AUTOR DESCONHECIDO

28/07/2010
Recebi e divulgo porque faz muito sentido. ACABEMOS COM A APAGÃO BIOGRÁFICO DA DILMA ? Em meio a tantos e-mails contra a Dilma parece justo contribuir para o equilíbrio do debate favorecendo o conhecimento da real contribuição da candidata para a história do Brasil. Assim, quem souber ou conhecer alguém que saiba, por favor nos envie registro documental (foto ou vídeo) em que ela apareça: ? Defendendo a democracia (tem que existir, por exemplo, uma foto da Dilma nas Diretas Já). ? Participando de uma passeata pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita. ? Integrando algum evento pela Constituinte Livre e Soberana. ? Apoiando o Impeachment do Collor. ? Evidenciando indignação com o Mensalão ou com o caso do dinheiro nas cuecas, nas malas, nas meias, etc. ? Envolvida com algum trabalho social de que ela já tenha participado (afinal, ninguém chega aos 60 anos sem ter feito parte de alguma ação social) Ou, ainda, foto ou vídeo em que ela se mostre autentica e naturalmente simpática (deve haver!!!); Não podemos ter uma presidente sobre a qual nada sabemos, a não ser pela boca de Lula. Chega de boatos, de disse-me-disse. Queremos fotos! Notícias de jornal! Documentos históricos! Repassem e ajudem a acabar com o Apagão Biográfico da Dilma.

Percival Puggina

24/07/2010
Na última quarta-feira, participando de um programa de debates na Rádio Bandeirantes aqui em Porto Alegre, saí em defesa de Índio Costa quando veio à baila o que ele havia dito a respeito das relações entre o PT e as FARC/PCC. Minha posição causou alvoroço no estúdio porque, a todos, aquelas afirmações pareceram fora de contexto e prejudiciais à candidatura de José Serra. Quando passei a relatar as tantas evidências em que se fundamentara o candidato a vice-presidente na coligação PSDB/DEM, percebi que os demais participantes do programa tinham na lembrança os fatos que mencionei. Mas todos haviam ficado negativamente surpresos quando o assunto foi tratado publicamente por um candidato à vice-presidência. É muito estranho isso. Na política brasileira, o único partido que pode atacar seus adversários é o PT. Aos petistas é dado o direito de investir contra a honra e infernizar por mil modos a vida daqueles a quem se opõem. No contra-fluxo, todo revide é apontado conduta inadequada, deselegância e causa enfado. Isso vai prejudicar a campanha do Serra, alertam alguns, desatentos para o fato de que a campanha do Serra está prejudicada por muitos outros motivos, entre os quais a máquina publicitária do governo e o coronelismo oficializado, que troca comida por voto. Ou haverá alguém, no Brasil, que argumente de modo consistente contra essa afirmação? O que de fato surpreende no que disse Índio Costa é a constatação de que algo conhecido, sabido e consabido, possa causar espanto quando na boca de um candidato a vice-presidente. No país da mentira, da enrolation, da mistificação assumida como prática de Estado, isso dá causa a muxoxos e narizes torcidos. Você já percebeu, leitor, que o nome do candidato virou motivo de gozação, servindo à mais vulgar ironia? Prestando-se para coisas assim, inteligentes e criativas, como menções a Funai, tanga, apito e cara pintada? Mas isso pode, porque na origem do desrespeito estão aqueles de quem tudo se tolera. Tolera-se que Lula desatenda candente apelo da Colômbia, feito pessoalmente pelo presidente Uribe, em 2003, no sentido de que o Brasil declarasse as FARC como organização terrorista (coisa que elas são). Aceita-se que Lula cometa essa grosseria em nome de uma alegada intenção de servir como mediador no conflito colombiano. O então ministro do Interior daquele país, Fernando Lodoño, comentou a inusitada situação dizendo que o presidente do Brasil se oferecia para uma tarefa à qual ninguém o designou e nem está na lista das possibilidades (Folha Online, 27/02/2003). Qualquer governo com um mínimo de seriedade, ao contrário do que fez o governo petista, deveria conceder total apoio a Uribe no enfrentamento que faz às FARC porque não existe na América do Sul - sob o ponto de vista político, social, moral e institucional - algo mais nocivo, nem mais nutritivo para o crime. E o PCC é um braço bem armado das mesmas FARC no Brasil. O governo brasileiro, no entanto, acolhe os membros daquela organização, troca afagos (na Venezuela tem democracia até demais, disse Lula) com o companheiro Chávez, que dá guarida às FARC em seu território. Ao mesmo tempo, somos obrigados a ler nos jornais, periodicamente, que esses bandidos usam, também, a Amazônia Brasileira como local de refúgio e fazem do Brasil através do PCC e outras organizações, uma de suas principais rotas de destino e trânsito para a droga que comercializam. Mas errado, reprovável, injurioso, incompatível com a seriedade de uma boa e reta campanha eleitoral, conforme os elevados padrões requeridos pelo TSE, foi o deputado Índio da Costa, ao trazer essa irrelevante pauta para a campanha eleitoral. ______________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

E.W. Caetano

24/07/2010
NATURAL E SOBRENATURAL E.W. Caetano em http://scribebat.wordpress.com (...) Muitos materialistas defendem a idéia de que, no futuro, a natureza humana sofrerá ?upgrades?, com a capacidade de raciocínio e memória sendo amplificadas graças ao uso da tecnologia, combinando engenharia genética e inteligência artificial. Especulam, inclusive, que um dia será possível transferir para uma outra ?mídia? (silício ou energia pura, talvez) todo o ?software? de uma mente humana, criando uma nova raça humana imortal e com capacidade intelectual potencialmente ilimitada. No entanto, quando falamos de Deus e da graça, ou quando falamos de milagres, o mesmo materialista recua e sentencia: isto é absurdo, é inadmissível! O sobrenatural não existe e não pode existir. Dois pesos e duas medidas? A natureza sobrenaturalizada é perfeitamente plausível para os materialistas, uma vez que respeita os dogmas de sua má filosofia. Já a sobrenaturalidade que a reta razão diz ser possível e a fé verdadeira revela é sumariamente rejeitada, pois tal sobrenaturalidade pressupõe a existência de algo além da matéria, além da causalidade eficiente limitada e controlável que a ciência estuda.

Augusto Nunes

22/07/2010
O COMPARSA DA DITADURA CUBANA Augusto Nunes Em março, a blogueira Yoani Sánchez mandou ao presidente Lula uma carta com um apelo: queria visitar o Brasil em 23 de julho, para assistir ao lançamento do documentário Conexão Cuba Honduras, em que aparece como entrevistada. O destinatário poderia facilitar as coisas se pedisse ao governo da ilha que autorizasse a viagem. Há uma hora, Yoani divulgou pelo twitter a seguinte informação: ?Pedi a Lula que interceda por mi viaje ante autoridades cubanas, pero carta de invitacion hecha en consulado de cuba en Brasil no aparece?. O documentário será exibido nesta sexta-feira. Pela quinta vez em três anos, Yoani será impedida de sair do país. E saberá que pediu socorro a um comparsa da ditadura dos irmãos Castro. O governo brasileiro faz todas as vontades do amigo Fidel, como souberam tarde demais os pugilistas Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, presos pela Polícia Federal e deportados para Cuba, durante os Jogos Panamericanos de 2007, por ordem do ministro Tarso Genro. Quem acha que Orlando Zapata procurou a morte na cadeia jamais se comoverá com uma jornalista que procura a vida fora da ilha-prisão.

Percival Puggina

17/07/2010
OS SEM VERGONHA O que mais me espanta é a falta de vergonha com que certas pessoas se apresentam para defender um regime como o cubano, que se dá o direito de prender seus cidadãos por delito de opinião (embora acuse os pobres infelizes de alta traição) e que, anos mais tarde, solta-os assim, sem mais nem menos. Se podia soltar por que prendeu? Se devia prender, por que soltou? Para defender um regime desses é preciso ser muito sem vergonha.

Percival Puggina

17/07/2010
As páginas policiais não são minha praia. Não costumo acompanhar notícias sobre crimes que chegam às manchetes e comovem a opinião pública. Ainda assim, tendo sido impossível não recolher fragmentos do caso Bruno, acabei interessado por algo que percebi nas imagens dos acusados transitando entre os camburões e as delegacias. Naquelas cenas de entra e sai sob escolta policial, era visível a presença, junto a repórteres e fotógrafos, de bom número de populares. E captava-se deles uma espécie de silencioso aplauso cívico diante da visão dos acusados sendo identificados, presos e comparecendo perante instituições que estavam funcionando devidamente para lhes dar o que mereçam. Importante isto: a sabedoria popular reconhece o valor das instituições e reverencia aquelas que funcionam. Tal observação me levou a pensar sobre a frustração que haverá se, dentro de alguns dias, os denunciados forem soltos para responder em liberdade pelo que fizeram. Será desastroso se as imagens que hoje expressam a mão do Estado impondo-se sobre os acusados forem substituídas por outras de Bruno saracoteando-se na noite carioca, pronto para sair na mão com qualquer mulher que se anteponha aos seus desígnios. Já pensou? É difícil não cogitar dessa possibilidade porque as pautas institucionais, estas sim, são de meu interesse. A impunidade, leitor amigo, tem causas institucionais e nos ataca duplamente. De um lado, ela nos ataca pela permanência do mal. Do mal que persiste livre e solto. De outro, nos ataca pela decorrente renúncia ao bem por parte de tantos que acabam jogando ao chão a toalha dos pisoteados valores que um dia prezaram. E olha que não é difícil entendê-los! Sempre ao arrepio da vontade social, instalou-se em nosso país uma espécie de leniência para com o crime. Os absurdos privilégios concedidos aos já naturalmente privilegiados geraram, em seu viés oposto, uma espécie de coitadismo no trato institucional com o criminoso comum, visto como vítima das circunstâncias, destituída de consciência e de culpa. A espada da justiça foi tornada lenta pelos meandros e sinuosidades que a legislação faculta aos processos. E perdeu o fio, a simbólica espada, tornando-se cega também nesse sentido, pela benevolência das penas e pela misericordiosa execução das penas. É duro dizer, mas forçoso reconhecer: nossas instituições protegem melhor o mal do que o bem. Os processos relativos ao Mensalão, por exemplo, já levam cinco anos (e apenas começaram). Não, não me digam que está tudo sob controle, que está tudo bem e que é assim que deve ser. A mais prolongada pena de prisão efetivamente cumprida no país não chega à metade da pena máxima de 30 anos, ouço dos penalistas. Um dos envolvidos nesse escabroso caso do goleiro é protegido pelo anonimato, tratado como di menor e se tudo lhe sair errado vai cumprir três aninhos como medida socioeducativa. O moço anda com uma pistola na cintura, pode procriar, pode votar para presidente, mas a redução da maioridade penal foi declarada tese politicamente incorreta. E nada indica que o novo Código de Processo Penal em discussão no Congresso venha socorrer a sociedade e responder a seus justificados anseios. Especial para ZERO HORA

Percival Puggina

17/07/2010
Embora apreciador do bom futebol e torcedor do meu Inter, sempre me pareceu que futebol fosse jogo de azar. Só por isso, supunha, era possível haver loteria com base nesse esporte. Pois eis que enquanto jogadores, técnicos e profissionais da mídia esportiva dedicavam-se, diuturnamente, a deslindar as incertezas e mistérios da disputa travada na África do Sul, um simples polvo matou a charada tornando tudo previamente sabido. A lógica do futebol é a lógica do polvo. Ao longo dos últimos trinta dias, mais preocupado com o Brasil do que com a África do Sul, acompanhei o noticiário internacional a respeito dos negócios e do fluxo turístico naquele país. Afinal, dentro de quatro anos, seremos nós os bem-aventurados hospedeiros do empreendimento da FIFA. Desde o início, as informações que obtive foram me surpreendendo. Assim, por exemplo, fiquei sabendo que a África do Sul recebe duas vezes mais turistas do que o Brasil. Em números redondos, todo ano vêm cinco milhões para cá e vão dez milhões para lá. As estimativas iniciais do governo sul-africano (que gastou US$ 5,2 bilhões no evento) apontavam para um fluxo adicional, determinado pela Copa, da ordem de 750 mil turistas, com um gasto per capita de US$ 4 mil. Esses números foram caindo até baterem no piso de 250 mil turistas nas estimativas de meados de junho, mas fecharam um pouco acima dos 300 mil. Os especialistas, todavia, apontam a ocorrência de um simultâneo refluxo do turismo regular, ou seja, certo número de pessoas que normalmente visitaria o país nesta época deixou de fazê-lo em virtude das alterações de rotina e de preços determinadas pela Copa. Resumindo, o Departamento de Assuntos Internos da África do Sul informou que no período entre 1º de junho e 1º de julho entraram 1.020.321 turistas, contra 819.495 no mesmo período do ano passado. Saldo positivo final: 200 mil visitantes a mais e algo como US$ 1 bilhão gastos por eles no país. Mesmo antes da divulgação desses dados, o trade turístico sul-africano já convergira para alguns consensos: a) todas as previsões a respeito dos benefícios da Copa haviam sido superestimadas; b) a publicidade em torno do país foi o principal ganho; e c) os resultados serão benéficos apenas no longo prazo. A dúvida que me ocorre levar às considerações do polvo se refere à efetiva conveniência de que países com severos problemas sociais, como África do Sul e Brasil, despendam pesadíssimos recursos públicos (já se fala que aqui se gastará pelo menos o dobro do que foi gasto na copa africana) para colher resultados pequenos no curto prazo em nome de ganhos imponderáveis num futuro remoto. Note-se que os investimentos privados serão pouco expressivos porque a iniciativa privada não faz investimento para trinta dias. As alegações de que os gastos em infraestrutura serão benéficos e produzirão resultados permanentes fazem todo sentido. O que não faz sentido é a necessidade de se enfrentar as despesas específicas exigidas para um evento de 30 dias, como condição para investimentos adicionais, estes sim necessários e permanentes. Tipo assim: preciso adquirir um imóvel, mas para viabilizar isso vou comprar também um carro novo. Patrocinar a Copa, dar-se o país aos luxos e requintes demandados pela FIFA, me parece uma forma de gastar mais para obter algo que se conseguiria por menos. Gostaria de estar errado e muito apreciaria se o polvo, ou alguém por ele, me fizer prova disso. Mas advirto, os números da África do Sul não o ajudarão. ______________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.

Juca Kfouri

11/07/2010
ENROLATION A FARRA CONTINUA (do blog de Juca Kfoury) Por JOSÉ CRUZ Com o Brasil fora do Mundial da África do Sul, o ministro do Esporte, Orlando Silva, continua fazendo a festa na Esplanada dos Ministérios, gastando por conta da Copa 2014. Especialista em contratos sem licitação ? mas ?tudo dentro da lei? ?, ele autorizou sua assessoria a liberar R$1,4 milhão para ? tome fôlego, leitor: ?Contratação dos serviços de implantação da solução de Gestão de informação e participação colaborativa que será adotada para acompanhamento e controle do Plano diretor da Copa 2014?. Ufa! Entenderam? Tudo muito claro, não é mesmo? Quem vai se dar bem no contrato ?sem licitação? é a empresa Calandra Soluções S.A, do Rio de Janeiro, que receberá exatos R$ 1.457.400,00 do dinheiro do contribuinte, para um trabalho cujo resultado nunca se conhecerá, pois não servirá para absolutamente nada. Os detalhes dessa despesa estão no processo n º 58701000725201061 ..

Percival Puggina

11/07/2010
No email que me endereçou, a jovem estudante mostrava-se indignada com a Igreja por causa das Cruzadas. Fiquei pensando se respondia ou não. Afinal, de que adianta gastar meu latim com esse tipo de bobagem? Que poder teriam algumas palavras minhas contra a ação de um professor mal intencionado, o ano inteiro, dentro da sala de aula? Decidi por uma estratégia mais longa e retornei uma pergunta bem curta: Teu professor, ao falar sobre as Cruzadas, mencionou alguma vez a palavra Jihad ou o expansionismo islâmico? Ela me respondeu que nunca ouvira falar disso e se mostrou surpresa por eu saber que ela fora introduzida ao tema das Cruzadas por um professor. A menina deve ter me considerado um gênio... Tem-se aí excelente exemplo de algo que já foi objeto de outros textos meus: a malícia de tantos professores que se valem da cadeira de História para seus fins ideológicos, usando o ataque insidioso à religião como meio para agir. Afastam os jovens da Igreja e da palavra de Deus e os introduzem, com gravíssimo prejuízo, nos ritos e devoções do materialismo, do marxismo e do relativismo. Daí para o hedonismo é um passo de dedo. Desmancham com os pés da mentira e da mistificação o que os pais tenham ensinado em casa. Espinafram a Igreja por causa das Cruzadas do século 12, mas jamais mencionam os cem milhões de mortos pelo comunismo no século passado. Decorrerão algumas décadas até que esses jovens, já maduros, percebam, na experiência da vida, o engodo a que foram conduzidos pelos falsos mestres. Quem não tem relatos semelhantes? A primeira Cruzada iniciou no ano de 1096 e a nona terminou em 1272. A palavra refere, portanto, uma série de episódios que se encerraram há 738 anos, envolvendo a retomada de Jerusalém. Veja agora, leitor, se é possível falar honestamente sobre as Cruzadas sem mencionar a Jihad. Jerusalém, no início do século 7, integrava o Império Romano do Oriente, sob o domínio de Bizâncio. Era uma cidade cristã, portanto, até ser conquistada pelos sassânidas (persas) e, em seguida, pelos seguidores de Maomé. Este personagem surgira na cena histórica alguns anos antes, havia estabelecido as bases religiosas do Islã e dera início à Jihad e à Guerra Santa. Em apenas oito anos, formara um Estado árabe sob seu comando. Em 622, conquistara Iatrib (Medina), passando na espada os judeus da cidade. Em 630 retomara Meca, de onde fora expulso por suas ideias monoteístas. E morrera em 632. Seis anos mais tarde, seu sucessor Omar entrava em Jerusalém. Um século mais tarde, o Islã já estendia seus domínios sobre a Pérsia, a Palestina, boa parte do Império Bizantino, o norte da África, a Península Ibérica e atacava a Europa por vários flancos. É possível mencionar as Cruzadas, com seus episódios grotescos, e nada contar sobre isso? Mas as coisas não pararam aí. Quando o Papa Urbano II, no concílio de Clermont-Ferrand (1095) convocou a Primeira Cruzada, Jerusalém havia sido tomada pelos seljúcidas, que instalaram um regime de intolerância à presença dos cristãos, até então respeitada nos termos ajustados com Bizâncio durante a conquista da cidade em 636. Clermont-Ferrand fica próxima ao centro geográfico da França. Pois enquanto ali se realizava o concílio, ainda fumegavam, no centro da atual Espanha, os destroços deixados pela guerra que retomara a região de Toledo para os cristãos e para o reino de Castela. Os muçulmanos estavam ali havia três séculos e levariam outros 400 anos para abandonar toda a península. Mas disso, nas aulas de história, fala-se pouco, muito pouco, quase nada. E quando se menciona a Tomada de Constantinopla, em 1453, o assunto é tratado como fato isolado, perfeitamente normal, e não como um ato de suprema violência e ganância imperial, geradora de um massacre que durou três dias e três noites, que coroou investidas iniciadas 800 anos antes e que encerrou mil anos de esplendor cristão naquela que foi a mais impressionante cidade de seu tempo! E nada, absolutamente nada se diz sobre o fato de que esse expansionismo, ainda insatisfeito, prosseguiu na direção oeste, sob o mesmo impulso, até a derrota final dos otomanos, diante dos muros de Viena, na batalha de 1683. Mas insistentes, violentas, conquistadoras e descabidas foram as Cruzadas... Agora me responda o leitor: a derrota do grão-vizir Kara Mustafa Pasha em Viena decretou o fim das guerras santas? Encerravam-se, ali, as campanhas militares empreendidas pelos muitos impérios, dinastias, governos e províncias muçulmanas, ao longo desses mil anos iniciados com a Hégira e a tomada de Iatrib? Não, claro que não! O que são Al Qaeda, Hamas, Hizbolah, Fraternidade Islâmica e o amigo de Lula, Ahmadinejad, se não jihadistas que afirmam seguir as determinações de sua fé? Não eram jihadistas os tresloucados que se arremessaram contra as Torres Gêmeas? E se alguém, leitor, lhe opuser que Jihad, no sentido religioso, é coisa diversa, que designa uma conquista pessoal interior, de natureza espiritual, saiba que isso é sublime e verdadeiro. Como também é verdadeiro, sem ser sublime, que Maomé II estava tão a serviço de sua Jihad em versão violenta quanto quem, hoje, veste um colete de bombas ou faz explodir uma estação de metrô em Londres. A imensa maioria dos muçulmanos são amantes da paz e vivem sua religiosidade de um modo sereno e harmonioso com as demais crenças e religiões em seu entorno. No entanto, é a pequena minoria violenta que mais uma vez, neste momento, se expressa de modo assustador nas páginas da história. Escrevo todas estas linhas, bem além do habitual nestes textos semanais, para destapar a imensa fraude praticada por tantos professores de história. Para desmerecer o Cristianismo e a Igreja, eles se fixam nos episódios das Cruzadas, como algo sem causa e com as terríveis consequências que apontam. Algumas aulas mais tarde, porém, tratam da Tomada de Constantinopla como fato isolado, sem origem que mereça menção e tendo como consequência as Grandes Navegações. Convenhamos! Nota do autor: esta é a mensagem que estou enviando à jovem estudante mencionada nas primeiras linhas deste texto. ______________ * Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.