Autor desconhecido

22/06/2011
THATCHER TINHA RAZÃO Autor desconhecido Sabe quantos países com governo socialista restam agora em toda a União Europeia? Apenas 3: Grécia, Portugal e Espanha. Os 3 estão endividados até o pescoço. Porquê será? A esquerda não diz que o socialismo é a solução para o mundo? Como bem disse Margaret Thatcher quando 1ª Ministra: O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros. DIÁLOGO ENTRE COLBERT E MAZARINO Colbert: - Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço... Mazarino: - Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse é diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem! Colbert: - Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis? Mazarino: - Criam-se outros. Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres. Mazarino: - Sim, é impossível. Colbert: - E, então, os ricos? Mazarino: - Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres. Colbert: - Então, como havemos de fazer? Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos, mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável!

Diálogos de Estado

20/06/2011
Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, extraído de Diálogos de Estado. Jean Baptiste Colbert - ministro de estado de Luis XIV (Reims, 29 de Agosto de 1619 - Paris, 06 de Setembro de 1683). Jules Mazarino - nascido na Itália, foi cardeal e primeiro ministro da França (Pescina, 14 de julho de 1602 - 9 de março de 1661). Colbert: - Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço... Mazarino: - Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse é diferente! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem! Colbert: - Ah, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criamos todos os impostos imagináveis? Mazarino: - Criam-se outros. Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres. Mazarino: - Sim, é impossível. Colbert: - E, então, os ricos? Mazarino: - Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres. Colbert: - Então, como havemos de fazer? Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos, mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável!

Percival Puggina

18/06/2011
Twitter:@percivalpuggina Pronto, descobriram tudo. Não adiantou disfarçar. Já há até artigos de jornal comentando que alguns brasileiros reacionários tentaram derrubar o governo a golpes de gramática. Puxa vida, estava tudo tão articuladinho! Íamos detonar o ministro da Educação com uma mesóclise, o Palocci com um numeral multiplicativo (mas esse já foi), e a presidente, jóia da coroa do nosso golpismo, seria removida por uma corrente. De orações. De orações coordenadas assindéticas, claro. Toda nossa trama tinha como argumento e cenário as críticas que fazíamos ao livro didático ?Por uma vida melhor?, patrocinado pelo MEC para o EJA. Esse o disfarce, mas o objetivo, mesmo, era derrubar o governo. Até parece que estou ironizando, mas não estou. Apenas amplio um pouco as acusações formuladas por intelectuais alinhados com o governo ? intelectuais orgânicos, para dizer como Gramsci ? aos que reprovaram aquele livro didático. Nossas motivações seriam apenas políticas. Nenhuma boa intenção, nenhuma apreciação razoável sobre a função do idioma para o desenvolvimento individual e social nos poderia ser creditada. As críticas que fazíamos verteriam de uma oposição conservadora, cujas sórdidas motivações não se detinham sequer ante algo tão hermético e acadêmico quanto o ensino de língua portuguesa ? propriedade deles e ante cujas cercas eletrificadas seríamos meros aventureiros e intrusos. Certo, certíssimo, acima de qualquer dúvida ou contestação, estaria o sábio Haddad, sob cujo comando, convenhamos, o MEC se especializou em jogar dinheiro fora e em promover trapalhadas. Mesmo assim, ouriçaram-se os governistas. Era preciso socorrer o ministro. Esgotaram o estoque de sofismas. Como de hábito, levaram palavras ao pelourinho para delas extrair sentidos que, por outros meios, se recusariam a admitir. Entende-se. Não é com pouco esforço que se consegue transformar o certo em errado, o errado em certo, e atribuir satânicas motivações aos que discordam. Você sabe como é. Quando a esquerda governa, toda crítica é recebida como uma punhalada. E mesmo essa oposiçãozinha aí, com diagnóstico de morte cerebral, é vista como uma falange de hunos que atacam por todos os flancos e modos, dignos ou indignos. Até parece que a esquerda, quando fora do governo, se caracteriza pela moderação e pela fidalguia, não é mesmo? Foi instrutivo lê-los. Fiquei sabendo, por exemplo, que essa história de idioma bem falado e bem escrito, no ambiente escolar, é coisa de pessoas pernósticas, viúvas do Rui Barbosa, tão enlutadas quanto a mulher dele, dona Maria Augusta Viana Bandeira. Fiquei sabendo que o direito de falar e escrever com correção por bons motivos é privilégio da esquerda. Cá do meu lado pernóstico da cerca fiquei pensando se os intelectuais de esquerda teriam alguma credibilidade se não manejassem razoavelmente bem o idioma. Mas consideram que o ensino correto no ambiente escolar afronta as crianças provindas de famílias incultas! Não é engraçado? Eles, socialistas, querem socializar a ignorância. Os conservadores, os não esquerdistas, malvados que são, querem uma educação pública de qualidade para todos. Durante muito tempo acreditei que certas correntes políticas buscassem, mediante meios distintos, os mesmos fins bons. Custei a perceber que os meios são distintos porque os fins são essencialmente diferentes. Foram os fatos da vida, bem mais do que as palavras, que me ensinaram isso. Duvido. Duvido e faço pouco, como se dizia antigamente, de que esses mestres e pedagogos sigam, para educar os próprios filhos, as diretrizes que aplicam aos filhos dos outros. ZERO HORA, 19/06/2011

Percival Puggina

18/06/2011
UM PAÍS ONDE AS LEIS SÃO RESPEITADAS Percival Puggina Um país onde as leis são respeitadas, e por isso mesmo sério, não é aquele no qual o estuprador e o assassino vão para a cadeia. Nem se destaca por sua seriedade um país onde o crime de sequestro seja rigorosamente punido. No mundo inteiro isso é assim e não faz favor algum quem age contra crimes dessa natureza. Você sabe quando um país pode ser considerado sério? Quando a lei determina que se use cinto de segurança e as pessoas usam o cinto de segurança. E quando o policiamento age e aplica a multa em quem não usa. Se é proibido pisar na grama, não se pisa na grama. Há uma anedota a esse respeito, contando o caso de um sujeito, visitando certo país europeu, que viu uma placa sobre a grama da praça, com estes dizeres: proibido pisar na grama, multa 20 euros. Passados alguns dias, a placa tinha sido trocada por outra dizendo: proibido pisar na grama, multa 10 euros. O turista foi falar com o guarda para saber a razão da redução do valor da multa e o guarda lhe informou que por vinte euros ninguém estava pisando na grama. É uma piada, mas a verdade é que num país sério, não é o valor da multa que convence as pessoas a não proceder de determinadas maneiras mas é a disposição para cumprir a lei. No Brasil, caminhamos na direção oposta.

Percival Puggina

18/06/2011
Twitter: @percivalpuggina Digo e provo. Cada povo tem o Supremo que merece. Não é por outro motivo que convivemos com tantas decisões chocantes, contra as quais nada, absolutamente nada se pode fazer porque expressam a vontade da mais alta Corte. A Corte... Já escrevi sobre isso. Uma das características de toda corte é seu alheamento em relação à realidade. É um alheamento que começa no luxo dos salões, nas mordomias dispensadas aos cortesãos, nas necessárias garantias que lhes são concedidas com exclusividade em relação à caterva circundante. E que, como não poderia deixar de ser, se reflete na visão de mundo e nos critérios de juízo. A corte contempla a realidade com luneta de marfim e ouro, enquanto balança os pés à borda de uma cratera lunar, lá no mundo onde vive. Marfim e ouro? Sim, marfim e ouro. Afinal, aquela Corte tem 11 membros, um orçamento de R$ 510 milhões (um sexto do orçamento da Câmara dos Deputados com seus 513 membros) e cerca de 2600 funcionários, entre servidores concursados, terceirizados e estagiários (cf. Luiz Maklouf Carvalho, Revista Piauí, ed. 57). Por outro lado, dado que cada povo tem o governo que merece, sendo o governo quem escolhe os ministros do Supremo, a frase que se aplica àquele, faz-se vigente, também, para este. Lula cansou de nomear ministros para o STF. A presidente Dilma tem mais quatro anos para fazê-lo. Antes dos dois, FHC era adepto do mesmo relativismo e materialismo. Quod erat demonstrandum: duas décadas de governos com esse perfil deu-nos o STF que temos. Então, entrega a Amazônia para os índios; então, solta o Battisti; então, véu e grinalda para as uniões homossexuais; então, marche-se pela maconha. E preparemo-nos para o que vem por aí, pois desse mato continuarão saindo cobras e lagartos. Está tudo dominado! Não conheço um único pai, uma única mãe que chame seu filho e lhe diga: Filhão, já que hoje é sexta-feira, toma vinte e vai comprar uma erva. Ou então: Guri, vai fumar esse baseado no teu quarto que eu não suporto esse cheiro. Não. Todo o esforço vai no sentido de alertar os filhos para os riscos do consumo de uma droga cujos menores danos ocorrem na saúde dos pulmões, na redução da atividade cerebral e da intelecção, na perda de interesse pelos estudos, e na percepção de tempo e espaço. E cujos maiores prejuízos advêm da motivação para o uso de substâncias ainda mais tóxicas e que geram dependência muito maior. Quem não está no mundo da lua sabe que raros são os usuários de outras drogas que não entraram nesse buraco sem fundo pela abertura proporcionada pela cannabis. Consultado sobre a marcha da maconha, que faz STF? Decide que o que estava em julgamento era a liberdade de expressão... E a maconha ganha as ruas. Desnecessário continuarem marchando. Podem os chapados parar de caminhar. Nada consagrará mais o consumo e o brindará com maior tolerância do que essa decisão do STF! A partir dela, ficou muito mais difícil aos pais convencerem os filhos de que aquela substância cuja marcha foi liberada lhes será nociva ou, até mesmo, fatal. Note-se que a posição ocupada pela maconha na longa e mortal galeria das drogas, é absolutamente estratégica e se baseia, exatamente, na difusão da ideia de que ela faz menos mal do que o tabaco. O tabaco faz mal, sim, e por isso está banido do mundo publicitário, mas ninguém saiu dele para a cocaína ou para a heroína. Os membros do STF têm sido perfeitamente capazes, para atender seus pendores, de espremer princípios constitucionais e extrair deles orientações que contrariam a letra expressa e a vontade explícita dos constituintes. Mas sequer cogitaram de fazer o mesmo em relação à marcha que propagandeia a maconha. Saibam, contudo, os leitores: não faltariam aos membros da Corte preceitos constitucionais relativos à proteção da infância e das famílias para uma decisão que travasse a propaganda da maconha. Bastaria que houvesse em relação ao bem estar social um apreço superior ao que eles demonstram por suas próprias filiações filosóficas. Podem começar a marchar, agora, pelo óxi, pelo crack e pela cocaína. A Corte vai deixar. Ela está nem aí. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

14/06/2011
ALGUÉM, AÍ, QUER SER RECEBIDO POR MARCO AURÉLIO (TOP TOP) GARCIA? Percival Puggina Ao evitar um encontro com a iraniana Shirin Ebadi, Nobel da Paz de 2003, alegando que não faz parte de sua agenda receber personalidades que não sejam chefes de Estado ou de governo, Dilma Rousseff deixou clara a fragilidade do discurso petista sobre direitos humanos. A ex-magistrada iraniana foi a Brasília para estar com Dilma. Certamente tinha muito a lhe contar sobre a situação das mulheres em seu país. Mas Dilma virou-lhe as costas e pretendeu que ela fosse recebida pelo Marco Aurélio (top top) Garcia. Alguém, aí, quer ser recebido pelo Marco Aurélio (top top) Garcia? Não? Nem ela. A conduta da comunidade internacional em relação à África do Sul, nos anos 70 e 80, incluindo embargo comercial, levou ao fim do Apartheid. Não é diferente a situação da mulher no Irã. Então, cabe indagar: por que não fazer a mesma coisa em relação a esse país? Como pode a humanidade tratar como questões culturais a serem respeitadas, práticas discriminatórias e desumanas contra as mulheres, como as que ocorrem em certos países islâmicos (o Irã é apenas o exemplo mais berrante)? Já passou da hora de uma reação internacional pacífica mas firme contra aquele país.

Percival Puggina

13/06/2011
twitter: @percivalpuggina Três décadas neste mister de emitir opinião me habituaram a e-mails de aprovação e de reprovação. Pela primeira vez, no entanto, um leitor me escreve não para comentar determinado texto, mas para atacar o conjunto da obra. Ele topou com algo que escrevi e acessou meu blog. Sentindo-se ferido em seus brios petistas, partiu para o ataque. Decidi responder-lhe através de um artigo. É o que segue. Primeiro diz ele e, em seguida, respondo eu. Diz ele que meu único motivo ao escrever é avacalhar o PT e que atribuo ao PT e ao comunismo (que segundo ele já não existe) todos os males do mundo. Respondo eu. A lista dos adversários que combato, professor, é extensa. Eu aponto erros, critico e ironizo, entre outros, o PT, a Teologia da Libertação, a chamada Igreja Progressista, as práticas revolucionárias do MST e movimentos assemelhados, o relativismo moral, a deseducação sexual, a complacência com o crime, a corrupção, o péssimo modelo institucional brasileiro, o corporativismo nos menores e nos maiores escalões, a doutrinação política nas escolas, a perda da soberania nacional para as nações indígenas, a influência das ONGs estrangeiras nas políticas brasileiras, a estatização, a concentração de poderes e de recursos em Brasília, a carga tributária, a partidarização do Poder Judiciário, a destruição da instituição familiar, a gratuidade do ensino superior público para quem pode pagar por ele. Combato, mas não avacalho. Mas se os petistas enfiam todas essas carapuças, o que eu posso fazer, professor? Por outro lado, o maior sucesso dos comunistas nunca foi alcançado no plano das realizações pretendidas ou prometidas, mas em fazer crer que não existia. Não se diga isso, contudo, para alguém que dezenas de vezes por ano é chamado pela mídia para debater com defensores do regime cubano, ou do regime de Chávez, ou do mito Guevara, muitos dos quais usando distintivos com foice e martelo, ou com estrelinhas vermelhas. Dizer-me que comunismo não existe vale tanto quanto bater pé insistindo que Papai Noel existe. Diz ele que jamais reconheço qualquer mérito ao PT ao longo dos oito anos do governo Lula, que desprezo os 84% de brasileiros que lhe atribuíram conceitos de aprovação, que não levo em conta os milhões de egressos da miséria durante sua gestão e que os governos dos partidos que eu apoio jamais fizeram isso. Respondo eu. Reconheço méritos no governo Lula, sim. Muito escrevi a respeito do principal desses méritos, que foi o de chutar para longe a maior parte das bobagens que cobrava e das propostas tolas e demagógicas com que se apresentou à sociedade durante duas décadas. No entanto, ao descartar aquela plataforma irresponsável, em vez de se desculpar perante a nação, Lula simplesmente afirmou que a gente quando está na oposição faz muita bravata. Que vergonha, professor! Durante vinte anos o partido dele cresceu deformando a opinião pública e afirmando que o paraíso estava poucos passos além das bravatas com que acenava para buscar votos. Felizmente, a despeito das duríssimas campanhas contra elas movidas por Lula e o seu partido, os governos anteriores ao do PT implantaram e deram continuidade a importantes políticas. A saber: a) o Plano Real, que os petistas chamavam de estelionato eleitoral; b) a Lei de Responsabilidade Fiscal, que chamavam de arrocho imposto pelo FMI; c) a abertura da economia brasileira, que chamavam de globalização neoliberal; d) o fim do protecionismo à indústria nacional, que chamavam de sucateamento do nosso parque produtivo; e) as privatizações, que chamavam de venda do nosso patrimônio; f) o cumprimento das obrigações com os credores internacionais, que chamavam de pagar a dívida com sangue do povo; g) a geração de superávit fiscal, que chamavam de guardar dinheiro para dar ao FMI; h) o Proer, que chamavam de dar dinheiro do povo para banqueiro; e i) o fortalecimento da agricultura empresarial, que queriam substituir por assentamentos do MST. Em momento algum os governos anteriores ao de Lula receberam dos endinheirados do país e de suas entidades representativas as manifestações de estima e consideração que ele colecionou enquanto dava bolsa família para os pobres e bolsa Louis Vuitton para os ricos. Diz ele que sou um defensor de privilegiados e que nenhum outro presidente brasileiro foi tão bem entendido pelo povo. Respondo eu. De fato, Lula se revelou um craque na comunicação social. Fazia parte dessa estratégia ter um discurso diferente para cada auditório e não manter hoje o menor compromisso com o discurso de ontem. Para sorte dele, a grande imprensa sempre o protegeu, inclusive no episódio do Mensalão. E a ninguém ocorreu apresentar à CUT o que ele dizia quando falava à CNI. Nem mostrar à CNI o que ele dizia na CUT. Ademais, quem defende privilegiados é o PT. Que o digam os banqueiros e os financiadores de suas campanhas e as grandes corporações. O senhor não lê jornais, professor? Por outro lado, se lê o que escrevo sabe que não há sequer uma frase de minha autoria em defesa de qualquer privilégio ou de qualquer privilegiado. Diz ele que os governos militares torturaram, exilaram, brasileiros durante mais de vinte anos. Respondo eu. Não foi só durante os governos militares que houve tortura no Brasil. A tortura era uma prática institucionalizada no aparato policial brasileiro e ainda não está extinta, como frequentemente se fica sabendo e como, muito mais frequentemente, não se fica sabendo. Portanto, debitar a prática da tortura aos governos militares é desprezar todos os outros torturados, de ontem e de hoje, para canonizar os guerrilheiros e terroristas que possam ter sido vítimas dessa deplorável e criminosa forma de ação investigatória. Diz ele, referindo-se às minhas severas restrições à Campanha da Fraternidade (CF) deste ano, que eu não sou ninguém para criticar uma pessoa do porte do Leonardo Boff. Lembra que São Francisco falava em irmão lobo e irmã água e que, por extensão, o Poverello também diria mãe terra. Na sequência, reafirma a frase do hino da CF, segundo a qual nosso planeta é a mais bela criatura de Deus. Respondo eu. Não faz qualquer sentido, para mim, como católico, ficar com Leonardo Boff contra a orientação de dois papas da estatura espiritual e intelectual de João Paulo II e Bento XVI. Por outro lado, presumir que São Francisco, ao falar em irmão lobo e irmã água, também poderia falar mãe terra (expressão inserida na CF deste ano) é uma demasia não autorizada. Mais grave ainda foi o equívoco da CF quando afirmou que o planeta é a mais bela criatura de Deus. Para um católico, agregam-se aqui dois conceitos inaceitáveis. Designar o planeta como mãe terra é próprio do paganismo e do panteísmo. E a mais bela criatura de Deus, professor, é o ser humano, ápice da Criação! Nas palavras do Gênesis: Deus o criou à sua imagem e semelhança; criou-o homem e mulher. A qualquer pessoa é lícito achar que não. Qualquer um pode considerar a Cordilheira dos Andes, a Amazônia ou o tigre de Bengala mais belos. Mas a CNBB, a Campanha da Fraternidade e os católicos não podem corroborar isso. Tal desapreço à dignidade da pessoa humana, em seu principal fundamento, é próprio dos totalitários. Diz ele (certamente referindo-se ao meu artigo Os donos da Educação) que, como professor de português, sempre ensinou seus alunos não haver certo e errado mas adequado e inadequado. Respondo eu. Ensinar que não existe certo e errado mas adequado e inadequado em língua portuguesa é usar o relativismo, que tanto estrago faz na moral social e na conduta dos povos, para corroer o idioma e a capacidade de ascensão social dos alunos oriundos de famílias incultas. Duvido que algum professor de português adote essa pedagogia com seus próprios filhos. Diz ele que as piores ditaduras foram as de direita (e cita como exemplo o nazismo e o regime militar de 64), mas que a direita tem a chamada grande imprensa do seu lado. Respondo eu. O senhor devia pedir perdão aos cem milhões de vítimas do comunismo, por minimizá-las ante os rigores dos governos militares brasileiros. Nem o Paulo Vannuchi teve coragem de afirmar tamanho disparate. De outra parte, a grande imprensa, como qualquer organização empresarial, está com quem tem o dinheiro. E o dinheiro - 24% do PIB nacional - bem como as maiores contas de publicidade do país estão sob gestão do seu partido. Então, não me tome por tolo com esses bordões da esquerda. Eles talvez lhe sirvam à consciência, mas não convencem ninguém com um mínimo de bom senso. Como professor, o senhor deveria saber, também, que a doutrina do nacional-socialismo (nazismo) não era e não é de direita (conforme adverte o próprio site desse partido no Brasil). Ao contrário, o nazismo é uma doutrina de esquerda, tão totalitária, coletivista e estatizante quanto o comunismo. O fato de terem sido adversários políticos não os leva para campos ideológicos opostos. Uns e outros são filhos do mesmo ventre coletivista. Observe, por fim, que eu só escrevo. Não grito, não agrido, não invado, não depredo, não vaio, não calunio, não difamo, não redijo panfletos caluniosos, não especulo sobre a honra de quem quer que seja. E o senhor sabe muito bem quem é useiro e vezeiro nisso. Atentamente Percival Puggina

Augusto Nunes

12/06/2011
OREMOS Augusto Nunes O núcleo duro do governo Dilma Rousseff agora é formado pela própria presidente, por Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil, e por Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais. Juntaram-se o neurônio solitário, a normalista oradora da turma e um berreiro à procura de uma ideia. Todas dependentes de Lula, também dependem dos humores do PT e do PMDB. É como entregar o comando de um Boeing a três comissárias de bordo, orientadas por um controlador de voo que se promoveu a melhor piloto do mundo sem saber onde fica o manche e atarantadas com o bando de passageiros que não param de berrar pedidos. Oremos.

Percival Puggina

08/06/2011
Twitter: @percivalpuggina Aprendi de criança que não se deve levantar falso testemunho ou acusar sem prova, e que a honra alheia deve ser respeitada até incontestável evidência em contrário. É uma regra que sempre sigo, independente de qualquer alinhamento político, seja com parceiros, seja com adversários. Trata-se de incontornável convicção moral. Não agiria de modo diferente em relação ao ex-ministro Palocci no caso de seu súbito enriquecimento. No entanto, quando o ministro se demite porque não quer ou não pode esclarecer a excepcional atividade de sua empresa de consultoria, subitamente transformada numa administradora de imóveis, resulta impossível não extrair dos fatos algumas inevitáveis conclusões. A primeira diz respeito a haver ele preferido trocar o cargo de ministro por um lugar no epicentro de nebuloso conjunto de suspeições. A diferença entre sigilo profissional ou segredo político é tão sutil que político algum deveria expor-se a uma situação dessas. E nenhuma empresa séria deveria correr o risco de integrar a lista de clientes de tal personagem em qualquer das hipóteses, seja como serviço profissional, seja como serviço político. Não é absolutamente abusivo, sob o ponto de vista moral, tratando-se de um deputado, de um ex-ministro da Fazenda e de um homem público que até anteontem ocupava a mais importante pasta do governo da União, supor que a silenciosa demissão de Palocci seja uma discretíssima queima de arquivo. Surge, então, a segunda questão. A demissão de Palocci deixou no ar um cheiro de papel queimado. E sequer esse odor suscitou no Procurador-Geral da República aquilo que ele chama de ?indício idôneo? a justificar uma investigação que, além do desfibrado Congresso Nacional, só ele poderia autorizar. Convenhamos, nem mesmo o PT quis abraçar a bronca que o dr. Roberto Gurgel, do alto de seu elevadíssimo cargo, matou no osso do peito. E vem daí a terceira questão. A Constituição Federal criou certas encrencas sem solução razoável. Uma delas é a de que cabe à Presidência da República a atribuição de nomear o membro do MP que tem a prerrogativa exclusiva de investigar e denunciar as mais altas autoridades do governo. Entre elas o próprio presidente. Não se trata de servir a dois senhores, é claro. Mas por que ? oh raios ? eu não consigo pensar em analogia melhor? A encrenca acima descrita trava o curso da Justiça, também, numa outra direção. Em casos de corrupção (e eu não estou afirmando que seja esse o caso em tela) os arquivamentos dos processos de investigação criam outro grupo de protegidos. Refiro-me aos agentes ativos do processo de corrupção. A proteção, ou a tolerância, ou o desinteresse em investigar protege, simetricamente, as empresas que possam estar no outro polo de uma relação suspeita. A situação faz lembrar algo recorrente em nosso país. Muitas vezes, os corruptos se tornam conhecidos e enfrentam ? impunes, é verdade ? a rejeição social. Mas os corruptores, parte ativa na relação, são protegidos num verdadeiro sacrário onde ninguém entra. Por quê? Porque ninguém é bobo de matar a galinha dos ovos de ouro, ora essa. ____________ * Arquiteto e escritor, titular do blog www.puggina.org e autor de ?Crônicas contra o totalitarismo?, ?Cuba, a tragédia da utopia? e ?Pombas e Gaviões?.