Percival Puggina

10/01/2010
OS VERDADEIROS RESPONSÁVEIS Será que se houvesse planejamento urbano, atuação e fiscalização efetiva das autoridades locais, teríamos tantas vítimas de enchentes e deslizamentos de encostas em nosso país? Recentemente, imagens tomadas de helicóptero em um aglomerado urbano tomado pelas águas mostraram que poucas edificações estavam fora da área de inundação! Se as municipalidades proibissem a ocupação, se não fossem concedidas ligações de água e luz, e se as conexões clandestinas fossem sumariamente cortadas, ninguém ficaria instalado em tais áreas.

Percival Puggina

10/01/2010
Méritos inquestionáveis a Reinaldo Azevedo, o primeiro jornalista a ler a imensa tralha de ponta a ponta. Até que ele postasse a primeira denúncia pública sobre seu verdadeiro conteúdo, a mídia nacional já escrevera bastante sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (codinome PNDH-3) sem o haver analisado. Durante quase três semanas as matérias versavam sobre a proposta de investigação dos crimes de tortura e a ?busca da verdade histórica da repressão? ? vale dizer, o que constara dos releases oficiais. Mas Reinaldo descobriu que esse específico tema era uma pequena marola no tsunami concebido para varrer o ordenamento jurídico e institucional do país, transformando-o num território subordinado à engenharia social e política petista. Fiz o mesmo, então. Li tudo. São 41 páginas em letra corpo 8 praticamente inacessível a uma pessoa com visão normal. Posto em corpo 11, letra de gente, a peça saltou para 76 páginas! Seu coordenador foi o ministro Paulo Vannuchi. Ele comanda a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, setor do governo que, há coisa de quatro anos, sob direção anterior de Nilmário Miranda, respondeu pela edição da famosa ?Cartilha do Politicamente Correto?. Para quem não lembra, esse outro documento visava a banir do vocabulário nacional o uso de inúmeras palavras tais como veado, funcionário público, comunista, homossexualismo, sapatão, negro, palhaço e até farinha do mesmo saco. Agora, Paulo Vannuchi brinda-nos com algo infinitamente mais pretensioso. Quer desfigurar a democracia representativa, o poder judiciário, o direito de propriedade, a religiosidade popular, a cultura nacional, a família e a liberdade de imprensa. Numa tacada, pretende liberar o aborto, mudar para pior o Estatuto do Índio, autorizar a adoção de filhos por casais homossexuais, valorizar a prostituição e se intrometer em temas que vão da transgenia à nanotecnologia e do financiamento público das campanhas eleitorais à taxação de grandes fortunas. Que dirão os eternos defensores do indefensável? Alegarão que Lula não sabia de nada? Que desconhecia o conteúdo do decreto assinado por todo seu governo? Impossível admitir como verdadeira tal alegação porque Lula participou do ato de lançamento do programa, fez um enorme discurso e afirmou que o PNDH-3 era ?resultado da maturação democrática da sociedade brasileira?. E a ministra Dilma (que, por dever de ofício deve ler tudo que leva para o presidente assinar) está deixando claro a que pretende vir, se lhe permitirem chegar. Ela também conhecia o conteúdo daquela maçaroca. Ambos sabiam o que estavam enaltecendo em seus emocionados discursos no dia 21 de dezembro. O PNDH-3 é uma ladainha em que direitos humanos e democracia fazem o estribilho, mas tudo vai em direção oposta por uma simples razão: seus objetivos reais, do primeiro ao último, são todos partidários. Se houvesse efetivo compromisso de nosso governo com democracia e direitos humanos, seus representantes não se posicionariam contra quaisquer decisões da ONU que reprovem a situação de países como Cuba e China. Por fim, todo o auê em torno da ?verdade? e da ?memória histórica? é uma tentativa de tomar conta de um discurso que serviu muito bem ao crescimento da esquerda: a tal luta pela democracia, com a qual o PT nada teve a ver porque sequer existia quando tudo começou e porque era insignificante quando tudo terminou (o PT saiu do pleito de 1986 com apenas 16 deputados federais). Como o discurso da ética foi para o saco há muito tempo, o partido trata, agora, de se apropriar desse. E nada melhor do que criar um conflito para dominar um dos lados do tabuleiro. * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

Percival Puggina

02/01/2010
O presidente Lula está na lista das personalidades mais influentes da década. Ainda bem que ele não influiu suficientemente quando se opôs: a) ao Plano Real, que chamava de estelionato eleitoral; b) à Lei de Responsabilidade Fiscal, que chamava de arrocho imposto pelo FMI; c) à abertura da economia brasileira, que chamava de globalização neoliberal; d) ao fim do protecionismo à indústria nacional, que chamava de sucateamento do nosso parque produtivo; e) às privatizações, que chamava de venda do nosso patrimônio; f) ao cumprimento de nossas obrigações com os credores internacionais, que chamava de pagar a dívida com sangue do povo; g) à geração de superávit fiscal, que chamava de guardar dinheiro para dar ao FMI; h) à primeira reforma da previdência, que ele já teve sete anos para corrigir e não corrigiu; i) ao Proer, que, segundo ele, era dar dinheiro do povo para banqueiro; j) ao fortalecimento da agricultura empresarial, que o Influente queria substituir por assentamentos do MST. Felizmente, escapamos de tais influências! Os governos anteriores suportaram a vaia petista e criaram as condições com que o país enfrentou a turbulência internacional de 2008/2009. Entre elas: responsabilidade fiscal, moeda forte, superação da imagem de país caloteiro, sistema bancário sólido e bem fiscalizado, gradual modernização do parque produtivo, duplicação da produção de grãos e a acelerada produção de divisas daí decorrente. Felizmente, também, reconheça-se, ao assumir o governo o Influente teve a sensatez de: a) qualificar como ?bravata? sua atuação como oposicionista; b) convidar o tucano Henrique Meirelles para o Banco Central; c) não atrapalhar o que ia bem. Ah! Esquecia-me de dizer que o Influente ampliou muito os programas sociais criados antes dele (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Vale Gás) que migraram para o seu Bolsa Família. Mas, vale lembrar que também aqueles programas de FHC haviam sido tenazmente combatidos pelo Influente que os qualificara como forma de ganhar o voto do pobre pela barriga (assista-o em www.youtube.com/watch?v=fK4Tqpckjo0). Vejamos, agora, onde o Influente, de fato, influenciou. Ele influenciou a decisão brasileira de não declarar as narco-guerrilheiras FARC como organizações terroristas. Ele influenciou a eleição de Evo Morales que fez campanha anunciando que agiria contra a presença da Petrobrás na Bolívia. Ele influenciou a eleição de Lugo, que fez campanha anunciando que agiria contra o acordo com o Brasil em Itaipu. Ele influenciou a OEA a favor da readmissão de Cuba na organização e, dias depois, influenciou a decisão da OEA contra a destituição do golpista Manoel Zelaya em Honduras. Ele sistematicamente protege regimes de esquerda quando são votadas, em organismos internacionais, moções de repúdio a violações de direitos humanos. Visitou e recebeu afetuosamente todos os ditadores do planeta. Ele é o Influente. Ele é o cara. Sabem por quê? Porque aquele discurso que tanto atrai o eleitor de poucas luzes nos países periféricos produz o mesmo efeito em alguns europeus. Refiro-me à ideia de que a economia funciona como um deserto, onde a areia muda de lugar conforme o vento, formando dunas e depressões, mas a quantidade de areia permanece imutável. Logo, se há acumulação é porque, em algum lugar, se formou uma depressão. É por causa desse raciocínio infantil que as esquerdas atribuem a pobreza à existência da riqueza. E o Influente, onde vai, arranca aplausos ensinando isso. Mas os ricos do Brasil nunca riram tão à toa e nunca aplaudiram tanto um presidente. ZERO HORA, 03/01/2010

Percival Puggina

02/01/2010
Sempre pensei que as sociedades econômica, social e culturalmente mais desenvolvidas fossem dotadas de uma capacidade de análise superior e, portanto, menos sujeitas à influência dos demagogos. Lula tornou evidente que isso não é assim. O reconhecimento que ele obtém na comunidade internacional mostra duas coisas: 1ª) a máquina publicitária da esquerda vem trabalhando em favor do companheiro Lula porque descobriu ser ele um ícone mais palatável do que seus dois competidores: o velho e fracassado Fidel Castro e o doido de pedra Hugo Chávez; 2ª) aquela sua retórica de botequim (pasmem!) é tão convincente nas margens do Sena quanto nas barrancas do São Francisco. Acabamos de assistir fato grave, que escapou à percepção da mídia nacional e internacional. Ou, se não escapou, foi sepultado sob a pá de cal do silêncio obsequioso ou adquirido. Em fevereiro de 2009, a brasileira Paula Oliveira, residente da Suíça, denunciou às autoridades daquele país ter sido agredida por skinheads, grupo de subcultura que, em certos locais, a Suíça é um deles, desenvolve tendências nazistas. Tão logo tomou conhecimento do relato da moça, nosso presidente subiu nas tamancas e declarou à imprensa que o governo não pode aceitar e não vai ficar calado diante de tamanha violência contra uma brasileira no exterior. E acrescentou ? conforme revista Veja, edição de 18 de fevereiro de 2009: a) que a embaixada brasileira fora acionada; b) que no Brasil nós vivemos em paz, recebemos estrangeiros desde que Cabral aqui colocou os pés e os tratamos bem; c) que nós queremos ?é que eles respeitem os brasileiros lá fora como nós os respeitamos aqui, como nós os tratamos bem aqui. Poucos dias depois dessa algaravia, ficamos sabendo que a moça se automutilara. Tudo fora uma farsa e Lula fechou a boca sobre o assunto. No último dia 16, aliás, saiu decisão suíça a respeito do caso, condenando Paula a pagar custas judiciais e periciais do processo e lhe impondo uma multa condicional (que será cobrada se ela incorrer em segundo crime). ?E daí?? perguntará o leitor. Pois é. E daí que antes de encerrar-se o ano, não uma moça, mas cerca de 80 brasileiros foram atacados no Suriname por um grupo de descendentes de quilombolas. Catorze saíram feridos, sendo dois em estado grave. Na confusão que se seguiu ao ataque, uma brasileira que estava grávida perdeu o bebê. Não me lembro, em muitas décadas, de incidente tão grave, envolvendo brasileiros no exterior. E o que fez nosso presidente ante o ocorrido com quase uma centena de conterrâneos nossos no país vizinho? Subiu nas tamancas? Botou a boca no trombone? Pediu respeito aos brasileiros? Falou sobre como nós os tratamos bem por aqui? Nada. Apenas telefonou ao secretário-geral da ONU para relatar o caso. Esses dois episódios somam-se a dezenas de outras evidências dos parcos critérios do governo Lula em questões internacionais. Sua diplomacia é conduzida mais ou menos como o partidão tocava a UNE nos anos 60. _______________________________________________________________________________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

Percival Puggina

29/12/2009
BANDO DE IRRESPONSÁVEIS Governo projetava déficit nominal zero para 2010, mas rombo cresceu de R$ 36,4 bi para R$ 137,9 bi em 12 meses Foi para o arquivo a expectativa de a equipe econômica atingir o déficit nominal zero em 2010, último ano do segundo mandato do governo Lula. De outubro de 2008 para outubro passado, o déficit nominal cresceu 278%, de R$ 36,4 bilhões para R$ 137,9 bilhões. Em proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o índice saltou de 1,27% para 4,61% do PIB no período. Em meados do ano passado, com a arrecadação batendo recordes e a crise global ainda restrita a um problema em bancos financiadores do setor imobiliário dos EUA, a equipe econômica anunciou, mais de uma vez, a intenção de levar as contas a atingir em 2010 o déficit nominal zero, isto é, com receitas suficientes para cobrir todas as despesas públicas, inclusive gastos com juros da dívida. Em novembro de 2008, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, chegou a dizer que a meta - ainda que informal - poderia até ser atingida antes de 2010.

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27/12/2009
O presidente Lula da Silva foi escolhido Homem do Ano pelo jornal francês Le Monde, depois que o governo brasileiro confirmou a compra de R$ 52 bilhões em equipamentos militares da França. Especificando: são 36 aviões caça Rafale da francesa Dassault a um custo de 4 bilhões de euros, que equivalem a R$ 12 bilhões. Além disso, Brasil e França firmaram acordo para fornecimento de quatro submarinos à Marinha brasileira. O valor dos submarinos é de 6,6 bilhões de euros, cerca de R$ 20 bilhões, e inclui três submarinos convencionais Scorpéne e um submarino nuclear. No pacote também foi incluída a compra de 50 helicópteros franceses, ao custo de 1,899 bilhão de euros, ou seja, R$ 6 bilhões. O serviço de manutenção do antigo porta-aviões Foch, agora Minas Gerais, a ser prestado pelos franceses, além da aquisição de mísseis anti-aéreos, Exocet e anti-carro devem somar outros 15 bilhões. O presidente Lula da Silva foi escolhido Homem do Ano pelo jornal francês Le Monde, depois que o governo brasileiro confirmou a compra de R$ 52 bilhões em equipamentos militares da França. Especificando: são 36 aviões caça Rafale da francesa Dassault a um custo de 4 bilhões de euros, que equivalem a R$ 12 bilhões. Além disso, Brasil e França firmaram acordo para fornecimento de quatro submarinos à Marinha brasileira. O valor dos submarinos é de 6,6 bilhões de euros, cerca de R$ 20 bilhões, e inclui três submarinos convencionais Scorpéne e um submarino nuclear. No pacote também foi incluída a compra de 50 helicópteros franceses, ao custo de 1,899 bilhão de euros, ou seja, R$ 6 bilhões. O serviço de manutenção do antigo porta-aviões Foch, agora Minas Gerais, a ser prestado pelos franceses, além da aquisição de mísseis anti-aéreos, Exocet e anti-carro devem somar outros 15 bilhões.

Percival Puggina

26/12/2009
FARC assassinou o governador colombiano seqüestrado O presidente Alvaro Uribe anunciou em um pronunciamento que o governador de Caquetá, Luis Francisco Cuéllar Carvajal, que havia sido seqüestrado, na noite de segunda-feira, foi encontrado morto: Lo degollaron, miserablemente lo asesinaron, disse bastante emocionado. *** Pergunto, eu: e o nosso governo, nada diz? Quando Uribe, nesse mesmo pronunciamento, insistiu na necessidade de ser reconhecido o caráter terrorista das FARC, estava implicitamente falando para Lula, para Marco Aurélio Garcia et caterva, companheiros desses bandidos. Eles nada dirão. Mas saltaram com agilidade felina quando a Colômbia bombardeou o reduto terrorista das FARC em território equatoriano e matou o companheiro Raúl Reyes, o segundo homem da narco-guerrilha.

Percival Puggina

25/12/2009
?Como é possível que Papai Noel não exista?? As dúvidas sobre o bom velhinho se instalaram em minha mente a partir de um fiapo de conversa ouvida certa ocasião em que meus pais e tios, lá na nossa Santana do Livramento, acertavam detalhes para o Natal que se aproximava. ?Se não existe estou mal arrumado?, fiquei pensando com meus suspensórios (no final dos anos 40 crianças usavam suspensórios...) ?porque esses aí é que não vão me dar todos os brinquedos encomendados?. Para uma criança, poucas coisas são tão reais e visíveis quanto o Papai Noel. Por isso, me pareceu fantástica a possibilidade sinalizada naquela conversa dos adultos. Preferi atribuí-la a alguma desinformação deles. ?Adulto acredita em cada coisa... É capaz até de acreditar que Papai Noel não existe?. E ponto final. Dezembro é um mês extraordinário. De janeiro a novembro as crianças pintam e bordam. No último mês do ano todas têm um comportamento exemplar. A mais leve insinuação de que Papai Noel vai ficar sabendo é capaz de converter um capetinha aos padrões de conduta dele exigidos. Aliás, se Papai Noel subsistisse no imaginário infantil por mais alguns anos, os índices de repetência nas séries iniciais do primeiro grau seriam bem inferiores. E se os adultos reconhecessem em Deus metade dos poderes e do senso de justiça que as crianças atribuem ao Papai Noel o mundo seria muito melhor. As crianças crêem no bom velhinho e quando lembradas de sua crença vivem como se ele de fato existisse. Com Deus é ao contrário. Ele existe, mas as pessoas, mesmo as que nele creem, tendem a viver como se não existisse. E, com isso, nos afastamos da fonte da felicidade e do bem. O Natal não é apenas uma bela história. Ele é, principalmente, um drama real, convivido nas duas cidades, a de Deus e a dos homens: Deus se faz homem para estabelecer uma ?nova e eterna Aliança? com a humanidade que ama. Pensando nisso, ocorreu-me fazer dois registros aos adultos que me leem neste tempo de Natal. De um lado, é preciso, sim, ser como as crianças para entrar no Reino dos Céus. Alguém duvida? De outro, é inevitável a perda das fantasias infantis. Mas se de fato valorizarmos o Natal, se percebermos que o Menino Jesus de Belém é o mesmo Cristo de Jerusalém, estaremos deixando o Reino do Faz de Conta para nos tornarmos construtores do Reino dos Céus. Cristo, aliás, anunciou que ele já está entre nós. Na real, só por isso faz sentido dizer ?Feliz Natal!?.

Percival Puggina

25/12/2009
É comum representar-se a virada da folhinha com o desenho de um bebê que chega para suceder o ancião que se retira. Sai o ano velho e entra o ano novo. O ano velho sai trôpego e fatigado; o novo ano chega enrolado em fraldas. O tempo é convenção e relatividade. Meia hora na cadeira do dentista dura muito mais do que meia hora numa roda de amigos. Para o vovô, um ano é muito menos do que para seu netinho. Lembro bem que, na minha infância, era de uma eternidade o tempo decorrido entre dois natais. E fazia sentido que fosse assim porque um ano é vinte por cento do tempo de vida experimentado por uma criança de 5 anos. Minha mãe, por outro lado, tão logo terminava um ano, começava a se preocupar com o natal vindouro ?porque, meu filho, logo, logo é Natal outra vez?. Um ano, para pessoa de mais idade é pequena fração de seu tempo de vida. A vida familiar e a vida social se fazem, entre outras coisas, do cotidiano encontro da maturidade com a juventude. Imagine-se um mundo onde só haja jovens; ou onde, pelo reverso, só existam anciãos. Imagine-se, por fim, a permanente perplexidade em que viveríamos se a virada da folhinha nos trouxesse, com efeito, um tempo novo, flamante, que nos enrolasse nas fraldas da incontinência urinária, com tudo para aprender. Felizmente não é assim, nem deve ser visto assim. E o importante, em cada recomeço, é ali chegarmos com a experiência que o passado legou. Aprender com a própria vida, aprender com a história e, principalmente, aprender com a eternidade. Quem aprende com a eternidade aprende para a eternidade. Aprende lições que o tempo não desgasta nem consome, lições que não são superadas, lições para a felicidade e para o bem. Por isso, a maior e melhor novidade do ano novo será sempre a Boa Nova, que infatigavelmente põe em marcha a História da Salvação, cumprindo o plano de amor do Pai. Bem sei o quanto é contraditório com a cultura contemporânea o que estou afirmando. E reconheço o quanto as pessoas se deixam cativar pela mensagem do materialismo, do individualismo e do hedonismo. Mas é preciso deixar claro que tal mensagem transforma o mundo num grande seio onde, a cada novo ano, se retoma a fase oral e se trocam as fraldas da imaturidade. _______________________________________________________________________________________________________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.