O ABORTO NO PARA?O TERRESTRE
Reduzido o ser humano a “produtor” e “consumidor”, segundo as exig?ias do “sistema econ?o-financeiro”, a produ? representa o princ?o da realidade e o consumo, o princ?o do prazer. Todo o bem consiste em n?perder de vista que viver ?roduzir e consumir, podendo, esse bin?, ser traduzido juridicamente em deveres (e obriga?s) e direitos. Assim, a ?a e verdadeira crise ? crise de ordem econ?o-financeira, a crise ontol?a por excel?ia, pois as demais, apenas epifenom?cas, atingem somente valores que s?meros sentimentos subjetivos, de ordem cultural ou religiosa, pouco importando na efetiva conquista do bem-estar.
Neste contexto existencial, perde o sentido maior a discuss?a respeito do valor da vida humana como bem ontol?o de todos. Com efeito, o sistema internacional, acima do bem e do mal, controla o planeta Terra com a finalidade de propiciar o m?mo de produ? e de consumo. Ele ? senhor que financia os meios e imp?imita?s ao direito de existir de certos seres humanos, sob o sofisma de que ?ara o bem de todos. Por isso, tem o direito de controlar, livremente e sem constrangimento, o consumo de todos os seres humanos, estabelecendo os que devem ser descartados, antes ou depois de nascer. Nada nem nunca houve algo de t?t?co da chamada “consci?ia burguesa”, hoje tamb?uma das mais altas bandeiras das esquerdas, “filhotas” do marxismo.
Os “abortistas” t?verdadeira ojeriza ao livro da B?ia, principalmente ?oncep? de Deus pessoal, Deus da vida, e pela transcend?ia do para? prometido a todos enquanto conquistado na efetiva a? hist?a concreta de promo? de toda vida humana. Em nome do empenho de conquistar o para? terrestre, sin?o da felicidade individual e coletiva, fechado exclusivamente no tempo e s?ra o tempo, os “abortistas” seguem, pregam e imp?a “religi?at?” dos que comandam o “Sistema da Terra”. Apresentam, por isso, como inevit?l e normal a doutrina que autoriza a matar os nascituros indesejados, podendo, contudo, chegar aos nascidos improdutivos. Tudo como exig?ia inquestion?l da “M?Terra” que condiciona, assim, a entrada na habita? do para? terrestre, sem culpa, sem dor, sem mis?a, manifestando o grande poder representado pelos senhores da morte, quer no Brasil, quer no exterior. Esta, a nova consci?ia humana a ser pregada e difundida pelos “abortistas”. Mesmo n?sendo expl?ta, no in?o, a ordem ? de cortar qualquer liga? com Deus transcendente, com a consci?ia moral natural que da?ecorre, para relativizar todos os valores fundamentais insertos na ordem jur?ca. ?que o direito ?ida, em ?ma inst?ia, acabar?logicamente, a se reduzir, para os “abortistas”, a uma quest?meramente religiosa, isto ?de uma religi?de te?o transcendente, j?ue a defesa ?ma dos que propugnam pelo aborto, a rigor, tamb??eligiosa em seus pressupostos ontol?os e em sua prega? salv?ca. Esta a maior irracionalidade da pretensa racionalidade dos “abortistas”.
O aborto ?m sofisma. N?? direito ?ida inerente ao valor do ser humano. Para os “abortistas”, o direito ?ida, fora do bin? produtor/consumidor – que por si ?arantia de vida -, reduz-se ?liga?s afetivas entre as pessoas, donde nasce a dor da perda, a ?a que subjetivamente importa. Assim, o nascituro ainda n??onhecido para possibilitar liga?s afetivas mais completas e complexas, tornando menos aguda a sua destrui? e destina? para o lixo. A m? aconselhada e induzida a matar seu filho nascituro por agentes especializados, e que, com isso, decide pelo abortamento, n?ver?ada. E, no entanto, ainda que este n?deixe vest?o algum de que existia de fato, que era algu? um ser humano, esta m?dificilmente conseguir?ivrar-se da culpa. Se o nascituro sofre ao ser assassinado, pouco importa, pois ningu?v?ua dor e seu instinto de viver, porque tudo ?eito por um profissional da morte a servi?do sistema envolvente – e as liga?s afetivas ainda n?s?t?profundas e amplas. Al?disso, outros profissionais da morte se encarregam da limpeza psicol?a na m?e familiares. Tudo no mais absoluto sil?io, na maquina? sigilosa entre quatro paredes, bem longe da m?a. E o Governo brasileiro, como j?e manifestou favor?l ao direito de matar crian? n?nascidas, n?s?dossa esse modelo de sociedade, mas promete recursos financeiros necess?os para as m? executarem seus filhos nascituros, mesmo n?existindo, atualmente, verbas para atender a um padr?m?mo da sa? Espera apenas a autoriza? legislativa.
Tudo isso porque o direito ?ida n??ais um direito do ser, mas ?penas o conjunto das liga?s afetivas do ser com a m? com seus familiares e seus amigos. Um bom apagador, qu?co ou ps?ico, das liga?s afetivas resolve o problema da vida e da morte, viabilizando definitivamente o para? terrestre movido pelo impulso do Sistema da Produ? e do Consumo, n?mais existindo, ent? pobres, culpa, dor, ang?a, pois nem Deus ser?ais necess?o. E, finalmente, ningu?mais ousar?iscutir a necessidade da pr?ca do aborto, pois tudo estar?ob os olhares bondosos do Estado provedor da felicidade.
* Advogado e fil?o, Membro da Comiss?de Defesa da Rep?ca e da Democracia da OAB-SP.