Ipojuca Pontes

26/01/2010
O FRACASSO DO FILME DE LULA Produto estrategicamente amparado pelo aval do Palácio do Planalto e embalado para ser visto por 20 milhões de espectadores pagantes, ?Lula, o Filho do Brasil?, o mais caro filme produzido até hoje no país (algo em torno de R$ 40 milhões, incluindo farta publicidade, confecção de 430 cópias e outras despesas) - fracassou miseravelmente. Ao tomar conhecimento do fato Lula ficou ?desapontado?, pois contava com o êxito do filme para arrebanhar votos e eleger Dilma Rousseff - ex-terrorista e assaltante de banco - à presidência da República. Em São Paulo, principal mercado exibidor do país, o filme de Lula conseguiu pouco mais de 100 mil espectadores na sua segunda semana de exibição. (Para se ter idéia do desastre, em apenas três dias o desenho animado ?Alvim e os Esquilos?, produção de segunda linha americana, superou a casa dos 640 mil ingressos vendidos). E na sua terceira semana de exibição, em circuito nacional, a frequência media do filme, que já era baixa, caiu 70%, consolidando a derrocada. Fui ver o filme de Lula numa sala da Zona Sul do Rio, na última sessão de uma sexta-feira, horário considerado nobre para o mercado exibidor. Sua platéia, constituída por 17 incautos, mostrava-se entediada, em que pese o som áspero de uma trilha sonora sobrecarregada ? em cinema, curiosamente, um fator decisivo para se anular a atenção do público. Antes do letreiro ?Fim?, uns cinco espectadores, mais hostis, simplesmente abandonaram a sala de projeção, entre apupos e imprecações.(...) Mas a razão primeira pela qual o filme de Lula fracassa é porque ele navega, do início ao fim, nas águas turvas da mentira. Basicamente tudo que nele é exposto - desde os episódios da infância carente narrados em tom autocomplacente pelo ex-operário à ?companheira? Denise Paraná (paga pela Fundação Perseu Abramo, instituição petista) até os relatos da sua ascendência na vida sindical - traz o selo da invencionice dissimulada e o desejo manifesto de se fabricar a imagem do herói predestinado que se fez presidente.(...) (Leia todo o artigo do cineasta Ipojuca Ponte em www.midiasemmascara.org)

Percival Puggina

23/01/2010
Quem estiver realmente interessado na verdade histórica não pode ir atrás da retórica revanchista que descreve o Brasil, no período que vai de 1964 a 1985, como imensa masmorra política, sob um regime impopular, que atuava para enriquecer os ricos, empobrecer a classe média e miserabilizar os pobres. Não foi bem assim. Repito o que escrevi antes: nada justifica que a ruptura com a legitimidade democrática se prolongasse por duas décadas e, menos ainda, o emprego da tortura como instrumento para enfrentar a esquerda em armas e o terrorismo. Mas há outros fatos que não se pode negar nem obscurecer. Naqueles 21 anos, o Brasil se tornou a 8ª economia do mundo e toda a sociedade brasileira foi beneficiada. Pela primeira vez na história vivemos período de pleno emprego. Os salários subiam por pressão de demanda. Havia mais postos de trabalho do que trabalhadores desocupados. Para que se tenha uma ideia do que representou o surto de desenvolvimento nacional do período, passou-se um quarto de século até que, em 2008, episódica e isoladamente, o PIB brasileiro se expandisse acima de 6%, que foi o índice anual médio ao longo daquelas duas décadas inteiras! Construíram-se quase todas as rodovias federais hoje existentes, bem como as principais usinas que, ainda agora, seguram a barra da produção energética nacional; a taxa de analfabetismo, graças ao Mobral, caiu de 40% para 14% e desde então permanece nesse patamar; disponibilizaram-se, graças ao BNH, quatro milhões de moradias sociais; criou-se o Pró-Álcool, e por aí vai. Foi com fortíssimo apoio popular que os militares ocuparam o poder em 1964. No ano seguinte, houve eleições diretas para governadores em 11 estados brasileiros. A oposição só venceu na Guanabara e em Minas Gerais. Perdeu nos outros nove estados. Naquele mesmo ano, implantou-se o bipartidarismo (ARENA do governo e MDB da oposição) e, em 1966, houve eleições para o Congresso Nacional. A ARENA fez 19 senadores e o PMDB 4; a ARENA elegeu 277 deputados federais e o MDB 132. Em 1968, foram disputadas as primeiras eleições majoritárias municipais enfrentadas pelos dois partidos e a ARENA venceu com folga o MDB no cômputo nacional. Em 1970, já em vigência do AI-5, houve nova eleição para renovar 2/3 do Senado e a ARENA obteve sua maior vitória: elegeu 41 senadores enquanto o MDB (que diante da fragorosa derrota chegou a pensar em autoextinguir-se) conseguiu apenas cinco cadeiras. Em 1972, ainda em vigência do AI-5, nova eleição municipal e nova vitória da ARENA. Só em 1974, nas eleições para renovar 1/3 do Senado ocorreu a primeira vitória do MDB, que fez 16 senadores contra seis da ARENA. Mas em 1978, revogado o AI-5, a ARENA voltou a vencer as eleições para o Congresso: fez 15 cadeiras no Senado contra oito do MDB e 231 cadeiras na Câmara dos Deputados contra 191 do MDB. As eleições de 1980 foram postergadas para 1982. Nesse pleito, que antecedeu a redemocratização, o regime já contabilizava absurdos 18 anos, mas ainda contava com surpreendente apoio popular. Sob nova lei, que fez retornar o multipartidarismo, ocorreram, naquele ano, eleições gerais que incluíam, pela primeira vez no período, as diretas para governador. Resultado: o PDS, que sucedera a ARENA, elegeu 12 governadores, o PMDB 9 e o PDT venceu no Rio de Janeiro com o gaúcho Leonel Brizola. Para o Senado, o PDS fez 15 senadores (incluídos os três de Rondônia que se transformara em Estado), o PMDB 9 e o PDT apenas1. Na Câmara dos Deputados, o PDS conquistou 232 cadeiras, o PMDB 200, o PDT 23, o PTB 13 e o PT 8. Foi esse plenário que comandou a última eleição presidencial indireta, com a vitória de Tancredo Neves. Como se vê, leitor, em contradição com o que se tornou senso comum a respeito daqueles anos, o regime nunca foi impopular como muitos gostam de afirmar. O PT, como partido, nada teve a ver com a redemocratização do país, pois não existia quando o jogo político foi levando o Brasil para os trilhos da normalidade institucional e era insignificante quando ela foi estabelecida. A luta armada, só retardou a redemocratização, que nunca esteve entre os objetivos dos que a ela aderiram, dada a ideologia comunista de suas milícias. Malgrado os muitos erros, os inaceitáveis casuísmos, as cassações de mandatos, as absurdas ?áreas de segurança nacional?, a irritante arrogância da ?linha dura? e o descabido continuísmo, a sociedade, na hora de votar, reconhecia méritos na realidade nacional. E não dispensava aos políticos da base do governo e do regime a malquerença que o revisionismo histórico propaga como se fosse decorrência de políticas antipovo adotadas por gente perversa. Por fim, e por dever de justiça, outro desmentido ao lero-lero esquerdista. É falso dizer-se (como tentativa de conceder caráter de normalidade aos atuais níveis de corrupção) que, naquele tempo, havia tanto ou mais corrupção quanto hoje, mas ela ?não era tornada pública por causa da censura?. É provável que houvesse corrupção, sim, como em qualquer lugar do mundo. Contudo, ela era certamente muito menos significativa e desavergonhada do que agora. E a melhor prova disso é a absoluta falta de milionários entre os militares investidos de poder naquele período. Você, leitor, conhece algum que não viva apenas do seu soldo? Quem escreve este artigo tinha 19 anos em 1964, nunca foi de esquerda, mas sempre, ao longo do período, disse o que pensava, reprovou com vigor o autoritarismo durante seus anos de política estudantil. Foi fichado no DOPS pelo que dizia. Mas não gosta da mistificação que se faz em nosso país como forma de, ainda hoje, colher dividendos políticos com o acirramento de ânimos e com o atropelo da verdade. _____________________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

Percival Puggina

21/01/2010
PSDB: DILMA ROUSSEFF MENTE Dilma Rousseff mente. Mentiu no passado sobre seu currículo e mente hoje sobre seus adversários. Usa a mentira como método. Aposta na desinformação do povo e abusa da boa fé do cidadão. Mente sobre o PAC, mente sobre sua função. Não é gerente de um programa de governo e, sim, de uma embalagem publicitária que amarra no mesmo pacote obras municipais, estaduais, federais e privadas. Mente ao somar todos os recursos investidos por todas essas instâncias e apresentá-los como se fossem resultado da ação do governo federal. Apropria-se do que não é seu e vangloria-se do que não faz. Dissimulada, Dilma Rousseff assegurou à Dra. Ruth Cardoso que não tinha feito um dossiê sobre ela. Mentira! Um mês antes, em jantar com 30 empresários, informara que fazia, sim, um dossiê contra Ruth Cardoso. Durante anos, mentiu sobre seu currículo. Apresentava-se como mestre e doutora pela Unicamp. Nunca foi nem uma coisa nem outra. Além de mentir, Dilma Rousseff omite. Esconde que, em 32 meses, apenas 10% das obras listadas no PAC foram concluídas – a maioria tocada por estados e municípios. Cerca de 62% dessa lista fantasiosa do PAC – 7.715 projetos – ainda não saíram do papel. Outra característica de Dilma Rousseff é transferir responsabilidades. A culpa do desempenho medíocre é sempre dos outros: ora o bode expiatório da incompetência gerencial são as exigências ambientais, ora a fiscalização do Tribunal de Contas da União, ora o bagre da Amazônia, ora a perereca do Rio Grande do Sul. Assume a obra alheia que dá certo e esconde sua autoria no que dá errado. Dilma Rousseff se escondeu durante 21 horas após o apagão. Quando falou, a ex-ministra de Minas e Energia, chefe do PAC, promovida a gerente do governo, não sabia o que dizer, além de culpar a chuva e de explicar que blecaute não é apagão. Até hoje, Dilma Rousseff também se recusou a falar sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos, com todas barbaridades incluídas nesse Decreto, que compromete a liberdade de imprensa, persegue as religiões, criminaliza quem é contra o aborto e liquida o direito de propriedade. Um programa do qual ela teve a responsabilidade final, na condição de ministra-chefe da Casa Civil. Está claro, portanto, que mentir, omitir, esconder-se, dissimular e transferir responsabilidades são a base do discurso de Dilma Rousseff. Mas, ao contrário do que ela pensa, o Brasil não é um país de bobos. Senador Sérgio Guerra Presidente Nacional do PSDB

Augusto Nunes

18/01/2010
O HAITI NÃO PRECISA DE CIRCO Augusto Nunes 16 de janeiro de 2010 Assim que o perigo passou, Nelson Jobim apareceu na zona conflagrada pronto para o que desse e viesse. Em caso de tsunami, baixaria numa praia do Haiti com a farda de almirante que ganhou na Rússia. Em caso de invasão espacial, sobrevoaria o Caribe com o traje de gala de brigadeiro francês. Como se tratava de um caso de terremoto, o ministro da Defesa incorporou o general Jobim e irrompeu em Porto Príncipe enfiado num uniforme de campanha. A missão foi cumprida em três dias. No primeiro, o destemido forasteiro recomendou aos sobreviventes que hospitalizassem os feridos e enterrassem os mortos. No segundo, determinou aos militares brasileiros em ação na cidade sem água nem mantimentos que dessem de beber a quem tem sede e de comer a quem tem fome. No terceiro, descobriu que o governo brasileiro sofrera uma perda muito mais dolorosa que as provocadas pelo terremoto.(...) Lei mais em http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes

Percival Puggina

16/01/2010
O que está se tornando senso comum sobre o período da nossa história que vai de 1964 a 1985 tem a profundidade de um pires. É sobre esse recipiente que alguns buscam, agora, instituir a tal Comissão Nacional da Verdade. Cuidado, porém: a principal realização de sua antecessora, a ainda hoje fervilhante Comissão de Anistia, concretizou o sonho dos alquimistas. As milionárias indenizações que concede transformaram os pesados ?Anos de Chumbo? em festejados Anos de Ouro. Não creia que toda objeção à tal Comissão da Verdade seja uma defesa da amnésia. Não há o menor perigo de que isso ocorra. A esquerda ocupou todo o material didático nacional, produziu dezenas de filmes e livros, instruiu e doutrinou quase todos os professores e jornalistas com a sua ?verdade?. Assim, tudo quanto se lê e se ouve a respeito ensina que as elites nacionais, belo dia, por pura perversidade, resolveram incumbir as Forças Armadas de perseguir, prender e martirizar os intrépidos defensores da democracia e dos oprimidos. Patacoada! Aqueles anos loucos não podem ser compreendidos se desconsiderarmos a Guerra Fria e o movimento comunista, que, digamos assim, se espraiava usando a luta armada para instituir ?ditaduras do proletariado?. Foi um jogo mundial, de vida ou morte, entre democracia e totalitarismo, cujas cartas já estavam na mesa quando Stalin, em Yalta, sentou-se ao lado de Churchill e Roosevelt compondo o trio vitorioso na guerra (1945). Nas duas décadas seguintes, o comunismo fez dezenas de milhões de vítimas. Houve a vitória de Mao na China (1949), o ataque comunista à Coreia do Sul (1950), a sangrenta transformação de diversos países europeus em ?repúblicas populares?, a invasão do Tibete (1950), a divisão do Vietnã (1954), o Pacto de Varsóvia (1954), a vitória de Fidel (1959), a construção do muro em Berlim (1961), a Guerra do Vietnã (1961), o envio de mísseis soviéticos para Cuba (1962), o fracasso da resistência húngara e da Primavera de Praga (1956 e 1968) e a revolta dos universitários franceses (1968). Chega? Não. Tem muito mais. Embora me falte espaço, ainda é imprescindível referir a exportação de guerrilhas e revoluções comunistas para dezenas de nações recém-nascidas no continente africano. E, é claro, a infiltração no nosso subcontinente, sob o patrocínio de Cuba, Rússia e China. A esquerda em armas jamais instituiu uma democracia! Nunca, em lugar algum. No Brasil, ela ridicularizava os que persistiram no jogo político. Mas foi através dele que a maioria da opinião pública mudou de lado, retirou apoio ao status quo, chegou-se à anistia e se restabeleceu o regime constitucional. Anote aí: a esquerda em armas não puxou seus gatilhos pela democracia e pela Constituição! E ninguém sacou um bodoque para restaurar o governo de Jango. As coisas não foram como lhe contam, leitor. Reprovar um lado não significa aprovar tudo que foi feito pelo outro. O contexto não justifica as duas décadas inteiras de exceção, nem o emprego da tortura. Mas anistia é perdão e pacificação. Lutando por algo muito pior do que o regime que dizia combater, a esquerda em armas praticou incontáveis assaltos e sequestros, executou mais de uma centena de militares e civis, e ?justiçou? adversários e companheiros. Tivesse vencido, ia faltar prisão e paredón no país. Perdeu. Empenhou-se pela anistia e a obteve. Foi perdoada. Mas parece não saber perdoar. Quer restaurar ódios na ausência dos quais a política lhe fica incompreensível. ZERO HORA, 17 de janeiro de 2010.

rv.cnt.br

15/01/2010
FRASE DO DIA Quando se compara o PDNH-2 (FHC) com o PNDH-3 (PT)faz muito sentido dizer que existem no mais recente coisas novas e boas, só que as novas não são boas e as boas não são novas. (Frase encontrada em rv.cnt.br)

Percival Puggina

15/01/2010
?Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos, com a presença do Ministério Público, do poder público local, órgãos públicos especializados e Polícia Militar, como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares, sem prejuízo de outros meios institucionais para solução de conflitos?. O texto acima transcreve uma das propostas contidas no tal Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3, para os íntimos). Deixemos de lado tudo que se pode presumir sobre a capacidade intelectual de quem escreve um texto desses, que poderia constar como exemplo de má redação em cursinho pré-vestibular. Deixemos de lado. O decreto é todo assim. É um calhamaço disso. É um calhamaço que o presidente afirma que não leu e eu acredito que ele não leu, ao passo que eu li e não acredito no que li. Lula jamais se deteria, mesmo, sobre aquelas 31 mil palavras, ou acolheraria todas as suas 186 mil letrinhas. Teria uma indigestão. Mas, como estava dizendo, eu li. Depois de ler, dei-me conta de não haver encontrado, em parte alguma, a palavra invasão. Usei, então, aquele dispositivo do Word que manda localizar o que se quer e constatei que, de fato, invasão não constava do texto. Aí, lembrei-me de que eles não usam, mesmo, esse vocábulo. Preferem dizer ocupação porque invasão tem esse jeito, assim, tipo ?tomar para si o que é dos outros?, que pega mal. Procurei, então, ocupação. Nada! Ué! Mas o tema aparece no decreto, adverti meus botões. Que nome deram para isso, agora? Acabei encontrando. Ali está, repetidas vezes, a palavra ?conflito?. Sempre que necessário descrever a tal situação que se reproduz centenas de vezes por ano em todo o país, não raro em ciclos prenunciados como meses vermelhos de acirramento das investidas contra as propriedades privadas, o decreto fala em conflito. Você sabe como isso funciona na prática, leitor. Sob as ordens do comandante-em-chefe Stédile, um grupo de suas milícias invade uma propriedade, destrói tudo que encontra pela frente, põe os proprietários a correr, cava trincheiras, dizima lavouras, equipamentos e rebanhos, afronta as autoridades, rasga ordens judiciais para abandonar o local, etc., etc.. E o decreto assinado pelo Influente designa o episódio como ?conflito?. Quer transformar as ações do MST em algo semelhante ao que ocorre quando se verifica uma contradição entre interesses aparentemente iguais e legítimos. ?A? quer algo e ?B? também, cada qual com seus documentos. Tem-se um conflito. Assim, com esse eufemismo, o PNDH-3 propõe um instrumento muito moderno, operacional e racional, que é a mediação em casos de divergência entre interesses privados. No entanto, leitor, não é disso que se trata. Aliás, até os procedimentos usuais, que hoje obrigam o proprietário a requerer reintegração de posse em casos de flagrante esbulho possessório, praticado sob as barbas das autoridades, já são de extrema benevolência para com os invasores. Fazer o que o novo decreto pretende, sujeitando o magistrado (e o proprietário) a uma audiência prévia de mediação é uma coisa de doido. Imagine a situação, na prática: o comandante-em-chefe Stédile mandou invadir. A turma invade e demole tudo. Estabelece-se um ?conflito?. Promove-se, então, uma ?mediação?. Entre quem? Entre os bandidos e a sua vítima! Entre os invasores e o invadido! Para negociar o quê, santo Deus? Perderam completamente a noção de limites. _____________________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

Percival Puggina

12/01/2010
UMA EXPERIÊNCIA SOCIALISTA Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira. Esta classe em particular insistia que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo. O professor então disse, Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Em vez de dinheiro, usaremos suas notas nos testes. Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam justas. Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, portanto, ninguém repetiria. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um A... Depois que a média das primeiras provas foi calculada, todos receberam B. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado. Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média dos testes foi D. Ninguém gostou. Depois do terceiro teste, a média geral foi um F. As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por justiça dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram... Para sua total surpresa. O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes. Preguiça e mágoas foram seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado. Quando a recompensa é grande, ele disse, o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável.

Percival Puggina

11/01/2010
Méritos inquestionáveis a Reinaldo Azevedo, o primeiro jornalista a ler a imensa tralha de ponta a ponta. Até que ele postasse a primeira denúncia pública sobre seu verdadeiro conteúdo, a mídia nacional já escrevera bastante sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (codinome PNDH-3) sem o haver analisado. Durante quase três semanas as matérias versavam sobre a proposta de investigação dos crimes de tortura e a ?busca da verdade histórica da repressão? ? vale dizer, o que constara dos releases oficiais. Mas Reinaldo descobriu que esse específico tema era uma pequena marola no tsunami concebido para varrer o ordenamento jurídico e institucional do país, transformando-o num território subordinado à engenharia social e política petista. Fiz o mesmo, então. Li tudo. São 41 páginas em letra corpo 8 praticamente inacessível a uma pessoa com visão normal. Posto em corpo 11, letra de gente, a peça saltou para 76 páginas! Seu coordenador foi o ministro Paulo Vannuchi. Ele comanda a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, setor do governo que, há coisa de quatro anos, sob direção anterior de Nilmário Miranda, respondeu pela edição da famosa ?Cartilha do Politicamente Correto?. Para quem não lembra, esse outro documento visava a banir do vocabulário nacional o uso de inúmeras palavras tais como veado, funcionário público, comunista, homossexualismo, sapatão, negro, palhaço e até farinha do mesmo saco. Agora, Paulo Vannuchi brinda-nos com algo infinitamente mais pretensioso. Quer desfigurar a democracia representativa, o poder judiciário, o direito de propriedade, a religiosidade popular, a cultura nacional, a família e a liberdade de imprensa. Numa tacada, pretende liberar o aborto, mudar para pior o Estatuto do Índio, autorizar a adoção de filhos por casais homossexuais, valorizar a prostituição e se intrometer em temas que vão da transgenia à nanotecnologia e do financiamento público das campanhas eleitorais à taxação de grandes fortunas. Que dirão os eternos defensores do indefensável? Alegarão que Lula não sabia de nada? Que desconhecia o conteúdo do decreto assinado por todo seu governo? Impossível admitir como verdadeira tal alegação porque Lula participou do ato de lançamento do programa, fez um enorme discurso e afirmou que o PNDH-3 era ?resultado da maturação democrática da sociedade brasileira?. E a ministra Dilma (que, por dever de ofício deve ler tudo que leva para o presidente assinar) está deixando claro a que pretende vir, se lhe permitirem chegar. Ela também conhecia o conteúdo daquela maçaroca. Ambos sabiam o que estavam enaltecendo em seus emocionados discursos no dia 21 de dezembro. O PNDH-3 é uma ladainha em que direitos humanos e democracia fazem o estribilho, mas tudo vai em direção oposta por uma simples razão: seus objetivos reais, do primeiro ao último, são todos partidários. Se houvesse efetivo compromisso de nosso governo com democracia e direitos humanos, seus representantes não se posicionariam contra quaisquer decisões da ONU que reprovem a situação de países como Cuba e China. Por fim, todo o auê em torno da ?verdade? e da ?memória histórica? é uma tentativa de tomar conta de um discurso que serviu muito bem ao crescimento da esquerda: a tal luta pela democracia, com a qual o PT nada teve a ver porque sequer existia quando tudo começou e porque era insignificante quando tudo terminou (o PT saiu do pleito de 1986 com apenas 16 deputados federais). Como o discurso da ética foi para o saco há muito tempo, o partido trata, agora, de se apropriar desse. E nada melhor do que criar um conflito para dominar um dos lados do tabuleiro. * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.