Percival Puggina

30/06/2012
COISA DE MOLEQUES Brasil, Argentina e Uruguai (vale dizer, Dilma, Cristina e Mujica), ao afastarem o Paraguai para entronizarem a Venezuela no Mercosul, agiram como moleques. Estratégia de marotos. A decisão tem a decência de um cabaré e a racionalidade de um repolho (afasta-se o Paraguai, cujo parlamento vetava o ingresso da Venezuela, e se abrem os braços para a grande democracia de Hugo Chávez...). Para a trinca, o parlamento paraguaio é golpista, enquanto democrático é o bando de fantoches que compõem o parlamento venezuelano, onde se obedece Chávez como uma matilha de cães ao assobio do dono.

Percival Puggina

22/06/2012
CAIU O LUGO TEOR DO ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO DO PARAGUAI (Bastariam 2/3, ou seja, 30 votos para a destituição de Lugo. A proposta foi aprovada por 39 dos 45 senadores, ou seja, por 87% do plenário). O Presidente, o Vice-Presidente, os ministros do Poder Executivo, os ministros do Supremo Tribunal, o Procurador Geral da República, o Defensor Público, o Controlador Geral da República, o Subcontrolador e os integrantes do Tribunal Superior da Justiça Eleitoral somente poderão ser submetidos a julgamento político por mau desempenho de suas funções, por delitos cometidos no exercício de seus cargos ou por delitos comuns. A acusação será feita pela Câmara dos Deputados, por maioria de dois terços. Corresponderá ao Senado julgar, por maioria absoluta de dois terços, em juízo público, os acusados pela Câmara dos Deputados e, se for o caso, declará-los culpados com o único efeito de afastá-los de seus cargos. Nos casos de suposto cometimento de delitos se repassarão seus antecedentes à justiça comum. *** Lugo tomou uma sova de votos na deliberação de seu afastamento. Foram 39 a favor e apenas quatro contrários. Seu governo fracassou, como fracassara antes em sua função pastoral. Dera péssimo exemplo como orientador dos fiéis e andou muito mal como presidente. Enquanto religioso, apoiava os invasores de terras ( o MST paraguaio), reunia-se com os representantes das FARC, passava a mão por cima dos que sequestravam endinheirados para exigir resgates milionários sob proclamadas intenções políticas. Desde os púlpitos, anunciava aos ventos que seu país, com vontade política e sob uma gestão como ele saberia fazer, se converteria num paraíso guarani sul-americano. Deu tudo errado. Só não andou mal naquilo que o Brasil o ajudou. Deixa a presidência sem ter quem o apóie. Os jornais de amanhã, certamente, mostrarão jovens revoltados e chorosos sendo contidos pela polícia. Por favor, não os confunda com o povo paraguaio. São os mesmos de sempre. Todo país tem um pouco disso. A decisão reflete a vontade da maioria do povo paraguaio, frustrada com a incapacidade de seu presidente. E foi adotada segundo a forma prevista na Constituição do país. Por fim, fique atento ao que fará o Brasil. O nosso Antônio Patriota já está lá, chefiando uma missão com objetivo que assim explicitou: Preservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática, observar o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurar o direito de defesa e ao devido processo. Esperemos que não surja dessa intromissão aí um novo Caso Honduras... Nota: Federico Franco, o vice que assume, é tradicional adversário do Partido Colorado (Stroessner) e um homem de bem. O ordenamento constitucional paraguaio fornece saída adequada para essas situações de desgoverno e de insatisfação generalizada.

Percival Puggina

22/06/2012
Tão logo começaram a circular pelo mundo as imagens de Lula e Maluf selando aliança política para beneficiar Haddad no pleito paulistano, a mídia disciplinada pelo PT começou a reprovar o comportamento de Lula. Não o fazer seria escandaloso. Mas era preciso reprovar como quem estivesse surpreso. Como se aquilo fosse uma grande novidade e uma nódoa incompatível com a alva túnica do seráfico ex-presidente. Do lado oposicionista, surgiram comentários no sentido de que se tratava de uma aliança entre iguais. Dizia-se que ambos se mereciam. Que seriam parceiros na escassez de escrúpulos. Que os dois seriam dotados de uma consciência maleável como massinha de moldar. Também essa foi minha primeira opinião, até assistir a um debate em que tal afirmação foi feita, recebendo a seguinte contestação de um representante do PT: Não dá para comparar Lula com Maluf. Lula não é procurado pela Interpol!. Essa frase me levou a colocar os dois personagens nos pratos de uma balança mental das iniquidades. Instalei-os ali, enquanto sopesava as respectivas biografias, que, a essas alturas, enchiam as páginas dos blogs e sites da rede. Resultado do teste: Maluf foi catapultado para cima enquanto Lula se estatelava embaixo. De fato, Lula não tem condenação criminal. Mas até mesmo na balança de um juízo moral tolerante, é infinitamente mais danoso do que seu parceiro. O que ele fez com a política, com a democracia, com os critérios de juízo dos eleitores e com as próprias instituições nacionais é pior, muito pior do que o prontuário criminal do seu parceiro na eleição paulistana. Os estragos de Maluf se indenizam em São Paulo, com dinheiro, e se punem com cadeia. Os de Lula levarão décadas para serem retificados na consciência nacional e nas instituições do país. A sociedade, em algum momento, emergirá da letargia produzida pelo carisma do ex-presidente e pela rede de mistificações em que se envolve. Compreenderá, então, que o modo de fazer política introduzido por Lula conseguiu desmoralizar a patifaria. Antes dele havia um certo recato na imoralidade. As vilanias eram executadas com algum escrúpulo. Quando alguém gritava que o rei estava nu, as pessoas olhavam para as partes polpudas do rei e se escandalizavam. Com Lula, as pessoas olham para o lado. Não querem ver. São como os julgadores de Galileu que se recusavam a olhar pelo telescópio com que ele lhes queria mostrar o universo: Noi non vogliamo guardare perché se lo facciamo potremmo cambiare. Não olham porque mudar de opinião pode custar caro. Então, o rei aparece no jardim, nu como uma donzela de Botticelli, e as pessoas olham para o Maluf, de terno e gravata com ar de escândalo. Se isso não é a desmoralização da moral, se a influência de Lula nos costumes políticos não nos submete, como cidadãos, aos padrões próprios de um covil de velhacos, então é porque - ai de mim! - em algum lugar do passado recente, perdi a visão e a razão. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

16/06/2012
Eu sei, o conceito de cultura é mais abrangente que bolsa de mulher. Dentro dele há de tudo e quase tudo que não há, também cabe. Então tratemos de nos entender: 1º) por falta de outra palavra, cultura designa, aqui, o bem colhido por quem busca prazer e elevação do espírito no conhecimento e na Arte; e 2º) quando me refiro às vertentes do conhecimento estou falando, principalmente, de Filosofia, Política, Direito, História e Religião. As vertentes da Arte são muitas e proporcionam lazer e prazer. Embora os indivíduos recolham da cultura expressivos benefícios pessoais, mesmo quando individualmente construída ela é socialmente proveitosa. Tanto os que a produzem quanto os que a buscam são essenciais ao progresso das civilizações. Agora, leitor, dê uma olhada em seu entorno. Será impossível não perceber o quanto isso que escrevi vai na contramão do que se vê disponibilizado como se fosse bem cultural ao consumo da população. Felizmente, suponho que por uma questão de pudor, para que não se confunda uma coisa com a outra, música virou som. E, com exceções, sumiram os dois. Ficou o barulho. Pode a música, a boa música, sumir? Pode. A boa música pode. E os livros? Sumirão também? Intuo que vem aí uma geração para a qual livros ? em papel ou virtuais - serão objetos de um tempo remoto, coisas da casa do vovô e da vovó. Ainda são vendidos, é verdade, mas não se pode dizer que por muito tempo, nem que parte significativa das vendas atuais expresse muito gosto pela Literatura (exceto se ampliarmos o conceito para abrigar obras de auto-ajuda, vampirismo, histórias sobre animais domésticos e assemelhadas). Filosofia? Dá uma canseira danada. História? Consulte o governo. Ou ele escolhe os livros ou nomeia uma comissão para contar, tim-tim por tim-tim, toda a verdade. De Política não se quer ouvir falar. Na comunicação de massa pela tevê, o que há 20 anos era visto como baixaria e causa de escândalo hoje se afigura como clássico, recatado e requintado. Resumindo, o padrão cultural do brasileiro despenca num escorregador recoberto pela mais sebosa vulgaridade. Não vou me aprofundar nisso para não ficar deprimido. Certas correntes antropológicas promovem verdadeiro terrapleno cultural. Não existe cultura melhor nem pior, superior ou inferior. Tudo é cultura e tudo é apreciável como símbolo de ideias e comportamentos coletivos. No entanto, a civilização continuará produzindo seres humanos que, em ambiente adequado, valorizarão o bem e o belo, o saber e a verdade. Com a sociedade se massificando cada vez mais e mantidas as hegemonias que se instalam no mundo da Educação e da Política, a elite cultural brasileira definhará em importância. Os espaços de decisão serão tomados por aqueles que estabelecerem mais proveitosa interlocução com a massa crescentemente ignara, presa fácil na malha da mediocridade a seu alcance, da mentira bem contada e da promessa sedutora. Precisaríamos muito de um renascimento cultural. Mas como produzi-lo? Onde quer que olhe, não vejo sinais disso. Quase tudo que leio expressa grosseiro menosprezo pela virtude, pelas coisas do espírito e pela elevação da mente humana aos níveis de competência que lhe foram disponibilizados pelo Criador. Sei, sei, só escrevo estas coisas horrorosas, escandalosas, porque sou um conservador, palavra que a novilíngua marxista conseguiu transformar em xingamento. É categoria que, no Brasil, se desdenha. E, neste caso, diferentemente do conhecido aforismo, quem desdenha não quer comparar. Eu escrevi com-pa-rar. Zero Hora, 17/06/2012

Percival Puggina

16/06/2012
CATÁLOGO DE APOSTASIAS E HERESIAS Entre 7 e 11 de outubro deste ano deverá ocorrer em Novo Hamburgo (e, por enquanto, precisamente na universidade jesuíta da Unisinos), um tal ?Congresso Continental de Teologia: Aos 50 anos do Vaticano II e 40 anos da Teologia Latino-americana e Caribenha? . Entre os participantes, se incluem inimigos frontais da Igreja, do papado e de Roma. Alegra-me saber que há trinta anos venho combatendo tal subteologia, dita latino-americana e caribenha, e recolhendo, graças a isso, verdadeira congregação de inimigos, entre maliciosos e inocentes, úteis e inúteis. Vale a pena ler a matéria no site Fratres in unum, aqui: http://bit.ly/M9oKiy. Por que será que um evento desses, continental, escolhe o Rio Grande do Sul e a Unisinos para sediar-se?

Percival Puggina

16/06/2012
Entre 7 e 11 de outubro deste ano deverá ocorrer em Novo Hamburgo (e, por enquanto, precisamente na universidade jesuíta da Unisinos), um tal ?Congresso Continental de Teologia: Aos 50 anos do Vaticano II e 40 anos da Teologia Latino-americana e Caribenha? . Entre os participantes, se incluem inimigos frontais da Igreja, do papado e de Roma. Alegra-me saber que há trinta anos venho combatendo tal subteologia, dita latino-americana e caribenha, e recolhendo, graças a isso, verdadeira congregação de inimigos, entre maliciosos e inocentes, úteis e inúteis. Vale a pena ler a matéria no site Fratres in unum, aqui: http://bit.ly/M9oKiy. Por que será que um evento desses, continental, escolhe o Rio Grande do Sul e a Unisinos para sediar-se?

Percival Puggina

15/06/2012
DEPOIS DO SEQUESTRO, VALDÍVIA QUER VOLTAR PARA O CHILE Pois é. E nós, que somos brasileiros, quando teremos de volta um Brasil com segurança, onde a cadeia seja o destino certo dos bandidos e onde as penas sejam cumpridas? Estamos todos fartos da indulgência para com a criminalidade! É assustador que essa indulgência seja nítida nos três poderes de Estado, mantidos com os recursos das vítimas reais ou potenciais dos bandidos. Estamos todos fartos do discurso politicamente correto segundo o qual isto que estou afirmando aqui é postura vingativa e desumana. Desumano é circularem pelas ruas bandidos de colarinho puído com extensa ficha criminal e criminosos públicos de colarinho branco. Quem não sabe - como afirmou um amigo meu, dias atrás - que o julgamento do mensalão ou acaba em pizza ou em cestas básicas? Valdívia tem o Chile para voltar. E nós, quando daremos um jeito no Brasil?

Percival Puggina

14/06/2012
Estive fora do Brasil. Em matéria de corrupção, foi um período sabático. Ao longo de três semanas, percorri duas dezenas de cidades francesas, coincidentemente na reta final da campanha para as eleições parlamentares. Eleição distrital pura. Em cada distrito pelo qual passei, nunca mais do que meia dúzia de participantes em disputa. Pequenos cartazes, de idêntico tamanho, um para cada candidato e um ao lado do outro, fixados em espaços públicos predeterminados, compuseram toda a campanha de rua que pude perceber por onde passei. O resto foram debates na tevê, em horário noturno. Campanha baratíssima, portanto. Bastou-me voltar ontem ao Brasil para me deparar com um novo absurdo proporcionado pela CPMI criada para esclarecer os escândalos em que está envolvido o senhor Carlinhos Cachoeira. A base governista da comissão decidiu não convocar o ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot. E fez o mesmo em relação ao ex-proprietário da Delta Construções, Fernando Cavendish. Como se vê, a CPMI começa a se tornar uma infâmia maior do que o escândalo sob sua investigação. Entendamos bem o conteúdo da decisão. E baixemos logo a tampa para evitar os maus odores. A CPMI, cujo pivô recebe assistência jurídica do ex-ministro da Justiça do governo Lula, o Dr. Márcio Thomaz Bastos, vem convocando depoentes que entram mudos e saem calados. Muitos parecem aprendizes do estadista de Garanhuns. Nada sabem, nada viram e não estavam por perto quando aconteceu. O próprio advogado do Carlinhos Cachoeira será intimado pelo Ministério Público a esclarecer como recebe honorários calculados em R$ 15 milhões de uma pessoa que, fora do mundo do crime, não tem renda para contratar um estagiário. É legítimo receber valores nesse montante, oriundos de atividade ilegal ou criminosa? Dinheiro sujo, ao entrar na contabilidade do escritório de um advogado, se torna dinheiro limpo? As operações que realizam esse fim não são denominadas de lavagem de dinheiro? O escritório do ex-ministro da Justiça considera a indagação um abuso e um retrocesso nas garantias constitucionais. E nada mais diz. Pois bem, o ex-diretor do Dnit se ofereceu para depor! Avisa que tem muito para contar. Diante desse oferecimento, que faz a base do governo numa CPMI em flagrantes dificuldades para ouvir depoentes que deponham? Se recusa a convocá-lo. Esse cara vem aqui para falar? De jeito nenhum! Só queremos convocar quem nada tenha a dizer. Aqui ninguém fala!. Então convoca o Cavendish!, deve ter ponderado a oposição. Também não. Sem essa de ouvir o ex-dono da principal contratante do PAC, que se teria vangloriado de comprar quem quisesse no país. Sabem quem, a maioria dos membros da CPMI decidiu convocar? A mulher do Carlinhos Cachoeira. Verdade. Parece que na semana que vem chamarão a dona do instituto de beleza que ela frequenta. Depois o veterinário da pet shop onde o totó da família é levado para rotinas de banho, pelo e bigode. E, mais adiante a Mônica, o Cebolinha e o Cascão, aquele sujo. Nada como algo assim para a gente se sentir, de novo, pisando solo pátrio. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

10/06/2012
?O comunismo acabou?, dizem. Os defensores da coligação do PP com o PCdoB alegam que ?o comunismo acabou? e que opor-se a ele é ?ranço ideológico?. Quero lembrar que em dezembro do ano passado, quando morreu o ditador comunista da Coréia do Norte, Kim Jong-il, o PCdoB, em nota oficial assinada pelo presidente nacional Renato Rabelo e pelo secretário de relações internacionais do partido, Ricardo Abreu Alemão, lamentou com ?profundo pesar? a morte do carniceiro coreano. Dois meses mais tarde, as comemorações dos 90 anos do PCdoB foram marcadas em programas de rádio e tevê com eloqüentes homenagens ao espião e traidor da pátria Luís Carlos Prestes (quem quiser saber mais sobre o caráter desse senhor informe-se sobre a morte de Elvira Cupelo). Por outro lado, a pergunta sobre se o comunismo acabou, de modo que afirmar em contrário seja, mesmo, ?ranço ideológico?, deve ser feita, por exemplo, ao deputado Raul Carrion, à ex-deputada Jussara Cony, bem como a dirigentes e militantes comunistas de outros partidos com análoga matriz doutrinária. E se lhe disserem que numa administração municipal não há muito espaço para ideologia, procure lembrar-se qual a corrente ideológica e a que vertente pertencem os militantes que, em Porto Alegre, nas últimas décadas, se abraçam a qualquer macega ou charco, do Cais Mauá ao Estaleiro Só, para impedir o progresso da cidade, ou se envolvem em quaisquer invasões de bens públicos ou privados.