• 10/08/2014
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FELIZ DIA DOS PAIS

Reproduzo trecho de um artigo que escrevi em 1997. Faço como homenagem a todos os pais, neste Dia dos Pais. De modo especial, penso naqueles que, como eu, já não o tem ao alcance do abraço ou do telefone.

 Muitas vezes, nos últimos anos, me surpreendo usando a expressão "lá em casa" para me referir àquela habitação, já vazia e triste, porto seguro e generoso de onde parti para o oceano da vida. Outras tantas vezes tenho pensado que “preciso consultar o pai”, no impulso comum de quem sempre contou com o sábio conselho do velho marujo.

 É provável que os leitores o conhecessem como figura pública, dezesseis anos deputado, dedicado às questões sociais, simples qual os homens da terra, cujas mãos ásperas e encardidas como raízes, ele apertava com afeto e admiração. E ao mesmo tempo economista estudioso, tão disposto e hábil no debate sério e produtivo quanto avesso às discussões estéreis sempre comuns no cotidiano parlamentar. Outros talvez guardem dele a imagem do cristão convicto, diariamente presente na missa da Igreja Santa Terezinha, que fazia das encíclicas de João XXIII luzeiros de suas idéias e sinuelos de suas ações.

 Eu o recordo, principalmente, como pai de muita ação, não muitas palavras, e ao mesmo tempo enciclopédia de vida, dicionário de valores, cuja adesão existencial ao bem educava sem nada precisar dizer, mestre que era na insuperável arte do exemplo. Pai de sete filhos, repartia-se - inteiro em cada lugar - entre a família, a Assembléia e as estradas de barro, pedra e pó.

  Nesse dia, leitor amigo, penso de modo especial em você, que também não pode mais abraçar seu pai. A melhor mensagem que lhe posso transmitir foi a que recebi de um fraterno companheiro, via Internet, quando o meu velhinho morreu. “Sem os limites do frágil corpo, sua alma, em liberdade, alçou vôo para muito alto, para a morada do Pai de todos os homens!”