Percival Puggina

03/02/2011
A Revista Veja da semana passada traz matéria sobre a novela Insensato Coração. Lá pelas tantas cita o autor Gilberto Braga. Assim, entre aspas: Não haverá beijo gay. As telespectadoras não estão preparadas. Surpreendeu-me a sinceridade da frase. Pesquisando por ela, buscando sua repercussão, encontrei um site cujo redator estava bastante - como direi? - decepcionado com a declaração, mas, por outro lado, comemorava a exibição dos glúteos de um ator, em cena de rua, logo nos primeiros capítulos da novela. A frase de Gilberto Braga, no entanto, acaba com os pontos de interrogação que frequentam a monótona discussão travada no mundo inteiro: a tevê mostra a vida como ela é ou induz a vida a ser como mostra? Gilberto Braga não tem dúvida alguma sobre sua função quanto a esse particular. Cabe-lhe ir preparando a sociedade, gradualmente, para as imagens e costumes que pretende instilar e disseminar. Ponto. Antes que me rotulem conservador, vou logo dizendo que sim, sou conservador. Sou conservador de tudo que deve ser conservado porque se revela benéfico na experiência individual e social. Sou conservador em relação aos fundamentos da civilização ocidental e à tradição judaico-cristã que lhe fornece conteúdos. E, porque sou conservador dessas coisas essenciais, me confesso ainda pouco amestrado, por exemplo, para as cenas finais da novela Passione, nas quais uma mocinha desmiolada, casada com um rapaz bígamo, convence a até então rival e o moço a estabelecerem uma espécie de espeto corrido na convivência conjugal. Nessa disciplina, os cursos preparatórios já deram resultado porque não faltam decisões trazendo tutela jurídica e bênçãos do Estado para situações igualmente escabrosas. Mas chocante, chocante mesmo, foi ver uma velhinha para lá de octogenária, aos amassos com o futuro marido e, por sobre o ombro dele, dardejando fogosos e sugestivos olhares para outro velhinho de miolo mole. As avós, as avós idosas, as avozinhas de cabelos brancos carregam no rosto as marcas das alegrias e dores de uma vida longa. São imagem de quem colheu os mais doces e os mais amargos frutos do amor. São expressão viva de sabedoria e discernimento. E são, em toda parte, os seres mais veneráveis da humanidade, reverenciadas por sucessivas gerações de filhos, netos e bisnetos. Degradá-las é esbofetear a humanidade inteira e levá-la a um passo do abismo pela perda de limites e referências. Não, as vovós não são assim! É provável que venham a se comportar desse modo, na velhice, as jovens que hoje compõem o cenário dos reality shows, cabeça feita para todas as degradações. Mas eu já não estarei aqui para ver. Os valores são pilares e vigas sobre os quais se estrutura a cultura de uma civilização. Sem eles, a civilização se fragiliza, sujeita a toda sorte de deslizes. E de deslizamentos. É da natureza de nossa cultura, alicerçada em valores de base judaico-cristã, crer na vitória final do bem sobre o mal. Aliás, no início do século 20, os sucessores de Marx que mais influenciam a esquerda mundial nas últimas décadas, atribuíram aos valores da nossa cultura o fracasso do comunismo em suas tentativas de penetrar no Ocidente. E o que propuseram, a longa marcha através das instituições, vem derrubando barreiras e distâncias, em toda parte, cumprindo seus objetivos, fundada em duas convicções diferentes: a de que, abalados os fundamentos morais da cultura, podemos nos deixar seduzir pelo mal e nos iludir sobre a natureza do bem. ZERO HORA, 30/01/2010

Percival Puggina

28/01/2011
Foi na pacata Porto Alegre dos anos 60 que o ambiente criativo e fascinante do Colégio Estadual Júlio de Castilhos me aproximou da política. Saibam os trabalhadores em educação, sineteiros, panfletários e fazedores de cabeça de hoje, que naquele tempo, naquele colégio ao menos, com bons mestres, formavam-se cidadãos e preparavam-se líderes para a cena política municipal, estadual e nacional. Havia concursos de oratória, de declamação, de contos, de poesias. Debatiam-se ideias, as disputas eram ideológicas e o grêmio estudantil miniaturizava uma democracia constitucional, com governo, parlamento e um órgão judiciário. Creiam-me: Brasília teria muito a aprender com os rapazes e moças do antigo Julinho. Havia honra, respeito e disciplina. Por que estou, meio século passado, a cavoucar neste baú? Porque me perguntaram outro dia, num programa de tevê, quais as minhas expectativas para a legislatura que se instala agora, em 31 de janeiro. E eu, com esta boca que insiste em dizer o que penso, afirmei sem pestanejar, para espanto geral, que a próxima legislatura será pior do que a precedente. Sustentei que não havia qualquer motivo para ser melhor (de vez que o modelo institucional continuava o mesmo) e que sobravam razões para piorar à medida que a sociedade crescentemente se urbanizava, massificava e o padrão cultural do eleitorado decaía. Exemplificando. Nos anos 60, para quem não a conheceu ou esqueceu, a música popular que cativava o país, a MPB, tinha melodia, poesia e elevado valor artístico. E hoje? Hoje nada agrada tanto às massas quanto uma nauseante combinação de ruído, berreiro e baixaria. E todos votam. Mas voltemos aos anos 60. Durante a semana, sempre que as tarefas escolares me disponibilizavam horários, lá ia eu de bonde para a rua Duque de Caxias, onde ficava a antiga Assembléia Legislativa. Acomodava-me nas galerias de madeira escura, lavrada, e passava horas (isto lhe parecerá incrível, leitor) deliciando-me com os debates parlamentares! Havia tanta inteligência e cultura no plenário que um rapazinho de 16 anos curtia ficar sentado, ouvindo e aprendendo. Enquanto escrevo estas linhas, pensando em referir alguns dos nomes que desfilavam na tribuna, folheio um livro da Editora Síntese que sumariza dados das eleições realizadas no Rio Grande do Sul entre 1945 e 1978. Lendo as nominatas das diversas bancadas naquela legislatura de 1958/62, desisto do intento. Os mais notáveis, os melhores entre os 55 deputados cujas figuras logo me vieram à mente, eram tantos que resultaria enfadonho mencioná-los. Asseguro aos meus leitores que pelo menos quarenta credenciavam-se aos maiores reconhecimentos. Com todos aprendi naquelas tardes de proveito cultural, formação e informação sobre os temas do Estado. E não era diferente a qualidade dos congressistas que representavam o Rio Grande do Sul na recém inaugurada Brasília. Dois anos depois, meu pai, Adolpho Puggina, viria ocupar assento naquele plenário, onde permaneceria por quatro legislaturas. Já então, a preparação para o vestibular, a faculdade e a necessidade de trabalhar me furtou a rotina da adolescência. No entanto, lembro-me de ouvir meu pai comentando, anos mais tarde, sobre a decadência da formação e dos padrões de conduta que observava nas sucessivas composições dos parlamentos. Disse-me assim: Percival, bem no começo, nas primeiras legislaturas, quando a gente convidava alguém para concorrer na chapa do partido, ouvia-se frequentemente o seguinte: Ah! deputado, aquilo não é para mim não. É para gente mais preparada, como o senhor, como o fulano e o beltrano. E prosseguiu: Hoje, quando convidados a concorrer, muitos pensam assim: se até o sicrano está lá, então eu também posso. Inverteu-se o viés do que antes era uma exigência ascendente. E começou a ruína, a tragédia. O que era respeitável precipitou-se no descrédito. Resumindo esta leitura dos fatos feita com a luneta do tempo: só se veem razões para que vá piorando. Será cada vez menor o número de estadistas na política nacional em virtude de um modelo institucional que repele muitas pessoas com esse perfil, diante de um eleitorado de padrão cultural cadente, massificado e cada vez mais interesseiro. Mas este último aspecto será objeto de outro artigo, na semana que vem. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

O Globo

28/01/2011
CUNHA SUGERE TER COISAS A REVELAR SOBRE O ESCÂNDALO DOS ALOPRADOS Em guerra com o PT por causa de cargos de segundo escalão e pressionado por denúncias de ingerência em Furnas, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fez ameaças claras a petistas ontem. No Twitter, lembrou o escândalo dos aloprados - no qual petistas foram presos com mais de R$ 1,6 milhão em dinheiro vivo para comprar um dossiê forjado contra tucanos, em 2006: E impressionante o instinto suicida desses caras. Quem não se lembra dos aloprados? Quem com ferro fere com ferro será ferido. Cunha ainda fez referências a Valter Cardeal, diretor da Eletrobrás e homem de confiança da presidente Dilma. Ameaçou também seu ex-aliado Garotinho: Vai ser multo proveitoso detalharmos todas as reuniões que tivemos juntos. Contribuiria e muito para o nosso país. Reunidos em jantar de apoio a Marco Maia (PT) para presidente da Câmara, ontem, no Rio, Cunha e Ga rotinho evitaram o assunto. (O Globo, citado por Felipe Vieira) Comento: o cara é deputado, sabe de coisas escandalosas e em vez de formalizar a denúncia, usa seu silêncio como moeda de troca por cargos em Furnas! E ninguém chama a polícia...

Percival Puggina

21/01/2011
Nos anos 80 integrei um grupo de abnegados que promovia palestras sobre senso crítico, formação da consciência individual e formas de ação coletiva contra o estupro que setores da mídia promovem nos bons e consensuais valores da sociedade. Combatíamos quixotescamente, cientes de que enfrentávamos dragões com tesourinhas, dessas que se dá para crianças recortar papel. Sem fio nem ponta. Mas preservávamos, pelo menos, a orgulhosa sensação de estar fazendo algo contra o que víamos e, principalmente, contra o que antevíamos. Com o tempo, a vida se encarregou de dispersar os membros do grupo pelo país afora e nossos cursos pararam por falta de equipe. Decorridas mais de duas décadas, quando me lembro daqueles anos, do que então era exibido em programas e novelas de tevê, e do que motivava nossa atividade cívica em defesa dos traditional values, colho a impressão de que se por um lado estávamos certos ao identificar os males que apontávamos, de outro subavaliávamos os rumos que as coisas iriam tomar na sociedade brasileira. Tudo degenerou muito mais, na telinha e na vidinha. De minha parte, desde então, não assisto mais novelas. Ostento o distintivo: sou um brasileiro que, em um quarto de século, não assistiu uma única novela. Mas tomo ciência, pelas conversas de casa, das vulgaridades, rolos e perversões que caracterizam as muitas histórias narradas nesses folhetins. Graças à persistência com que se vão degradando os enredos, ano após ano, o que antes chocava foi se tornando aceitável, comum (e, por isso, visto como normal). E o que hoje espanta, amanhã será insuficiente para causar sensação. Dizem os drogados que se passa o mesmo em relação às substâncias que utilizam. Já tem muita gente cheirando cinco novelas por dia e entrando em síndrome de abstinência quando acaba o BBB. Pois bem, foi dentro dessa moldura que assisti, nos últimos dias, um comercial institucional da Rede Globo chamando atenção para a significativa função social que desempenha quando inclui temas de interesse social em suas novelas e minisséries. Em casa, me confirmam: isso tem ocorrido, mesmo, com a introdução de personagens e assuntos que suscitam atenção para o problema das drogas, de certas deficiências físicas e assim por diante. Valeu, pessoal da Globo! Obrigadão! A consciência social de vocês me leva às lágrimas. Simultaneamente com esse bônus de conveniência pública, persiste contudo, derrubando a balança, a sistemática degradação dos valores, avançando, passo a passo, sobre quaisquer limites que se possa conceber. É inesgotável a imaginação dos roteiristas para promover o aviltamento moral. Assim, por exemplo, leio que Passione, a novela recém concluída, reservou para o apogeu das últimas cenas os relatos de um sujeito bígamo, que engravidara simultaneamente as duas mulheres, e que, por proposta de uma delas, compôs com ambas um ajuste de convivência triangular consentido e permanente. Coisa do tipo segunda, quarta e sexta com uma e terça, quinta e sábado com outra. Domingo folga geral. Não surpreende, portanto, que já se organizem no país movimentos voltados para cobrar do Estado brasileiro a indispensável tutela jurídica de tais sem-vergonhices. Mas só isso pareceu pouco a Sílvio de Abreu e seu folhetim. Era preciso avançar ainda mais na degeneração protagonizada por Passione. Faltava um morango na cobertura. E o morango da depravação ficou reservado para as cenas grotescas de uma senhora octogenária que, posta aos amassos com um coetâneo - varão que receberia por esposo -, simultaneamente se requebrava e seduzia outro velhote de miolo mole. Tal vovozinha certamente encontrou inspiração dentro do círculo familiar do autor da história. Por isso, quero deixar bem claro a quem vive nos dizendo que a gente se vê por aqui. Senhores, a gente não se vê nisso aí! ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

O Estado de S.Paulo

17/01/2011
GENOINO VAI NEGOCIAR A CRIAÇÃO DE COMISSÃO DA VERDADE (O Estado de S.Paulo) A ministra Maria do Rosário pretende tratar a questão dos mortos e desaparecidos nos anos da ditadura sob a ótica do esclarecimento dos fatos, sem insistir na punição dos responsáveis pelas violações de direitos humanos. Vamos procurar respostas para as famílias, que desejam saber o que aconteceu com seus parentes e onde estão seus restos mortais. A ênfase é na revelação da verdade, não a punição, diz ela. Buscamos a reconciliação. A primeira missão dela nessa área será, ao lado do Ministério da Defesa, se empenhar para a aprovação do projeto de lei que institui a Comissão Nacional da Verdade. Encaminhado ao Congresso no ano passado, o projeto destina-se a esclarecer fatos ocorridos na ditadura, especialmente aqueles relacionados a mortos e desaparecidos. Apesar do interesse e do conhecimento da vida do Congresso, onde começaria a cumprir seu terceiro mandato em fevereiro, Maria do Rosário não estará na linha de frente das negociações. Esse papel caberá ao deputado José Genoino (PT-SP), que em fevereiro deixa o Congresso e passa a trabalhar no Ministério da Defesa, a convite de Jobim, no cargo de assessor civil. Genoino tem credenciais para a missão. Participou da luta armada contra o regime militar, como a presidente Dilma Rousseff, tem boas relações na área das Forças Armadas e é bom negociador. Sua ação deixará Maria do Rosário mais livre para cuidar de outros temas e até olhar melhor para a cena internacional. Na semana passada ela esteve no Itamaraty, a convite do ministro Antonio Patriota, com quem almoçou a portas fechadas. Foi mais um sinal de como a presidente Dilma Rousseff pretende dar maior atenção à questão dos direitos humanos nas relações com outros países.

Percival Puggina

15/01/2011
O Joãozinho é aquele menino das anedotas. Quando quer algo, azucrina tanto, tanto, tanto, atormenta de tal modo quem se antepõe a seus anseios que acaba conseguindo o que deseja. Pois tenho me lembrado do Joãozinho quando vejo a insistência de setores da esquerda em pautas como aborto, supressão de símbolos religiosos, limitação da propriedade da terra e revisão da lei da anistia. Não têm suporte legal, a opinião pública rejeita-lhes as teses, o STF as declara inconstitucionais, mas pouco se lhes dá. Encanzinados, criam ONGs, comissões, conselhos e até ministérios inteiros. Mobilizam as bases, extraem aqui e ali decisões judiciais que não resistem à primeira contestação, mas vão angariando apoios, sempre pressionando, até a exaustão. Dos outros. A luta contra a Lei de Anistia é típica. Os joõezinhos já começaram. Primeiro trataram do assunto no âmbito da Comissão de Anistia. Aliás, temos uma Comissão de Anistia que se voltou contra a anistia. No final de 2009 embutiram sua revisão no megadecreto do PNDH-3. Depois tentaram convencer o STF de que a interpretação dada à lei, desde que promulgada em 1979, descumpre preceito constitucional fundamental. Perderam por sete a dois, em decisão do dia 29 de abril do ano passado. Inútil. Poucos mais tarde, Lula mandou ao Congresso projeto criando a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República ...a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional). Enquanto o projeto tramita, conseguiram na Corte Interamericana de Direitos Humanos, agora em dezembro, uma condenação ao Brasil por manter a vigência da lei. Temos aí um suposto interesse pela verdade casado com memória curta. A anistia foi objeto de persistente campanha da oposição ao regime militar, sendo aprovada pelas duas bancadas (ARENA e MDB), em 1979, por votação simbólica. Mas ainda não era ampla, nem geral, nem irrestrita. A emenda nesse sentido foi derrotada. Ela só alcançou essa extensão seis anos depois, após intensa mobilização oposicionista, com a emenda constitucional que convocou a Constituinte, visando à volta dos exilados remanescentes e à total reconciliação. Passados vinte e cinco anos parece que se arrependeram. O artigo primeiro do projeto presidencial em tramitação no Congresso começa com uma mentira, ao alegar a necessidade de uma reconciliação nacional. Mas isso é o que a anistia já fez! E fez tão bem que os anistiados da esquerda estão no poder pelo voto popular. O que de fato os interessa, ao contrário do que alegam (grande novidade!), são os dividendos políticos dos processos que teriam início. Jamais haverá entendimento ou verdade singular sobre a história de um período tão deplorável. Em torno dele já há historiografia para todos os gostos. E o atual interesse pela verdade, que beatifica os crimes cometidos pelos que pegaram em armas pelo comunismo não produz meia verdade nem gera meia anistia. É uma inteira farsa. Se não conseguimos solucionar crimes do mês passado, como esclareceremos os de quase meio século atrás? É impossível nos entendermos sobre o passado. Mas com a Lei de Anistia já o fizemos sobre o futuro, obtendo uma pacificação nacional que os joõezinhos, irresponsavelmente, desejam romper. Aliás, a maior prova de que já nos entendemos está em que essa esquerda, hoje como ontem, quer arrumar confusão. Sabem por quê? Porque para ela não há realidade fora do conflito. Mas isso daria um outro artigo. Especial para ZERO HORA 16/01/2010

Percival Puggina

14/01/2011
Houve um tempo, longo tempo, tempo que cruza os séculos, em que o professor era símbolo de autoridade no pequeno e gigantesco espaço da sala de aula. Note-se que autoridade é um atributo moralmente superior ao poder, mas, quando fosse necessário, a valiosa autoridade do professor, fundada no saber e na conduta, vinha respaldada por poder. Nas últimas quatro décadas, infelizmente, a educação brasileira foi atacada em dois flancos pela esquerda delirante. E tanto a autoridade quanto o valor econômico e social do trabalho dos professores, reconhecidos há milênios em todas as civilizações, desabaram fragorosamente em nosso país. Por um dos flancos, fustigou-a aquilo que Nelson Rodrigues chamava de Poder Jovem, acolhido entre aplausos por pedagogos de meia tigela como expressão de libertação para a criatividade. Todo poder ao jovem! A maturidade tornou-se um mal e a imaturidade, um bem a ser preservado. Era imprescindível erradicar as formas negativas da pedagogia. Coisas como certo e errado, sim e não, correção com caneta vermelha, entre outras práticas, precisavam ser substituídas por vaporosas sutilezas que não contrariassem os pupilos. Afinal, eles podem ser portadores natos de uma nova e superior forma de saber. Guardo como pérola desse disparate a frase do vate sergipano que adoça com sua voz aveludada os julgamentos do Supremo Tribunal Federal. No caso da reserva Raposa Serra do Sol, ele, o ministro Ayres Britto, em reverência à sabedoria indígena, lascou, citando Paulo Freire: ?Não existe saber maior ou menor; existem apenas saberes diferentes?. De fato, o veterano Marco Aurélio Mello e o garoto Dias Toffoli exemplificam saberes diferentes, quantitativamente iguais, não é ministro? E viva Paulo Freire. Pessoalmente ainda estou à espera de que algum desses guris maleducados das universidades brasileiras, depois de tantos anos de sua completa libertação, apresentem alguma contribuição à ciência, à técnica e à cultura nacional. Ao contrário, o que se vê é o país ocupando o 93º lugar no componente educação, entre 169 pesquisados. E não me surpreenderei se encontrar por aí doutos pedagogos convencidos de que o mundo, por pura inveja, se recusa a cair de joelhos diante da qualidade muito peculiar e superior do saber construído por nossos jovens. De minha parte, vejo o sucesso sempre ao alcance dos que queimaram pestana sobre os livros, levaram a sério seus estudos ou cavoucaram com responsabilidade seus espaços na vida pública ou na iniciativa privada, mediante capacidade de renúncia ao bem atual com vistas ao investimento no bem futuro maior. Esses jovens agem no contrafluxo do deslizamento que descrevi, arquitetado por uma escola de viés marxista, que está levando três anos inteiros para alfabetizar uma criança, quando nos meus anos de curso primário se aprendia isso em seis meses de aula. A educação, caro leitor, conceitual e deliberadamente, deixou de lado seus objetivos essenciais e se voltou para formar cidadãos conscientes, politicamente engajados. Enquanto não chegam lá, os cidadãozinhos treinam sua cidadaniazinha desrespeitando e espancando os professores. Pelo outro flanco, e no mesmo tom, os professores politicamente engajados, abdicantes de sua autoridade, assumiram-se como trabalhadores em educação. O conselheiro tutelar, escolhido em pleito de baixíssimo comparecimento, por força de preceito contra o qual nenhuma voz se ergue com suficiência, exerce mais autoridade nas escolas do que os professores ou os diretores. Estes, a seu turno, são, também eles, eleitos num concurso de promessas e de simpatia, com participação e engajamento dos alunos. No Brasil, amigo leitor, aluno vota para diretor! Vota para reitor de universidade! E ninguém se escandaliza! Por que será que os praças não elegem os comandantes e os pacientes não escolhem os diretores dos hospitais e centros de saúde? Quando o poste passa a desaguar no cachorro e o aluno a meter o dedo na cara do professor, ainda há quem se surpreenda. O Ministério da Educação está veiculando nestes dias um comercial com o objetivo de ampliar o interesse pela carreira do magistério. Mostra uma obviedade: os povos que melhor se desenvolvem atribuem a seus professores o principal mérito por esses bons resultados. É claro que nossos professores ganham muito pouco, mas os maiores problemas, nesse particular, estão na péssima preparação dos graduados para o magistério e na falta de recursos didáticos nas escolas. De outra parte, veja quais os países bem sucedidos em seus objetivos sociais, com mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano, que se reportam prioritariamente a fundamentos marxistas nas salas de aula e na formação de seus educadores. Duvido que encontre algum. A crise dos trabalhadores em educação é uma responsabilidade deles mesmos e das ideias que abraçam. É responsabilidade deles mesmos, como professores dos professores nos cursos de Educação, como alunos desses cursos na recepção passiva de ferramentas de trabalho comprovadamente erradas e ineficientes, como reprodutores acríticos do mau conhecimento adquirido. É, também, uma decorrência de suas reivindicações equivocadas, da busca de uma autonomia para fazer o que bem entendem que só é menor do que o desejo dos alunos de se comportarem do mesmo modo. É uma consequência de seus engajamentos, do desmonte que produziram na própria autoridade e dos líderes que vêm escolhendo para os representar. Mas só aos professores, o senhor diz isso? Não, digo-o com muito maior ênfase a eles porque são, de fato, como informa a propaganda do MEC, os principais responsáveis pelo desenvolvimento social de qualquer nação. Enquanto os professores se submeterem às diretrizes de quem, com um tranco ideológico e partidário, os derruba à condição de meros trabalhadores em educação; enquanto se deixarem levar pelas cartilhas da pedagogia dominante; enquanto conviverem passivamente com a destruição de sua autoridade; enquanto tomarem como inegociável planos de carreira que nivelam competentes e incompetentes; e enquanto não refugarem uma organização que transforma o acesso ao comando da Escola em concurso de coleguismo e simpatia, viverão uma crise sem fim. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Ex-blog Cesar Maia

14/01/2011
JARED LOUGHNER E CESARE BATTISTI: NENHUMA DIFERENÇA! 1. Que autoridade tem o governo brasileiro, Lula, Tarso Genro e o PT para condenarem o brutal atentado a um grupo de eleitores com deputada em Tucson, Arizona, nos Estados Unidos? 2. Jared Loughner é um terrorista de ultradireita que matou 6 pessoas e feriu outras 13, dentre as quais a deputada democrata Gabrielle Giffords, que se encontra entre a vida e a morte. Esse atentado é tipicamente terrorista, contra alvos que pensam de forma diferente dele. Um radical assassino. Preso, será condenado à prisão perpétua. 3. Cesare Battisti é um terrorista de ultraesquerda. Sua organização terrorista se chama PAC -Proletários ARMADOS pelo Comunismo. Responsável pelo assassinato de pelo menos 6 pessoas, foi condenado à prisão perpétua. Fugiu e veio para o abrigo do PT no Brasil. 4. Coincidentemente, o número de assassinatos de Jared Loughner e Cesare Battisti é o mesmo: seis. 5. Que autoridade terá o governo brasileiro para condenar um terrorista de direita, assassino, se dá proteção a um terrorista de esquerda, assassino, ambos autores de 6 homicídios? Pesquisa e Edição: JCM do Ex-Blog do Cesar Maia

Matthew Cullinan Hoffman

09/01/2011
Nova presidenta ?pró-vida? do Brasil escolhe ministra pró-aborto Matthew Cullinan Hoffman SÃO PAULO, Brasil, 7 de janeiro de 2011 (Notícias Pró-Família) ? Dilma Rousseff, a presidenta do Brasil, ganhou a eleição presidencial da nação em novembro do ano passado depois de assegurar aos eleitores céticos que ela é pró-vida, apesar de seu histórico de apoio à legalização do aborto. Contudo, a ministra para Políticas das Mulheres, a qual ela nomeou recentemente, tem um ponto de vista diferente. Iriny Lopes Iriny Lopes, que no passado atuou como deputada na Câmara dos Deputados do Brasil, recentemente disse para um jornalista brasileiro que ?Não vejo como obrigar alguém a ter um filho que ela não se sente em condições de ter?. ?Ninguém defende o aborto?, acrescentou ela. Estamos falando sobre ?respeitar uma decisão que, individualmente, a mulher venha a tomar?. Embora Lopes tenha reconhecido que a presidenta Rousseff tinha prometido não iniciar nenhuma legislação pró-aborto, ela acrescentou que ?cabe ao Congresso definir políticas públicas?, dando a entender que tal legislação poderia no final das contas ser aceita pelo governo de Dilma.. Depois de observar seus números nas pesquisas públicas caírem devido às suas posições pró-aborto e pró-homossexualismo durante a eleição presidencial, Rousseff disse para os eleitores: ?No meu projeto sou favorável à valorização da vida, e eu pessoalmente sou contra o aborto, que é uma violência contra a mulher?. Ela também anunciou um compromisso público de não iniciar nenhuma legislação pró-aborto, nem legislação que restringiria a liberdade de expressão em relação às questões homossexuais. Contudo, organizações pró-vida e pró-família receberam as declarações de Rousseff com ceticismo. Ela havia no passado apoiado a descriminalização do aborto em termos explícitos, e o Partido dos Trabalhadores, do qual ela é membro, tem lutado vigorosamente pela mesma causa. O compromisso de Rousseff de não iniciar legislação pró-aborto não a obrigava explicitamente a vetar tal legislação se for aprovada pelo Congresso Nacional.