Ricardo Noblat

16/09/2011
FAXINA REJEITADA PELO GOVVERNO É FEITA PELA IMPRENSA INDEPENDENTE E PELO BRASIL QUE LÊ Ricardo Noblat A queda de Pedro Novais transformou o Brasil no novo recordista mundial da modalidade não-olímpica arremesso de ministros bandalhos: com o maranhense que pendura no cabideiro de empregos públicos até a governanta e o motorista da patroa, quatro pais-da-pátria perderam o emprego por envolvimento em casos de corrupção no período de 100 dias. Uma baixa a cada 25 dias é uma proeza de bom tamanho. Mas a presidente Dilma Rousseff não tem nada a ver com a medalha de ouro. A marca foi estabelecida em parceria pela liberdade de imprensa e pela indignação do país que lê. O Brasil é recordista não por causa do governo, mas apesar dele. Como Antonio Palocci, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi, também Novais foi autorizado a despedir-se do cargo com pompas e fitas. Oficialmente, nenhum ministro foi demitido. Todos pediram demissão por escrito, em cartas repletas de referências elogiosas à presidente e si próprios. Todos mereceram afagos retóricos da chefe. Embora sejam todos casos de polícia, até agora nenhum foi convidado a explicar-se ao delegado. Liberado de audiências em tribunais, Novais logo estará exercendo o direito de ir e vir no Congresso. E o substituto terá sido indicado pela mesma turma do PMDB que pinçou do baixo clero da Câmara o inverossímil festeiro de motel.

Percival Puggina

10/09/2011
Twitter: @percivalpuggina Recebo muitas mensagens eletrônicas apontando o farisaísmo de quem critica a corrupção que vê e fecha os olhos para o extenso rol dos próprios desvios diários de conduta. Certo, é farisaísmo mesmo. Essa inquietante observação sobre os comportamentos individuais conduz, ademais, à conclusão de que não existem sociedades virtuosas. Se as pessoas não o são, a sociedade tampouco o será. Aliás, é esse lado obscuro da natureza humana que, entre outras coisas, torna necessária a existência da lei, dos poderes de Estado e da política. O artigo poderia terminar aqui se as proclamações feitas acima fossem as únicas verdades a serem ditas sobre o assunto, mas não é o caso. Aliás, quanto mais a toalha da renúncia à virtude for jogada no tablado da cultura contemporânea e quanto mais isso for objeto de indiferença social, maior será a corrupção dos corruptos e o farisaísmo dos fariseus. Chegará o dia em que, virado o fio, o vício se converterá em virtude e a virtude em vício. Não, não estamos longe disso, leitor, numa época em que o adjetivo sacana pega melhor que o adjetivo virtuoso. Ou não? E todos riem. Que somos imperfeitos, sabemos. O que parece haver sumido das nossas reflexões sobre a sociedade é o fato de que somos aperfeiçoáveis. Assim como sempre podemos fazer melhor o que fazemos, sempre podemos ser melhores do que somos. Portanto, as sociedades jamais serão plenamente virtuosas, mas os indivíduos temos um compromisso moral com o nosso aperfeiçoamento. O que se tornou saudável prática em relação ao condicionamento físico sumiu dos procedimentos em relação ao caráter. Tornamo-nos moralmente sedentários! Abandonamos os exercícios que envolvem a formação da consciência. Eis aí, então, um dos mais graves problemas da sociedade contemporânea. Podemos nos abraçar em muitos erros e vícios, mas fugimos das decorrentes responsabilidades morais e, principalmente, do mais tênue sentimento de culpa. Opa, culpa não! Culpa faz mal à saúde. No entanto, pergunto: como haver arrependimento e retificação das condutas sem que a consciência bem formada acuse o erro? Como corrigir o mal feito a outros sem que a percepção do erro, elaborada no plano da consciência, nos mobilize nessa direção? Em qual laboratório - que não no da consciência - pode nascer algo tão humano quanto o pedido de perdão? Cuidado! São muito claros os sinais de que estamos nos alinhando nos viciosos degraus de uma escada pela qual apenas poderemos descer. Onde anda o hábito de examinar a consciência, de refletir sobre ações e motivações, de corrigir erros, de pedir e oferecer perdão, de buscar o bem e evitar o mal? Todo esse percurso envolve etapas de ponderação e deliberação moral que, pouco a pouco, foram descartadas das práticas pessoais, familiares e, mesmo, religiosas. É como se a busca do bem tivesse deixado de ser saudável e o arrependimento fosse um desconforto a ser abolido do plano das consciências. Quer ser impopular? Diga que há um desastre civilizacional em curso, motivado pela corrosão dos valores da tradição judaico-cristã. Quer desagradar a muitos? Proclame ser escandalosa a conduta de uma sociedade inteira que joga sua cultura e moralidade nos cínicos labirintos do relativismo até se extraviar totalmente de uma e de outra. E, depois, se queixa das consequências. Zero Hora, 11/09/2011

Percival Puggina

08/09/2011
Twitter: @percivalpuggina O Partido dos Trabalhadores talvez se devesse interrogar sobre os motivos da rejeição social à sua proposta de estabelecer um marco regulatório da mídia. Por que as pessoas não acreditam nas boas intenções do partido a esse respeito? Não me faltam dicas para tal reflexão. ? Há décadas, seja nas fraternas deliberações do Foro de São Paulo, seja na mídia, o PT é parceiro de fé do regime cubano e, um pouco mais recentemente, do regime bolivariano. Ora, os dois jornais de Cuba são órgãos do Partido Comunista e nunca, em meio século, publicaram uma linha contra o governo. Idem, idem para a TV cubana que é estatal. Já o regime de Chávez desapropria meios de comunicação, fecha jornais e prende jornalistas. E o PT não cansa de elogiar os dois nem de dizer que são democráticos. Lula vai a Cuba, abraça o Fidel e chora. José Dirceu vai lá e funga. O partido sorteia excursões a Cuba. As lojinhas do partido vendem bandeirinhas cubanas e camisetas do Che Guevara. Lula afirma que na Venezuela tem democracia até demais. E todos batem palmas. ? Diferentemente dos demais partidos, que não têm maiores dificuldades de admitir os próprios erros e deficiências, o PT se considera acima das fragilidades da natureza humana e jamais reconhece suas faltas. Assim como Lula não tem pecado e comunga sem confessar, o PT não erra e não tolera ser objeto de juízo moral. São totalmente simétricas, aliás, a ferocidade com que o partido ataca a honra de seus adversários e aquela com que rejeita qualquer crítica que lhe seja feita. Daí o insuportável desconforto determinado por uma imprensa que eventualmente se põe a escrutinar o comportamento de seus líderes. ? Entre as muitas justificativas do PT para o pretendido marco regulatório da mídia está o modo como, à juízo do partido, temas de direitos humanos deveriam ser tratados pelos meios de comunicação social. Ora, quem se deu ao trabalho de ler o calhamaço intitulado PNDH-3 percebeu que ali estão temas programáticos e ideológicos, dessa sigla partidária, que nem em sonhos podem ser considerados como conteúdos de consenso social. Com o marco regulatório o PT poderia enfiá-los goela abaixo da imprensa e da sociedade. ? É parte da ideia de Franklin Martins que inspira o marco regulatório a formação de um conselho para esses assuntos. Não se requer muita argúcia para antever que o aparelhamento petista sobre tal conselho será igual ao que mantém sobre o que se costuma chamar, eufemisticamente, sociedade civil organizada (a expressão envolve organizações e instituições como sindicatos e suas centrais, federações, movimentos sociais, ONGs, comunidades eclesiais de base, pastorais sociais, entidades estudantis e uma miríade de conselhos que orientam importantes setores da vida nacional). Essa capacidade de operar a infiltração e exercer controle é um mérito do partido, admito, mas acaba com a credibilidade das instituições aparelhadas. Querem fazer o mesmo com a imprensa? ? A experiência do governo petista de Olívio Dutra no Rio Grande do Sul não enalteceu a capacidade de relacionamento do partido com a imprensa livre. Bem ao contrário. Foram quatro anos de pressão sobre os veículos para demissão de jornalistas e para domar o conteúdo das programações. E foram dezenas de processos judiciais contra formadores de opinião. Poderia continuar listando motivos, mas acho que já os temos em volume e peso suficiente. De nada vale o documento final do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores afirmar seu compromisso com a liberdade de imprensa e sua rejeição a toda forma de censura. É uma declaração pouco convincente ante os elementos de análise alinhados acima e contraditória com o que transcreverei a seguir, extraído do próprio documento. Como se verá, o ambiente político nacional, as matérias da revista Veja, os constrangimentos entre os parceiros, o desconforto que as denúncias trouxeram ao ex-presidente Lula, levaram os congressistas do PT a confessar, numa frase, o que negavam no resto do texto e pretendiam manter oculto. Ao mencionar o compromisso do partido com o combate sem tréguas à corrupção o PT se diz determinado a fazê-lo sem esvaziar a política ou demonizar os partidos, sem transferir, acriticamente, para setores da mídia que se erigem em juízes da moralidade cívica, uma responsabilidade que é pública, a ser compartilhada por todos os cidadãos. Quais são esses setores da mídia serão obstados? Não está admitida aí, com todas as letras, a repulsa do partido à liberdade de crítica? O PT pode emitir juízo moral sobre seus adversários. O PT leu a revista Veja nas tribunas dos parlamentos, nos megafones e a carregou em passeatas quando ela divulgou suas denúncias contra a governadora Yeda Crusius. Mas ai da revista quando elabora matérias que contrariam o projeto político do partido. Sim, o PT sonha com controlar a mídia. ______________ * Percival Puggina (66) é titular do blog www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

03/09/2011
Twitter: @percivalpuggina Professores, diretores de escola, bons alunos e bons pais sabem, todos, que o Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda que concebido sob as melhores intenções, muito contribuiu para a irresponsabilidade dos menores num sentido geral e dos estudantes num sentido muito particular. Digam o que disserem quantos desejem canonizar o ECA pela santidade de seus objetivos, o fato é que na ausência de autoridade, normas e sanções as condutas se desregram. E foi exatamente isso que passou a acontecer nas escolas a partir do momento em que foi fragilizada a autoridade de professores e diretores e consagrada a supremacia infanto-juvenil. Não bastasse isso, no Rio Grande do Sul ao menos, quem quiser ser diretor de escola pública tem que fazer campanha e angariar votos entre os alunos... Depois, quando o colégio vira um sanatório, todos dizem - Oh, que horror!. As reiteradas agressões a que os mestres estão sujeitos por parte de crianças e adolescentes são a face mais visível e violenta de um problema que se expressa por infinitos modos no cotidiano das escolas. Em número crescente, mediante palavras, gestos e atitudes, os escolares tratam de deixar claro aos professores quem é que manda no pedaço. São reflexos de uma visão desnorteada sobre o que seja a proteção às crianças e aos adolescentes. É uma perspectiva deformada, que inibe os professores, entre outras coisas, de conter um pirralho que esteja a fim de lhe dar alguns pontapés. Há bem poucos dias, um desses decidiu sair porta fora da sala de aula e da escola. A professora tentou impedi-lo e passou a receber chutes. Como o braço da professora, por sorte, era mais longo do que a perna do agressor, ela segurou o menino pelo braço, mantendo-o longe de si. Tudo sob os olhos de dezenas de testemunhas infantis. Resultado? A criança deve estar brincando no seu videogame enquanto a professora é convocada a dar explicações às autoridades educacionais. Afinal, ela havia cometido a brutalidade de segurar o braço de um aluno que a agredia. Sobre essas coisas, o aguerrido sindicato dos professores não dá um pio. A instituição só pensa em grana, plano de carreira e política. Nessa ordem. Eis que para nos salvar do sanatório, a deputada Cida Borghetti (PP/PR) apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL Nº 267/11) restabelecendo algum bom senso na situação. A essência da proposta, que modifica o ECA, está neste artigo: É dever da criança e do adolescente observar os códigos de ética e de conduta da instituição de ensino a que estiver vinculado, assim como respeitar a autoridade intelectual e moral de seus docentes. E neste parágrafo: O descumprimento do disposto no caput sujeitará a criança ou adolescente à suspensão por prazo determinado pela instituição de ensino e na hipótese de reincidência grave, ao seu encaminhamento à autoridade judiciária competente. Quem estiver preocupado com a degradação dos valores e das condutas na sociedade brasileira, com a ruptura da ordem e a má qualidade da educação deve se manifestar em apoio a essa iniciativa, seja divulgando-a, seja junto à autora e ao Congresso Nacional, pelos muitos modos possíveis. É certo que haverá reação dos setores comprometidos com ideologias totalitárias, sempre interessados em conceder facilidades à subversão da ordem e em gerar decepção com as instituições democráticas. ______________ * Percival Puggina (66) é titular do blog www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Deputada Federal PP/PR Cida Borghetti

02/09/2011
PROJETO DE LEI Nº267/11, DE 2011 Deputada Federal PP/PR Cida Borghetti (APOIE ESSA IDEIA!) Acrescenta o art. 53-A a Lei n.°8.069, de 13 de julho de 1990, que ?dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências?, a fim de estabelecer deveres e responsabilidades à criança e ao adolescente estudante. O Congresso Nacional decreta: Art. 1.º. Esta lei acrescenta o art. 53-A a Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990, que ?dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências?, a fim de estabelecer deveres e responsabilidades à criança e ao adolescente estudante. Art. 2. °. A Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 53-A: ?Art. 53-A. Na condição de estudante, é dever da criança e do adolescente observar os códigos de ética e de conduta da instituição de ensino a que estiver vinculado, assim como respeitar a autoridade intelectual e moral de seus docentes. Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput sujeitará a criança ou adolescente à suspensão por prazo determinado pela instituição de ensino e, na hipótese de reincidência grave, ao seu encaminhamento a autoridade judiciária competente.? Art. 3.º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Segue-se a justificativa. O teor da justificativa pode ser lido aqui: http://bit.ly/olNIQH.

Ricardo Dias Paiva - Cel Ref

29/08/2011
LIBERDADE DE CULTO PROIBIDA NAS FORÇAS ARMADAS Missa na Igreja Santa Cruz dos Militares Soldados Atingimos o fundo do poço. A missa celebrada ontem na Igreja Santa Cruz dos Militares em memória dos 119 militares e civis mortos no período de 1964 a 1974 pelos terroristas, não contou com a presença de nenhum militar da ativa. Foram proibidos de comparecerem ao ato litúrgico pelos seus Comandantes. Essa proibição se estendeu até ao Capelão Militar Maj (ou TC) Lindenberg impedido de celebrar a cerimônia religiosa. A missa foi conduzida por um Padre civil. A nota abaixo publicada na 2ª página do Jornal O Globo confirma minha afirmativa. Militares não temos hoje o direito de referenciar nossos mortos que tombaram no cumprimento do dever ou por se encontrarem na hora errada no lugar errado sejam eles, dentre outros, postos de sentinela, aeroporto e bancos. Paradoxalmente, tiveram no passado recente suas vidas ceifadas na preservação dos ideais democráticos por terroristas de outrora que hoje lhes negam o direito de familiares e amigos rezarem por suas almas. Hoje o Dia do Soldado, tenho mais razões para lamentar do que festejar. Ricardo Dias Paiva - Cel Ref

Percival Puggina

27/08/2011
Daria um doce para saber quem primeiro aplicou a palavra faxina para descrever as demissões até agora decididas pelo governo. A maioria dos comentaristas já mostrou o quanto o vocábulo é impróprio. Em vão. Não há chargista que não o tenha ironizado. Inútil. Um breve diálogo entre o Tico e o Teco bastaria para entender que uma boa faxina exige mais ações que reações, mobiliza os órgãos de informação e controle, e escrutina minuciosamente apontamentos do Tribunal de Contas (que Lula dizia atrapalhar suas obras). Uma boa faxina, sabem as donas de casa, vai atrás da sujeira, aspira cantos, afasta móveis, ataca as bactérias onde se acumulam. Retirar rato morto do tapete da sala quando alguém aponta e diz - Olha ali, oh!, não é faxina. Aliás, se não removesse o bicho quando o dedo da mídia e os fotógrafos da Polícia Federal o identificaram, a presidente estaria exposta a denúncia por crime de responsabilidade. Ela mesma diz que não faz faxina. Mas não adianta. A palavra pegou e presta inestimável serviço à imagem do governo. O cara que a concebeu é gênio. Se me permitem o palpite - foi coisa do Franklin Martins. Tanto quanto qualquer brasileiro que ame seu país e o queira respeitável e respeitado, tanto quanto qualquer um que anseie por trabalhar em paz sem ser chamado a pintar a cara e botar nariz de palhaço como distintivo de indignação cívica, eu muito apreciaria uma faxina nacional. De lavajato, espuma e água quente. Ficaria muito feliz se houvéssemos, nas eleições do ano passado, contratado, por quatro anos, com a presidente, uma diarista para o serviço. Mas, pessoalmente, não teria buscado a gerente da mesma terceirizada que, no quadriênio anterior, deixou o lixo se acumular até a revolta dos tapetes. Nem os tapetes aguentavam mais! Recebo diariamente dezenas de e-mails, inclusive de pessoas que, como eu, não votaram na presidente, expressando a esperança de que ela esteja pondo em curso aquilo que se diz. Certo. Esperança é virtude apreciável. Mas não creio nas magias do querer. A esperança para o futuro não muda o passado. Era tudo com a ministra Dilma no PAC. Ela era a executiva do governo Lula. Ela, ao subir para o andar de cima, levou nos braços a herança positiva e negativa do antecessor. *** A pergunta do título deste artigo foi extraída da recente campanha publicitária desencadeada pelo governo - O Brasil está em boas mãos. Olha que eu ainda não tinha visto propaganda política mais escancarada com uso de recursos públicos! A Constituição Federal determina que a publicidade oficial deve ter caráter educativo, informativo ou de orientação social e não pode caracterizar promoção pessoal. De um lado, então, cabe indagar: a jactanciosa frase educa? Informa? Orienta? E, de outro, como negar o tom promocional? Até o lustre da sala sabe quem sai pessoalmente promovida pela frase O Brasil está em boas mãos! Convenhamos, a opinião de qualquer governo sobre si mesmo é tão presumível quanto irrelevante. Não me interessa e não quero pagar para que me contem. Quando o governo usa o dinheiro da sociedade para informar que é bom e confiável, está contrariando o espírito da norma e desmentindo a faxina ética. O suado dinheiro do esfolado contribuinte não deveria ser usado para isso. ZERO HORA, 28/08/2011.

Percival Puggina

27/08/2011
Notícias do Rio Grande Twitter: @percivalpuggina O PT retornou ao governo gaúcho montado na mesma estratégia que o conduziu à vitória anterior em 1998: através de uma atividade como oposicionista que fazia lembrar os assédios nas guerras medievais, quando se atacavam as fortificações adversárias por todos os lados, anos a fio, até a queda final de seus muros. Uma oposição sem limites. O objetivo era tomar o governo desacreditando moralmente quem o exercia, cobrando o pronto atendimento de todas as demandas sociais e exigindo a imediata satisfação de todas as reivindicações dos servidores públicos. Tarso Genro foi levado ao poder na crista dessa horda. É, eu escrevi horda, mesmo. Assumiu num dia e, no outro, jogou para o fim de seu governo, em 2014, o cumprimento das inúmeras reivindicações que seu partido suscitara, patrocinara e levara aos microfones e megafones oposicionistas no quadriênio anterior. Tudo foi catapultado de ontem para depois da Copa. Nesse meio tempo, queixem-se ao Papa. Quem não gostar do Papa tente com o Dalai Lama. O resultado é que as reivindicações agora batem no Piratini por todos os lados. E é quase sempre pauta de companheiro, muitas vezes com aquele jeito petista de meter o pé na porta como se pé na porta fosse manifestação social. Assim, por exemplo, quem poderia imaginar policiais militares da conceituada e histórica Brigada Militar gaúcha incendiando pneus nas rodovias, lançando fogo e rolos de fumaça negra aos ares, estragando o asfalto e paralisando o tráfego? Parece-lhe fácil admitir tais práticas como compatíveis com quem exerce atividade de preservação da ordem pública e proteção dos cidadãos? Claro que não. Tais procedimentos são usuais entre os inimigos da ordem, entre os que estão no outro lado da lei, entre os que tocariam fogo no circo todo se tivessem pneus em quantidade suficiente. Os policiais militares do Rio Grande do Sul esperavam que o PT no poder fizesse o que cobrava na oposição. Eles acreditaram! Ganham pouco, querem aumento, foram enganados. E vão tocando fogo em pneus no leito de rodovias e vias urbanas. Os jornais desta manhã em que escrevo trazem foto e texto sobre uma reunião ocorrida ontem, sexta-feira, 26 de agosto, entre autoridades do governo gaúcho - chefe da Casa Civil e Secretário de Segurança Pública - e o presidente da associação que representa cabos e soldados da Brigada Militar. Não houve acordo, mas o representante dos policiais foi magnânimo e prometeu ao governo uma trégua. Nos próximos dias, os agentes da ordem não promoverão novas desordens. Saiu solto. É assim que as coisas começam a ter explicação e que o surpreendente deixa de causar espanto. Passa a fazer sentido. Há um permanente desconforto moral no governo. O PT sabe que enganou a todos. Ademais, são filhos do mesmo ventre. São pedagogias da mesma escola. No anterior governo petista - o governo Olívio Dutra, de até hoje incorrigíveis efeitos - os mais agressivos e destrutivos movimentos sociais gaúchos ganharam contracheque, cargo público e infraestrutura paga pelos cidadãos. Invasões de terra recebiam proteção policial e as mobilizações dos proprietários em defesa de seu patrimônio eram tratadas como associações criminosas. Nada de mais, portanto, quando uma entidade de servidores que está promovendo tumulto em via pública seja chamada para negociar e que o governo extraia da reunião uma vitoriosa trégua. ______________ * Percival Puggina (66) é titular do blog www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Érico Valduga, em Periscópio

27/08/2011
AGORA MAIA RECONHECE QUATRO VOOS PRIVADOS Érico Valduga, em Periscópio Valores das despesas do presidente da Câmara somariam R$ 54 mil; salário bruto de parlamentar é R$ 26,7 mil O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), fez pelo menos quatro voos em aviões particulares nos últimos quatro meses. Os valores das despesas somam, no mínimo, R$ 54 mil. Questionado desde quinta-feira pelo Estado sobre a origem do dinheiro para bancar essas aeronaves, Maia adotou a versão de que pagou com o salário de deputado federal: R$ 26,7 mil (bruto), ou renda líquida de cerca de R$ 20 mil. Maia reconheceu essas viagens depois de dois dias de contradições ao ser questionado sobre o assunto. Na quinta-feira, em entrevista gravada ao Estado, afirmou que só havia feito uma viagem em voo fretado, no sábado passado, para Erechim e Gramado (ambas no RS), num avião da operadora de plano de saúde Unimed. Foi a primeira vez que utilizei um voo particular , disse na quinta-feira. No mesmo dia, foi obrigado a mudar a versão e admitir que, no dia 4 de junho, viajou de Brasília para Goiânia e, de lá para Porto Alegre, num avião fretado. Na manhã de ontem, em entrevista à Rádio Gaúcha, o presidente da Câmara dissera então que havia feito somente esses dois voos. A versão mudou novamente mais tarde, após a reportagem do Estado descobrir outras duas viagens particulares: uma no dia 29 de abril e outra em 24 de junho. A assessoria de Marco Maia informou na noite de ontem que ele havia mesmo viajado nesses dias em aviões particulares. Em abril, fez o trecho Concórdia/Passo Fundo/São Paulo, que teria custado, segundo a assessoria, R$ 10,9 mil. No dia 24 de junho, foi de Brasília para Porto Alegre em voo particular ao custo de R$ 11 mil, de acordo com o petista.