Luan Sperandio
Com um pequeno barco que comprou aos 16 anos com dinheiro da mãe, Cornelius Vanderbilt (1794 – 1877) começou navegando pelas águas do porto de Nova York e acabou formando um vasto império no crescente ramo de transportes. Aos 20 já era rico e, quando morreu, tinha acumulado uma fortuna de 105 milhões de dólares (ou, em valores corrigidos, quase 200 bilhões de dólares, mais do que o dobro do patrimônio de Bill Gates). Em contrapartida, o fundador da Microsoft usufrui amplamente os benefícios do capitalismo.
Afinal, Cornelius não chegou a experimentar a maior parte dos confortos modernos trazidos pela industrialização. Água corrente, vasos sanitários com descarga e ar-condicionado. Geladeira, microondas, remédios e anestesia. Isso sem falar nos telefones celulares, acesso à Internet e televisão por satélite. Apesar de o magnata da logística ter sido o homem mais rico de seu tempo, provavelmente trocaria toda a sua fortuna pela vida confortável de alguém de classe média hoje.
Tanto a história quanto os dados disponíveis mostram que, longe de produzir miséria, o capitalismo é uma magnífica máquina de geração de riqueza. Em primeiro lugar, porque a condição natural do homem é a pobreza, desde os primórdios da humanidade. Parece evidente dizer que, a princípio, há dezenas de milênios, não existia nada na Terra para o ser humano além de animais, plantas e demais recursos naturais.
Essa realidade foi transformada gradativamente, especialmente em virtude da acumulação de capitais, da expansão dos mercados e do empreendedorismo. A Revolução Industrial, que consolidou o processo de surgimento do modo de produção capitalista, foi uma combinação desses fatores.
Em suma, sob diversos aspectos, o mundo se desenvolveu mais, e de forma mais rápida, após o século XVIII: o crescimento da população mundial, a redução da pobreza, a melhora dos índices de desigualdade, a alfabetização, a queda da mortalidade infantil, o aumento da expectativa de vida, entre outros. Os parâmetros de avaliação são muitos. O resultado, contudo, é incontroverso: o mundo mudou para melhor.
Mais mercado, mais prosperidade
Pela primeira vez na história, segundo dados do Financial Times, há mais pessoas na classe média do que na pobreza. O mundo não está apenas mais rico; as pessoas estão migrando cada vez mais rápido para a classe média — que, por sua vez, também está enriquecendo. Tudo isso melhorou os índices de bem estar para patamares jamais alcançados na história.
Nesse sentido, os números podem nos deixar otimistas. De acordo com estimativas do Our World in Data, a taxa de pobreza extrema, que era de 94% em 1820, caiu para menos de 10% em 2015. Isso é ainda mais impressionante se considerarmos que a população mundial cresceu mais de sete vezes nesse período.
Isso só foi possível pela livre iniciativa. Países ricos, com maior probabilidade de sucesso e com melhor qualidade de vida, são países economicamente livres. É o que indica uma forte correlação entre os critérios do ranking de liberdade econômica da Heritage Foundation e os indicadores sociais de um país. Quanto mais livre economicamente é um país, maior tende a ser seu Índice de Desenvolvimento Humano. De forma geral, quanto melhor a colocação de um país no levantamento, maior é o bem estar dos cidadãos.
Embora nos dias de hoje milhões de pessoas ainda estejam em situação de privação de necessidades básicas, os dados mostram que a vida melhorou. A maioria dos indivíduos se encontra mais protegida contra doenças, mais bem abrigada, mais bem alimentada, vive mais e tem luxos inimagináveis em relação a seus antepassados.
Como luxos de magnatas são popularizados
Bens luxuosos, antes restritos a nobres, donos de petrolíferas e grandes banqueiros, passaram a fazer parte da vida dos mais pobres. Com o aumento de produtividade proporcionado pelo capitalismo, bens e serviços antes restritos à elites ficaram mais acessíveis, tornando possível seu consumo pelas massas.
No Brasil colonial, por exemplo, até mesmo produtos que hoje encontramos em qualquer padaria da esquina, como queijos e azeites, eram restritos aos senhores de engenho, entre outras pessoas ricas, em virtude das dificuldades de importação. Além disso, naquela época, os ricos nem sonhavam com a conserva de alimentos em um refrigerador.
Em 1937, uma geladeira Frigidaire custava 15 milhões de réis, o equivalente a 62 salários mínimos na época. Hoje, mais de 98% dos brasileiros têm geladeira. As mais simples custam menos ou o mesmo valor do que um salário mínimo, segundo o IBGE.
Da mesma forma, há algumas década,s somente pessoas com alto poder aquisitivo podiam ter um telefone celular. Em 1983, um Motorola Dynatac 8000X custava US$ 4 mil, o equivalente a US$ 10 mil (ou mais de R$ 40 mil!) em valores de 2010. O aparelho pesava quase 2,5kg e sua bateria durava apenas 20 minutos. Atualmente, há 230 milhões de smartphones em uso no Brasil, mais de um por habitante.
Por fim, Matt Ridley, no livro O Otimista Racional, calculou que em 1800 uma pessoa com salário médio precisava trabalhar 1 hora para adquirir reles 10 minutos de luz. Hoje, a mesma hora de trabalho custeia, em média, 300 dias inteiros de luz artificial. Qualquer brasileiro que tenha uma lâmpada em casa faria um magnata do século XIX morrer de inveja.
Outros benefícios do capitalismo
Até 1750, 60% das pessoas trabalhavam produzindo alimentos, isto é, eram necessárias 60 pessoas produzindo para alimentar 100 habitantes. Sem tratores, controle de pragas ou adubos artificiais, trabalhavam muito para colher pouco. De lá para cá, o desenvolvimento da tecnologia e a mecanização da agricultura liberaram bilhões de pessoas do trabalho pesado no campo. Hoje, na Europa, só 3% das pessoas trabalham no setor. No Brasil, um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, esse número é de 10%.
Estima-se que, em 1994, há pouco mais de 25 anos, um rodízio de carnes custava aproximadamente R$13, cerca de 20% de um salário mínimo. Hoje o mesmo salário mínimo paga rodízio para até seis pessoas em uma churrascaria tradicional.
Além disso, para comprar um carro popular em 1994, eram necessários, em média, 113 salários mínimos. Atualmente, é possível adquirir modelos novos de automóveis por cerca de 43 salários mínimos. E a gasolina? Em 1994, o salário mínimo comprava 117 litros de gasolina; hoje, compra 257 litros.
Assim, pessoas que trabalharam no setor de transportes, como Henry Ford ou o próprio Cornelius Vanderbilt, foram responsáveis por levar você mais rápido aonde quiser. Porém, não apenas isso: elas possibilitaram que você trabalhe menos horas para conseguir pagar por isso (e pelo combustível necessário).
Na prática, ao enriquecerem, essas pessoas permitiram que você tivesse mais tempo livre, o que aumentou o seu bem estar e o tornou mais rico também. Em suma, vale observar: o tempo é a verdadeira métrica da prosperidade. Afinal, você é tão mais próspero quanto mais bens e serviços consegue consumir como resultado de uma mesma quantidade de trabalho.
Considerações finais
Até mesmo o sal, hoje em dia tão acessível ao cidadão comum, já foi considerado uma espécie de “direito fundamental” em sociedades antigas. Inclusive, a extração foi monopolizada em diversos lugares, sendo o produto provido pelo Estado. Os romanos, embora não tivessem estabelecido um monopólio, subsidiavam o produto com o lema “Sal para todos”. Por fim, o que já motivou guerras, ergueu impérios e era uma obsessão até o final do século XIX, hoje custa menos de R$2/kg.
Como bem define a frase “o capitalismo transforma luxos em necessidades”, atribuída ao empresário americano Andrew Carnegie, eis a maior virtude desse sistema: criar confortos e torná-los parte do cotidiano.
Não é à toa que esse processo de desenvolvimento, que sempre aconteceu de forma lenta ao longo da humanidade, experimentou uma aceleração exponencial nos últimos 200 anos. De fato, os padrões de vida hoje são significativamente melhores do que os de um século atrás. Consequentemente, mais pessoas escapam da morte na infância e vivem o bastante para usufruir dessa prosperidade.
Agora, ao sacar o smartphone do bolso e assistir a um simples vídeo, você está desfrutando de algo com o que mesmo alguém poderoso e rico como Cornelius Vanderbilt provavelmente nunca foi capaz de sonhar.
* O autor é Editor-chefe da casa de investimentos Apex Partners, analista político e colunista da Folha Vitória. Integra diversas organizações ligadas ao desenvolvimento de instituições com melhor ambiente de negócios, como o Ideias Radicais, o Instituto Mercado Popular e o Instituto Liberal, onde escreve desde 2014. É associado do Instituto Líderes do Amanhã.
** Publicado originalmente em https://www.institutoliberal.org.br/blog/economia/como-o-capitalismo-populariza-o-que-era-luxo-no-passado/
José Antônio Lemos dos Santos
À beira das eleições de 2022 ainda discutimos a urna eletrônica como escrutinadora confiável da vontade do eleitorado. Pena que tais discussões se restrinjam às eleições majoritárias, já que o Brasil usa também eleições proporcionais para os parlamentos. Nestas, a escolha do candidato se dá em listas, sendo eleitos os mais votados nelas, porém de acordo com o Quociente Eleitoral (QE), que é o número mínimo de votos correspondente a cada vaga em disputa. Ou seja, o voto não é direto e o eleitor pode votar em um candidato e eleger outro, situação muito repetida em cada pleito a ponto de comprometer a representatividade dessas eleições, como pretendo mostrar com base nas eleições de 2018 para deputados estaduais e federais em Mato Grosso.
Naquelas eleições, Mato Grosso contou com 2.329.374 eleitores aptos a votar e o QE foi de 185.158 votos para federal e 63.138 para estadual. Deste total de eleitores, 571.047 e 555.860 votaram nos candidatos que foram eleitos, respectivamente, a deputado federal e estadual. Ou seja, naquelas eleições proporcionais menos de 1 em cada 4 dos eleitores de Mato Grosso (menos de 25%) elegeu o candidato em quem votou. Ao contrário, daquele mesmo total de eleitores, 800.033 e 841.164 votaram em candidatos que não foram eleitos para federal ou estadual. Nas eleições proporcionais, os que não foram eleitos tiveram, em seu conjunto, muito mais votos diretamente neles do que os eleitos. Isso sem contar a maior parte, os 958.294 e os 932.350 que nem foram votar, nem para federal nem para estadual.
Mas os votos nas proporcionais nunca são perdidos. Mesmo que o eleitor não saiba, seu voto aparentemente “perdido”, vai se somar aos dos eleitos para determinar o número de vezes que a agremiação atingirá o QE, o que dará o número dos eleitos pela agremiação. Daí que um candidato menos votado poderá ser eleito com votos dados a outros, ou seja, o eleitor pode votar em um e eleger outro.
Assim são as proporcionais aqui e nos países de democracia mais avançada. E elas são necessárias. A grande diferença no Brasil é a maioria de eleitores que indiretamente elegem candidatos sem saber quem, e são decisivos no pleito. Por exemplo, mesmo o candidato mais votado para deputado federal com 126.249 votos, precisou de mais 58.909 votos dados a outros candidatos companheiros de chapa para completar o QE, sem os quais não seria eleito. Já o menos votado teve 49.912 votos e precisou de 135.246 votos dados a seus companheiros de chapa derrotados para se eleger. O estadual mais votado alcançou 51.546 votos e mesmo sendo o mais votado precisou de 11.592 votos de companheiros não eleitos, enquanto o menos votado, que teve 11.374 votos, precisou de mais 51.764 votos dos seus aliados derrotados para conseguir sua eleição. Só neste último caso mais de 50 mil eleitores ficaram sem saber quem elegeu. Qual a representatividade disso?
O problema é que no Brasil as regras das proporcionais e as listas dos candidatos por partido ou coligação, agora federação, não são dadas ao conhecimento do eleitor, que vota em um time de candidatos desconhecendo seus componentes. Essa maioria de eleitores que não elege diretamente seus escolhidos acaba indiretamente elegendo outros sem saber quem, zerando a representatividade das proporcionais pois ao fim não expressa nem a escolha por candidatos individuais, nem a proporcionalidade política que deveria expressar. Pior, o eleitor fica com a pecha de não saber votar. Algo me sugere que isso tem a ver com a longevidade nos cargos de muitos caciques partidários, os que organizam as listas partidárias. Agora o TSE está divulgando em seu site o nome dos candidatos às eleições de outubro, porém por ordem alfabética. Por que não divulgar organizados por partido ou federação? Só esta simples providência já ajudaria grande parte dos eleitores a escolher em quem votar e ao mesmo tempo saber quem poderá ser eleito com seu voto, sem ser mais enganado. Por que não? Por hora resta ao eleitor tentar decifrar e montar suas próprias listas.
Adriano Marreiros
Não sei mais o que faço
Eu já fumei dez maços
Mandei tudo pro espaço
Agora eu só quero paz
Tchê Gomes e TNT
O pior de tudo foi aquele abraço, naquela foto, naquele local, naquela ocasião e justo com aquele... Realmente eu não esperava ver aquilo. Pensava que era um garoto (já nem tanto), que como eu, até hoje comemorava a queda do Muro e que, mais que isso, que ele sabia pra que lado as pessoas tinham corrido quando ele caiu. Aquele muro oficialmente chamado de Muro de Proteção Antifascista e tão antifascista quanto era democrática aquela Alemanha ou a “democracia” corintiana[1] que garantia a liberdade de todos concordarem com Sócrates e Wladimir.
Não sabia que ele era um desses “democratas” “antifascistas”. Pensava que ele era um dos sem aspas. Fiquei chocado...
Fico aqui pensando: como tem gente crédula. E pior: gente que se faz de crédula... Agora também serei. Veja:
A Alemanha Oriental era muito democrática: bastava obedecer e não tentar fugir.
Vontade popular é aquilo que é mais protegido lá na República Popular.
Atos democráticos são aqueles que quebram tudo e atacam a Polícia.
Censura é um meio de garantir a liberdade de expressão.
Liberdade de religião é poder professar livremente seu credo desde que apenas dentro do templo, quando abrir for autorizado e desde que o discurso religioso não discorde da ideologia...
E defender a “democracia” exige que se contrarie a maioria, pois ela não é o Povo de quem emana o poder. O povo é só aquele referido no “popular” lá de cima, vivendo da “democracia” citada um pouco mais acima.
E Sociedade: só se for a civil organizada. Organizada por quem? Por... ELES.... A desorganizada não. Ela não é sociedade: é milícia...
E Direito? É quando vejo uma ementa com um texto tão estranho que acho que é meme: e não é...
Mas deixando a credulidade e voltando à realidade: o pior mesmo foi ver aquele abraço naquela foto, naquele local, naquela ocasião e justo com aquele... Realmente eu não esperava ver aquilo.
Hein?! Havia coisas muito piores ali?! Talvez, mas essas: eu já esperava...
Já que você quis assim, tudo bem
Cada um pro seu lado, a vida é isso mesmo
(...)
Espero que seja feliz
No seu novo caminho
Tim Maia
* O autor é mestre em Direito, membro do Movimento Contra a Impunidade (MCI) e do Ministério Público Pró Sociedade (MP Pró Sociedade), autor de “2020 D.C., Esquerdistas Culposos e Outras Assombrações” e de “Hierarquia e Disciplina são Garantias Constitucionais”.
** Publicado originalmente no portal Tribuna Diária, em https://www.tribunadiaria.com.br/ler-coluna/1580/republica-democratica-alema-e-outras-ldquo-democracias-rdquo.html
Gilberto Simões Pires
CORRIDA ELEITORAL
A partir de hoje, 16 de agosto, o TSE deu início oficial à CORRIDA ELEITORAL, que vai acontecer em outubro próximo. Até lá, os pilotos inscritos vão fazer de tudo para ganhar uma boa posição de largada para o prêmio eleitoral que vai garantir as ocupações das vagas de presidente da República, de senador, de deputados federais e estaduais e de governadores.
CAMINHO ECONÔMICO E SOCIAL
Pelo andar da carruagem a única coisa, mais do que sabida, é que esta ELEIÇÃO será, sem sombra de dúvidas, a mais importante da história do Brasil. Digo -mais importante- por uma simples razão: está em jogo, por vontade exclusiva dos eleitores, o CAMINHO ECONÔMICO E SOCIAL a ser trilhado, nos próximos 50 anos ou mais, pelo nosso País.
VIA DO ATRASO
Pois, a considerar tudo que foi feito e desfeito pelo candidato Lula, assim como propõem escancaradamente os demais candidatos de esquerda que se inscreveram para participar da CORRIDA ELEITORAL, ninguém tem dúvida de que todos eles, indistintamente, estão mais do que dispostos a colocar o Brasil nos trilhos da -VIA DO ATRASO-. Isto não é uma especulação, mas uma certeza, como bem mostram os conhecidos desastres experimentados ao longo da nossa triste história.
CAMINHO DA LIBERDADE
Já quem está disposto a eleger o candidato Jair Bolsonaro tem a nítida certeza de que o CAMINHO escolhido é o mesmo que já vem sendo trilhado, desde 2019, quando o povo brasileiro começou, enfim, a conhecer os reais e enormes benefícios que só podem ser obtidos através da LIBERDADE.
CANTAR PNEU NA LARGADA
Se o PRIMEIRO MANDATO, mesmo com forte e pesada OPOSIÇÃO, foi capaz de promover avanços importantes para o DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DO PAÍS, uma coisa é mais do que certa: com um SEGUNDO MANDATO, o Brasil vai cantar pneu já na largada, no dia 01 de janeiro de 2023. É tiro e queda. Só depende da consciência dos eleitores. Exclusivamente dos eleitores.
Ismael de Oliveira Luz
O intelecto humano, desde os primórdios da existência da espécie, só funciona devido a nossa capacidade de percepção do real. Aristóteles, filósofo grego, estava convicto de que nada está na mente humana sem que antes tenha passado pelos sentidos. Portanto, para ele, perceber os objetos do mundo é condição sine qua non para que haja a atividade mental tal qual nós a conhecemos. É a existência dos seres que possibilita a atividade psíquica, visto que sem a presença física dos objetos nada podemos pensar e muito menos dizer. Dessa maneira, evidenciamos que a percepção está em primeiro plano no aprendizado e antecede a qualquer pensamento, pois o mesmo só irá surgir a posteriori, ou seja, após o contato inicial com as coisas do mundo real e concreto. Aristóteles vai mais fundo e afirma que os humanos além de serem seres racionais são também seres fantásticos. A fantasia, segundo ele, é a composição de duas outras faculdades da mente: memória e imaginação. É por meio delas que registramos as impressões oriundas do mundo físico, sendo possível à pessoa normal acessar a essas imagens quando quiser, portanto, a mente possui a capacidade de simplificar e estabilizar tudo aquilo que os sentidos captam, e os aglutinam, condensando-os em símbolos, que só então poderão ser manipulados pelo raciocínio de forma lógica e conceitual. A cultura humana inteira, por sua vez, foi construída sobre um universo imaginativo complexo e sobremaneira denso de imagens, conceitos, símbolos e valores, e sem os quais seria impossível para as civilizações realizarem quaisquer tipos de progresso, uma vez que toda e qualquer comunicação só é eficaz quando se adéqua aos diversos contextos, quando é homogênea nos sons e nas formas e inteligível simbolicamente para todos os que fazem uso dela. A linguagem é a cultura humana por excelência.
Uma guerra se caracteriza pelo fato de que as partes beligerantes procuram atacar-se mutuamente até que seja possível a uma delas neutralizar as ações do inimigo, de modo que reste apenas um lado capaz de conduzir os acontecimentos até o fim, atingindo seu objetivo estratégico, e sobrepondo-se em força sobre os demais. Quando se trata de uma guerra cultural vencerá aquele que conseguir neutralizar a cultura do inimigo, e isso só é possível quando se substitui uma cultura por outra que seja capaz de cumprir com o papel de fecundar a memória e a imaginação das pessoas por meio de novos símbolos, conceitos e valores e de tal modo que consiga manter a coesão e as relações sociais, garantindo a unidade do processo histórico. A cultura ocidental está sob o ataque de incontáveis inimigos e em inúmeras frentes de batalha e por meio do controle da linguagem, da subversão de conceitos fundamentais como o de família, pátria e religião vai se remodelando o imaginário coletivo sem que a sociedade perceba que pouco a pouco vai cedendo a essa infiltração lenta e constante de novas ideias, costumes e valores que se cristalizam e fundamentam uma nova civilização, que pretende sobrepujar a atual, primeiro no campo psicológico e por conseguinte, no campo político e econômico, sem que haja condições de se contestar e muito menos reconduzir o percurso temporal, restando apenas a aceitação da modificação do estado de coisas.
A maneira como nos expressamos por meio da fala revela em partes o nosso campo psíquico, portanto, para analisar a “forma mentes” das pessoas basta analisar minuciosamente o vocabulário utilizado, as construções semânticas, os juízos de valores e padrões linguísticos. E é justamente ai que a guerra cultural é travada de forma profunda, pois tudo o que pensamos só é possível por meio de palavras previamente consolidadas no aparato mental, oriundas dos conceitos condensados no intelecto e que posteriormente serão articulados pelo raciocínio segundo os padrões da lógica elementar. Uma grande cultura é necessariamente aquela que devido à força de suas criações simbólico-culturais penetram nas camadas mais profundas da mente humana expandindo a sua consciência e potencializando cognitivamente e moralmente todo o nosso ser. Como exemplo disso, mencionamos a grande e densa criação da cristandade, que desde o advento do Cristo, produziu elementos que transcendem o mero campo do discurso ideológico e se impregnam na alma humana, obras tais como: o novo testamento, as músicas e orações, as liturgias e os dogmas, pinturas, esculturas, livros, encíclicas, sumas teológicas, catedrais e outros tantos e sofisticados recursos simbólicos que servem como uma grande e densa matriz de intelecções que apontam para o Deus criador e sua criação.
O movimento revolucionário, também representado pelos movimentos socialistas nacionais e internacionais, é um dos poderosos inimigos do Ocidente, pois ele possui, assim como o seu adversário, elementos culturais suficientemente capazes de penetrar no âmago da sociedade, transformando-a desde dentro. Conceitos como, “justiça social”, “luta de classes”, “igualdade de gênero”, “minorias oprimidas”, “sociedade patriarcal”, “liberdade sexual”, entre outros, já começam a fazer parte do vocabulário coletivo, já estão nos cinemas, televisão, revistas, músicas, editoriais jornalísticos e se manifestam nas rodas de conversas escolares e vão até os círculos mais elevados de poder do país, fazendo parte do debate público e ocultando os verdadeiros problemas sociais que assolam o país como, a má administração pública, o desvio de verbas, a corrupção, o crime organizado, políticas internacionais desruptivas, os planos globalistas para a destruição das soberanias nacionais e sobretudo a ausência de uma classe intelectual que tem o papel fundamental e urgente de influenciar a população desde as classes mais elevadas até o povo mais simples e carente de informações verdadeiras e necessárias para a manutenção da vida cotidiana. Para vencermos os nossos inimigos teremos que combater no campo estratégico de maior impacto psicológico, usando as armas adequadas e fortalecendo a cultura ocidental nos seus aspectos mais basilares: A língua nacional, a religião cristã e sua elite intelectual, pois é por meio da capacidade linguística que o ser humano consegue materializar suas ideias, visto que aquilo que não é pensado não pode ser executado e pensamos por meio da língua pátria, já a religião tem o papel exclusivo de nos conduzir até Deus por meio da purificação da alma, e por fim a formação da elite intelectual possibilitará que o debate de ideias se torne público e se liberte das cátedras universitárias, do jornalismo arrivista e da militância orgânica que hoje em dia estão à serviço dos movimentos partidários revolucionários.
Uma guerra cultural não é simplesmente um conflito entre discursos ideológicos, não se trata de saber quem tem ou não tem razão argumentativa. A guerra cultural é a conquista total e absoluta do campo psicológico, imaginativo, intelectual e espiritual e somente por meio de uma elevada estrutura simbólica e artística que seja capaz de permear e preencher a alma humana nos seus mais profundos recônditos é que uma cultura se sobrepõe e absorve uma outra de menor valor simbólico. Uma guerra cultural é o “bom combate” mencionado pelo apóstolo Paulo, aquele que se vence pela manifestação tácita da luz.
* Ismael de Oliveira Luz é engenheiro civil pela Universidade do Vale do Paraíba; empresário e professor atuante na formação intelectual de crianças e jovens; estudante de filosofia e humanidades; cristão pela impossibilidade metafísica de não o ser.
** Publicado originalmente em https://www.burkeinstituto.com/blog/guerra-cultural/o-que-e-guerra-cultural/
Roberto Rachewsky
Selecionei os cinco ditados populares que podemos usar para criticar o Estado.
1. O que vem fácil vai fácil.
Usando a coerção o governo terá o dinheiro das pessoas e gastará de forma rápida e inadequada, principalmente com os que nele ou com ele trabalham.
2. Cavalo dado não se olha os dentes.
Como para o governante o que a população recebe é como se fosse presenteado pelos políticos, não importa o custo, já que quem compra não paga por aquilo, e nem a qualidade, já que o beneficiário não é quem escolhe nem compra.
3. Tempo é dinheiro.
Tempo é o bem mais valioso que temos, pois a vida tem duração limitada. Se tempo é dinheiro, então dinheiro é vida. Logo, quando o governo tira nosso dinheiro, está nos tirando a vida, o tempo e as escolhas que poderíamos fazer enquanto a vida dura.
4. Sofre muito menos quem aprende à custa dos erros alheios.
Sim, governar é decidir sem ter que arcar com os próprios erros das malditas decisões. Afinal, quem paga pelos erros dos governantes são os governados que pagam impostos e sofrem com a regulação.
5. De grão em grão, a galinha enche o papo.
Enriquecer uns poucos diluindo o valor entre muitos é o que estimula os governantes a continuarem espoliado os governados pagadores de.impostos porque esses, os espoliados, preferem pagar um pouco, calados, do que se incomodarem com o fisco, a justiça e a polícia que fazem parte da máfia que enche o papo.
* O autor é empresário e articulista
** Publicado, originalmente, no site do Instituto Liberal, em https://www.institutoliberal.org.br/blog/5-ditados-populares-que-podemos-usar-para-criticar-o-estado/.