Percival Puggina

11/03/2011
A verdade vos libertará (Jo 8:32). Será preciso dizer mais sobre o valor da verdade para o ser humano? A sabedoria desta esplêndida frase repousa, muito especialmente, em evidenciar que assim como a bússola só funciona perante o norte magnético, a liberdade é uma conquista da verdade. E só frente a ela, que a precede, pode ser exercida. A liberdade de quem desconhece a verdade, ou a despreza, é perdição por desorientação, bússola sem ponteiro. Isto posto, não creio que qualquer consciência bem formada recuse-se à busca da verdade ou opte por viver na mentira. É neste enquadramento moral que desejo analisar a criação da tal Comissão Nacional da Verdade, sob exame do Congresso. Em textos anteriores e em diversos programas de rádio e tevê já me posicionei contra a proposta, invocando motivos de natureza histórica e política. Hoje quero apreciar o tema sob este outro aspecto. Como o senhor pode ser contra a busca da verdade?. Tal pergunta já veio parar na Caixa de entrada do meu correio eletrônico. Eu? Mas eu amo a verdade, moço! Amo-a com amor zeloso e sem ciúmes! Eu a quero universal e para todos. Mas porque a amo, repugna-me a possibilidade de vê-la submetida a lúbricas manipulações. E não tenho a menor dúvida de que é exatamente isso que vai acontecer quando os grandes bandos da política nacional e aqueles cientistas das nossas ciências humanas, militantes engravatados, intelectuais sutis e ardilosos, se debruçarem sobre o lixo da história. Os achados de suas pinças ideológicas, dos interesses políticos, dos ressentimentos e das vinditas serão tudo, menos a verdade. Se já fazem isso, descaradamente, nas salas de aula, com a história brasileira e universal, o que não farão com as controvérsias do passado recente? Vá lá que manipulem a juventude (pois ao que parece quase ninguém se importa). Vá lá que subestimem, não raro com ganhos, a inteligência do povo. Vá lá que apresentem suas maracutaias como maracutaias do bem. Vá lá que vivam afundados em incoerências e contradições. Mas, por favor, não esperem contar com a complacência de quem ainda não perdeu o senso crítico e a capacidade de analisar o que vê. A verdade, leitor amigo, é um bem imenso. Sabemos todos. No entanto, é preciso reconhecer que a verdade sobre certos fatos históricos sempre terá pelo menos dois lados. Conto um episódio recente para exemplificar a impossibilidade de se chegar a ela sob determinadas circunstâncias políticas e - maior ainda a impossibilidade - através de interessados de insuspeita suspeição. Uma senhora foi a Cuba. Senhora de esquerda, do tipo que usa brinco com estrela, pingente com estrela e tem estrela no carrinho do bebê. Foi cheia de entusiasmo para conhecer a imagem viva do seus afetos ideológicos. O refúgio do companheiro Zé Dirceu. O paraíso caribenho de Lula. A terra do socialismo real. Quando retornou, a família caiu-lhe em cima com suas curiosidades. Longos silêncios, muxoxos e frases desconexas eclodiram, depois de alguns dias, neste desabafo restrito ao circuito mais íntimo: Tá, aquilo é uma droga. Mas eu não posso ficar dizendo, tá?. Tá, madame. Yo la entiendo. A verdade sobre Cuba fica entre quatro paredes. Agora, vamos cuidar da verdade sobre o Brasil, é isso? Se uma simples militante age assim, o que farão os patrões e patronos da pretendida investigação histórica? Na perspectiva da verdade, a questão que eu levanto às pessoas de bom senso é esta: no dia em que estiverem interessados em tal ou qual verdade, seja lá sobre o que for, vocês irão buscá-la com o José Genoíno? Com o José Dirceu? Com o Paulo Vannuchi? Com o Franklin Martins? Com uma comissão nomeada pelo ministro Jobim de todos os governos? Não, claro que não. Quem sabe com o Marco Aurélio Garcia, Marilena Chauí, Alfredo Bosi, Luis Eduardo Greenhalgh? Também não? E com Frei Beto, Emir Sader, Chico Buarque? Bem, desisto. Eis por que desacredito, também, da pretensa Comissão da Verdade. Desse mato, com tais interessados, só sairão cobras e lagartos. Coelhos, aí, duram até a hora da primeira refeição. ______________ * Percival Puggina (66) é titular do blog www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Ricardo Froner

09/03/2011
DEUS NÃO É BRASILEIRO, MAS VÁRIOS DEMÔNIOS SÃO. (Eng. Ricardo Froner).

Percival Puggina

04/03/2011
Escrevi, há coisa de duas semanas, que o longo braço de Brasília não respeita distância nem tradição. Onde houver uma unidade administrativa, lá está presente a interferência federal dispondo sobre todos e sobre quase tudo. Vivemos um federalismo de faz de conta, num país continental que reverencia o poder central e que adora o novo bezerro de ouro, o cofre para onde flui 23% do PIB nacional, ou seja, 63% dos impostos pagos pela nação. Quem andar ali na volta, com pires na mão, ganha uma beirinha. Quem chegar de jatinho particular ganha um beirão. As mazelas do nosso federalismo não se restringem à tesouraria. Veja-se o que aconteceu com a tentativa de impor a todo o setor público um teto salarial. O que parecia corretíssimo para acabar com os marajás se revelou completa frustração. O teto ficou mais furado que o telhado de zinco cantado em Chão de estrelas. No passo seguinte, arrastou consigo, de Roraima ao Rio Grande do Sul, verdadeira multidão de servidores de carreiras nas quais a distância entre o teto e o piso se mede em milímetros. Resultado: uma encorpada de grande vulto nas despesas de pessoal da União, Estados e Municípios. Não sei se não teria saído mais barato continuar custeando os marajás... É que as coisas, no Brasil, funcionam às avessas. Evitamos o que dá certo e reproduzimos o que deu errado. Assim, o Congresso Nacional, pelo engenho e arte dos peritos em conceder benefícios a alguns e mandar as contas para todos nós, abriu novos filões nessa mina de votos. Deixou de lado o teto e passou a estabelecer pisos nacionais para algumas categorias suficientemente numerosas, capazes de retribuir com balaio de votos a amável cortesia parlamentar. O piso nacional dos professores foi garimpado nessa jazida da demagogia federal. Ninguém se preocupa com a capacidade de pagamento dos Estados e Municípios. Ninguém se preocupa com remunerar bem os bons professores. Meritocracia? Nem pensar! É palavrão no vocabulário das corporações. Apoiar a mediocridade rende muito mais. Votos para uns e conta para os contribuintes dos poderes locais. Pois eis que surge nova investida contra o debilitado federalismo brasileiro. O Ministério da Educação publicou, nesta semana, portaria que institui, a partir de 2012, a Prova Nacional de Concurso para Ingresso na Carreira Docente, a ser realizada uma vez por ano, em todas as unidades da Federação. Sabe quem cuidará disso? Bidu! O mesmo INEP (o trocadilho é demasiadamente óbvio) que tem ganho manchetes com as sazonais trapalhadas do ENEM. Passou da hora de o Congresso Nacional pôr freio nisso. Mas não põe. E já há quem pense assim: se é para centralizar tudo, se a autonomia dos Estados e Municípios não é mais desejável, se é para bebermos, sempre, na mesma e única fonte dos sistemas únicos, se os adjetivos estadual e municipal são sinônimo de indigência e insuficiência, acabemos, então, com a intermediação nessa Federação de engodos e adotemos a forma unitária de Estado. Estaremos ao mesmo tempo extinguindo com a democracia, claro. Mas se ninguém percebe o que está acontecendo, se ninguém vê que nos imolamos voluntariamente no altar do poder central, se ninguém defende a Federação, quem se importará? Só eu? ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo, Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e gaviões.

Carolina Bahia

04/03/2011
O PIBÃO E O VENTO Carolina Bahia, em ZH de 04/03/2010 O PIB gigante de 2010 não vai se repetir em 2011 porque o Brasil esqueceu de se preparar para crescer. E, agora, não adianta o governo reclamar da administração tucana. O presidente Lula teve oito anos para sedimentar os eixos da economia. Os investimentos em infraestrutura poderiam ter saído do papel, com a redução de burocracias, com a eleição de prioridades. Apesar de todo o barulho das várias versões do PAC, o país não consegue nem mesmo ter aeroportos decentes para garantir ? sem sobressaltos ? a Copa de 2014. Estradas e portos em condições de sustentar a economia aquecida por mais de dois anos, nem se fala. Este é um dos gargalos. O outro, é a falta de tradição em crédito de longo prazo para incentivar as indústrias locais. O resultado é o consumo mais acelerado do que a produção, provocando o dragão adormecido da inflação. A administração Dilma paga agora pela falta de planejamento do passado, quando ela era a gerente do governo Lula.

William Paley

03/03/2011
OS TRUQUES DO DISCURSO POLÍTICO Parecemos estupefactos ao ver a multidão ser conduzida por meros sons, mas devemos lembrar-nos que, se os sons operam milagres, é sempre graças à ignorância. A influência dos nomes está na proporção exacta da falta de conhecimento. De facto, até onde tenho observado, na política, mais que em qualquer outra área, quando os homens carecem de alguns princípios fundamentais e científicos aos quais recorrer, eles tornam-se aptos a ter o seu entendimento manipulado por frases hipócritas e termos desprovidos de sentido, dos quais todos os partidos em qualquer nação têm um vocabulário. William Paley, in The Principles of Moral and Political Philosophy

Percival Puggina

26/02/2011
Não, leitor, não estou ficando louco, nem fui cooptado. Afirmo que ambos são bons exemplos para evidenciar a diferença entre as funções de chefe de Estado e de chefe de governo, tarefas que, em nosso país, incorremos na rematada tolice de atribuir à mesma pessoa. Nestes últimos dias, a mídia tem comentado a dedicação da presidente às atividades relacionadas à gestão. Dá expediente e faz a equipe trabalhar às sextas-feiras. Um exagero. Uma demasia que espanta o país porque sexta-feira em Brasília é que nem segunda-feira em Brasília. Não se trabalha. Enfim, é exaustivo o cotidiano esforço da presidente para consertar o estrago que sua eleição determinou nas contas públicas com o ufanismo perdulário dos últimos anos. Criou-se, pois, uma situação curiosa. Em tudo que importa estamos sob o mesmo governo do ano passado. Trocamos cinco por meia dezena. Coube à mãe do PAC, não obstante, cortar R$ 50 bilhões do orçamento que seu governo propôs executar neste ano e fez aprovar - sabe quando? - três dias antes do Natal de 2010. Data da amputação: 9 de fevereiro de 2011. Eta orçamento com prazo de validade curtinho! Parece iogurte. Pois bem, enquanto trabalha, Dilma não viaja. Se não viaja, não segura criancinhas no colo, não massageia o ego dos políticos da base, não se vangloria, não exibe às lideranças planetárias os proclamados avanços sociais e econômicos do país, nem se oferece para resolver as encrencas que estão eclodindo no outro lado do mundo. Ou seja, Dilma está fazendo pouco, muito pouco, quase nada daquilo que Lula fazia em tempo integral como chefe de Estado porque continua dedicada ao que antes lhe competia como encarregada do governo. Eis por que Lula e Dilma são exemplos para se compreender a diferença entre as funções que, em nosso sistema, se fundem na presidência da República. É como se, numa grande empresa, as tarefas de marketing, ou de assuntos corporativos, fossem exercidas em acúmulo com as de produção industrial, por uma única pessoa. Não tem como dar certo, seja sob o ponto de vista das operações da empresa, seja sob o ponto de vista funcional e político no ambiente institucional do País. E tem mais. No governo existem unidades de despesa sem utilidade para o mercado político: o quadro de pessoal permanente, a previdência, a dívida e o custeio da máquina. As blue chips desse mercado são os investimentos e os cargos de livre nomeação, moedas de troca cujo tilintar mantém unida a base. E cabe também à presidência da República comandar essa imensa estrutura funcional-partidária com que é instrumentalizada uma administração pública que deveria ser profissional e imparcial. Não se requerem grandes suores nem fatigante aeróbica mental para compreender a estreita relação entre a corrupção (ocupamos o pornográfico 69º lugar no ranking) e o absurdo aparelhamento partidário da administração e das estatais. Estão em formação, na Câmara e no Senado, comissões para estudar a reforma política. Receio, receio muito, que esta pauta fique fora dos debates por prejudicial ao mercado, inconveniente, amaldiçoada. Lembro, porém, que todos os 20 países menos corruptos separam Estado, governo e administração. Por que será? Se não mudar nosso sistema de governo, o Congresso terá que explicar por que preservou em salmoura, intangível, um sistema ficha-suja que concede aos políticos 92% de rejeição. A oito centímetros do fundo do poço do descrédito. ZERO HORA, 27/02/2011

Percival Puggina

26/02/2011
Jamais especulo sobre a honra de quem quer que seja. Deixo esse trabalho para o jornalismo investigativo, para as instituições policiais e para o Ministério Público. É uma praia onde não sei nadar. O que me interessa nessa pauta não é a possibilidade de que alguma ONG esteja cobrando comissão de prefeituras para prestar serviços, recebendo por atividades que não executou, ou repassando recursos para partidos políticos. Quem tiver competência institucional ou funcional para averiguá-lo que o faça. E cadeia para os responsáveis. Interessa-me algo que está por trás dessas notícias. É a informação, surpreendente, de que existem ONGs que são ligadas ou aparelhadas por partidos políticos. Que funcionam como braços dos partidos. E que recebem dinheiro do governo. Mas desde quando partidos têm ou controlam ONGs que prestam serviços ao poder público? Que negócio é esse? Eu sei que a noção de limite acabou quando Getúlio se matou. Ele foi o último. Os que vieram depois e se viram em mar de lama parecem ter jurado a si mesmos que avançariam sempre, derrubando as barreiras do pudor e que resistiriam sob quaisquer circunstâncias. E o povão aplaude quem é persistente. Mesmo que no crime. Já não se trata, nesse nosso modelo institucional que funciona como um moedor da democracia, de os partidos fazerem o que lhes compete: consolidarem sua doutrina, planejarem sua ação, formarem seus quadros para o exercício do poder, analisarem as realidades nacionais, elaborarem diagnósticos e definirem estratégias de intervenção na realidade. Qual! Isso seria pedir muito a organizações que, no moinho do modelo institucional, viraram farinha de si mesmos. Ou, menos metaforicamente, se transformaram em cartórios políticos para viabilização dos processos eleitorais. Ou, mais incisivamente, varreram a dignidade como lixo para baixo dos espessos tapetes do poder. Quando comecei a vasculhar na rede informações sobre essas ONGs, fiquei sabendo, aparentemente com uma década de atraso, que se existe algo para o que não falta dinheiro no Brasil é para essas instituições. Curioso, não é mesmo? Não há recursos para o SUS, para Educação, para a Segurança Pública, para a infraestrutura nacional, para modernizar o transporte urbano e os aeroportos. Mas para uma ONG bem aparelhada, com o cordão umbilical ligado à placenta de um partido a serviço da causa (é sempre a mesma causa, em nome da qual a moral se ajoelha penitente), milhões são distribuídos com aquela prodigalidade de Silvio Santos lançando notinhas de cem ao auditório. Talvez o leitor não saiba, mas essa conta é grande e de todos nós. Trata-se da velha malandragem que venho apontando como pináculo das estratégias políticas nacionais, pela qual se toma dinheiro de todos para dar a alguns que se bronzeiam nas suaves enseadas do poder. A edição da Revista Exame do dia 23 de fevereiro, em sua Carta ao leitor, entra no coro e adverte para o preço que será pago pelo desleixo público, pela gastança em prol de benesses políticas, pelas bondades voltadas para alguns e pagas com o dinheiro de todos. Não estou generalizando sobre o vasto conjunto das Organizações Não Governamentais. Inúmeras delas se dedicam a nobres funções, envolvem intenso voluntariado e executam tarefas socialmente valiosas por muito menos do que custariam se cumpridas pelo setor público. Mas, convenhamos, ONG aparelhada por partido político e atendendo demandas do governo é uma bofetada no rosto do contribuinte. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo, Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e gaviões.

Reinaldo Azevedo

23/02/2011
AS COISAS QUE MAIS CRESCEM NO BRASIL: ONGS E VAGABUNDOS Reinaldo Azevedo Os dois grupos que mais se expandem no Brasil são ?ongueiros? e ?vagabundos?, sendo que raramente os primeiros se distinguem dos segundos. Existe os honestos? Claro que sim! Por isso mesmo estes não devem se ofender e até devem se orgulhar de sua condição de minoria. Há muitos anos criei a sigla ONGG, uma jabuticaba inventada no Brasil. A ONGG é a ?Organização Não-Governamental Governamental?. Em que consiste o truque? Partidos, geralmente no poder, criam eles próprios as ONGs que vão receber dinheiro do Estado para fazer ?trabalho social?, pervertendo, a um só tempo, o sentido do governo e da ONG. Todos vocês estão acompanhando a lambança da ONG do PC do B. Os comunistas do Brasil estão reclamando; eles se sentem perseguidos. É verdade, camaradas vermelhos! Fossem só vocês, seria menos grave, né? Mas o PC do B, vamos ser justos, nada mais faz do que copiar o modelo inaugurado entre nós pelo PT, que domina boa parte das entidades que recebem verba do governo ? assim como domina os sindicatos. Isso não quer dizer que os comunistas estejam fazendo bonito, né? Qual é o sentido de uma ONG? Originalmente, ela deveria fazer aquilo que o Estado não consegue, não pode ou não quer. E seu trabalho deveria, necessariamente, ser financiado com recursos próprios, não-estatais. Os fundos que manipula têm de vir do que consegue arrecadar na sociedade. Ora, o que aconteceu com as ONGs e suas parentes, as Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público)? Transformaram-se numa forma de terceirização do governo. Não! É pior do que isso: viraram intermediários entre a população e o governo; colocam-se, hoje, como uma camada burocrática a mais entre o estado e o cidadão. É rigorosamente isso o que acontece com o Programa Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes. Em vez de as cidades cuidarem do convênio com a pasta, isso fica a cargo de uma ONG, comandada por pessoas do mesmo partido do ministro Orlando Silva: o PC do BG. E o que faz a dita-cuja? Cobra um pedágio. Para quem vai esse dinheiro? Raios me partam se não acabar, na melhor das hipóteses, no caixa do PC do B; na pior, acaba no bolso de membros do PC do B. O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), disse que vai protocolar uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo investigação sobre todos os convênios denunciados. Ele também quer uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). ?Não podemos dar um cheque em branco para essas ONGs. Vamos exigir do Ministério (dos Esportes) explicações em relação à prestação de contas. Estas justificativas apresentadas até agora são superficiais e inconsistentes?, afirmou o líder do DEM. Convenham: por que cargas d?água as prefeituras têm de fazer convênio com a ONG e não com o Ministério? Tenham paciência! O Congresso já tentou fazer uma CPI das ONGs. Não chegou a lugar nenhum. Hoje, elas são uma das principais fontes de escoamento irregular de dinheiro público e de financiamento ilegal de partidos ? isso quando não se presta ao enriquecimento puro e simples de larápios. Orlando Silva, desta vez, está custando bem mais caro do que uma tapioca paga com cartão corporativo. Aquilo era só um indício do que viria. E veio;

Guilherme Fiuza

20/02/2011
UM RÉU PRESIDE A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (Trecho do artigo de Guilherme Fiuza em O Globo de 19/02) Importado diretamente do escândalo do mensalão, João Paulo Cunha será o presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Nada mais justo. A comissão que decide o que poderá ou não ser lei no país tinha mesmo que ficar nas mãos de um réu. É uma questão de notória especialização.