OS MEDÍOCRES
Em "O homem medíocre", afirma José Ingenieros: “A sociedade proclama: ‘Não faças mal e serás honesto’. Mas o talento moral tem outras exigências: ‘Persegue a perfeição e serás virtuoso’. A honestidade está ao alcance de todos; a virtude é uma escolha de poucos. O homem honesto suporta o jugo a que o prendem seus cúmplices; o virtuoso se eleva sobre eles com um golpe de asa”.
São palavras que queimam a palha da mediocridade e incendeiam a alma dos que buscam a virtude porque é nela, e não na simples honestidade, que se medem os valores da aristocracia moral. Infelizmente, a leitura de “O homem medíocre” nos expõe duas alarmantes realidades nacionais: 1º) não estamos sob o comando dos virtuosos, nem dos honestos, mas dos impostores, ou seja, dos sepulcros caiados de que trata o Evangelho; e 2º) até a medíocre honestidade se faz, a cada dia, mais e mais rara, a ponto de ansiarmos por ela como se fosse um bem em si mesma.
FELIZ DIA DOS PAIS
Reproduzo trecho de um artigo que escrevi em 1997. Faço como homenagem a todos os pais, neste Dia dos Pais. De modo especial, penso naqueles que, como eu, já não o tem ao alcance do abraço ou do telefone.
Muitas vezes, nos últimos anos, me surpreendo usando a expressão "lá em casa" para me referir àquela habitação, já vazia e triste, porto seguro e generoso de onde parti para o oceano da vida. Outras tantas vezes tenho pensado que “preciso consultar o pai”, no impulso comum de quem sempre contou com o sábio conselho do velho marujo.
É provável que os leitores o conhecessem como figura pública, dezesseis anos deputado, dedicado às questões sociais, simples qual os homens da terra, cujas mãos ásperas e encardidas como raízes, ele apertava com afeto e admiração. E ao mesmo tempo economista estudioso, tão disposto e hábil no debate sério e produtivo quanto avesso às discussões estéreis sempre comuns no cotidiano parlamentar. Outros talvez guardem dele a imagem do cristão convicto, diariamente presente na missa da Igreja Santa Terezinha, que fazia das encíclicas de João XXIII luzeiros de suas idéias e sinuelos de suas ações.
Eu o recordo, principalmente, como pai de muita ação, não muitas palavras, e ao mesmo tempo enciclopédia de vida, dicionário de valores, cuja adesão existencial ao bem educava sem nada precisar dizer, mestre que era na insuperável arte do exemplo. Pai de sete filhos, repartia-se - inteiro em cada lugar - entre a família, a Assembléia e as estradas de barro, pedra e pó.
Nesse dia, leitor amigo, penso de modo especial em você, que também não pode mais abraçar seu pai. A melhor mensagem que lhe posso transmitir foi a que recebi de um fraterno companheiro, via Internet, quando o meu velhinho morreu. “Sem os limites do frágil corpo, sua alma, em liberdade, alçou vôo para muito alto, para a morada do Pai de todos os homens!”
Outro dia, em um programa de debates na tevê, discutia-se a tolerância estatal com relação a invasões de propriedade. Como de hábito, invocava-se contra esse direito a assertiva constitucional segundo a qual "a propriedade atenderá sua função social". É impressionante o uso abusivo desse preceito! Em vista dele, invasores contumazes - das propriedades alheias uns (MST, MTST etc), e das prescrições constitucionais outros (juristas de formação marxista) - conceberam a tese estapafúrdia de que na ausência da prova sobre o cumprimento da função social, decairia o proprietário de seu direito, consagrando-se o do invasor. Uma aberração própria dessa conhecida e desastrosa ideologia.
A função social é atributo do direito de propriedade e não pode ser utilizada para destruí-lo. Ela está expressa no texto constitucional para autorizar o legislador a orientar o direito de propriedade no sentido do bem comum. Formula, pois, um necessário princípio de direito público e não uma regra para autorizar invasões. E menos ainda para fazer cessar o direito à propriedade!
Retornando a um pedal já repisado aqui: quem quer construir "um outro mundo possível" precisa destruir as bases do mundo que aí está. E o direito de propriedade é uma dessas bases.
UM GOVERNO ABSOLUTAMENTE IRRESPONSÁVEL
As evidências da irresponsabilidade governamental saltam dos fatos e das notícias. Todos sabemos, na realidade do orçamento familiar, que a inflação sobe e que estão estáveis as despesas com combustíveis e energia elétrica. Isso acontece porque se os preços desses dois fatores de custo de produção não fossem represados a inflação seria bem maior, ultrapassaria o "teto da meta" (6,5% a.a) e ficaria chato para o governo em ano eleitoral.
Como consequência disso, a Petrobras e as empresas de energia enfrentam enormes dificuldades de caixa. Como se resolve o problema? Os jornais de hoje noticiam que o governo negociou com um consórcio de bancos o socorro financeiro ao setor no montante de - pasmem! - R$ 6,6 bilhões. O sempre bem disposto BNDES entra com a metade disso. A conta será paga por nós contribuintes, com os acréscimos de praxe, quando estiver resolvida a encrenca eleitoral, ou seja, em 2015.
Em outras palavras: vamos pagar, com juros e correção monetária, a diferença entre os valores que deveríamos estar pagando e os valores efetivamente pagos, para que o governo se beneficie da ilusão de preços estáveis e inflação dentro da meta. No governo, ninguém, esboça o menor sinal de constrangimento. E a mídia se contenta com noticiar o fato, sem denunciar seu real significado.
Concordo inteiramente com o conceito contido nessa afirmação. Não existem, na obra do Criador, dois seres iguais. Deus é permanentemente criativo na sua Criação. A desigualdade, portanto, é natural, embora muitas formas de desigualdade não o sejam. Existem desigualdades que se instalam através do crime, da usurpação, da opressão, de injustificáveis preconceitos, do mau uso do poder, de instituições políticas mal concebidas e de governantes mal escolhidos. "Todos somos iguais na dignidade natural de filhos de Deus", ensina-nos a Bíblia. E "todos somos (por isso) igualmente importantes", constata M. Thatcher. (É minha a inclusão do "por isso" na frase acima. Ela decorre da necessidade de que a referida importância tenha fundamento).
As pretensões igualitárias dos totalitarismos não se importam com estas causas. Elas buscam igualar o inigualável. O Papa Leão XIII, em sua encíclica de 1891, a profética Rerum Novarum, desvendou com antecipação de um quarto de século o que iria acontecer em qualquer país que se enveredasse por esse ruinoso caminho: "a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria".
Vinte e seis anos mais tarde, a Rússia começaria a experimentar com grande padecimento aquilo que o sábio pontífice prudentemente advertira. A "sociedade igualitária", veneno em pílula adocicada, ainda seduz muitos ingênuos que não percebem o martírio das multidões nessa humanidade sem identidade, robotizado e sempre miserável exército de soldadinhos de chumbo.
O terrorismo islâmico tem vários nomes próprios, que soam estranhos aos idiomas e aos ouvidos ocidentais. Mas são motivo de pavor em muitas partes do globo. Há meio século, quando cheguei as meus 18 anos, não se ouvira mencionar palavras que hoje causam pavor no Oriente Médio, África Meridional, Índia, Paquistão, Sudeste Asiático, Europa e Estados Unidos. O fato de nós, os sul-americanos, não sermos ainda focos relevantes desse terror, não pode ser tomado como motivo de indiferença.
Refiro-me, especialmente, às organizações terroristas impulsionadas pelo conceito de Jihad Menor, que significa imposição da fé aos infiéis. Entre eles o Hamas (Movimento de Resistência islâmica), hoje na ordem do dia em virtude do confronto com Israel, cuja eliminação é seu objetivo principal; o Jihad Islâmico da Palestina; o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (atualmente massacrando multidões no Iraque); o Hizbollah (Partido de Deus), centrado no Líbano; Al Jihad, no Egito; Al Qaeda (tão difundida quanto difusa), responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Assim como não se pode confundir o Islã com as formas de terrorismo que operam no islamismo (muitas vezes contra os próprios muçulmanos não radicais) é impossível desconhecer que os grupos radicais têm sido a face mais visível dos devotos do profeta. E este não é um assunto que o Ocidente possa solucionar por meios próprios.