(Publicado originalmente em www.semprefamilia.com.br)
“Escrevi essas notas por ocasião da leitura do artigo de Judith Butler na Folha de São Paulo em 20 de novembro de 2017, numa breve meditação filosófica. O texto é maior que as postagens habituais, mas penso que valha a pena sua leitura atenta e reflexão”
I. RECUO ESTRATÉGICO
Professora do departamento de retórica e literatura comparada da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e diretora do Consórcio Internacional de Teoria Crítica, não é de se admirar que Judith Butler remodele seu discurso para torná-lo mais palatável ao ouvido sensível dos brasileiros, sobretudo após a onda de protestos causados por sua última vinda ao Brasil.
“Um passo em frente, dois pra trás”. Este é o título do livro que Vladimir Lênin publicou em 1904, e que, de certo modo, marcou sempre o modus procedendi de toda a esquerda quando pretende avançar por cima dos obstáculos.
Quando Fidel Castro assumiu o poder em Cuba em nome da democracia e contra a ditadura batistiana, em seguida, implantou a sua ditadura. Hugo Chávez fez a mesma coisa, apresentou um discurso democrático para, na sequência, impor seu totalitarismo.
Até mesmo o ex-presidente Lula fez isso. Quando tentava se eleger, nos anos 90, era rechaçado pela população. Então, com o auxílio do marqueteiro Duda Mendonça, repaginou-se, dando à luz o “Lulinha paz e amor”, que o elevou à presidência da república em 2002.
Agora, Butler segue a mesma estratégia. Reapresenta a sua teoria em recortes mais essencialistas e até moralistas, para fazê-la avançar.
II. A TEORIA DE GÊNERO BUTLERIANA
Apesar de aliviar as tintas em seu texto, qualquer pessoa que tenha tido um contato com a teoria de gênero sabe que esta transcende em muito o objetivo de atender os indivíduos que não correspondem às expectativas relativas ao seu gênero (segundo o artigo de Butler, “ao gênero atribuído no nascimento”).
Como ela mesma afirma, “meu trabalho consiste em delinear a última etapa da batalha filosófica contra a vida do impulso, o esforço filosófico de domesticar o desejo como uma instância de lugar metafísico, a luta por aceitar o desejo como princípio de deslocamento metafísico e dissonância psíquica e o esforço orientado por deslocar o desejo com o fim de derrotar a metafísica da identidade” (Subjects of desire, p. 15).
Obviamente, para ela, como o desejo não se realiza de acordo com um sujeito que lhe dê suporte, o “eu” seria apenas um discurso. Não haveria um ser por detrás da performance de gênero. Seriam estas performances, estas ações, que constituiriam a ficção do sujeito, pois esta ficção seria requerida pelo discurso que nós herdamos da metafísica da substância, discurso que, segundo ela, precisamos superar (Problemas de gênero, p. 56).
Masculinidade e feminilidade, portanto, para ela, são ações desligadas da biologia. Ela afirma, inclusive, que “a ‘presença’ das assim chamadas convenções heterossexuais nos contextos homossexuais, bem como a proliferação de discursos especificamente gays da diferença sexual, como no caso de buth (a lésbica masculinizada) e femme (a lésbica feminilizada) como identidades históricas de estilo sexual, não pode ser explicada como representação quimérica de identidades originalmente heterossexuais. E tampouco elas podem ser compreendidas como a insistência perniciosa de construtos heterossexistas na sexualidade e na identidade gays. A repetição de construtos heterossexuais nas culturas sexuais gay e hétero bem pode representar o lugar inevitável de desnaturalização das categorias de gênero” (Problemas de gênero, p. 66).
Ademais, em diálogo com Witting, ela afirma que “a tarefa das mulheres é assumir a posição do sujeito falante autorizado e derrubar tanto a categoria de sexo como o sistema da heterossexualidade compulsória que está em sua origem. Para ela, a linguagem é o conjunto de atos, repetidos ao longo do tempo, que produzem efeitos de realidade que acabam sendo percebidos como ‘fatos’. Considerada coletivamente, a prática repetida de nomear a diferença sexual criou essa aparência de divisão natural. A ‘nomeação’ do sexo é um ato de dominação e coerção, um ato performativo, institucionalizado que cria e legisla a realidade social pela exigência de uma construção discursiva/perceptiva dos corpos, segundo os princípios da diferença sexual” (Problemas de gênero, p. 200).
Diante disso, soa completamente retórica e maquiada a seguinte pergunta de Butler em seu artigo da Folha: “O livro (Problemas de gênero) negou a existência de uma diferença natural entre os sexos? De maneira alguma, embora destaque a existência de paradigmas científicos divergentes para determinar as diferenças entre os sexos e observe que alguns corpos possuem atributos mistos que dificultam sua classificação”.
Então, Butler admite que existe a possibilidade de uma classificação objetiva, baseada na diferença biológica dos corpos? Obviamente, trata-se, aqui, de uma ginástica retórica para desorientar os menos informados em sua teoria.
III. IDEOLOGIA? SIM.
Segundo Butler, “em geral, uma ideologia é entendida como um ponto de vista que é tanto ilusório quanto dogmático, algo que ‘tomou conta’ do pensamento das pessoas de uma maneira acrítica. Meu ponto de vista, entretanto, é crítico, pois questiona o tipo de premissa que as pessoas adotam como certas em seu cotidiano” (artigo para a Folha).
O conceito de gênero é crítico apenas no sentido da “teoria crítica”, quer dizer, enquanto instrumento para criticar a realidade inteira, como ela mesma reconhece neste seu texto.
Contudo, como de praxe na teoria crítica, deve-se criticar tudo, menos a metodologia crítica ou seus instrumentos metodológicos críticos como, no caso, o conceito de gênero.
Ela mesma afirma que “se a noção estável de gênero dá mostras de não mais servir como premissa básica da política feminista, talvez um novo tipo de política feminista seja agora desejável para contestar as próprias reificações do gênero e da identidade – isto é, uma política feminista que tome a construção variável da identidade como um PRÉ-REQUISITO METODOLÓGICO E NORMATIVO, senão como um OBJETIVO POLÍTICO” (Problemas de gênero, p. 25).
Em outras palavras, a noção de gênero como identidade variável deve ser uma PREMISSA, aliás, a qual ela não procura demonstrar, antes, apenas apresenta de modo dogmático. A práxis da militância de gênero, ademais, sempre foi a de fazer com que a teoria de gênero “tomasse de conta” da sociedade inteira sem que ninguém se desse conta disso, portanto, de modo acrítico.
Aliás, por que fazem tanta questão de ensinar gênero para as criancinhas? Será que não é justamente porque as mesmas não têm suficientemente desenvolvida a sua capacidade crítica?
Portanto, segundo as próprias determinações de Butler, a sua teoria de gênero cabe muito bem nos limites daquilo que ela entende por uma ideologia.
Não, quem criou a ideologia de gênero não foi Joseph Ratzinger nem muito menos Jorge Scala. O “pai” da “criança” é a Judith Butler, mesmo!
IV. ESSENCIALISMO E A FALÁCIA DA ARQUEOLOGIA FOUCAULTIANA
Segundo Butler, “a noção de paródia de gênero aqui definida não presume a existência de um original que essas identidades parodísticas imitem (ela está falando da própria identidade de gênero…) Esse deslocamento perpétuo constitui uma fluidez de identidades que sugere uma abertura à ressignificação e à recontextualização; a proliferação parodística priva a cultura hegemônica e seus críticos da reinvindicação de identidades de gênero naturalizadas ou essencializadas” (Problemas de gênero, p. 238).
Servindo-se da metodologia própria da teoria crítica, Butler cria uma caricatura discursiva e começa a desconstruí-la, como se estivesse desconstruindo a realidade. Na verdade, ela está tão absorvida por seu próprio discurso que crê firmemente nele, substituindo a realidade por ele.
Deste modo, atribui a homem e mulher, termos que aparecem para ela sempre entre aspas, status de identidade essencialista, naturalista, sexista, binária, heterossexista, heteronormativa, fálica, reificada etc.
Para comprovar a ficção da identidade, ela analisa os discursos sobre o masculino e o feminino como se os mesmos fossem o homem e a mulher em si.
Aqui, ela é epistemologicamente dependente da metodologia de Foucault, o qual, partindo do pressuposto que a verdade não existe, passa a rastrear a história das “verdades” para demonstrar que as mesmas são apenas a projeção de um determinado poder regulador. Isto é aquilo que ele chama de arqueologia do saber.
Ora, se quiséssemos, por exemplo, fazer a arqueologia da ideia de “lei da gravidade”, obteríamos uma infinidade de discursos contraditórios e facilmente chegaríamos à conclusão de que a “teoria da gravidade não existe, é apenas um discurso de poder”. No entanto, se você se jogar da janela, de qualquer modo, com ou sem Foucault, vai se espatifar do mesmo modo!
Em outras palavras, estamos diante de um jogo de palavras, de um embaralhamento de discursos, daquilo que a filosofia chama de falácia. A realidade continua intocada, apenas se dribla o interlocutor com um lance desconstrucionista. É aquilo que no futebol chama-se de pedalada.
Como é possível que este tipo de artifício possa convencer alguém? Bem… Como ensinou Aristóteles (tanto nos Analíticos quanto no Peri hermeneias), não é fácil conhecer a essência das coisas. Precisamos proceder a um processo abstrativo complexo, que supõe um trabalho mental consideravelmente sofisticado. A história dos discursos pode ser a história dos bem ou mal sucedidos, e dos mal ou bem intencionados, esforços por alcançar a quididade, a essência das coisas reais. Por isso, o método foucaultiano é sofístico e pode enganar.
V. SOFISTAS DE GÊNERO
Butler é adepta da subversão da identidade através de atos corporais subversivos, típicos do movimento queer, quer dizer, a atuação de performances revolucionárias que choquem aquilo que ela chama de heteronormatividade.
Outra autora americana de gênero, Joan Scott, é mais ortodoxa, do ponto de vista foucaultiano: ela pretende reescrever a história a partir da noção de gênero (Gender and the politics of history, Nova York, 1999).
Estas são as duas autoras principais. Digamos, as mais representativas dos estudos de gênero.
Contudo, existem mais de 40 teorias diferentes de gênero, todas em disputa entre si. São modos diferentes de apresentar a mesma ideia, a saber: o gênero é um construto desligado da identidade sexual, vale dizer, biológica.
Este também é um expediente da teoria crítica: colocar um grupo imenso de pessoas para criticar implacavelmente a realidade, metralhando-a em todos os sentidos possíveis, sem necessariamente preocupar-se em justificar a própria crítica.
Uma pessoa que quiser encarar toda a aquarela dos estudos de gênero poderá gastar toda a vida apenas ocupando-se de entender as picuinhas intelectuais que os diferentes ativistas nutrem dialeticamente entre si. Decerto ficará perdido nesse labirinto sem saída e, completamente intoxicado de informações contraditórias, acabará por adotar uma entre elas, trocando a realidade pelo discurso.
Isso também aconteceu nos tempos de Sócrates (cf. Platão, O Sofista). Os sofistas eram retóricos pagos pelos políticos da época para convencerem o povo das ideias destes últimos. Destruíam a base mesma do saber, negando a existência do ser e da verdade, e submetiam o povo às suas opiniões. Sócrates os resistiu, pagou o preço de sua vida por isso, mas ao fim e ao cabo, desapareceram os sofistas e prevaleceu a verdadeira filosofia.
Hoje, os críticos, os desconstrucionistas, os ideólogos de gênero são os novos sofistas, pagos pelas fundações internacionais para convencerem o povo de que não existe a verdade, o ser, a essência, e imporem o seu totalitarismo disfarçado de democracia.
Com efeito, Judith Butler veio ao Brasil financiada pela Fundação Mellon para falar de democracia em nome do Consórcio Internacional de Teoria Crítica, fundado no final do ano passado com uma verba doada pela mesma Fundação de 1,5 milhões de dólares (vide o site do próprio Consórcio).
Submetam os ideólogos de gênero à arqueologia de suas ideias e à genealogia dos poderes que estão por trás deles, rastreiem a rota do dinheiro e verão que isso nada tem de amor desinteressado à humanidade.
VI. PEDOFILIA
Butler alega que a Igreja está por trás da estigmatização social da sua teoria de gênero e se defende da acusação de corruptora de crianças acusando a Igreja Católica de ter perdido a sua autoridade moral por proteger pedófilos em seu seio.
A generalização precipitada é um tipo de falácia de que abusam estes ideólogos em sua aversão ao catolicismo. É verdade que alguns delinquentes se esconderam na Igreja e que houve quem se omitisse em sua acusação, mas a Igreja os puniu severissimamente e, sobretudo, nunca os respaldou, justificando doutrinalmente seu desvio de conduta.
Ao contrário, o movimento feminista tem expoentes que defenderam abertamente o sexo com menores, e este não é um privilégio de Shulamith Firestone (The dialetic of sex, p. 215). Há quem queira despatologizar a pedofilia ou transformá-la numa opção sexual respeitável.
Butler apela para a teoria da projeção, sugerindo que os que a acusam de favorecer a pedofilia estão apenas lançando sobre ela o próprio vexame. Na verdade, a generalização precipitada é uma falácia em qualquer direção que se a aplique e o uso deste tipo de sofisma apenas demonstra malícia ou despreparo filosófico.
VII. FILOSOFIA, VERDADE E DEMOCRACIA
Algumas pessoas que trabalham com comunicação vieram queixar-se de que os protestos contra a vinda de Butler ao Brasil apenas projetaram-na ainda mais.
Tenho a impressão de que isto, do ponto de vista filosófico, não é necessariamente assim. Quero dizer apenas que os ideólogos sempre se favoreceram do anonimato e da difusão de ideias não conferidas, exatamente como Butler diz em seu artigo.
Quem coloca a questão nestes termos assume sem percebê-lo a premissa de que a verdade e o erro são equivalentes. Acontece que a força do erro está na hegemonia. Por isso, eles necessitam impô-la para todo o mundo. Mas a força da verdade está nela mesma!
Hoje, a verdade precisa mais de homens com uma verdadeira mente filosófica que da propaganda, é ela que gera os propagandistas, os comunicadores, a cultura e tudo o mais. Foi sobre estes cânones que se erigiu a civilização ocidental e é contra eles que estes bárbaros a estão destruindo.
Uma democracia que se propusesse como alternativa à verdade, caricaturizando-a como autoritarismo, apenas seria uma ditadura disfarçada, a imposição de uma hegemonia.
Notem que a própria Butler defende a identidade de suas ideias e protesta contra falsificações. E com razão. Contudo, ela o faz apenas em benefício de sua crítica, sem submeter-se a uma autocrítica.
Como afirma Butler em seu artigo na Folha, “liberdade não é – nunca é – a liberdade de fazer o mal. Se uma ação faz mal a outra pessoa ou a priva de liberdade, essa ação não pode ser qualificada como livre – ela se torna uma ação lesiva”.
No caso, a ideologia de gênero não nos quer apenas privar da identidade, mas também da liberdade e da verdade. De fato, se ninguém é alguém, como pode ter direitos?
RECESSO
Como 2017 está terminando, e antes disto o Congresso Nacional vai entrar em recesso prometendo retornar aos trabalhos somente em fevereiro de 2018, o governo corre para tentar votar, em primeiro turno, na Câmara Federal, o REMENDO PREVIDENCIÁRIO.
PREOCUPAÇÃO
Insisto neste tema porque estou convencido, como nunca, de que o contingente de brasileiros que ainda não entendeu as dramáticas razões da necessidade de reformar o nosso sistema previdenciário é enorme, o que provoca grande PREOCUPAÇÃO.
ALTERNATIVA QUE RESTA
A PREOCUPACÃO, para que todos entendam, está diretamente relacionada à alternativa que restará ao governo, caso este REMENDO PREVIDENCIÁRIO não seja aprovado neste ano, qual seja a de aumentar ainda mais a elevadíssima CARGA TRIBUTÁRIA.
IPSIS LITERIS
Isto significa, ipsis literis, que em caso de não aprovação do REMENDO PREVIDENCIÁRIO, a estupenda MAIORIA dos brasileiros que integram a SEGUNDA CLASSE, além de continuar pagando pelos INJUSTOS PRIVILÉGIOS concedidos à elite (MINORIA) que integra a PRIMEIRA CLASSE, ainda serão brindados com um AUMENTO DE IMPOSTOS, destinado para cobrir parte do crescente ROMBO das CONTAS PÚBLICAS.
RELATÓRIO - ASPECTOS FISCAIS DA SEGURIDADE SOCIAL
Antes que alguém diga que não foi devidamente informado, eis o que diz o Relatório -Aspectos Fiscais da Seguridade Social no Brasil-: Sem uma reforma no sistema previdenciário, o governo SERÁ OBRIGADO a aumentar a carga tributária em 8,5% do PIB nos próximos 40 anos. Ou reduzir, na mesma proporção, outras despesas, inclusive da própria Seguridade Social, para financiar o sistema. Que tal?
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E PRIVILÉGIOS
Este resultado, como informa e confirma o Relatório, é condicionado pelo envelhecimento populacional e pela manutenção de regras generosas de acesso a aposentadorias (privilégios), que já não são consistentes com a evolução demográfica brasileira.
Atenção: as aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais pagos apenas pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS), ou INSS, já consomem quase metade do orçamento federal. Custaram R$ 499 bilhões nos dez primeiros meses deste ano, o equivalente a 48,3% das despesas primárias (não relacionadas à dívida) da União. No mesmo período de 2014, apenas três anos atrás, essa fatia era de 40,8%, segundo dados extraídos de relatórios do Tesouro Nacional.
Fui a Cuba para ver, in loco, as realizações do governo comunista. Visitei casas de família, um hospital, uma escola, modelos das políticas de moradia, saúde e educação implantadas ao longo das últimas seis décadas pela chamada “revolução”.
Voltei com uma infecção intestinal de fato e com a alma emocionalmente desarranjada por testemunhar tanto a miséria quanto o sofrimento, a dissimulação e a desconfiança de quem as experimenta.
O medo e a desesperança que eu enxerguei por trás dos brilhantes olhos negros e dos largos sorrisos brancos só podem existir onde a civilização não chegou ou, se houve um dia, partiu há muito tempo.
A infecção intestinal vai passar rápido, espero. O desarranjo emocional, eu não sei. Sei que há os que voltam sem um e outro. Sem o primeiro é sorte. Sem o segundo, é azar.
Abaixo algumas informações publicadas durante a viagem em minha página no Facebook. Minhas fotos de Havana estão disponíveis para quem quiser ver na hashtag #cubadeverdade .
Tirem suas próprias conclusões sobre o que é viver no “paraíso” comunista implantado por Fidel Castro, Che Guevara e seus lunáticos seguidores:
O acesso à Internet em Cuba ocorre somente em alguns hotéis e de forma precaríssima. Mesmo num hotel 5 estrelas tem hora que não funciona. Cai a conexão a todo momento e ela é lenta. O povo não tem acesso livre, então as pessoas tentam capturar o sinal de Wi-Fi para se comunicar com parentes. É de arrepiar ver a alegria desse pessoal quando conseguem conexão para matar as saudades de quem está longe, algo que para nós é corriqueiro, aqui é limitado pelo governo.
É claro que há lugares bonitos, ainda que deteriorados; é notório que há gente alegre, ainda que sofrida; é compreensível que se escute música por todos os cantos, é uma das formas de sobrevivência. Mas, no final é revoltante que tudo isso esteja envolto por uma pobreza e precariedade impressionantes.
Uma professora ganha do governo 10 CUCs, o que paga menos de dois breakfasts ou 5 horas de internet, se lhes fossem perdido o acesso. Então, ela complementa a renda trabalhando como camareira no hotel. Quando ela ganhar o nenê, terá o privilégio de usufruir da licença-maternidade por seis meses, com um pequeno detalhe: sem direito à remuneração, que já não serve para nada mesmo.
Água em Havana só é fornecida em quantidade suficiente para lavar roupas aos domingos. O cubano não-privilegiado precisa armazenar água em baldes e tonéis durante a semana porque às vezes nem aos domingos há água em abundância.
O racionamento de luz é permanente, o fornecimento de energia começa, com sorte, às 18:00 e vai até às 8 horas, na maioria dos bairros. Não há regularidade nem para restaurantes que atendem o turismo. Pode-se chegar em um deles e o encontrá-lo fechado porque na noite anterior não haver energia para manter os mantimentos. É um horror.
As crianças cubanas são obedientes. Elas são ensinadas e doutrinadas nas escolas. Pelos 10 anos de idade, se dão conta da realidade e questionam os pais sobre as discrepâncias do que lhes foi ensinado com a experiência que a vida proporciona. Então são educadas em casa a manterem um duplo comportamento: a falsa aceitação do regime e um ódio atávico aos que os mantêm na miséria sem perspectivas de experimentarem a liberdade que todo ser humano sonha um dia usufruir.
Havana é uma cidade em ruínas, como somente as que viveram em guerra chegaram a experimentar. Uma cidade que viveu seu esplendor e se tornou um amontoado de relíquias decrépitas. Os prédios modernos são frios e opressivos, como aqueles que os conceberam. Povo alegre por natureza, transformou a alegria em profissão. Na intimidade, quando ganham confiança, expõem o que é viver numa ilha-prisão. Havana com seus cortiços, como as favelas brasileiras, indianas ou chinesas, têm sido glamourizadas somente por aqueles que lucram com a pobreza alheia.
* Publicado originalmente pelo Instituto Liberal
Leio, aqui em Portugal, que estão presos todos os governadores do Rio de Janeiro, assim como todos os presidentes da Assembléia fluminense, eleitos desde 1995. Nesses 22 anos que se passaram, a maioria do eleitorado do Rio de Janeiro optou por eles, assim como a maioria dos deputados estaduais escolhidos pelo eleitor fluminense. Vamos culpar Garotinho e Rosinha, Cabral e Picciani ou responsabilizar o eleitor? Meus amigos cariocas afirmam que o último governador do Rio bem escolhido foi Carlos Lacerda. E faz 57 anos que Lacerda foi eleito - pelo diminuto Estado da Guanabara. Desde então, lamentam meus amigos cariocas, “coitado do Rio de Janeiro”.
Ora, não é preciso demonstrar que se alguém é mal escolhido, a responsabilidade é de quem o escolheu. Se temos maus políticos, corruptos, incompetentes, mentirosos, ignorantes - a responsabilidade é dos mandantes que os fizeram seus mandatários, seus representantes. Tampouco é necessário demonstrar que os escolhidos não são diferentes dos que escolhem. Há uma certa projeção do eleitor no seu eleito. E também existe a ingenuidade e a desinformação que fazem o eleitor ser amestrado pelo candidato que mais e melhor mentir.
Aliás, a ignorância abundante neste país também é causa de termos tantos políticos deploráveis. Tem gente que acha que o bolsa-família vem da bondade do governante, o mesmo acontecendo com a aposentadoria. Não sabem que governos não geram riqueza. Governos arrecadam riqueza e a distribuem, na forma de serviços públicos. No Brasil a distribuição é feita a pretexto de fazer justiça social. E a maioria aplaude governo doador. Não sabe que está sendo enganada pela demagogia do espertalhão populista, que deixa de prestar os serviços públicos que deve - segurança, saúde, educação, justiça - para dar esmola com o trabalho alheio. Só quem gera riqueza é a atividade econômica das pessoas e empresas - que separam quase 40% de tudo o que produzem e ganham para pagar a governo se sustentar mordomias dos três poderes e fingir-se de caridoso.
Aqui em Portugal vejo claramente como a atividade econômica gera bem-estar, depois de anos da quebradeira causada pelo governo socialista, tal como aconteceu com a Grécia e acontece com a Venezuela. E os espertalhões no Brasil continuam a se aproveitar da ignorância do povo que sai despreparado da escola. São aproveitadores fisiológicos associados nessa dilapidação material e moral com fanáticos ideológicos que fizeram da política uma seita. O país está pagando por isso. É hora de examinar bem o que aconteceu com o Rio de Janeiro. Foram décadas de permissividade por parte dos cidadãos fluminenses. Ou de cumplicidade, escolhendo representantes que mereceram cadeia. Já está na hora de pensar, porque vêm aí as urnas de 2018.
(Publicado originalmente no Instituto Liberal)
O que compartilho abaixo é o testemunho pungente de uma jovem estudante de Harvard, filha de imigrantes que fugiram da desgraça comunista do Leste Europeu, que não se conforma com o fato de ver tantos dos seus colegas, ainda hoje, vivamente empolgados com aquela ideologia assassina de triste memória. (Link para o original em inglês)
100 anos. 100 milhões de vidas. Pense duas vezes
Por LAURA M. NICOLAE
Em 1988, meu pai, então com vinte e seis anos, saltou de um trem no meio da Hungria, com nada além de uma mochila de roupas nas costas. Nos dois anos seguintes, ele fugiu de um opressivo regime comunista romeno, que o mataria se lhe pusessem as mãos.
Meu pai fugiu de um governo que bateu, torturou e lavou o cérebro de seus cidadãos. Um amigo seu de infância desapareceu depois de rabiscar um insulto sobre o ditador na parede do banheiro da escola. Seus vizinhos morreram de fome por conta de rações de alimentos destinadas a combater a “obesidade”. À medida que a população diminuía, as mulheres eram enviadas ao hospital todos os meses para garantir que engravidassem.
A jornada de fuga do meu pai finalmente levou-o aos Estados Unidos. Ele se mudou para o Centro-Oeste e se casou com uma mulher romena que partiu para a América no momento em que o regime entrou em colapso. Hoje, meus pais são médicos no Kansas. Suas duas filhas foram para Harvard. Eles tiveram sorte.
Cerca de 100 milhões de pessoas morreram nas mãos da ideologia da qual meus pais escaparam. Elas não podem contar suas histórias. Nós devemos a eles reconhecer que essa ideologia não é uma moda passageira, e que suas vítimas não são uma piada.
O mês passado marcou os 100 anos da revolução bolchevique, embora a cultura da faculdade lhe dê exatamente a impressão oposta. As representações do comunismo no campus pintam a ideologia como revolucionária ou idealista, em oposição à sua violência autoritária. Em vez de aprofundar a nossa compreensão do mundo, a experiência da faculdade nos ensina a reduzir uma das ideologias mais destrutivas da história humana a uma narrativa unidimensional satanizada.
Caminhe ao redor do campus, e é provável que você veja Che Guevara em algumas camisas e botões. Piadas secundaristas declaram que ele é secundário em “ideologia e implementação comunistas”. O novo Clube esquerdista no campus busca “uma perspectiva moderna” sobre Marx e Lenin para “aliviar o estigma em torno do conceito de esquerdismo”. Um autor lamenta nessas páginas que é muito difícil encontrar comunistas por aqui. Para muitos estudantes, endossar o comunismo é uma maneira legal de se queixar do mundo.
Depois de passar quatro anos em um campus saturado de memes marxistas e piadas sobre as revoluções comunistas, meus colegas de classe se formam com a impressão de que o comunismo representa uma crítica ao status quo, em vez de uma filosofia empiricamente violenta que destruiu milhões de vidas.
As estatísticas mostram que os jovens americanos são realmente inconscientes do passado angustiante do comunismo. De acordo com uma pesquisa YouGov, apenas metade dos millenials acreditam que o comunismo foi um problema, enquanto cerca de um terço acreditam que o presidente George W. Bush matou mais pessoas do que o líder soviético Joseph Stalin – que matou 20 milhões. Se você perguntar aos millenials quantas pessoas o comunismo matou, 75% irão subavaliar.
Talvez antes de brincar sobre revoluções comunistas, devemos lembrar que a polícia secreta de Stalin torturou “traidores” em prisões secretas, enfiando agulhas sob suas unhas ou batendo até que seus ossos se quebrassem. Lênin tirou comida dos pobres, causando fome na União Soviética que induziu as mães desesperadas a comerem seus próprios filhos, e camponeses a desenterrar cadáveres por comida. Em todos os países em que o comunismo foi tentado, resultou em massacres, fome e terror.
O comunismo não pode ser separado da opressão; na verdade, depende disso. Na sociedade comunista, o coletivo é supremo. A autonomia pessoal é inexistente. Os seres humanos são simplesmente engrenagens em uma máquina encarregada de produzir utopia; eles não têm valor próprio.
Muitos na minha geração borram a realidade do comunismo com a ilusão da utopia. Nunca tive esse luxo. Minha compreensão do comunismo foi personalizada; eu pude ver seu impacto duradouro nos rostos dos membros da minha família, contando histórias de seu passado. Minha perspectiva em relação à ideologia é radicalmente diferente porque conheço as pessoas que sobreviveram; meus parentes continuam a se perguntar sobre seus amigos que morreram.
As histórias de sobreviventes pintam uma imagem mais vívida do comunismo do que os livros texto que meus colegas de classe leram. Embora possamos nunca entender completamente todas as atrocidades que ocorreram sob os regimes comunistas, podemos tentar desesperadamente garantir que o mundo nunca repita seus erros. Para esse fim, devemos contar as histórias dos sobreviventes e lutar contra a banalização do passado sangrento do comunismo.
Meu pai deixou seus pais, amigos e vizinhos na esperança de encontrar a liberdade. Conheço sua história porque esta é minha herança; Você agora conhece sua história porque eu tenho uma voz. Cem milhões de outras pessoas foram silenciadas.
Cem anos depois, não esqueçamos a história das vítimas que não têm voz porque não sobreviveram para escrever suas histórias. Mais importante ainda: não tenhamos a tentação de repeti-lo.
* Laura M. Nicolae, 20 anos, é aluna de Matemática Aplicada em Winthrop House – Harvard.
No Brasil, empresa privada é aquela que é controlada pelo governo, e empresa pública é aquela que ninguém controla (Roberto Campos).
São 150 empresas estatais federais (elefantes brancos) e suas centenas de subsidiárias onde existem algumas curiosidades, tais como: empresas com patrimônio líquido (PL) negativo e outras empresas dependentes exclusivas do tesouro nacional.
Por que não iniciar a privatizaçao ou extinção das empresas com PL negativo e dependentes exclusivas do tesouro nacional?
Esses "elefantes brancos" somente servem para gerar déficit público e empregos para apadrinhados de políticos, além de ser o principal ninho petista. E o mais grave é que o "prostíbulo BNDES" financia muitas delas. Uma imoralidade sem precedentes. No Brasil é proibido ser normal.
- Em 2016 o tesouro nacional colocou R$ 15,1 bilhões na lixeira das estatais dependentes exclusivas do tesouro nacional e está orçado colocar mais R$ 18,4 bilhões em 2017).
- Em junho de 2017 a dívida das estatais era de R$ 428,0 bilhões.
- Em 2015 as empresas com patrimônio líquido negativo totalizaram passivo a descoberto da ordem de R$ 24,5 bilhões. Em 2016 totalizaram passivo a descobeto de R$ 33,3 bilhões.
- Em 2006 existiam 431.259 servidores ativos nas estatais, já em junho de 2017 saltou para 516.375, cujo crescimento foi de 19,74% em relação ao ano de 2006.
- Em 2006 somente nas empresas dependentes exclusivas do tesouro nacional tinha um efetivo de 34.616 servidores ativos, já em junho de 2017 saltou para 72.810 servidores ativos, cujo crescimento foi de 110,34%.
* Informações completas e os anexos mencionados estão disponíveis no 3º Boletim das Empresas Estatais Federais - 2º Trimestres de 2017 - Ministério do Planejamento