: ele encarna a direita e é politicamente incorreto, o que quer dizer que fala o que as pessoas não falam por temor de ficar mal socialmente ou serem punidas, mas pensam e sentem.

Trump, do qual se dizia que não conseguiria os delegados suficientes para obter a indicação do Partido Republicano e, se conseguisse seria barrado, já ultrapassou Hillary nas pesquisas. Sua identificação com o eleitorado se deve a alguns fatores como, por exemplo, a insegurança dos norte-americanos depois do trágico ataque de 2001 às Torres Gêmeas, o surgimento do Estado Islâmico e seus atentados terroristas, as alterações culturais e morais que esbarraram na ética tradicional.

Segundo análise de Peter Hakim presidente emérito do Diálogo Interamericano, publicada no O Estado de S. Paulo em 14 de fevereiro de 2016:
"Muito republicanos se sentem confusos e desconfortáveis com a legalização do casamento gay, com a legalização do uso recreativo da maconha e estão apreensivos com a imigração e as mudanças demográficas que estão transformando uma nação predominantemente cristã, branca e de língua inglesa, numa sociedade de múltiplas línguas, cores e culturas".

Hillary foi oficializada como candidata presidencial do Partido Democrata. Na cerimônia Obama fez um discurso altamente elogioso para sua ex-secretária do Departamento de Estado Americano, hipotecando-lhe precioso apoio.

Curioso lembrar que em 2008, quando disputava a presidência da República com Hillary, "Obama dizia que ela era capaz de qualquer coisa para ser eleita, ironizava sua antipatia e a criticava por ficar do lado das grandes corporações, enquanto trabalhadores perdiam emprego" (Folha de S. Paulo – 28/07/2016). Ela retrucava dizendo que era perigoso alguém inexperiente como Obama chegar a tão algo cargo e o criticava por ter ligações com um empresário acusado de corrupção.
Na convenção de Filadélfia o clima era visivelmente feminista e no seu discurso, cercada por mulheres, disse Hillary: "deixe eu dizer que posso ser a primeira mulher presidente, mas uma de vocês será a próxima". Em um cartaz erguido estava escrito: "Madam Presidenta".

Presidenta faz lembrar que tivemos pela primeira vez uma mulher eleita e reeleita. Aguardando seu impeachment ela foi a pior entre todos os demais presidentes, um pesadelo político que arruinou o Brasil. Não dá para compará-la a Hillary, é claro, mas é bom lembrar que a seletividade com relação a homem ou mulher, branco ou negro, pobre ou rico, não é critério válido para definir alguém como ideal para um cargo público. O que se precisa é de uma pessoa competente, experiente, cujo objetivo se volte para o bem comum.

Quanto a Trump é bom dizer, que quem tem Lula não deve jogar pedra nos políticos de outro país. Mesmo porque, são os norte-americanos que decidirão quem deve ser seu presidente da República e não nós.

* Socióloga
 

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  • José Nêumanne
  • 29 Julho 2016

(Publicado originalmente no Estadão)

Em matéria de cinismo, marqueteiro e "presidenta" se equivalem.

Dilma, quem diria, logo dará adeus às ilusões. Nas campanhas eleitorais em que se elegeu e reelegeu graças aos préstimos de João Santana, inventor de patranhas, foi vendida por ele como a "gerentona" mais habilitada a pôr o País nos eixos e guiar a classe operária ao paraíso. Acusada de ter cometido crimes funcionais, o que está para interromper seu mandato, responde pela irresponsabilidade de, por culpa da roubalheira do partido que a adotou, o PT, ter gerado a quebradeira e o desemprego generalizados que condenaram a Nação às piores crises ética, econômica e política da História. E ela ainda se agarra à imagem de ser "pessoalmente honesta", que começa a desabar.

Por ironia da História, uma grave acusação foi feita por esse gênio da lorota de fancaria, cujo depoimento ao juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, deu mais uma pista concreta de que, de fato, a campanha dela, que ele criou, produziu e dirigiu, foi financiada por dinheiro roubado, de propina de fornecedores da Petrobrás. A iminente homologação da delação premiada do mágico do marketing, de sua mulher, contadora e sócia, Mônica Moura, e de muitos executivos da empreiteira Odebrecht, entre os quais o presidente, Marcelo, prenuncia o fim do refrão com que Dilma enfrenta o impeachment: não levou vantagem financeira em nada nem tem conta em banco no exterior.

Para convencer policiais, procuradores e juiz, o marqueteiro, chamado de Patinhas na juventude pela fértil originalidade de letrista de música popular, na passagem de sucesso pelo jornalismo e na maturidade de publicitário milionário, decidiu abrir o bico como um "canário" da Máfia da Sicília em Chicago. E o faz de maneira cínica, idêntica à usada para inventar a torpe falsidade de um Brasil irreal de pleno emprego, redução da pobreza crônica e competente e honesta gestão dos recursos públicos. Tudo isso foi pago com o fruto do maior assalto desarmado aos cofres públicos da História, que levou à beira da falência a maior estatal do País.

Joãozinho Patinhas teve o desplante de confessar ao juiz que mentiu em depoimento anterior, após se entregar desembarcando do Caribe, "para não destruir a Presidência", uma aparente expressão de lealdade. Mas que, na verdade, continha, de um lado, o compromisso com a força-tarefa de comprometê-la. E, de outro, a ameaça de que se dispunha a "cantar", como um vil delator mafioso, que Dilma disse desprezar. "Eu, que ajudei de certa maneira a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a Presidência, trazer um problema. Nessa época já iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto, e sabia que isso poderia gerar um grave problema até para o próprio Brasil", depôs.

A primeira versão de "Tucano" (nome da cidade baiana onde ele nasceu, adotado como codinome nas planilhas do banco de propinas da Odebrecht) não se sustentava nas próprias pernas: segundo a narrativa, o dinheiro depositado em suas contas teria sido ganho em campanhas no exterior e o pago pelo PT foi sempre legal.

A história atual, endossada por Mônica Moura, é mais lógica: em 21 de julho, o casal admitiu ter recebido no caixa 2 US$ 4,5 milhões para quitar uma dívida da campanha de Dilma em 2010. Naquela mesma quinta-feira, o engenheiro Zwi Skornicki, tido pela força-tarefa da Lava Jato como operador de propina do esquema da Petrobrás (dito petrolão), contou ao juiz Sergio Moro ter depositado, de 2013 a 2014, em conta do casal no exterior US$ 4,5 milhões para saldar parte de uma dívida que o PT lhe ficou devendo durante a campanha.

O valor coincide, mas não o recurso ao "caixa 2", conversa mole de estelionatário confesso, que sempre doura a pílula, tentando desviar a acusação para alguma infração menor. Assim fazem quaisquer flagrados em crime mais grave. Deixo ao atento leitor a decisão sobre a quem dar fé: quem pagou ou quem recebeu a bolada?

Em matéria de cinismo, marqueteiro e "presidenta" se equivalem. O "Feira" dos registros da propina da Odebrecht se arvorou a dar lições de contabilidade fora da lei ao maior especialista em lavagem de dinheiro da Justiça brasileira. Ele disse que milhares, quiçá milhões, de políticos não prestam contas de campanhas corretamente à Justiça Eleitoral. Recorreu a metáforas dignas de sua imaginação: fariam uma fila de Brasília a Manaus, equivalente à Muralha da China, ficando aptos a ser fotografados por satélite. Seria mais persuasivo se delatasse pelo menos uma centena dentre os "98%" dos candidatos, que ele considera trapaceiros como ele.

Os exageros de João do milhão o qualificam como mestre da patroa em desfaçatez. Terá sido de sua lavra a explicação que Dilma deu para o fato de, como presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, ter autorizado a compra da refinaria de Pasadena à Astra Oil? Por que não ocorreu a ela, a conselho de sua protegida Graça Forster, exigir do ex-diretor internacional, Nestor Cerveró, relatório mais detalhado tecnicamente do que o que ela definiu como incompleto, antes de autorizar negócio lesivo ao patrimônio nacional?

Agora recorreu ao estilo de Lula, ao assegurar no Twitter: "Não autorizei pagamento de caixa 2 a ninguém. Se houve pagamento, não foi com meu conhecimento". Esse argumento é fátuo. O professor José Eduardo Martins Cardozo devia ter-lhe ensinado que, no caso, ela será acusada de ter-se beneficiado do dinheiro ilegal na campanha. À Rádio França Internacional, Dilma disse que, feito dois anos após o pleito, o repasse não a atinge, omitindo que a propina pagou dívida contraída para a própria eleição.

A confissão de Santana, Mônica e Skornicki revela que o mantra profano dos partidos acusados – o de terem recebido doações legais e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – é mentiroso. Parte dessas doações se originou de propinas e as tidas como legais podem ter usado o TSE como lavanderia de dinheiro do furto.
 

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