Concordo inteiramente com o conceito contido nessa afirmação. Não existem, na obra do Criador, dois seres iguais. Deus é permanentemente criativo na sua Criação. A desigualdade, portanto, é natural, embora muitas formas de desigualdade não o sejam. Existem desigualdades que se instalam através do crime, da usurpação, da opressão, de injustificáveis preconceitos, do mau uso do poder, de instituições políticas mal concebidas e de governantes mal escolhidos. "Todos somos iguais na dignidade natural de filhos de Deus", ensina-nos a Bíblia. E "todos somos (por isso) igualmente importantes", constata M. Thatcher. (É minha a inclusão do "por isso" na frase acima. Ela decorre da necessidade de que a referida importância tenha fundamento).
As pretensões igualitárias dos totalitarismos não se importam com estas causas. Elas buscam igualar o inigualável. O Papa Leão XIII, em sua encíclica de 1891, a profética Rerum Novarum, desvendou com antecipação de um quarto de século o que iria acontecer em qualquer país que se enveredasse por esse ruinoso caminho: "a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria".
Vinte e seis anos mais tarde, a Rússia começaria a experimentar com grande padecimento aquilo que o sábio pontífice prudentemente advertira. A "sociedade igualitária", veneno em pílula adocicada, ainda seduz muitos ingênuos que não percebem o martírio das multidões nessa humanidade sem identidade, robotizado e sempre miserável exército de soldadinhos de chumbo.