ISTO É UMA DOENÇA DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Percival Puggina

 O economista Ricardo Bergamini, cuidadoso e incansável pesquisador, divulgou na semana passada um boletim no qual informava que entre 2002 e 2016 o número de ocupantes dos ocupantes de Cargos e Funções de Confiança e Gratificações do Poder Executivo Federal (Administração Direta, Autarquia e Fundação), passara de 87.305 para 115.002.


 Agora, divulgou a tabela acima, com a despesa média mensal com servidores federais da União (dados do Ministério do Planejamento), segundo média de 12 meses. E acrescenta:

1 – Dentro do serviço público federal há uma variação na média salarial entre o maior e o menor salário de 72,28%.
2 – Em 2016 o salário médio/mês dos trabalhadores formais das empresas privadas foi de R$ 2.052,00 (IBGE), ou seja: 90,01% menor do que o maior salário médio dos servidores da União e 63,95% menor do que o menor salário médio dos servidores da União.
3 – Em 2016 o salário médio/mês dos aposentados e pensionistas do Regime Geral de Previdência Social (INSS) foi de R$ 1.285,80 (STN), ou seja: 93,74% menor do que o maior salário médio dos servidores da União e 77,41% menor do que o menor salário médio dos servidores da União.
* FCDF – Gastos de pessoal com saúde, educação e segurança do Distrito Federal são de responsabilidade da União.

** Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

 

COMENTO

 Vejo essa disparidade entre o setor público e o setor privado do Brasil, explicitada no ítem 3 acima,  como uma enfermidade social, causa de muitos males. Entre eles se incluem:

• o maior interesse pelo trabalho no setor público do que pelo trabalho na iniciativa privada;

• a multidão de concurseiros que sai dos bancos escolares para o mercado de trabalho sem um projeto de inserção como força produtiva nas atividades econômicas, fontes da riqueza nacional, do desenvolvimento social e dos tributos com que serão pagos os vencimentos, subsídios e proventos do setor público;

• o crescente comprometimento das receitas públicas com folhas de pagamento, reduzindo proporcionalmente os gastos com investimentos do Estado;

• a desproporção existente entre a carga tributária e a qualidade/quantidade dos serviços públicos que lhe deveriam ser correspondentes;

• a redução dos investimentos privados, riqueza drenada pela via tributária para cobrir excessivas despesas correntes;

• crescente endividamento do setor público.
 

  • 14 Julho 2017

TREZE PERGUNTAS PARA OS MANIFESTANTES ANTICAPITALISTAS NA REUNIÃO DO G20

Ricardo Bordin

(Publicado originalmente em bordinburke.wordpress.com)


Tema do protesto em Hamburgo é “bem-vindos ao inferno”.

“A polícia da Alemanha dispersou nesta quinta-feira (6) uma manifestação contrária à reunião do G20 em Hamburgo, na Alemanha. O tema do protesto, que é também usado como hashtag em redes sociais, era “Bem-vindos ao inferno” (#welcometohell). A polícia agiu quando um grupo de black blocs, mascarados e com roupas pretas, se misturou aos outros manifestantes. À frente da marcha, um grande cartaz pedia para “esmagar o G20” (“smash G20”). Ela foi convocada por uma autodenominada “aliança autônoma anticapitalista”.

Seguem algumas singelas perguntas para este pessoal politicamente engajado que tão valentemente luta “contra o capital e a exploração do mercado” – eufemismo para idiota útil:

  • Quantos deles ainda moram com os pais e vivem de mesada?
  • Quantos deles foram às ruas vestindo tênis da Nike, agasalho da Adidas, óculos Ray-Ban e com o Iphone em riste para filmar tudo e bombar nas redes sociais?
  • Que sistema pretendem eles implantar após a sonhada abolição do capitalismo? Alguma novidade elaborada por intelectuais ungidos na Sorbonne, ou a alternativa é o ruim e velho socialismo mesmo, em alguma de suas muitas versões e variantes, do chavismo ao maoismo, que, ao fim e ao cabo, sempre acabam por “deturpar Marx” e motivar novas tentativas de implantá-lo?
  • Quantos deles arrumaram a cama antes de sair de casa?
  • Quantos daqueles que estão raivosos com a recusa de Donald Trump a tomar parte do acordo do clima em Paris tiveram acesso a algum material que refute as cascatas que dominam a discussão sobre o tema, e quantos limitaram-se tão somente a assistir à “Uma Verdade Inconveniente” comendo pipoca feita em um micro-ondas produzido por alguma empresa capitalista poluidora e opressora, e bebendo Coca-Cola?
  • Quantos daqueles que pedem “igualdade” já fizeram doações à caridade ou passaram seu fim de semana prestando serviços gratuitos para um orfanato ou casa de repouso de idosos?
  • Quantos deles recebem subsídio estatal (ou seja, provido com o dinheiro cobrado dos pagadores de impostos) de qualquer espécie para estar ali fazendo baderna sem precisar trabalhar?
  • Quanto de dinheiro da Open Society Foundation, de George Soros, foi injetado como patrocínio para esta turba ruidosa?
  • Quantos deles estão cientes da ameaça globalista, que faz uso do mesmo discurso coletivista para justificar interferências de entidades supranacionais nas soberanias de seus países?
  • Quantos deles tem ciência que em países comunistas (inclusive na Alemanha Oriental) seria impossível realizar tal protesto, pois seriam eles reprimidos com tiro, porrada e bomba – tal qual vem fazendo Maduro na Venezuela, que matou mais de cem cidadãos “insatisfeitos” com a fome e a miséria em menos de um mês?
  • Quantos desses que clamam por “mais democracia” – fazendo uso de atos terroristas neste intento – estão preocupados com a iminente islamização da Europa, a qual, uma vez convertida em um continente de teocracias muçulmanas, reprimiria com a morte até mesmo manifestações pacíficas do gênero, e conduziria os sobreviventes à forca em praça pública – além de rir dos clamores por eleições livres e “Estado laico”?
  • Quantas destas pessoas que afrontam a autoridade policial nunca precisaram chamar a polícia em situações de emergência?
  • Quantos destes rebeldes marionetes dos bilionários que lucram com o capitalismo de compadres (muitos dos quais estão, ironicamente, participando da reunião de líderes do G20) tem noção de que são massa de manobra das mais descartáveis?

Aguardo retorno…
 

  • 09 Julho 2017

A Venezuela já está sob um governo totalitário e comunista.

 

PARLAMENTO DA VENEZUELA É INVADIDO POR APOIADORES DO GOVERNO MADURO


El País


Vice-presidente havia convocado a população para ir à Assembleia, a qual acusou de traição.

Apoiadores do Governo de Nicolás Maduro invadiram, nesta quarta-feira, a sede da Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pela oposição, e agrediram deputados e visitantes que participavam de uma sessão solene comemorativa dos 206 anos da Declaração de Independência do país.

De acordo com relatos, o ataque começou às 11h50, no horário local, uando manifestantes pró-governo, que até então rodeavam discretamente o prédio, invadiram o Palácio Federal Legislativo, no centro de Caracas. Jornalistas, funcionários da Assembleia e parlamentares foram alvo de agressões e roubos. No momento em que esta matéria era escrita, pelo menos cinco deputados estavam feridos: Nora Bracho, Armando Armas, Américo De Grazia, Luis Padilla e José Regnault Hernández, todos da oposição. Ainda eram ouvidos ruídos de explosivos nas imediações, ao lado da Praça Bolívar de Caracas e das sedes da Chancelaria, do governo da capital e do Palácio Arcebispal.

No momento da invasão, ocorria na Assembleia a sessão comemorativa da assinatura da Declaração de Independência, em 5 de julho de 1811, quando representantes das províncias que então constituíam a Capitania Geral da Venezuela, reunidos em Congresso, proclamaram sua separação da Coroa espanhola.

No entanto, desde que, nas eleições de dezembro 2015, a oposição reunida sob a Mesa da Unidade Democrática (MUD) conquistou a maioria absoluta no Parlamento, o Executivo chavista, que obrigou o Supremo Tribunal a declará-lo em desacato, se recusa a participar de eventos do Legislativo.

Por isso, foi uma surpresa — e, talvez, uma demonstração do poder dos símbolos — que na manhã desta quarta-feira tenha comparecido, na mesma sede da Assembleia, o vice-presidente Tareck El Aissami para homenagear a ata e convocar os simpatizantes de Maduro a se aproximarem do Parlamento. “Que o povo a pé venha a este salão para prestar juramento de novo e assumir esta proclamação para conduzir nosso país, nos tempos futuros, a uma grande vitória. É hora do povo”, disse, “é a hora do revolucionários”. El Aissami incitou a reação contra aqueles que, segundo a propaganda do Governo, “pretendem entregar o país aos interesses obscuros do imperialismo”. “Aqueles que vão ficando pelo caminho por traições, ambições e por projetos pessoais, que fiquem. Para cada traidora ou cada traidor, virão bilhões de revolucionários para levantar a bandeira de Bolívar e de Chávez para continuar a empurrar esta causa”, afirmou.

Foto - Juan Barreto (AFP)
 

  • 05 Julho 2017

O "TRADICIONALISMO" DA MÍDIA E A "REBELDIA" DE TEMER


Percival Puggina

 

 Estou até agora tentando encontrar alguma razão efetivamente jornalística que explique a torcida da mídia nacional por Nicolao Dino, bem como para as pungentes frustrações manifestadas quando ele não foi escolhido por Temer para o cargo de Procurador Geral da República.

 O que mais se lia e ouvia era sobre a importante "tradição" de indicar o nome mais votado. Há que reconhecer: uma tradição imberbe, que vem de 2003, contando 14 anos, em plena adolescência portanto, deve clamar por imensa consideração das instituições republicanas...

 Michel Temer, com aquele seu jeito rebelde de ser, rompeu a longeva praxe. Entre um reconhecido adversário, muito próximo ao seu algoz, e uma procuradora sabidamente distante de Janot, optou por esta. O preceito constitucional é claro: o presidente da República recebe a lista tríplice e pode escolher um dos votados ou ignorar a lista e indicar para a sabatina do Senado qualquer outro dos 1 400 procuradores.

 Nesse caso, o próprio presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), José Robalinho Cavalcanti, afirmou ao UOL acreditar que o presidente Michel Temer (PMDB) indicaria alguém da lista, mas não teve a pretensão de cobrar que ele obedecesse a ordem da eleição procedida entre os procuradores. A mídia, porém, sapateava exigindo respeito à "tradição". Como é conservadora a mídia brasileira!

 Não tomei conhecimento de que algum analista houvesse reprovado o processo inscrito na Constituição. Este sim, totalmente impróprio! Percebam quanto, e em quase tudo que importa, é irracional o modelo institucional brasileiro! Como pode a norma constitucional propiciar ao presidente da República o privilégio de escolher quem o irá processar? Mais uma regra pela impunidade! No entanto, em um conjunto de avaliações totalmente superficiais, o único interesse da imprensa pareceu recair sobre a designação ou não do primeiro da lista, justamente por ser, neste caso, alguém alinhado com Janot e com a esquerda que opera no MPF. Jamais vamos corrigir nossas instituições enquanto continuarmos escrutinando a realidade apenas com lupas ideológicas.
 

  • 02 Julho 2017

GREVE OU FERIADÃO GERAL?


Percival Puggina

 

O jornalista Cláudio Humberto, em o Diário do Poder, critica a incapacidade dos órgãos de inteligência e de informação para prever o fracasso da dita greve geral de ontem, 30 de junho. E ilustra o insucesso da iniciativa das centrais sindicais companheiras e parceiras da esquerdalha generosa, angustiadas com a perda do imposto sindical (existe algo mais sagrado neste país do que o direito de receber e gastar o dinheiro produzido por outros?).

Assim, foram mobilizados em Brasília, pela Polícia Militar do DF, 2 600 homens para cuidar de algumas dezenas de manifestantes... O ambulante Reginaldo de Souza, com 12 anos de experiência na profissão, também avaliou mal o mercado e estocou mercadoria para atender a demanda. Indignado reclamava da falta de indignação do povo. "Cadê as pessoas?", reclamava.

Elas não compareceram. O que houve foi uma espécie de feriadão geral, mobilizado por servidores públicos, principalmente nos escalões mais altos dos poderes de Estado, onde esse tipo de folga funciona como evidência de status funcional. Quanto mais elevada a posição no ranking, mais espichados os fins de semana, os recessos e as férias. 

E, convenhamos, nada mais digno da corte do que indignar-se à sombra e à água fresca de um inesperado feriadão.
 

  • 01 Julho 2017

QUATRO CHAPAS DE ESQUERDA DISPUTAM O COMANDO DO CPERS-SINDICATO!


Percival Puggina

(Com imagem da pág. 28 de ZH de 27/05/2017)

Hoje (27/06) e amanhã são colhidos os votos dos professores estaduais do RS na disputada eleição para o comando do maior sindicato do Estado. Com mais de 80 mil filiados, o Cpers se transformou numa evidência sólida, prova provada, do aparelhamento da educação pública e privada do RS pelas várias correntes de esquerda.

Esse processo tem início no topo do sistema, nos cursos de pós-graduação e graduação, fornecendo os docentes que darão continuidade ao trabalho no ensino médio e fundamental das redes pública e privada, onde agirão diretamente sobre a juventude. Relatos sobre o tema se derramam pelas redes sociais como testemunhas dessa grave acusação. As defesas, ou são balbuciantes na negativa da conduta adotada, ou, caso mais comum, sustentam energicamente o direito de a adotar.

Como consequência desse aparelhamento, indispensável, aliás, à pretendida hegemonia, a atual eleição do Cpers será, mais uma vez, travada entre quatro chapas que competem: 1º) pelo direito de estar mais à esquerda das outras concorrentes e, 2º) ter maior compromisso de oposição política ao governo do Estado.

O fenômeno político-ideológico descrito se repete ao longo de sucessivas décadas, mostrando que desse mato educacional não sairá o coelho de uma educação para a modernidade, para o efetivo e sustentável desenvolvimento econômico e social.

Se a educação gaúcha está empobrecida em recursos, está ainda mais empobrecida em ideias, em cérebros, em ânimo construtivo de qualquer coisa que não seja um desastroso projeto marxista, decididamente comunista, da sociedade. Estes são os focos e os empenhos majoritários. Exceções são isto mesmo: louváveis exceções. Como consequência, sepulta-se, nas salas de aula, a liberdade futura, o direito ao conhecimento e à informação, o livre discernimento e o acesso dos jovens a um futuro melhor para si e para os seus.
 

  • 27 Junho 2017