Nahum Sirotsky

30/12/2008
J?screvi que o bombardeio de Gaza tornou-se inevit?l quando o p?co nas ?as atingidas pelos m?eis Qassams palestinos chegou a n?is incontrol?is. Sentindo-se indefesas, in?as pessoas amea?am abandonar suas casas. A regi?re?centenas de milhares de habitantes e v?os centros de import?ia estrat?ca. Deix?a com defesas insuficientes significaria ceder ao Hamas. Andei por l?arias vezes nesses tempos. A luta contra for? guerrilheiras com recurso ao terrorismo ? grande desafio do Estado moderno. Na minha juventude se dizia: ou o Brasil acaba com a sa?- uma gigantesca e gulosa formiga - ou a sa?acaba com o Brasi. A guerrilha opera como a sa?combinada com o cupim: destr?s bases. A op? pelo emprego inicial da For?A?a resulta de considera?s sobre custos e benef?os de vidas e bens. Depois das recentes guerras no Iraque e L?no, pa?algum imagina poder vencer uma guerra contra guerrilhas e grupos terroristas usando combates a?os. O que foi aprendido nas primeiras guerras, h?ilhares de anos, ainda ?alido. S?infante, a for?que ocupa espa? assegura a vit?. E ?ssencial conhecer o inimigo at?s limites de suas cren? e da compet?ia de seus comandos. Nada a criticar na efici?ia da For?A?a que buscou os alvos para destruir o m?mo da resist?ia do Hamas e facilitar a entrada de tropas. N?seriam ex?itos estrangeiros. Abu Mazen, presidente da Autoridade Palestina no lugar do falecido Arafat, expulso de Gaza pela for?do Hamas, tem agora tropa bem treinada, armada e motivada. A reocupa? da regi?faria com que o futuro Estado Palestino volte a ter um s?verno. Ficam menos complexas as negocia?s de paz e mais prov?l um resultado aceit?l. O atual presidente de Israel, Shimon Peres, prev?ma paz dentro de tr?anos. O Hamas ? Frente Isl?ca de Resist?ia - que n?admite reconhecer a exist?ia de Israel – e quer uma Palestina isl?ca como o Ir?S?aliados da Jihad Isl?ca e outros grupos menores igualmente fundamentalistas, de voca? terrorista. O Egito, Jord?a, Ar?a Saudita, Bahrein e outros pa?s ?bes mu?manos t?seus problemas internos com organiza?s isl?cas que, por conveni?ias pol?cas, n?condenam publicamente. O Hamas ?a linha que n?agrada. E tem o apoio do Ir?que quer ser a pot?ia mu?mana dominante no Oriente M?o. ?persa de origem, logo, n?se inclui entre os descendentes de Ibrahim (Abra?. O mundo ?be choraria l?imas de crocodilo se o Hamas for derrubado. O Egito declarou ao Hamas que s?omover?m cessar-fogo se este for incondicional. N?quer fortalec?o face ao mundo ?be. Aparentemente, Israel cometeu tr?erros de aprecia? no caso do ataque. O primeiro foi a fraqueza do preparo do meio diplom?co internacional, com ineficaz setor de Rela?s P?cas. O segundo foi esquecer que os palestinos de Gaza governados pelo Hamas tenderiam a ser vitimados em ataques. A massa ?be ?olid?a com os palestinos, seus irm?, o que determina atitude semelhante de seus governos. O Hamas recebe a solidariedade que n??ele. O terceiro erro est?elacionado ?roibi? do acesso da m?a internacional a Gaza . N?jornalistas, sempre nos viramos. O campo ficou livre para o Al Jazeera e toda a m?a ?be. O que se viu na m?a foi cedido pela m?a ?be ??a internacional – e guerras s?temas ideais para imagens pela sucess?de pequenas e grandes trag?as sem mocinhos, s?timas. Assisti a in?as guerras em minhas d?das de jornalismo. N?esque?que tem cheiro das fezes do medo, sob o qual se pode perder o controle do corpo. Foi o que me tornou m?ico, pois num segundo se est?om algu?que fala e no outro tem-se a sensa? de que algo sai do corpo que esvazia. Como se a vida fosse esse algo invis?l, intoc?l e incompreens?l. Ser?oss?l que existe em si, independente do inv?ro? Pergunto a cientistas que n?sabem me responder. Mas, desde a primeira delas, guerra civil entre camponeses armados de foices e fac?e soldados com suas armas, que tenho pesadelos. Foi antes da televis? No fim da ?ma segunda-feira, o Hamas, que lan?a primitivos Qassams de pequeno alcance, passou a lan? m?eis direcionados de m?o alcance. Matando e ferindo. Derrot?o ficou complicado. Ao longo da fronteira entre Israel e Gaza sem obst?los naturais eram vis?is concentra?s de tropas em posi? ofensiva. Vai ser uma longa guerra que pode se espalhar. J?into o cheiro.

Folha de São Paulo

28/12/2008
Uma coisa s?as manifesta?s de entusiasmo do ministro da Defesa, Nelson Jobim, pela assinatura do acordo entre o Brasil e a Fran?para a constru? de submarinos, um dos resultados da visita do presidente Nicolas Sarkozy. Outra ? frio texto do documento - que ? que vale. Pelos c?ulos do ministro, no vig?mo ano (de vig?ia do acordo), vamos terminar recebendo o submarino nuclear. Tudo isso com transfer?ia total de tecnologia, inclusive treinamento de engenheiros brasileiros junto a f?icas francesas. Essa previs? contudo, ?m mero exerc?o de wishful thinking. ?pol?ca do governo brasileiro, nos ?mos anos, s?mprar equipamento militar acompanhado de transfer?ia de tecnologia. Essa exig?ia cria graves limita?s para o reequipamento das For? Armadas de um pa?que n?tem contenciosos internacionais que exijam meios militares abundantes e de ?ma gera?. Nenhum fornecedor se disp? transferir tecnologia em troca de uma venda relativamente pequena. ?esse o caso dos 16 avi?de ca?que a For?A?a tenta comprar h?ais de uma d?da. No m?mo, dependendo do tamanho e valor da encomenda, o fornecedor aceita produzir o armamento no pa?comprador, sob licen? Nesses casos, a transfer?ia de tecnologia ?imitada e o vendedor se beneficia com o prolongamento da vida ? de um produto que j?ntrou em fase de obsolesc?ia ou enfrenta no mercado a concorr?ia de equipamentos mais modernos. ?o caso dos 50 helic?ros franceses que ser?montados pela Helibr? ao custo de 1,899 bilh? O acordo para a constru? de quatro submarinos convencionais Scorp? e do casco de um outro, que poder?eceber propuls?nuclear, num estaleiro a ser erguido no litoral do Rio de Janeiro, prev?de fato, a transfer?ia de tecnologia. Mas limita essa transfer?ia ?ecnologia de constru? do estaleiro, de uma base de submarinos e do casco do submers?l. Ou seja, refere-se a produtos e servi? que poderiam ser feitos pela engenharia nacional. E como o quinto casco poder?comodar um reator nuclear, o acordo est?epleto de salvaguardas. A principal delas ?ue a Fran?n?repassar?ara o Brasil qualquer tipo de conhecimento que envolva a produ? ou o uso de equipamentos nucleares. Isso come?com o estaleiro e a base. A concep?, a constru? e a manuten? das infra-estruturas e dos equipamentos necess?os ?opera?s de constru? e manuten? da parte nuclear do submarino nuclear est?exclu?s do ?ito do presente acordo - esclarece o documento. Al?disso, a parte brasileira n?receber?ssist?ia da parte francesa para a concep?, a constru? e a coloca? em opera? do reator nuclear embarcado, das instala?s do compartimento do reator nuclear e dos equipamentos e instala?s cuja fun? seja destinada principalmente ao funcionamento do reator ou ?eguran?nuclear. Da mesma forma, a Fran?n?fornecer?quipamentos e instala?s que contribuam de forma acess? ao funcionamento do reator ou ?eguran?nuclear - e com isso a constru? do estaleiro e da base de submarinos fica praticamente reduzida a uma quest?de engenharia civil. O Brasil, ao assinar o acordo, ainda aceitou condicionantes pol?cas. A tecnologia e os equipamentos fornecidos pela Fran?n?poder?ser repassados a terceiros e s?der?ser usados para os fins definidos no acordo. Al?dessa cl?ula de usu?o final, a Fran?- que se eximiu explicitamente de colabora? na parte nuclear - exigiu que o Brasil assumisse a responsabilidade exclusiva, em rela? a terceiros, por danos nucleares causados pelo submarino ou instala?s nucleares associadas ao apoio terrestre. O acordo estabelece as bases da coopera?. A partir de agora, o governo brasileiro ter?e negociar com empresas francesas os custos de constru? do estaleiro, da base e dos submarinos - afinal, o acordo prev?ue equipamentos, servi? e tecnologia ser?vendidos. E, como o ministro Jobim pretende que em 20 anos o submarino nuclear esteja navegando, o Tesouro ter?e providenciar recursos para o desenvolvimento da tecnologia de propuls?nuclear, ainda n?dominada pela Marinha. Haja dinheiro!

Percival Puggina

28/12/2008
Recebo cerca de duas centenas de mensagens eletr?as por dia. A maioria falando mal dos pol?cos. Desbarrancou uma estrada em Santa Catarina – pau nos pol?cos. O governo n?paga precat? – pau nos pol?cos. Congresso decide assim, pau; decide assado, pau. A pol?a prende pol?cos, pau; a justi?solta, pau. Pesquisa de opini?para saber qual ? ?mo poleiro no galinheiro da credibilidade? Lugar cativo para a pol?ca. Dos parlamentos, nem falar. Se fechassem todos, o Brasil celebraria. O fen?o que descrevo ??constante na m?a e t?n?do nas manifesta?s da opini?p?ca que se tornou tema de estudo acad?co. Quando h?lei?s, votamos contrariados, coagidos, mais ou menos como galinhas chamadas a escolher entre a panela de ferro ou a panela de barro. Essa conduta ?efor?a pelo jornalismo pol?co: raros s?os colunistas que ocupam seus espa? com algo mais do que a cr?ca negativa e o tititi partid?o. Pergunto: sustentar-se-ia no emprego um analista econ?o ou um colunista esportivo que se conduzisse pelos mesmos irrelevantes crit?os? Cada palestra que fa?sobre esse tema (e contam-se ?dezenas) me evidencia, mais e mais, o quanto ?ecess?o combater a duas atitudes: a da imprensa que reserva seus principais espa? para mat?as que se repartem entre o fr?lo e o indecoroso, e a da sociedade que desdenha a ribalta e aqueles que nela se movimentam. Na “aldeia” de McLuhan, na sociedade de massa, a m?ol?ca nasce, precisamente, da conjuga? dessas condutas. Elas se potencializam reciprocamente. O lugar onde se deve cuidar do bem comum acaba sendo um espa?onde s?tem palmas aqueles que, de uma forma ou de outra, se banham nos respingos do er?o. N??reciso ser g?o para compreender que a situa? s?rve ?squerda n?democr?ca, levando o Estado de Democr?co de Direito ao descr?to. O prest?o de Lula, ali? foi sendo estabelecido sobre um senso comum assim constru?. A f? com que a esquerda brasileira atacou os festejos dos 500 Anos do Descobrimento rima com esse comportamento. Participou de sua estrat?a para chegar ao poder, fazendo do passado terra arrasada. E o fato de haverem frutificado no governo dele, Lula, as muitas provid?ias plantadas por seus antecessores Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, fez o resto do servi? O custeio da Uni?j?assa dos 20% do PIB apesar da privatiza? de mais de uma centena de estatais, mas quanto mais cresce a repulsa pela pol?ca, mais avan?o prest?o de Lula, esse esbanjador. N?saberia dizer se a sociedade brasileira j?st?uficientemente corrompida por isso como para absorver um casu?o em favor de mais tempo de poder para Lula. N?saberia dizer. Mas sei como ele chegou aos ?ices atuais. E sei que as for? democr?cas, ao promoverem o descr?to em rela? ?ol?ca, ao descuidarem das quest?de fundo, ao n?atentarem para as rela?s de causa e efeito, ao deixarem que a superficialidade da grande imprensa as conduza pelo nariz, est?fazendo o jogo daqueles a quem pretendem combater. Atiram no pr?o p?Fazem o la?na corda que vai parar no seu pesco? Sentam no peitoril da janela com os p?balan?do para o lado de dentro. Se ?ue me entendem. E ficam ali, convencidos de estarem fazendo uma grande coisa.

Julio Severo

27/12/2008
Livro trata dos conflitos, sentimentos, mitos e tabus envolvendo relacionamento entre meninas; leia trecho da Folha Online Livro trata dos relacionamentos entre meninas e desmistifica tabus A adolesc?ia ?ma fase muito complicada. Nesse per?o surge uma s?e de d?as sobre sexo, relacionamentos e comportamento. Muitas meninas, por exemplo, t?d?as sobre os seus desejos e sobre a sua sexualidade. Para esclarecer estas quest?sobre sexualidade e relacionamentos, o livro Amor Entre Meninas fala sobre o amor entre iguais, levando em considera? a possibilidade de experimenta? e autoconhecimento. A publica? ?a Editora Panda Books e est? venda no site da Publifolha. De forma leve e din?ca, o t?lo procura acabar com todas as d?as a respeito do assunto e desmistifica certos tabus que levam ao preconceito. Leia abaixo um trecho do livro que fala sobre o momento de sair do arm?o. * SAIR DO ARMRIO... Se ter certeza sobre a prefer?ia sexual pode n?ser f?l, imagine assumir uma op? n?convencional! Se voc?onhece algu?que est?assando por isso, saiba que ela precisar?e muita for? Agora, se voc?st?ivendo essa situa?, respire fundo. O maior desafio ?ssumir para si mesma o que a faz feliz. Aconteceu com ela... A amiga, a colega, a conhecida, seja quem for a menina, a gente j?uviu alguma hist? assim, de algu?que assumiu sua homossexualidade. E a?Como isso rolou? Comigo foi normal. Minhas amigas sempre ficaram com outras meninas. A?uando ela falou que tava mesmo namorando uma garota, ningu?estranhou. Normal mesmo - D., 16 anos A galera arrepiou. Dar uns beijos numa balada ?ma coisa, mas ela apareceu com alian?de compromisso! Foi demais, entende? E o que os pais dela v?pensar disso? - S., 13 anos L?a escola tem duas garotas que n?se desgrudam: beijam na boca na frente de todo mundo e a galera zoa. N?seria melhor elas namorarem escondido? Op? dif?l essa... Imagine como seria se voc?ostasse muito de um garoto e n?pudesse beij?o em p?co, n?pudesse ir abra?inha com ele ao cinema nem apresent?o aos amigos e ?ua fam?a como seu namorado. N?seria f?l. Para a maioria das meninas que gosta de meninas essa ? realidade. Muitas t?tanta vergonha de assumir o que sentem que passam a vida fingindo ser o que n?s? Outras at?e arriscam a fazer o que o cora? manda, mas fazem bem escondidinho para ningu?descobrir. Dif?l ser feliz assim. Poucas assumem para o mundo que gostam de garotas, ainda mais na adolesc?ia! Se essas duas meninas assumiram seu namoro = perante o col?o, de duas uma: ou elas querem chamar a aten? de todo mundo, ou se gostam de verdade e est?querendo que todos entendam que n?h?ada de mau nisso. Ser?ue o problema est?o fato de elas se beijarem na frente da galera, ou na cabe?da turma, que considera isso uma aberra?? Vale refletir! Tem um jeito certo de lidar com uma amiga homossexual? O fato de uma amiga sua gostar de meninas n?deve mudar sua maneira de se relacionar com ela. N?existe um jeito especial de tratamento. Isso seria, em si, um modo de discrimina?. Cada pessoa reagir?e um jeito diferente ao saber que algu?pr?o ?omossexual. Isso porque esperamos que todo mundo seja como a gente, principalmente nossos amigos. ?normal acreditar que uma amiga tenha os mesmos gostos que n?emos por m?a, roupas, livros, filmes e meninos. Por isso, descobrir sua homossexualidade talvez balance as estruturas. Nesse caso, pare e pense que o mundo ?ormado por diferen?. Por mais parecidos que os seres humanos sejam em muitos aspectos, tamb?s?indiv?os ?os em outros. Com certeza, o que a fez ser amiga dessa garota n?foi o fato de ela gostar de meninos. Portanto, saber que ela gosta de meninas n?deve mudar todas as outras afinidades que existem entre voc?duas. Eu nem imaginava uma coisa dessas, mas depois de ver essas meninas da escola, uma amiga me contou que tamb???ica. O que fa?agora? Se essa amiga contou algo assim ?orque confia em voc?Primeiro, a vida sexual dela n?deve mudar essa amizade; ela pode estar buscando uma confidente, um apoio, algu?para compartilhar suas experi?ias e d?as. Fazemos isso normalmente: amadurecemos vivendo e trocando experi?ias. Tudo bem que seja dif?l guardar algo assim s?ra si mesma, mas n?cabe a voc?ontar a outras pessoas nem decidir se ela deve ou n?dizer a mais algu? Seja amiga, apenas a mesma que sempre foi. O melhor a fazer ??trat?a de um jeito diferente agora que sabe que ela gosta de meninas. Sair do arm?o Sair do arm?o quer dizer assumir sua prefer?ia homossexual principalmente para si pr?a; depois, para os outros. Muita garota sabe que gosta de menina, sem, contudo, nunca chegar a ficar com uma Para algu?assim usa-se a express?sair do arm?o, entende? Enquanto a pessoa n?assume sua sexualidade, diz-se que ?nrustida. Mas cuidado! H?ma diferen?entre sair do arm?o e ser arrancada dele. Uma coisa ?olaborar para algu?conseguir expressar livremente sua orienta? sexual, outra ?xpor essa pessoa, denunci?a. Achar que ?brigat? revelar publicamente a vida privada de algu? ainda mais por imposi? do grupo, ?lgo totalmente sem no?! S?e ela disse que est?amorando uma menina h?m temp?e que decidiu levar a garota numa festa da turma do col?o. Eu n?acho isso legal. Como fa?pra falar o que penso? Antes de falar qualquer coisa para ela, analise as raz?que a fazem considerar essa atitude ruim. Ser?ue est?uerendo proteg?a ou est?e protegendo? Avalie-se antes de tomar uma atitude. Com certeza, sua amiga precisa de uma for? de compreens?e de carinho. Se voc?eme uma poss?l discrimina? por parte do grupo, converse com ela, sem tentar ser a dona da verdade. Tente entender seus motivos em querer assumir publicamente esse relacionamento e veja se ela est?reparada para uma poss?l rejei? da galera. Mas note bem: se forem amigas de verdade, esteja pronta para se colocar ao lado dela. Eu acho que n?vou ter coragem de ficar ao lado dela se a galera toda come? a zoar ou at?fast?a do grupo Ent?a discrimina? est?a sua cabe?tamb?Colocando-se ao lado do grupo voc?emonstra que concorda com o que essa turma pensa, ou que tem medo de tamb?sofrer algum tipo de preconceito. Seus motivos s?reais para n?apoiar sua amiga? Considera errado ela gostar de uma garota? Antes de mais nada, ela est?endo fiel a si pr?a, assumindo o que sente e vivendo uma paix? Isso n?deveria ser admirado? Talvez ela se sinta sufocada por manter essa rela? escondida dos amigos. Talvez precise do apoio dos colegas para viver mais intensa e livremente esse amor. Voc?t?o direito de considerar isso errado ou anormal? O respeito ?diferen? deve existir em qualquer realidade e deve ser levado ?r?ca, n?ficar s? teoria Os meninos da turma tamb?andam falando que uma outra amiga minha ??ica. Devo contar pra ela? Por que esse tipo de coment?o est?contecendo no grupo? H?m ditado popular que exp?em essa situa?: o macaco senta em cima do rabo e fica olhando o dos outros. Em vez de se preocuparem com a vida sexual de uma garota, esses seus amigos deveriam se preocupar com as pr?as op?s, com as pr?as decis?que precisam tomar em suas vidas. Ent? mais uma vez, cabe a voc?ecidir se entra na onda dos meninos ou corta essa onda de uma vez. Se discorda desses coment?os, antes de contar para sua amiga, ?em melhor chegar na galera e tentar mostrar o quanto de preconceito h?isso tudo. Tamb?vale agitar um movimento de conscientiza? coletiva, como criar um blog na internet para discutir diversidade sexual ou um jornal na escola, quem sabe at?ropor um trabalho sobre o tema com um professor com quem tenha maior afinidade. Ser?if?l, com certeza. No entanto, levar a hist? de fofocas e difama? adiante s?chucar?s sentimentos dessa amiga. Afinal, a vida sexual dela diz respeito somente a ela, certo? Homossexual, l?ica, fanchona, caminhoneira, bolacha, entendida ou sapat?.. Quando uma garota gosta de meninas, ?omum logo ser rotulada, e o r?o costuma ser agressivo. Chamar uma garota de sapat? de fanchona, caminhoneira, ou algo parecido, agride e desrespeita o jeito de ela ser. Muitas vezes usamos as palavras sem pensar na carga que t? Dependendo da palavra que usa, aquilo passa a ser um xingamento. Sendo assim, fique ligada e se livre dos preconceitos na hora de falar, de agir e de pensar. Homossexual: ? modo mais formal de defi¬nir algu?que gosta de pessoas do mesmo sexo. L?ica: palavra certinha para dizer que uma garota gosta de garotas. Bolacha: ?m jeito brincalh?de dizer que a menina ??ica. Sapat? sapata, sapa: s?termos mais agressivos, que tamb?significam l?ica. Caminhoneira: l?ica muito masculinizada, e a ex¬pres¬s?por vezes ?sada para ofender uma garota. Usam-se tamb?fanchona ou fancha. Entendida: g?a leve e moderna para dizer que uma menina gosta de meninas. GLS No universo homossexual a sigla GLS ?uperconhecida. Quer dizer Gays, L?icas e Simpatizantes. Os Simpatizantes s?as pessoas que n?s?gays nem l?icas, mas respeitam essas orienta?s sexuais. Cada vez mais o S cresce no mundo inteiro. As pessoas, principalmente os jovens, come? a entender que diversidade sexual ?ma realidade que merece respeito, embora ainda falte muito para existir igualdade de direitos e de tratamento. S?ra ter uma id?: o Brasil ?ecordista em assassinatos de homossexuais. Um deles ?ssassinado a cada dois dias. A gente fala em preconceito, mas ?vezes ?if?l lidar com minhas amigas que j?icaram com meninas e acham que quem n?fica ?oba ou algo assim D?ara entender que ser homossexual seja t?natural quanto ser hetero, mas for? a barra em nenhum sentido ?om. Elas podem estar fazendo press?porque encaram a situa? como uma moda: para fazer parte do grupo voc?recisa agir como elas. Tamb?existe o preconceito ?avessas, em que o grupo discriminado passa a discriminar quem n?faz parte dele. Se voc?abe que o importante ? respeito ?diferen?, vai entender que a atitude delas est?endo uma roubada. Mostre o seu ponto de vista, porque ficar quieta ou fazer o que elas querem n?resolve nada. Ficar com uma menina s?a seguir a moda ?id?lo! Voc?em de corresponder ?ua ess?ia e ponto. --J., 25 anos Ficar com uma menina s?a parecer descolada ?m comportamento infantil! N?acordamos um dia e resolvemos que vamos beijar garotas. Ser l?ica tem de ser algo que vem de dentro, ?atural, faz parte da pessoa. -- M., 24 anos Amor Entre Meninas Autora: Shirley Souza Editora: Panda Books P?nas: 88 Quanto: R$ 14,90 Onde comprar: nas principais livrarias, pelo telefone 0800-140090 ou no site da Publifolha. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u404063..shtml

Olavo de Carvalho

25/12/2008
Se h?o mundo uma coisa ?a, ?ue o cristianismo n??a origem uma doutrina, mas uma narrativa de fatos miraculosos. O pr?o Jesus deixa isso muito claro em Mateus 11:1-6, quando lhe perguntam quem Ele ?“Contem o que ouviram e viram: os cegos enxergam e os paral?cos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem e os mortos se levantam”. Se essa ? autodefini? de Jesus, essa ? defini? do cristianismo: n?um discurso doutrinal, mas uma sucess?de milagres. Mas vivemos numa ?ca t?est?a que as pessoas, mesmo crentes, j??conseguem conceber o que seja um milagre: acreditam que ?m acontecimento estranho ao qual se atribui uma “causa divina” por falta de uma “explica? cient?ca”. Essa id? ?bsurda. Vejam, por exemplo, o milagre de F?ma: ele junta, num s?mento do tempo, uma variedade de acontecimentos correlatos – as apari?s, milhares de curas de doen?, as profecias confirmadas pelo decorrer da Hist? e, por fim, a “dan?do Sol”, vista a centenas de quil?ros por pessoas sem a menor id? dos demais fatos que ocorriam simultaneamente. Uma “explica? materialista” requereria uma superci?ia inexistente e, a rigor, imposs?l, que fosse capaz de encontrar uma causa material comum n?s?ra os variados fatos de ordem hist?a, m?ca e astron?a que comp?o epis? mas para a sua converg?ia naquele instante e lugar, bem como para a sua coincid?ia acidental com a simb?a e as doutrinas crist? Na verdade, todo milagre ?ssim: n??m fato recort?l nos padr?desta ou daquela ci?ia existente ou inexistente, mas um complexo insepar?l, e inexplicavelmente harm?o, de diferentes fatos pertencentes a diferentes planos de realidade. N?pode haver uma “explica? cient?ca” dos milagres antes da sua descri? cient?ca, e esta n?pode ser v?da se come?por mutilar os dados que pretende explicar. N?obstante, a mera hip?e de uma “explica? material” futura, embora problem?ca e virtualmente imposs?l, ?sada com freq?ia como argumento cabal para negar de imediato o car?r miraculoso de fatos bem comprovados. Suponham que seja poss?l encontrar uma explica? m?ca para a menina que, curada pelo Padre Pio de Pietrelcina, enxerga sem pupilas. Seria ainda preciso explicar a coincid?ia de que esse fato m?co inusitado acontecesse em seq?ia com centenas de outros fatos miraculosos, uns semelhantes, outros diferentes, ocorridos no curso de uma mesma vida de santo. Por exemplo, o fato de que o mesmo sacerdote conhecesse t?bem a vida secreta de tantas pessoas que ele via pela primeira vez, ou de que, ao contr?o, fosse visto ?ist?ia por pessoas que nunca tinham ouvido falar dele, e que depois ao conhec?o confirmavam o que ele lhes havia dito nessas apari?s. O Padre Pio de verdade, efetivamente existente, ? mesmo ser humano concreto que fez todas essas coisas, e n?as fez em momentos isolados, inconexos, mas no curso de uma vida coerentemente dedicada ?ele que, no seu entender, era o Autor desses milagres. Qual o nexo comum entre esses v?os fatos – entre a disciplina crist?o Padre Pio, a menina que v?em pupilas, as apari?s ?ist?ia, os segredos ?imos conhecidos ?rimeira vista, etc. etc.? Ou voc?ncontra esse nexo, ou as “hip?es cient?cas” que voc?nventou para explicar um ou outro detalhe isolado – s?istente como tal na sua imagina? abstrata – n?serve para absolutamente nada. A impot?ia da ci?ia materialista ante os milagres n??m obst?lo tempor?o que possa ser removido por “progressos” futuros: ?m abismo intranspon?l. Os milagres, a come? por este que celebramos hoje, n?s?fatos comuns provisoriamente inexplicados: s?fatos de uma ordem espec?ca, com uma estrutura interna reconhec?l e irredut?l, distintos n?s?s fatos acess?is a esta ou ?ela ci?ia materialista, mas at?esmo a uma ut?a articula? de todas as ci?ias materialistas existentes ou por existir.

Bento XVI

25/12/2008
Bas?ca Vaticana «Quem se compara ao Senhor, nosso Deus, que tem o seu trono nas alturas e Se inclina l?o alto a olhar os c? e a terra?» Assim canta Israel num dos seus Salmos (113/112, 5s.), onde exalta simultaneamente a grandeza de Deus e sua benigna proximidade dos homens. Deus habita nas alturas, mas inclina-Se para baixo… Deus ?mensamente grande e est?ncomparavelmente acima de n?Esta ? primeira experi?ia do homem. A dist?ia parece infinita. O Criador do universo, Aquele que tudo guia, est?uito longe de n?assim parece ao in?o. Mas depois vem a experi?ia surpreendente: Aquele que n??ompar?l a ningu? que «est?entado nas alturas», Ele olha para baixo. Inclina-se para baixo. Ele v?os a n?e v?e a mim. Este olhar de Deus para baixo ?ais do que um olhar l?as alturas. O olhar de Deus ?m agir. O facto de Ele me ver, me olhar, transforma-me a mim e o mundo ao meu redor. Por isso logo a seguir diz o Salmo: «Levanta o pobre da mis?a…» Com o seu olhar para baixo, Ele levanta-me, toma-me benignamente pela m?e ajuda-me, a mim pr?o, a subir de baixo para as alturas. «Deus inclina-Se». Esta ?ma palavra prof?ca; e, na noite de Bel? adquiriu um significado completamente novo. O inclinar-Se de Deus assumiu um realismo inaudito, antes inimagin?l. Ele inclina-Se: desce, Ele mesmo, como crian?na mis?a do curral, s?olo de toda a necessidade e estado de abandono dos homens. Deus desce realmente. Torna-Se crian? colocando-Se na condi? de depend?ia total, pr?a de um ser humano rec?nascido. O Criador que tudo sustenta nas suas m?, de Quem todos n?ependemos, faz-Se pequeno e necessitado do amor humano. Deus est?o curral. No Antigo Testamento, o templo era considerado quase como o estrado dos p?de Deus; a arca santa, como o lugar onde Ele estava misteriosamente presente no meio dos homens. Deste modo sabia-se que sobre o templo, escondida, estava a nuvem da gl? de Deus. Agora, est?obre o curral. Deus est?a nuvem da mis?a de uma crian?sem lugar na hospedaria: que nuvem impenetr?l e, no entanto, nuvem da gl?! De facto, de que modo poderia aparecer maior e mais pura a sua predilec? pelo homem, a sua solicitude por ele? A nuvem do encobrimento, da pobreza da crian?totalmente necessitada do amor, ?o mesmo tempo a nuvem da gl?. ?que nada pode ser mais sublime e maior do que o amor que assim se inclina, desce, se torna dependente. A gl? do verdadeiro Deus torna-se vis?l quando se abrem os nossos olhos do cora? diante do curral de Bel? A narra? do Natal feita por S?Lucas, que acab?s de ouvir no texto evang?co, conta-nos que Deus levantou um pouco o v?do seu encobrimento primeiro diante de pessoas de condi? muito humilde, diante de pessoas que habitualmente eram desprezadas na grande sociedade: diante dos pastores que, nos campos ao redor de Bel? guardavam os animais. Lucas diz-nos que estas pessoas «velavam». Nisto podemos ouvir ressoar um motivo central da mensagem de Jesus, na qual volta, repetidamente e com crescente urg?ia at?o Jardim das Oliveiras, o convite ?igil?ia, a permanecer acordados para nos darmos conta da vinda do Senhor e estarmos preparados para ela. Por isso, tamb?aqui talvez a palavra signifique algo mais do que o simples estar externamente acordados durante as horas nocturnas. Eram pessoas verdadeiramente vigilantes, nas quais estava vivo o sentido de Deus e da sua proximidade; pessoas que estavam ?spera de Deus e n?se resignavam com o aparente afastamento d’Ele na vida de cada dia. A um cora? vigilante pode ser dirigida a mensagem da grande alegria: esta noite nasceu para v? Salvador. S?cora? vigilante ?apaz de crer na mensagem. S?cora? vigilante pode incutir a coragem de p?e a caminho para encontrar Deus nas condi?s de uma crian?no curral. Pe?os ao Senhor para que nos ajude, a n?amb? a tornarmo-nos pessoas vigilantes. S?Lucas narra-nos ainda que os pr?os pastores ficaram «envolvidos» pela gl? de Deus, pela nuvem de luz, encontravam-se dentro do resplendor desta gl?. Envolvidos pela nuvem santa ouvem o c?ico de louvor dos anjos: «Gl? a Deus no mais alto dos c? e paz na terra aos homens por Ele amados». E quem s?estes homens por Ele amados sen?os pequenos, os vigilantes, aqueles que est??spera, esperam na bondade de Deus e procuram-No olhando para Ele de longe? Nos Padres da Igreja, ?oss?l encontrar um coment?o surpreendente ao c?ico com que os anjos sa? o Redentor. At?quele momento – dizem os Padres – os anjos tinham conhecido Deus na grandeza do universo, na l?a e na beleza do cosmos que prov?d’Ele e O reflectem. Tinham acolhido por assim dizer o c?ico de louvor mudo da cria? e tinham-no transformado em m?a do c? Mas agora acontecera um facto novo, at?esmo assombroso para eles. Aquele de quem fala o universo, o pr?o Deus que tudo sustenta e traz na sua m? Ele mesmo entrara na hist? dos homens, tornara-Se um que age e sofre na hist?. Do jubiloso assombro suscitado por este facto inconceb?l, por esta segunda e nova maneira em que Deus Se manifestara – dizem os Padres – nasceu um c?ico novo, tendo o Evangelho de Natal conservado uma estrofe para n?«Gl? a Deus no mais alto dos c? e paz na terra aos homens». Talvez se possa dizer, segundo a estrutura da poesia hebraica, que este vers?lo nas suas duas frases diz fundamentalmente a mesma coisa, mas duma perspectiva diversa. A gl? de Deus est?o alto dos c?, mas esta sublimidade de Deus encontra-se agora no curral, aquilo que era humilde tornou-se sublime. A sua gl? est?obre a terra, ? gl? da humildade e do amor. Mais ainda: a gl? de Deus ? paz. Onde est?le, l?st? paz. Ele est??nde os homens n?querem fazer, de modo aut?o, da terra o para?, servindo-se para tal fim da viol?ia. Ele est?om as pessoas de cora? vigilante; com os humildes e com aqueles que correspondem ?ua eleva?, ?leva? da humildade e do amor. A estes d? sua paz, para que, por meio deles, entre a paz neste mundo. O te?o medieval Guilherme de S. Thierry disse uma vez: Deus viu, a partir de Ad? que a sua grandeza suscitava no homem resist?ia; que o homem se sente limitado no ser ele pr?o e amea?o na sua liberdade. Portanto Deus escolheu um caminho novo. Tornou-Se um Menino. Tornou-Se dependente e fr?l, necessitado do nosso amor. Agora – diz-nos aquele Deus que Se fez Menino – j??podeis ter medo de Mim, agora podeis apenas amar-Me. ?com tais pensamentos que, esta noite, nos aproximamos do Menino de Bel? daquele Deus que por n?uis fazer-Se crian? Em cada crian? h? rev?ero do Menino de Bel? Cada crian?pede o nosso amor. Pensemos, pois, nesta noite de modo particular tamb?naquelas crian? ?quais ?ecusado o amor dos pais; nos meninos da rua que n?t?o dom de um lar dom?ico; nas crian? que s?brutalmente usadas como soldados e feitas instrumentos da viol?ia, em vez de poderem ser portadores da reconcilia? e da paz; nas crian? que, atrav?da ind?ia da pornografia e de todas as outras formas abomin?is de abuso, s?feridas at?o fundo da sua alma. O Menino de Bel??m renovado apelo que nos ?irigido para fazermos tudo o que for poss?l a fim de que acabe a tribula? destas crian?; para fazermos tudo o que for poss?l a fim de que a luz de Bel?toque os cora?s dos homens. Somente atrav?da convers?dos cora?s, somente atrav?de uma mudan?no ?imo do homem se pode superar a causa de todo este mal, pode ser vencido o poder do maligno. Somente se mudarem os homens ?ue muda o mundo e, para os homens mudarem, precisam da luz que vem de Deus, daquela luz que de modo t?inesperado entrou na nossa noite. E falando do Menino de Bel? pensemos tamb?na localidade que responde ao nome de Bel? pensemos naquela terra onde Jesus viveu e que Ele amou profundamente. E pe?os para que l?e crie a paz. Que cessem o ? e a viol?ia. Que desperte a compreens?rec?oca, se realize uma abertura dos cora?s que abra as fronteiras. Que des?a paz que os anjos cantaram naquela noite. No Salmo 96/95, Israel e, com ele, a Igreja louvam a grandeza de Deus que se manifesta na cria?. Todas as criatura s?chamadas a aderir a este c?ico de louvor, encontrando-se l?amb?este convite: «Alegrem-se as ?ores da floresta, diante do Senhor que vem» (12s.). A Igreja l?ste Salmo tamb?como um profecia e simultaneamente uma miss? A vinda de Deus a Bel?foi silenciosa. Somente os pastores que velavam foram por uns momentos envolvidos no esplendor luminoso da sua chegada e puderam ouvir uma parte daquele c?ico novo que brotara da maravilha e da alegria dos anjos pela vinda de Deus. Esta vinda silenciosa da gl? de Deus continua atrav?dos s?los. Onde h??onde a sua palavra ?nunciada e escutada, Deus re?os homens e d?e-lhes no seu Corpo, transforma-os no seu Corpo. Ele «vem». E assim desperta o cora? dos homens. O c?ico novo dos anjos torna-se c?ico dos homens que, ao longo de todos os s?los, de forma sempre nova cantam a vinda de Deus como Menino e, a partir do seu ?imo, tornam-se felizes. E as ?ores da floresta v?at?le e exultam. A ?ore na Pra?de S?Pedro fala d’Ele, quer transmitir o seu esplendor e dizer: Sim, Ele veio e as ?ores da floresta aclamam-No. As ?ores nas cidades e nas casas deveriam ser algo mais do que um costume natal?o: indicam Aquele que ? raz?da nossa alegria – o pr?o Deus que por n?e fez menino. O c?ico de louvor, no mais fundo, fala enfim d’Aquele que ? pr?a ?ore da vida reencontrada. Pela f?’Ele, recebemos a vida. No sacramento da Eucaristia, d?e a n?d?ma vida que chega at? eternidade. Nesta hora, juntamo-nos ao c?ico de louvor da cria? e o nosso louvor ?o mesmo tempo uma ora?: Sim, Senhor, fazei-nos ver algo do esplendor da vossa gl?. E dai a paz ?erra. Tornai-nos homens e mulheres da vossa paz. Amen.

Revista Veja

25/12/2008
Expedito Filho H?uas semanas, a Comiss?de Constitui? e Justi?(CCJ) da C?ra dos Deputados deu seq?ia ao projeto de reforma pol?ca, por meio de um parecer que altera o calend?o eleitoral a partir de 2010. De acordo com as propostas reunidas nesse parecer, os mandatos dos cargos executivos s?estendidos de quatro para cinco anos, acaba a reelei? para presidente da Rep?ca, governadores e prefeitos e o voto deixa de ser obrigat?, entre outras modifica?s (veja o quadro). Parece bom, mas ?reciso muito cuidado nessas horas. Reforma pol?ca ?ma daquelas id?s que, exemplares no papel, correm o risco de se transformar em monstrengos casu?icos na realidade. O bicho-pap?mais feio que pode emergir dela ? possibilidade legal de permitir uma terceira elei? consecutiva a Lula ou at?esmo de prorrogar sua perman?ia no Pal?o do Planalto. Esse golpe branco ?ventado com mais intensidade sempre que ?nunciado um pico de aprova? do presidente. Nessas horas, surgem petistas e aliados do governo que tentam vender gato por lebre. Ou seja, popularidade por legitimidade para esculhambar as institui?s. O deputado Carlos Willian de Souza, do PTC de Minas Gerais, disciplinado soldado da tropa de choque oficial, ?ma das vozes do casu?o mais estridentes. Ele anunciou que, em fevereiro pr?o, t?logo sejam reabertos os trabalhos legislativos, vai materializar a proposta de re-reelei? de Lula. H??os deputados que, apesar de se dizerem contr?os em p?co, no momento prop?o votar?pela possibilidade de mais um mandato do presidente, anima-se Willian. S?remotas as chances de aprova? em tempo h?l de uma emenda constitucional espec?ca que permita o terceiro mandato para Lula, mas os planos alternativos e silenciosos continuam em andamento. No esbo?do primeiro parecer da CCJ, por exemplo, algumas propostas reunidas pelo deputado-mensaleiro Jo?Paulo Cunha, do PT, previam o fim da reelei? para os futuros governantes, mas nada falavam sobre o mandato do atual presidente. O deputado Ronaldo Caiado, do Democratas de Goi? enxergou uma omiss?intencional. Criava-se o vazio e ponto final. Sem lei autorizando nem proibindo, o presidente poderia ser candidato a um terceiro mandato, explicou o parlamentar, que exigiu a retirada dessas propostas. Os petistas reagiram com veem?ia. A oposi? est?nxergando fantasmas em pleno meio-dia, ironizou o deputado Jo?Paulo Cunha, apoiado pelo tamb?mensaleiro Jos?eno?. A rea? deles mostra que a nossa desconfian?fazia sentido, devolveu Caiado. Andre Dusek/AE O fato ?ue, na aus?ia de candidatos vi?is ?resid?ia da Rep?ca, o petismo e suas adjac?ias resistem a entregar a rapadura. Al?da proposta do deputado Carlos Willian, ser?analisadas na Comiss?de Constitui? e Justi?mais de duas dezenas de emendas tratando da dura? de mandatos e data de elei?s. Est?a combina? de duas propostas j?onsideradas constitucionais pelos parlamentares o que os petistas chamam de plano B. Em vez de realizar um pleito a cada dois anos, o Brasil teria elei?s gerais. Assim, presidente, governadores, prefeitos, deputados federais e estaduais e vereadores seriam escolhidos numa mesma elei?. A malandragem ?ue os mandatos do presidente, governadores, senadores e deputados acabam em 2010, enquanto os dos prefeitos e vereadores que est?para tomar posse, apenas em 2012. Ou seja: para unificar tudo seria necess?o alongar os atuais mandatos dos cargos executivos em mais dois anos. Defensor mais barulhento dessa proposta, o deputado petista Devanir Ribeiro – que no in?o do ano articulou a realiza? de um plebiscito sobre o terceiro mandato presidencial – jura que ela nada tem a ver com a perman?ia de Lula por mais tempo no poder. ?claro que n? Devanir... Eles n?desistem.

Nivaldo Cordeiro

24/12/2008
“Mal visto mal dito”. Samuel Beckett O segundo n?o da revista DICTA&CONTRADICTA chegou ?livrarias e conseguiu a proeza de n?ficar inferior ao primeiro. N?cabe aqui um coment?o gen?co sobre o conte?amplo que carrega. Quero sublinhar apenas a transcri? da palestra dada pelo fil?o italiano Massimo Borghesi, proferida no Instituto Internacional de Ci?ias Sociais no ?mo dia 02 de outubro. A data permitiu ao fil?o ligar seu tema – o mundo ap? crise das utopias – ?rise econ?a que ent?emergia e que foi o fator determinante para a elei? hist?a de Barack Obama nos EUA. Borghesi ?rofessor titular de Filosofia Moral na Universidade de Perugia, de ?ica e Filosofia na Universidade S?Boaventura e de Hermen?ica e Filosofia na Universidade Urbaniana de Roma. Apesar de suas credenciais sua obra n?foi ainda traduzida para o portugu? A entrevista se reveste assim da maior import?ia, pois mostra a erudi? do fil?o no despojamento de uma aloca?, apresentando-se ao p?co brasileiro. V?-lo passear pelo confronto das ideologias em seus momentos de apogeu. Sua conclus?impressiona: “Em resumo, o que aconteceu de 1968 a 1989 e at?008? Passamos da utopia coletivista a um individualismo exasperado, e depois ?onsci?ia de que tanto um quanto o outro s?ideologias. ?ideologia o marxismo, ?deologia a id? de que a globaliza? traz o para? ?erra. Tudo n?passa de ideologia. Na realidade pr?ca, s?necess?os tanto o Estado como o mercado; s?necess?as tanto a na? como a abertura como a realidade supranacional, tanto a laicidade como a abertura para a dimens?religiosa, tanto a f?omo a raz? Esta ? compreens?realista, que considera as diferen? e ao mesmo tempo trabalha para traz?as a uma poss?l harmonia... Um modelo ?deol?o precisamente quando pretende simplificar a realidade, reduzindo-a ?nidade. A realidade n??ma: vive de tens?que t?de ser contidas para que n?se tornem conflitivas, para que explodam. Isso vale para as suas diversas formas, desde classes sociais e religi?at?s na?s e os estados... Por isso, pede sempre uma ‘pol?ca’ em sentido amplo, pol?ca que ? arte, n?apenas do poss?l, mas a arte de criar rela?s tranq?s entre diversas entidades contrapostas”. N?se pode discordar desse sensato ponto de vista. A palestra foi seguida por um debate em que perguntas importantes foram colocadas ao palestrante, tornando seu conte?ainda mais rico. A pergunta que eu lhe faria ? mesma que eu teria feito a Voegelin se vivo fosse: o que pensa sobre os Estado Unidos e seu papel no mundo. Borghesi, como o fil?o alem? parece enxergar a realidade mundial pelo prisma europeu, como se ainda a Europa fosse o centro gerador do poder e da economia. E, junto com essa pergunta emendaria outra, para saber a sua opini?sobre a ideologia mais s?a, consistente e persistente no meio universit?o ocidental, o materialismo ateu diverso do marxista, de vertente darwinista e positivista. Esta ?ma tem moldado a alma da intelectualidade, a ponto de, se algu?se disser crist? passar a ser encarado como um exc?rico. Borghesi relata o confronto entre anarquistas e marxistas em 1968, o fim do comunismo (algo discut?l) em 1989 e a derrocada da solu? dada pelo mercado globalizado desde ent?e aparentemente esgotada com a crise atual. O fil?o se perguntou: “E quando o marxismo morre, o que fica? Permanece, como vimos, a parte negativa, que ?quela que chegou at?s nossos dias a atingiu milh?de jovens nestes ?mos anos. Se n?h?ais nada a que valha realmente a pena dedicar a vida, a ?a coisa que resta ?nriquecer e progredir sem escr?os. Isso significa, no final das contas, que s?rmanece a id? do ‘burgu?em estado puro’, um burgu?que n?tem mais nenhum interesse ideal com exce? do que enriquecer sem nenhum freio ?co ou moral”. Eu tenho a impress?que o marxismo n?morreu. Persiste, est?ais vivo do que nunca. Na boca dos governantes, da imprensa e dos professores universit?os est?empre a palavra m?ca “igualdade”, sempre seguida de “direitos”, ecos sonoros na filosofia de Rousseau. Este fil?o triunfou nos dois lados, na ribalta onde as massas propagam seus slogans marxistas igualitaristas e no sil?io murmurante das c?dras, onde as ?cas materialistas n?marxistas dominam, a come? no ?ito da rainha das ci?ias sociais, a Economia. Onde poderemos encontrar o “burgu?em estado puro” de forma mais acabada? Precisamente nas obras cient?cas dos economistas e suas fun?s maximizadoras, que carregam em si uma antropologia completamente diversa da greco-crist?supondo uma caricatura de homem que remonta a Epicuro. E tamb?no ?ito do Direito e da Ci?ia Pol?ca, em que a vis?de Locke e Kant (vale dizer, dos est?s) tomou conta. Burgu?em estado puro. Borghesi tamb?afirmou: “O ?mo elo das ideologias de 89 a cair ? id? do mercado global, que constitui o problema dos dias atuais. A atual crise do sistema financeiro americano, de 2008, p?os novamente cara a cara com o primado do pol?co, aquele fator que tinha sido esquecido. Acabou-se a era do mercantilismo: agora, todos gritam que o mercado deve ser submetido a regras e todos almejam a ‘economia real’ contra a tal ‘economia financeira’ que reinou inconteste durante todos esses anos”. Aqui temos que recuperar a cita? acima, sobre o primado da pol?ca: “Por isso, pede sempre uma ‘pol?ca’ em sentido amplo, pol?ca que ? arte, n?apenas do poss?l, mas a arte de criar rela?s tranq?s entre diversas entidades contrapostas”. Ora, a guerra tamb??ol?ca por outros meios e mesmo em tempos de paz as rela?s entre os atores sociais est?longe de serem “tranq?s”. Essa afirma? do fil?o talvez expresse menos uma an?se do que um desejo sincero. Se Borghesi estiver certo ao dizer que a ideologia cega leva ?onclus?de que, “se n?h?ais nada a que valha realmente a pena dedicar a vida, a ?a coisa que resta ?nriquecer e progredir sem escr?os”, o que fazer ent?se a crise que chegou impuser um empobrecimento generalizado e incontrolado, nos moldes de 1929? Vou lhe dizer, caro leitor: esses seguidores de ideologias, que j??v? nenhum sentido no viver, cair?na desesperan?mais radical. Um mundo assim vai se tornar demasiado perigoso, n?apenas no plano individual, mas sobretudo no plano pol?co. Um mundo assim far?ente como Hitler renascer.

Denis Lerrer Rosenfield

24/12/2008
Viagem ?maz? :: Denis Lerrer Rosenfield Visitei, no in?o de dezembro, a regi?a convite do Comando Militar da Amaz?. A viagem fez-se dentro do Programa Calha Norte, voltado para a manuten? da soberania nacional e da integridade territorial da Regi?Amaz?a e para a promo? do desenvolvimento regional. As observa?s a seguir s?de minha inteira responsabilidade e n?envolvem nenhuma das autoridades militares que fizeram parte dessa miss? O objetivo da miss?era visitar os Pelot?Especiais de Fronteira (PEFs), postos avan?os do Ex?ito nas fronteiras da Amaz?, brigadas do Ex?ito, o VII Comar (Manaus) e o Distrito Naval de Manaus, abrangendo, portanto, as tr?For?. Os locais visitados foram Manaus, Barcelos, S?Gabriel da Cachoeira, Maturac?Sucurucu e Boa Vista. A vis?a?a da regi? sobretudo na viagem ?ronteira norte em dire? ?enezuela e ?uiana, ?e completo despovoamento, com floresta amaz?a cerrada. Os Pelot?Especiais de Fronteira, no caso das visitas a Sucurucu e a Maturac?situam-se, podemos dizer, in the middle of nowhere. Se n?fossem eles, ter?os uma regi?totalmente desprotegida, que apenas poder?os dizer que se trata de terra brasileira. A soberania n??omente uma quest?abstrata de demarca? territorial, mas de efetiva presen?brasileira. Sem o Ex?ito e as For? Armadas em geral, as portas estariam abertas para que essa regi?pudesse tornar-se de outras na?s, o que, no vocabul?o atual, significa patrim? da humanidade. N?nos deixemos seduzir por esse jogo ideol?o das palavras. A presen?militar nessa regi?de fronteira ?onstitu? por em torno de 26 unidades militares, claramente insuficientes para as reais necessidades do Pa? Hoje se fala muito, a partir de um decreto assinado pelos ministros da Justi?e da Defesa, de amplia? para mais 28 PEFs, assegurando a soberania nacional nessas terras ind?nas. H?por? um componente demag?o nessa discuss? pois os pelot?existentes t?muitas car?ias. N?h?atualmente, recursos para a constru? desses novos PEFs. O que houve foi um ato de desviar a aten? do julgamento da Raposa-Serra do Sol, com o intuito de favorecer a demarca? cont?a. O Estado brasileiro nessas regi??ompletamente ausente. Ou melhor, a sua presen?se faz unicamente gra? ?For? Armadas. Toda a regi?de fronteira amaz?a se caracteriza pelos mais diferentes tipos de il?tos, do tr?co de drogas ao desmatamento, passando por contrabando de armas e garimpo. Trata-se, literalmente, da lei da selva. As fronteiras s?extremamente perme?is, pois, por exemplo, a dist?ia entre um pelot?e outro varia de 150 a 300 quil?ros. O Cimi e a Funai t?propagado a id? de que o Ex?ito n??ecess?o, pois os ?ios defendem a fronteira. Nada de mais falso. Os ?ios n?t?nenhum sentido inato de p?ia. Os ianom?s, por exemplo, vivem em pequenas aldeias, com pouco contato com os civilizados, brancos e caboclos, alimentando-se basicamente de farinha e de pouca ca? Circulam entre fronteiras e s?tutelados pela Funai e por miss?religiosas que lhes inculcam ainda mais o sentido do isolamento, da separa? e, mais recentemente, a id? de na?, distinta da brasileira. Quem defende a fronteira ? Ex?ito. O que, sim, existe s?brasileiros ?ios. S??ios que se tornaram brasileiros, o que significa, nas regi?visitadas, que se tornaram brasileiros gra? ?ua incorpora? ao Ex?ito. Nem teriam, n?fosse isso, o dom?o de nossa l?ua. N?faz o menor sentido falar de defesa do territ? nacional, de nossa soberania, sem as For? Armadas. Quem o faz, na verdade, est?azendo um jogo contra o pr?o Pa? No dizer de um membro da comitiva, s?brasileiros ?ios, e n??ios brasileiros. Os ?ios incorporam-se voluntariamente ao Ex?ito, que se torna um meio de sua integra? ao Brasil. Ganham, em suas pr?as tribos, prest?o e melhoram a sua condi? de vida. Guardam tamb?as suas tradi?s, voltando ?suas aldeias, no interior desse processo de acultura? que os faz brasileiros. ?isso que suscita a rea? da Funai e do Cimi, que t?como objetivo segreg?os e isol?os, dentro de um outro projeto pol?co. Em S?Gabriel da Cachoeira h?m batalh?completamente ind?na, de diferentes etnias. Em Maturac?o pelot??onstitu? por ind?nas de 22 etnias. Todos uniformizados e bem treinados para a guerra na selva. Segundo os comandantes militares, trata-se dos melhores guerreiros da selva. Presenciei uma cerim? militar altamente impactante. ?dif?l n?ser sens?l a ela. O local foi, em S?Gabriel da Cachoeira, uma colina que d?ara o Rio Negro. L?a tropa estava perfilada, para uma formatura, com a presen?do comandante militar da Amaz?, o general Heleno. Fazia parte do ritual cantar o Hino Nacional. Naquele ermo do mundo, os soldados ind?nas cantavam o hino a plenos pulm? numa ades?pouca vezes vista. ?como se sua alma falasse atrav?desse canto, dessas palavras, numa irmandade que conferia a todos os presentes uma mesma uni? uma uni?nacional. Os brasileiros ind?nas s??ios aculturados, que se sentem brasileiros. Terminam se identificando com os caboclos, que s?o resultado da miscigena? de brancos com ?ios. O caboclo ? nativo da regi?e termina servindo, para o ind?na, como modelo de integra? ao mundo n?ind?na. ?um equ?co conceitual opor ?ios aos brancos, dentro de uma regi?que j? o produto de um processo de acultura? e, sobretudo, de miscigena? racial, com casais constitu?s de diferentes ra? e etnias. O caboclo ?ruto de todo o processo hist?o brasileiro. Os que se op??cultura? e propugnam pelo isolamento visam, na verdade, a se opor a todo o processo hist?o que resultou na Na? brasileira. * Professor de Filosofia na UFRGS