• Cel Jorge Baptista Ribeiro
  • 26 Setembro 2020

 


Não é novidade que a principal condição para uma exitosa propaganda é a infatigável repetição das ideias força que se destinam a persuadir, vender uma boa imagem ou denegrir e destruir reputações de determinado produto ou alvo. E não surgem e martelam, por obra e graça do Divino Espírito Santo ou despacho de Pai ou Mãe de Santo... Tem mão de gente diabólica e destrutiva! E bem definido alvo!

Não nos custa lembrar a famosa e ladina palavra do propagandista de Hitler, citada numa sua biografia. Goebbels afirmava: "A Igreja Católica mantém-se porque repete a mesma coisa há dois mil anos”. E aduzia: “o Estado nacional-socialista deve agir analogamente". Ipso facto suas células de agitação e propaganda e seus veículos de propaganda adversa seguem na mesma trilha. Complementando, recomendava: “a repetição pura e simples, entretanto, logo suscitaria o tédio. Trata-se, por conseguinte, ao insistir, obstinadamente, sobre o tema central, de apresentá-lo sob diversos aspectos, variadas formas, por variados meios”.

Lembro que na arte da guerra, multiplicar e diversificar os meios de ataque é o que mais preocupações e dissabores causa e intranquiliza o inimigo. Mas o cerne, o núcleo assassino, “a bala de prata” da propaganda deve limitar-se a pequeno número de ideias que devem ser repetidas, incansavelmente. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”!!!. O intento sedutor pode ser apresentado sob diversas formas, entretanto, o núcleo, o tema central da propaganda, deverá estar sempre presente, mesmo na diversidade das formas. As possíveis alterações, porventura, nela introduzidas não devem jamais prejudicar o fundo destrutivo ou edificante.

Toda essa tramoia, não é uma invenção recente, mas, a sistematização de um processo já conhecido desde a Idade Média. O famoso tribuno romano, o velho Senador Catão, por exemplo, terminava todas as suas arengas pela mesma exclamação: "Delenda Carthago"!! Mais tarde, o médico, jornalista e político francês Georges Benjamim Clemenceau que foi Primeiro Ministro da França, durante a Primeira Guerra Mundial falava no mesmo tom. Em todos os seus discursos não faltava o bordão mantenedor da alma do objetivo a alcançar : "Je fais la guerre!".

A qualidade fundamental de toda campanha de propaganda é a permanência do tema central, aliado a propaganda política, muitas vezes induzida na forma subliminar. Não estou inventando moda, apenas desejando, nestas linhas, lembrar que, também, desde o “QUE FAZER” de Lenine, os partidos comunistas, seus disfarces, sob as máscaras das suas organizações de frente ou de fachada e seus agentes de agitação e propaganda, nos proporcionam um modelo semelhante, nessa matéria, pela obstinação com que repetem um mesmo tema, mesmo alvo, tratando-o sob todos os ângulos possíveis e imaginados.

A orquestração de dado assunto consiste na sua repetição por todos os órgãos de propaganda, nas formas adaptadas aos diversos públicos e é tão variada quanto possível. "Para um público diferente, sempre um matiz, uma incitação diferente", já prescrevia uma das diretivas de Goebbels.

Tal como em uma campanha militar, cada um combate com suas próprias armas no setor que lhe é designado. A campanha antissemita dos nazistas, por exemplo, foi conduzida simultaneamente pelos jornais, que "informavam" e polemizavam, pelas revistas, que publicavam “sábios artigos” sobre a noção de raça pura e impura, pelo cinema, que produzia filmes. Quando os nazistas tiveram em mãos os meios de agir sobre toda a opinião europeia, a sua técnica de orquestração atingiu sua máxima amplitude.

Então, semanalmente, aparecia no “Das Reich” um editorial do Dr. Goebbels, logo adaptado e divulgado em várias línguas e linguagens, em registros diferentes, com as correções e ajustagens, demandadas pelas diversas mentalidades nacionais, pelos jornais e pelo rádio alemão, pelo jornais da Frente de fachada e pela imprensa de todos os países ocupados. Os partidos comunistas, à imagem e semelhança, na sua maneira, também praticam persistentes orquestrações.

Os temas fundamentais, “a bola da vez”, regularmente fixada pelos partidos eou na pauta diária da editoria das redações, dos aparelhados órgãos da imprensa, escrita, falada e televisiva buscam alcançar quase todas as classes sociais. É assim que a BANDA TOCA!
 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 26 Setembro 2020

22/09/2020

ATIVISMO JUDICIAL
Ontem, movidos pela conhecida convicção que é reservada da maneira incondicional aos militantes da esquerda e pelo já escancarado ativismo judicial, os ministros do STF, Edson Fachin (relator da ação), Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, em SESSÃO VIRTUAL, votaram contra a venda de refinarias da Petrobras sem o aval do Legislativo.
 


JULGAMENTO
O julgamento da ação que foi encaminhada pelas mesas diretoras da Câmara e do Senado deveria ser concluído até o dia 25. Entretanto, o atual presidente do STF, Luiz Fux, achou por bem que o JULGAMENTO deixe de ser VIRTUAL e passe a ser PRESENCIAL, ainda que não tenha definido data para tanto.
 


PRAZO DE VALIDADE
Entretanto, a considerar os votos já proferidos por três ministros, Edison Fachin, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, é quase certo que o pleno do STF resolva exigir que a VENDA DE ESTATAIS SUBSIDIÁRIAS, como é o caso das REFINARIAS DA PETROBRAS, a exemplo do que já acontece com as ESTATAIS-MÃES, também deva ser AUTORIZADA pelo Poder Legislativo.

 

PRAZO DE VALIDADE VENCIDO
Como se vê, mais uma vez o STF entra em cena para mostrar que decisões anteriormente tomadas, como é o caso da LIBERAÇÃO DA VENDA DE SUBSIDIÁRIAS SEM AVAL DO LEGISLATIVO, dependendo de quem está à frente do Poder Executivo o prazo de validade da aprovação é imediatamente encerrado e/ou dado como vencido. Da mesma forma, aliás, como aconteceu com a PRISÃO EM PRIMEIRA E SEGUNDA INSTÂNCIA.


REELEIÇÃO
Com este claro ATIVISMO JUDICIAL, nem mesmo o pouco que resta de bom ou razoável na nossa lamentável Constituição Federal é respeitado. Já o que está ruim ou péssimo, o ATIVISMO JUDICIAL entra em cena para tornar ainda pior. O Poder Legislativo, para não deixar por menos, e contando com a boa vontade dos ATIVISTAS já está tratando de burlar a Constituição no que diz respeito a possibilidade de REELEIÇÃO dos presidentes Rodrigo Maia (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado). Que tal?

 

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  • Stephen Kanitz
  • 25 Setembro 2020


22/09/2020


Ambos esses governos são de transição, ou se quiserem de arrumação, geridos por outsiders políticos, levados ao poder por uma enorme insatisfação popular.

Frutos de uma revolta generalizada a essa incompetência administrativa dos governos anteriores, pela falta de auditoria pública, pela falta de crescimento, pela falta de atuação política e legislativa do Congresso.

Ambos, Trump e Bolsonaro, são outsiders do “esquema” político. Portanto, não são forças perenes que ficarão para “sempre”, como temem alguns.

Trump e Bolsonaro foram eleitos para arrumarem a casa, para fazerem essa limpeza necessária na nossa classe política tão corrupta quanto a Odebrecht, dessa imprensa tão desonesta quanto Judas etc.

Por isso, eles têm tantos inimigos e desafetos no estamento que aparelhou o Estado, e ambos lutam praticamente sozinhos, tal a mamata instalada.

Em administração, tudo isso também acontece nas melhores empresas.

De tempos em tempos, os acionistas colocam no poder um disruptor, um depurador, um carrasco, um “hatchet man”, para fazer o jogo sujo e arrumar a casa aos seus princípios originais.

Em vez de Trump e Bolsonaro contratamos consultores também de fora, como o Vicente Falconi e o Cláudio Galeazzi, que despedem apadrinhados, trocam o diretor financeiro e o diretor de compras, mandam a família dar um giro pela Europa, despedem 20% dos parasitas existentes.

Nem Trump, Bolsonaro nem Galeazzi sao forças políticas permanentes, tenham certeza disso.

Ninguém aguenta reformas constantes nem Trump nem Bolsonaro nem nós.

São de fato grossos, desagradáveis, belicosos, rudes como teriam que ser nessa situação.

Mas o que 90% da população indaga é por que a Esquerda boicota tão ferozmente Trump e Bolsonaro que somente querem arrumar o desastre de governos passados e nada mais.

Ou será que a Esquerda no fundo é a Quarta Classe que quer “conservar” seus privilégios, custe o que custar?

Trump e Bolsonaro estariam fazendo um bem arrumando e saneando o país para o futuro que poderá ser deles.

A Esquerda brasileira e a americana estão dando um tiro no pé sendo contra as mudanças necessárias.

Esse também é o erro de vocês liberais, comunitários, conservadores e os de Direita que não apoiam Trump e Bolsonaro, e acham que são políticos medíocres sem capacidade de governar.

Eles são os “hatchet men” que o Brasil e os EEUU precisam de tempos e tempos.

Como Falconi e Galeazzi irão concordar comigo, o trabalho deles é somente esse, não são do tipo de liderança que se quer para sempre.

Conheço Cláudio Galeazzi pessoalmente, e ele é uma pessoa boa, generosa, mas que faz o papel de malvado.

Trump, Bolsonaro e Galeazzi fazem o jogo duro que precisa ser feito, corajosos que são.

Covardes somos nós nem todos os apoiamos com a veemência necessária.

Se você é de Esquerda ou de Direita, deveria ficar muito feliz que finalmente temos alguém tentando tornar esse país governável novamente com mais competência e eficiência.

* ** Publicado originalmente em https://blog.kanitz.com.br/trump-e-bolsonaro/

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 19 Setembro 2020


RODA VIVA
Na segunda-feira à noite, 14, levado pela minha até então grande admiração que nutria pelo ex-diretor geral da Globo e fundador da TV Vanguarda, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como BONI, me sentei em frente do meu aparelho de televisão para assistir o programa Roda Viva, da TV Cultura.


BONI ESTÁ MUITO DOENTE
Pois, na medida em que ia respondendo às mais diversas perguntas de seus interlocutores, Boni deu a entender que está muito doente. Mais precisamente, quando disse que "o governo federal (leia-se o presidente Jair Bolsonaro) CONFRONTA COM A DEMOCRACIA", aí não tive dúvida: Boni, certamente, está sofrendo de ESCLEROSE MÚLTIPLA, uma doença neurológica que causa sérias lesões no cérebro e na medula.


PILAR DE DEFESA DA DEMOCRACIA
Ao ser questionado sobre os "ataques" de Jair Bolsonaro contra a imprensa, Boni não titubeou e, alto e bom tom, respondeu: - A guerra não é contra a imprensa, não é contra a TV, é CONTRA A DEMOCRACIA. Mais: essa gente está combatendo a televisão e a imprensa porque aí reside o PILAR DE DEFESA DA DEMOCRACIA. Que tal?


CASSAÇÃO
O que mais me chamou a atenção, do início ao fim da longa entrevista, é que Boni, muito provavelmente por força da ESCLEROSE MÚLTIPLA, está plenamente convencido de que Bolsonaro quer porque quer a CASSAÇÃO da CONCESSÃO DA REDE GLOBO. E em momento algum o doente empresário sequer mencionou que a REDE GLOBO, a olhos vistos, vem fazendo de tudo para a CASSAÇÃO DO PRESIDENTE JAIR BOLSONARO.


CONTRATOS DE CONCESSÃO
Ora, por tudo que se sabe Bolsonaro jamais disse que não renovaria a CONCESSÃO DA REDE GLOBO. Apenas e tão somente disse que a renovação da licença, cujo prazo se encerra em 2022, vai depender do real cumprimento das regras estabelecidas no contrato, coisa esta, aliás, sempre muito defendida pela emissora quando se trata de todos os CONTRATOS DE CONCESSÃO feitos por governantes.


PUNIÇÃO POR DESCUMPRIMENTO
Boni entende que a TV Globo, pela penetração que tem, pelo respeito que as pessoas têm pela emissora, pelos serviços que prestou ao Brasil, não pode perder a CONCESSÃO. Ora, ora, meu caro Boni, isto não significa que qualquer emissora de rádio e televisão tem o direito de fazer o que bem entende, deixando de cumprir o que está posto no contrato. De novo: uma sempre possível NÃO RENOVAÇÃO DE CONCESSÃO não pode ser vista como uma PUNIÇÃO A COMPETÊNCIA, como o senhor afirmou no Roda Viva. Seria, isto sim, uma PUNIÇÃO por NÃO CUMPRIMENTO de uma ou mais cláusulas contidas no CONTRATO DE CONCESSÃO.

           

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  • Francisco Ferraz
  • 18 Setembro 2020

 

1. Um discreto sacerdote jesuíta

Estamos em meados do século XVII. Por uma entrada lateral do salão, esgueira-se a figura negra de um sacerdote jesuíta. Magro, de caminhar lento e pausado, rosto atento, olhos penetrantes, um meio sorriso na boca. Atencioso, a todos cumprimenta de forma discreta, ora retendo-se por alguns segundos numa saudação, ora acenando levemente com a cabeça.

As pessoas comentam entre si ao vê-lo passar, e uma palavra transmitida como se fosse uma senha revela sua identidade: Frei Baltasar Gracián. Comenta-se à boca pequena que se encontra em sérias dificuldades com seus superiores, por sua insistência em publicar obras com pseudônimos, ou sem a necessária autorização da hierarquia eclesiástica.
Conclui sua promenade ao chegar ao fundo do salão, unindo-se ao seleto grupo cortesão que cerca o nobre proprietário do palácio e patrocinador da festa.

2. A vida na corte

Villa de Belmonte de Catalayud, Zaragoza 1601. Nasce Baltasar Gracián y Morales. Sua vida se estende desde o início do século (1601) até seus meados (1658). Gracián escreve em pleno século XVII – Século das Luzes –, época da afirmação da monarquia absoluta por direito divino, auge da vida cortesã na França, época de Louis XIV e Versalhes.

Nesse período, a vida que valia a pena ser vivida era a da corte, em torno do rei. A corte era então o centro da nação. Lá se encontravam, sob a presença cerimonial do monarca, a nobreza, a alta burguesia educada, a mais alta hierarquia da Igreja, os artistas de todo gênero, os sábios e intelectuais.

Essa era a sociedade que contava, que dava o tom, que legislava sobre estilo, maneirismos, bom gosto, maneira de falar, moda, sucesso e insucesso. Ou se tinha o “ar da corte” ou se era insignificante, irrelevante e até ridículo.

Lá se encontram também os arrivistas, os talentosos sem dinheiro, os nobres empobrecidos, os sacerdotes fascinados pelo mundo civil, os ambiciosos de poder e prestígio.

É na corte que seu sucesso podia ser conquistado. Um patrocínio, um mecenato, uma recomendação, associações vantajosas ou um casamento proveitoso podiam fazer a diferença entre subir ou não na escala social.

Na corte francesa, por exemplo – a mais brilhante de todas –, circulavam luminares como o burguês Colbert, o Cardeal Richelieu, Cardeal Mazzarin, as madames que patrocinavam seus famoso salões, literatos como Molière, Racine, Boileau, músicos e mestres do ballet, como Charpentier e Lluly, arquitetos como Mansart, Perrault, pintores como Lebrun, paisagistas como Le Nôtre, militares como Turenne e Condé, para citar alguns dos mais famosos.

A vida cortesã era uma limitada, mas operativa câmara de compensação social. Foi o espaço privilegiado onde os filhos da burguesia, educados em universidades, disciplinados, talentosos e exímios praticantes da arte de comportar-se com elegância em sociedade tornavam-se conhecidos, estimados e aceitos por aqueles que podiam se dar ao luxo de patrocinar suas carreiras.

Vencer na vida em grande estilo significava, antes de tudo, vencer na corte. Para tal era indispensável aprender a sobreviver às intrigas, aos ciúmes, às traições, aos caprichos; saber esperar sua hora; aproximar-se das pessoas certas; administrar sua aparência; saber quando falar e o que falar; conter suas paixões e sentimentos; ser cauteloso sempre, e ousado quando a oportunidade se oferecesse, e saber distinguir os dois momentos; esconder seus defeitos e limitações e exibir, com sobriedade e oportunidade, seus talentos e qualificações; em suma, perseguir um modelo de cortesão perfeito, dele não se afastando até que a hora certa se apresentasse e a oportunidade se oferecesse para o “salto” rumo às posições mais elevadas – e mais estáveis – de prestígio e poder.

Foi nessa época, e para essas pessoas, que Gracián escreveu seu “Oráculo”. É para essa corte e seus personagens, sobretudo os que buscavam a ascensão social, que Gracián o escreve. Dela sairão os líderes da nação, mas precisarão antes vencer e se afirmar, dentro das suas regras. Gracián os municia com lições definitivas para vencer na corte, assim como Maquiavel, um século e meio antes, municiava os nobres italianos na arte de governar as cidades-estado italianas.

Maquiavel não podia falar para a corte porque corte com esse poder ainda não existia. Gracián não podia falar para os condottieri, porque seu tempo tinha passado e tinham sido substituídos pelos nobres subordinados a monarcas absolutos, centralizadores e hereditários.

Gracián parecerá menos audaz e radical que Maquiavel, porque escreve noutra época e dentro de um tipo de institucionalidade em que a monarquia havia logrado subordinar a nobreza, cooptando-a com os prazeres da corte.

No essencial, reconhecida a diferença de épocas e de público-alvo, seu foco, como o de Maquiavel, é o poder: como conquistá-lo e mantê-lo.

3. O oráculo

A obra pela qual Gracián é mais conhecido é o “Oráculo”, ou a “Arte da Sabedoria Mundana”. Essa obra reúne 300 aforismos sucintamente comentados, que são propostos como orientações para o sucesso na vida social e política. A temática desses aforismos não é muito distante das questões suscitadas pelo marketing político dos tempos atuais, como “ser ou parecer”; como a identificação do sucesso com o poder; como a subordinação da ética à estratégia; como sua implícita descrença na natural bondade do ser humano – e, para um sacerdote, o inusitado da absoluta ausência da referência a Deus e à doutrina cristã nos comentários.

Gracián captura a condição humana na vida como ela é, não na vida como gostaríamos que fosse. Para sair-se bem na vida real, ele exalta a prudência, o autocontrole, o realismo que expurga a ilusão, a esperança e a imaginação, a sabedoria que permite entender as pessoas, interpretar suas intenções e encontrar a estratégia para orientar o comportamento.

A seguir, alguns exemplos desses aforismos com comentários do próprio Gracián reduzidos ao seu essencial:

1. “Quando a paixão toma conta do pensamento, a razão vai para o exílio.”
Não permita então que sua imaginação se atrele às suas paixões. A imaginação comandada pela paixão salta à frente da realidade e torna as coisas mais sérias, ameaçadoras e graves do que realmente são. Ela imagina não apenas o que existe, mas também o que pode vir a existir, passando logo para o estágio de considerá-lo já em existência.

2. “O silêncio não comete erros. Só se fala para melhorar o silêncio.”
O sábio somente rompe o silêncio se for para melhorá-lo, isto é, acrescentar por suas palavras conhecimento, ilustração e sabedoria.

3. “A verdade é geralmente vista, mas raramente ouvida.”
As palavras são as sombras dos atos. Os atos são a substância da vida, e palavras sábias, o seu adorno.

4. “Cerque-se de auxiliares inteligentes.”
A felicidade dos poderosos resulta de se fazer acompanhar por auxiliares inteligentes, que os resgatem das dificuldades em que caíram por ignorância. A forma mais sublime e superior de autoridade é fazer pela arte, servos daqueles que, por natureza, são superiores. Há muito por saber, pouco para viver, e não se vive se não se sabe. Escolha um assunto e deixe os que o cercam servirem-lhe o melhor de suas inteligências. Se não pode fazer do conhecimento seu escravo, torne-se amigo dele.

5. “Varie sempre a maneira de fazer as coisas.”
Para manter a atenção e o interesse sobre você, não aja sempre da mesma forma. Varie sua forma de agir e você confundirá as pessoas, especialmente seus rivais. É fácil matar uma ave que voa sempre em linha reta, mas é difícil acertá-la se ela voar mudando seu curso. O verdadeiro jogador nunca move a peça que seu adversário imagina que vai mover, menos ainda aquela que ele deseja que você mova.

* *PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA, PÓS-GRADUADO PELA UNIVERSIDADE PRINCETON, EX-REITOR DA UFRGS, É CRIADOR E DIRETOR DO SITE WWW.MUNDODAPOLITICA.COM

**Publicado originalmente em 11 de setembro de 2013
 

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  • Paulo Ricardo da Rocha Paiva
  • 12 Setembro 2020

Sou de um tempo em que a multietnia da nacionalidade brasileira era cantada e decantada em prosa e verso. Não, não vou negar o preconceito enrustido de muita gente ainda hoje em nossa sociedade, uma chaga que precisamos fazer fenecer a todo custo, sobretudo em nome da justiça. Mas me lembro também que, ainda na "escola pública", aquela da camisa branca que no bolso trazia a sigla "EP", tive lições que me marcaram, dadas por professoras inesquecíveis, que sempre exaltavam o negro e também o índio pela participação permanente, inolvidável e marcante que sempre tiveram na História do Brasil.

Cidadãos brasileiros de herança africana, que hoje são chamados estranhamente, de forma insidiosa e segregacionista, de "afro brasileiros", os tive em grande número no trato diário, depois no "CMRJ" e mais tarde na "AMAN", nossa Academia Militar onde convivi com muitos "soldados Henriques", da etnia do bravo Henrique Dias, uma das integrantes do caldeamento de raças que forjou o nosso Exército de Caxias, irmãos em armas que trago no peito ainda hoje com muito orgulho e sincera amizade, tão ou muito mais habilitados do que eu. Em verdade, tive berço verde oliva e vivi em ambientes avessos a qualquer tipo de discriminação, seja racial, seja social, e agradeço a Deus por isso.

Mas os dias estão mudados. o porvir de absoluta igualdade racial, que fatalmente seria alcançado no País com o passar do tempo, fruto da própria evolução do aperfeiçoamento humano pela educação/instrução, está sendo inviabilizado por um ambiente urdido de revolta, de ódio, segregacionista e na contramão do entendimento. Um projeto ideológico odiento, mascarado pela fachada de busca por "direitos humanos", estes desvirtuados na sua essência mais pura, desígnio perseguido por maus brasileiros na esteira de uma desintegração nacional de caráter social e territorial.

Ressalta o fato da substituição dos antigos heróis unidos na luta contra o invasor francês e holandês. Araribóia, Henrique Dias, Felipe Camarão. Estes não são mais os personagens lembrados pelo que representaram para a forja de um povo auriverde orgulhoso. Atualmente os homenageados são os "ZUMBIS" e os "CUNHAMBEBES" da vida! Que não se pense que esqueci dos brancos "ignorantes", aqueles que apregoam que "o Sul é o meu país". Todavia, que se diga, a maioria esmagadora dos gaúchos, herdeiros dos heróis que alargaram nossas fronteiras a ponta de lança, não comungam com este desvario desagregador e impatriótico.

Que não se duvide, falo de "reservas" e de "quilombos". nada contra! Mas não da forma como estão sendo reconhecidos, sem nenhum critério, de forma selvagem, concessões desmesuradas suscitando o reconhecimento de "nações indígenas" situadas no arco fronteiriço, de cantões afro-brasileiros encravados nos sertões interioranos, todos territórios com restrições à circulação livre pelos demais brasileiros, todas estas áreas na mira dos interesses alienígenas de "ONGS" internacionais, muitas subsidiadas por grandes e notórios "predadores militares". Afinal de contas! que País é este? Reza o nosso hino: -" Se o penhor dessa igualdade, conseguimos conseguir com braço forte!" Que igualdade é esta que nos impede a livre circulação em território que pertence a todos nós? Seria o caso então de se proibirem os não brancos de trânsito livre nas cidades, que são de todos! Que inolvidável absurdo! Simplesmente incrível, fantástico, extraordinário!

Em verdade, governanças inconsequentes sucessivas, ideológicas e incompetentes estão a se somar, já faz tempo, a uma politicalha corrupta, que abandona "ao Deus dará" as ameaças ao nosso território. Urge, por isso mesmo, que se faça sentir a ação de comando redentora das FFAA. A responsabilidade pela neutralização dessa grave e deletéria pressão dominante já ultrapassou de muito a competência de alguns governos descomprometidos. Mandatos que se sucederam: o de Fernando Collor de Melo (padrinho de reserva YANOMAMY), o de Lula da Silva (padrinho da reserva Raposa Serra do Sol) e o de Dilma Roussef, todos estes que perpetuaram, até os dias de hoje, uma política indigenista totalmente equivocada, com reflexos negativos nos três poderes da República, instituições reféns e absolutamente dominadas por "forças ocultas" inconfessáveis que só contribuíram para a situação periclitante que vivemos na atualidade.

Mas esta "farra do boi" já foi longe demais! Não se pode invocar a "disciplina militar prestante de Camões" quando a "integridade territorial conquistada por Caxias" está ameaçada! Com perdão do cidadão patriota e honesto, que assiste a esse descalabro, mas o País não pode ficar à mercê de uma dúzia de políticos ou de uma mídia perniciosa que não está nem aí para o que vai sobrar para nossos filhos e netos! Com todas as honras e sinais de respeito, oficiais-generais são promovidos não apenas para observar a disciplina do poeta lusitano. Suas "quatro estrelas" lhes foram concedidas para missão muito mais sagrada, de valor transcendental, qual seja a de salvar a Pátria quando ela está em perigo. Não, não me refiro às intervenções militares intempestivas. Maus brasileiros como da politicalha ou do bando togado? Ora, ora, desejamos mais que se explodam, junto com alguns descompromissados da governança! Sim, sim, me reporto ao que continua acontecendo em termos de infortúnio para o porvir multiétnico da nacionalidade brasileira! O separatismo que, na sombra de uma crise política e econômica diuturna, permanece vicejando sem freio!


 *O autor é Coronel de Infantaria e Estado-Maior

** Artigo publicado originalmente no "Jornal Diário de Petrópolis/RJ"

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