DO CHINELO AO MOCASSIM ITALIANO
DO CHINELO AO MOCASSIM ITALIANO
Sofismas costumam ser muito bem-vindos como tática para formar consensos sociais. É comum, por exemplo, mas falso como flor de plástico, dizer-se que antes (tempo dos governos militares) a corrupção não aparecia por causa da censura. Pronto. Uma verdade histórica (havia censura) dá à luz uma mentira que passa a ser aceita como verdade (havia corrupção mas ela não podia ser revelada). Ora, se fosse assim, sustada a censura, cessaram os impedimentos à divulgação do que antes teria sido mantido oculto.
Malgré tout, da revista Carta Capital aos inúmeros blogs e blogueiros a soldo do petismo, nenhum dos jornalistas ou veículos de mídia que vivem apregoando isso se mostrou capaz ou interessado em apontar casos de enriquecimento ilícito entre militares que exerceram poder no país entre 1964 e 1985.
Generaliza-se contra a honra alheia em favor da própria desonra, porque o que mais se vê no Brasil, de lá para cá, é gente chegando em Brasília de ônibus e de chinelo para desembarcar imediatamente em mocassins italianos e camionetões importados.