• Edésio Reichert
  • 17 Abril 2020

 

Já próximo do fim do mandato de presidente da Associação Comercial e Empresarial de Toledo-PR- Acit em 2013, propus ao grupo que lá estava, que formássemos o que chamei na época de Rede de Entidades, uma forma de organização onde as entidades representativas da sociedade civil do município pudessem refletir com seus membros e opinar de forma relativamente rápida, sobre determinado tema que poderia afetar toda a comunidade.

A título de exemplo: ideologia de gênero e aulas de educação sexual para as crianças em nosso município, será que a maioria dos pais concordariam? Que isso fosse discutido pelos membros das organizações e houvesse um retorno para embasar a decisão do poder público local, acerca do tema.

Passados poucos anos daquela sugestão que dei, que não foi adiante, ouvi pela primeira vez do Prof. Amir Kanits as expressões “corpos intermediários” e “contrapoder”. Seriam as organizações da sociedade civil, que teriam um papel fundamental na ligação entre o indivíduo e o Estado, funcionando esses “corpos intermediários” como uma espécie de contrapoder ao grande poder do Estado.

Decisões de administradores públicos e/ou ausência de decisões, nessa crise do coronavírus, indicam claramente a falta que faz ter “corpos intermediários” com agenda clara e bem fundamentada, na defesa da comunidade, do interesse público, para se colocar como contrapoder ao poder do Estado.

A maioria absoluta dos empresários e trabalhadores no setor privado, estão sofrendo pela impossibilidade de manter empresas abertas, e o sacrifício já é, e será muito grande. E no setor público, com exceção do poder executivo, que é quem mais está trabalhando nessa crise, os demais poderes, com raras exceções, anunciaram reduções de salários para ajudar na redução de custos aos pagadores de impostos. A grande maioria de Câmaras de Vereadores, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional, juízes, promotores, desembargadores, nada de sinalizar sacrifício direto no bolso para ajudar nesse difícil momento.

E os pagadores de impostos devem aceitar isso como normal? É assim mesmo e nada podemos fazer?

Aqui deveria entrar a força da “rede de entidades”, dos “corpos intermediários” para vermos na prática, mais justiça, mais equidade. Não é possível que todo o setor privado enfrente gigantescas dificuldades e não possamos criar instrumentos legais, uma espécie de gatilho, que possa ser acionado, para que os trabalhadores do setor público, para que políticos, também deem sua cota de sacrifício, sempre que a situação exigir e não tenhamos que depender do humor de autoridades em casos de graves crises, para que o sacrifício seja feito também por eles.

Nos quase três anos da maior recessão dos últimos cem anos, entre 2015 e 2017, praticamente nada ocorreu em termos de aperto no setor público, se comparado ao que houve no setor privado.

Claro está que, um chefe do executivo ou mesmo os legisladores, não estão lá para fazer TUDO aquilo que o povo deseja. Mas não é possível continuar aceitando como normal e legítimo, que nos três poderes da República continuem sistematicamente ignorando um dos mais básicos princípios que deveriam nortear a ação pública, que é o SERVIR, transformando o setor privado em verdadeiro escravo.

Por fim, seria ingenuidade imaginar que os detentores do poder público e de tudo o que com ele vem, incluindo privilégios, abrirão mão por livre e espontânea vontade desses desequilíbrios tão profundamente arraigados nas estruturas públicas. Isto somente se conseguirá pelas ações das organizações da sociedade civil, que, não importando sua natureza, buscando entender suas responsabilidades além das razões que as originaram, buscando entender quais princípios e valores fundamentam uma sociedade justa e desenvolvida, procurem unir forças a ponto de exercer o tão esperado contrapoder ao poder do Estado, dando mais equilíbrio, harmonia e confiança nas relações entre indivíduos e o Estado.

* Edésio Reichert é pequeno empresário no Paraná.

 

 

 

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  • Claudia Sies Kubala
  • 17 Abril 2020

 

Como já sabemos, o Brasil vivenciou uma epidemia de zika que resultou em um grande número de transmissões congênitas, onde o vírus passa da mãe para o bebê. Até 2019 foram confirmados 3,3 mil casos de crianças nascidas com microcefalia, malformação neurológica decorrente da infecção causada pelo vírus, um quadro assustador, principalmente, por apresentar, a grande maioria dos casos, em regiões de população humilde.

Devido a essas circunstâncias, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, sancionou a Lei 13.985 de 2020 no dia 7 de abril, garantindo que essas crianças passassem a receber uma pensão vitalícia de um salário mínimo. Caso resolvido? Nem tanto...

Em meio a uma das piores crises já vistas no país, o presidente do STF, Dias Toffoli, resolveu marcar para o dia 24 deste mês o julgamento da ADI 5581, cancelado em maio de 2019 e que agora retorna como uma facada no coração daqueles que prezam pela vida humana. Novamente, o movimento abortista ressurge por meio dos juízes togados, buscando uma brecha para implementar em nosso país a cultura da morte. Ao liberar o aborto de bebês com microcefalia, abre-se um enorme precedente para o aborto em outras situações de malformação.

"As consequências da aprovação da ADI seriam desastrosas, como permitir o aborto eugênico de crianças com microcefalia, assim como outros tipos de deficiência... A brecha que isso pode dar para o Brasil se tornar um país como a Islândia, onde 100% dos bebês diagnosticados com síndrome de down, ainda no útero, são abortados no país."  Dep. Federal Diego Garcia, Ag. Câmara, 25/03

Um ato que contraria a vontade da maioria da população, que há muito se manifesta em prol da vida, repudiando o assassinato de seres inocentes. Lembrando que prática do aborto matou mais de 42 milhões de crianças apenas em 2019, se tornando a principal causa de morte no mundo segundo o serviço de rastreamento Worldometers, cujos cálculos se baseiam nas estatísticas divulgadas pela OMS.

 

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  • Jorge Abeid, PhD
  • 16 Abril 2020


Presidente em plena batalha contra o coronavírus considera seriamente demitir o médico comandante da batalha que tem sobrenome italiano e que, no julgamento de muitos, está fazendo um bom trabalho.

A oposição prepara-se para fazer um escândalo com a demissão do tal médico. O pomo da discórdia é reabrir ou não a atividade econômica do pais, levantando paulatinamente a quarentena de certas atividades em áreas do pais onde a pandemia não existe ou é muito pequena.

O governador do estado epicentro da pandemia, que faz oposição ferrenha ao Presidente, está de tocaia esperando o momento de dar-lhe o bote.

Em alguns estados, populares fazem protestos pelo fechamento da economia.

 Se eu pedir a você leitor que ponha nomes nos protagonistas da história acima, seria assim:

Presidente : Bolsonaro
Médico comandante da batalha: Mandetta
Estado do epicentro: São Paulo
Governador do estado: João Doria

Beleza, mas se eu traduzir a história, palavra por palavra, para o Inglês, ou seja, exatamente a mesmíssima história e entregar o texto para um anglofônico, a resposta muda para:

Presidente : Trump
Médico comandante da batalha: Fauci
Estado do epicentro: N. York
Governador do estado: Andrew Cuomo

Como pode uma situação como essa colocar na mesma , na exatíssima mesma história dois países tão diferentes como Brasil e USA?

Mas essa pergunta se soma a muitas outras coincidências que se acumulam desde 2018.

Jorge Abeid, Ph.D.
ASCE member


 

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  • Fernando Fabbrini
  • 16 Abril 2020

Era só uma dica em forma de piada. No entanto, a recomendação dos jornalistas experientes aos repórteres calouros fez história: “cachorro morder a moça não é notícia. Mas, se a moça morder o cachorro, vira manchete”.

Me lembro dessa frase cada vez que leio matérias sobre a Covid-19 nos jornais e sites – coisa que faço cada vez menos. E me pergunto: até que ponto o exagero e o sensacionalismo ainda servem ao jornalismo de hoje? É uma questão delicada, sobretudo nesses tempos de fake news e sobrecarga de informações.

Sobre o assunto, venho trocando ideias com editores e repórteres de meu círculo de amizades. Como não sou jornalista - apenas um cidadão que gosta de escrever -, ouço deles análises mais precisas e confiáveis. Unânimes, afirmam que a notícia boa, a trivial, não chama atenção. O bicho homem definitivamente não valoriza o cotidiano banal, sem sobressaltos. Por outro lado, a versão alarmista arrepia a pele do leitor e gera uma pandemia de comentários.

No passado, o jornal “Notícias Populares” mantinha-se fiel à linha editorial assustadora e debochada, publicando manchetes que entraram para o anedotário. “Aluno é expulso por causa do chulé”; “Kombi era motel na escolinha do sexo”; “Mulher dá à luz a tartaruga”; “Exorcista tira cobra da barriga da velha"” são algumas do jornal do qual se dizia pingar sangue, se torcido. A notícia em si era vaga e o texto da matéria sempre amenizava o fato. Mas, missão cumprida: outro exemplar já fora vendido ao curioso transeunte.

Dias atrás um jornal publicou reportagem com uma intensivista do Hospital João XXIII, instituição de Belo Horizonte com louváveis serviços à comunidade. O repórter pinçou uma frase dita pela moça na entrevista: “mal consigo beber água”, referindo-se à rotina exaustiva no atendimento às vítimas da Covid-19. E usou-a no título.

Horas depois, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais divulgou nota. Entre outras informações, ficamos sabendo que não havia, até aquele momento, nenhum paciente internado no João XXIII com suspeita de Covid-19. O acolhimento dos casos suspeitos, como de praxe, estava sendo feito em outra unidade da capital, preparada especialmente. A nota informava ainda sobre o número de leitos disponíveis e dados – estes sim - de interesse geral, além de esclarecer que “profissionais da rede que trabalham na linha de frente (...) são constantemente treinados, inclusive na paramentação e desparamentação. E mais: “os equipamentos da profissional que aparecem na foto da matéria não condizem com a orientação do Hospital (...) estabelecida pelo Ministério da Saúde”.

A notícia foi retirada do portal. Com certeza, reconheceram a lambança do repórter ao direcionar a reportagem - sabe-se lá com qual intenção. Faltou um pedido de desculpas aos leitores.

A internet e as redes mudaram tudo no acesso à informação. A ansiedade dos repórteres pelo “furo” pode ocultar a busca de visibilidade nesse novo cenário concorridíssimo ou a necessidade de aplausos da respectiva claque ideológica. Incapazes de se aterem ao fato principal, alguns afogam-se no redemoinho do supérfluo. Outro dia li num dos maiores sites de notícias do país: “Mortos nos EUA em 24h equivalem às vítimas de quedas de 10 Boeings”. Uau! Que criatividade! Imaginei o cara, afoito, pesquisando no Wikipedia sobre quantos passageiros cabem num Boeing, fazendo contas até chegar ao número comparativo.

Ah, é assim? Então, ficou incompleta a notícia. Faltou dizer, por exemplo, qual o modelo de Boeing: o novo 777? O tradicional 737? O antigo Jumbo? E também explicar qual fenômeno meteorológico devastador ou falhas mecânicas causariam os desastres simultâneos – no caso, informações jornalísticas imprescindíveis para esclarecimento do leitor e enriquecimento de sua cultura aeronáutica.

* Enviado pelo autor. Publicado originalmente em O Tempo de Belo Horizonte.
 

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  • Alex Pipkin
  • 13 Abril 2020

 

Todos nós estamos mergulhados num oceano de "noticias" - não informação factual - a respeito da pandemia do Covid-19.

Praticamente 100% da mídia - e que trupe! - tem enfatizado a extremada e única visão de saúde pública, omitindo - creio propositalmente - outras variáveis importantes no tabuleiro da vida - integral -, essenciais para uma informação global relevante. Mais importante ainda: para uma tomada de decisão para além de vieses cognitivos, desejos emocionais e interesses envolvidos.

Qualquer um com um mínimo de experiência gerencial sabe que grandes e estratégicas decisões como essa, em relação ao enfrentamento do coronavírus, nunca são simples de tomar e estão sujeitas às deficiências humanas. E como!

Evidente que por ser tremendamente impactante, já que envolve grandes riscos de saúde e econômicos (invisíveis, portanto mais difíceis de serem encarados), observo que o medo e a escassez de coragem para um enfrentamento lógico por parte dos governantes, tem desencadeado decisões exclusivamente ligadas à saúde pública, desconsiderando-se demais cruciais variáveis da vida. Especialmente aquelas vinculadas às destruidoras repercussões econômicas que, ironicamente, reverberaram em outros e maiores problemas agarrados à própria saúde da população.

O que salta claramente aos olhos do observador atento são tais defeitos humanos, expostos cruelmente na batalha de egos e de interesses políticos entre burocratas estatais de todas as partes envolvidas.

Até os cegos enxergam que os julgamentos quanto ao ataque ao vírus vêm sendo coloridos pelos interesses próprios e/ou corporativos.

A imensa maioria está mesmo preocupada com o resultado político de suas ações e sua utilidade, o que implica na distorção de uma visão ampliada do tema e de uma tomada de decisão mais racional e menos passional.

Há mesmo um clássico conflito de agência, em que não necessariamente os incentivos e os interesses entre os agentes - nesse caso, o presidente, os governadores e os prefeitos - e o principal - a população - estão perfeitamente alinhados, resultando em enganos mais ou menos intencionais.

Óbvio que diferentemente do que a "vala comum" tem alegado, é a falta de ciência pelos respectivos vieses de confirmação e reputações dos médicos - que fornecem informações "parciais e enganosas" - que agravam e reforçam teses e discursos alardeados e postos em prática inadvertidamente pelos agentes.

Quanto aos profissionais médicos, com meu mínimo conhecimento e experiência de gestão, delicio-me assistindo na patrona confortável do confinamento, às respectivas divergências "científicas" entre eles, e o desejo dos agentes em elegerem o mais "científico", por meio de um notório "viés do campeão"! A eficácia da hidroxicloroquina deixa patente tal situação.

Nesse contexto, penso que avançar-se-ia muito, distinguindo-se entre uma tomada de decisão para mitigar o problema, com a consideração de todas as variáveis da vida envolvidas, daquelas decisões que procuram justificar os argumentos e as escolhas dos agentes com determinado viés de confirmação.

Claramente falta aos agentes um método mais científico e técnico (verdadeiro!), que estruture tal decisão envolvendo critérios "ampliados" e, como tenho dito desde a chegada do vírus, por meio de considerações factuais de cada região específica, situação atual, riscos e demais características idiossincráticas.

Situações particulares não podem ser atacadas como feito até agora: tudo vai para o saco de gato padrão!

Uma decisão lógica dos agentes - muito difícil pelos interesses que mencionei acima - dependeria de um conjunto de critérios relevantes, com comprovação possível através de exemplos e analogias, entretanto, considerando-se especificidades locais.

O tragicômico para mim, que me divirto com nossas mídias "honestas" e suas narrativas anedóticas, é a evidência cabal de que os diferentes agentes, com seus distintos argumentos, estão soberanamente preocupados com seus próprios interesses e suas respectivas reputações!


Mas e a população?!
 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 12 Abril 2020


DOIS TIPOS DE ESPECIALISTAS
Se, por um lado, alguns -especialistas- em saúde pública dedicam boa parte do tempo para manifestar suas preferências político-ideológicas quanto à melhor forma de enfrentamento do CORONAVÍRUS, por outro, felizmente, grupos de bons e competentes biólogos e virologistas seguem na incessante busca das -DUAS SOLUÇÕES- para que o mundo todo possa lidar, cada uma ao seu tempo, com esta nova e complicada doença.

UMA, IMEDIATA
A primeira, de ordem -IMEDIATA-, trata da busca incessante de uma ou mais DROGAS que, comprovadamente, se mostrem capazes de promover a CURA dos infectados pela doença. E neste particular, felizmente, já se tem conhecimento dos benefícios que a HIDROXICLOROQUINA produz.

OUTRA, MEDIATA
A segunda, de ordem -MEDIATA-, porque depende de muitos testes, trata do desenvolvimento de uma VACINA que consiga, de fato, produzir ANTICORPOS dotados de força suficiente e capaz de impedir o desenvolvimento do COVID-19.

MAUS POLÍTICOS
Pois, no nosso empobrecido Brasil, enquanto alguns BONS profissionais da área da SAÚDE PÚBLICA têm preocupação exclusiva com o enfrentamento do CORONAVÍRUS, uma quantidade enorme de MAUS políticos segue, de maneira incansável, interessados apenas em AFUNDAR O BRASIL, para todo o sempre.

CONCENTRAÇÃO DE ESFORÇOS
Normalmente, nos momentos em que as CRISES vão se tornando mais agudas e preocupantes, o que acontece em todos os lugares é uma concentração de esforços com o propósito criar as melhores e adequadas formas de enfrentamento dos graves problemas que atingem a população como um todo.

SEM ESSA DE SAIR DA CRISE
Pois, no nosso empobrecido Brasil, lamentavelmente, não raro grande parte dos nossos deputados e senadores, sempre fortemente apoiados pela maioria dos ministros do STF, entra em cena com olhos muito voltados para a construção, aumento e/ou aperfeiçoamento do CAOS. Mais: fazem questão de mostrar ao mundo todo que este negócio de tentar SAIR DA CRISE não tem o menor sentido.

Vejam por exemplo, que nem mesmo a CRISE promovida pelo CORONAVÍRUS foi capaz de tirar da cabeça da maioria dos nossos políticos que os recursos destinados ao FUNDO ELEITORAL deveriam ser usados para o enfrentamento da doença. Ou seja, quanto mais INJUSTIÇA SOCIAL, melhor para o país. Pode? 

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