Percival Puggina

08/02/2014
Volta e meia ouço que as ideologias acabaram. Ensinam-me que esquerda, direita e seus arredores perderam prazo de validade. Vai atrás! Chega a ser engraçado porque não abro jornal, não ouço rádio nem assisto tevê sem que as ideologias fluam aos borbotões das palavras e das imagens. Elas estão entre as mais imediatas causas das notícias. A ideologia que rege a banda nacional, por exemplo, está desintegrando a sociedade. Será preciso mais, para que o reconheçamos? Rouba-se tudo de todos. O carrinho do bebê e, não raro, também o bebê. A pensão da velhinha e o guarda-chuva do velhinho. Rouba-se tudo de todos. O país virou um covil onde ladrões espantam turistas e apavoram os nativos. Por quê? Porque nossos governantes, legisladores e muitos magistrados consideram de baixa lesividade os crimes contra o patrimônio (alheio, claro). Nem por roubo à mão armada alguém vai para regime fechado. Se condenado, o assaltante ruma para o semi-aberto, onde não tem vaga. E daí para casa e para as ruas. É por isso que um desmanche de automóveis pode ser fechado quatro vezes. E continuar operando. E é por isso que os vândalos promovem trottoirs em Porto Alegre, quebrando o que encontram pela frente, enquanto a Brigada Militar a tudo assiste zelando pelo bem estar e segurança dos facínoras. Bem sei o quanto essa determinação superior contradiz o ânimo e os princípios que norteiam a formação dos membros da corporação. O zelo pelo patrimônio privado ocupa o último lugar entre as preocupações das autoridades nacionais. Tendo o direito à propriedade deixado de ser significativo, por motivos doutrinários, filosóficos e ideológicos, tais crimes sumiram do catálogo das condutas coibidas. De tanto repetir que pedra é pau, furto e roubo se converteram em atos de justiça distributiva. Encostaram-lhe uma arma no peito? Depenaram seu apê? Vá catar coquinho. Cada um com seus problemas. De nada vale mostrar o quanto é malévola e incoerente essa ideologia de twitter, essa filosofia de quarto de página. Afinal, se o ladrão rouba por necessidade e não por adesão livre e racional ao crime, como explicar o vertiginoso aumento da criminalidade num período de expansão do emprego e da renda das pessoas? Temos, aqui, duas fatuidades: a ideologia que inspira o governo e sua política social. O crime avança - sei que a nada serve repeti-lo - porque é um negócio de alta renda e baixo risco. Há muitos anos ouvi de alguém com influência na formulação das concepções a que estamos atrelados que nossos códigos protegiam mais os bens do que as pessoas. Foi como subir instantaneamente numa escada e espichar os olhos na direção do horizonte. Estava visto aonde aquilo iria nos levar. Hoje, o ladrão toma-te os bens na boa, mas se o ofenderes com palavras interditas, preconceituosas, raios e trovões cairão sobre tua cabeça. Ante a inércia, aumentou significativamente o furto e, mais ainda, o roubo à mão armada, não raro com execução das vítimas. A desatenção aos crimes contra o patrimônio acabou com a segurança das pessoas cuja proteção se pretendeu priorizar - quem não vê? Ou será preciso desenhar? Não se constroem presídios e os existentes, superlotados, regurgitam as populações carcerárias de volta às ruas. Por fim, diante desse quadro macabro, nossos governantes fazem quanto podem para desarmar a população. E proclamam, com candura, que não há ideologia alguma nisso. ZERO HORA, 09 de fevereiro de 2014

Percival Puggina

07/02/2014
QUANDO VAMOS TRATAR COM SERIEDADE DO VANDALISMO QUE SE EXPANDE PELO PAÍS? Percival Puggina Extremamente lamentável o ocorrido com um cinegrafista da Band durante os atos de vandalismo, ontem, no Rio de Janeiro. Somente uma sociedade que perdeu suas referências pode conviver com tal violência do modo confortável, omisso e tolerante como ela vem sendo tratada entre nós, especialmente por parte das autoridades. O Jornal Nacional, há bem poucos minutos, divulgou notas a respeito, emitidas por órgãos de classes dos jornalistas e das empresas de comunicação, reprovando o fato e clamando por ação do governo. Tudo como deve ser? Não. Conforme afirmei acima, tumultos e vandalismo existem, também, porque são tolerados. E eu estou cansado de perceber e denunciar que setores majoritários da imprensa, sempre que vândalos e a polícia entram em choque, imediatamente invertem o foco e passam a denunciar violência policial. Espero que o ocorrido com o cinegrafista Santiago Andrade proporcione uma reflexão entre seus colegas, muitos dos quais, consciente ou inconscientemente, estão fazendo o jogo dos inimigos da sociedade, inibindo e condenando o tantas vezes necessário uso da força pela polícia. O próprio Jornal Nacional evidenciou, de algum modo, aquilo que estou referindo aqui. Vários minutos foram dedicados, hoje, à uma minuciosa demonstração da Polícia Militar do Rio de Janeiro empenhada em provar que o rojão era um rojão e que os artefatos que a PM emprega não produzem efeito semelhante àquele. Por quê? Porque já havia sido semeada a dúvida sobre qual dos lados seria responsável por um crime que brada vandalismo ao mais surdo dos ouvidos.

Percival Puggina

07/02/2014
Durante os Jogos Pan-Americanos de 2007, os boxeadores Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux abandonaram a delegação cubana com o intuito de se tornarem profissionais na Alemanha. Não foi uma fuga qualquer, dessas que acontecem quase sempre que um grupo de atletas ou artistas daquele país viaja ao exterior. A dupla era a joia da coroa cubana no Pan e o boxe divide com o baseball a condição de esporte mais popular da Ilha. Por lá, ser bom boxeador significa estar livre das aflições alimentares do comunismo. A notícia da fuga levou Fidel a escrever um artigo no Granma declarando que nos nocautearam com um golpe direto no queixo, faturado com notas americanas. Duas semanas após, os dois foram capturados numa praia de Araruama. Dado que atletas cubanos no exterior têm seus passaportes retidos pelos comandos das delegações, a dupla estava sem documentos e foi levada presa para a Polícia Federal em Niterói. Se fosse você a decidir, o que faria com ambos, nesse caso? O governo brasileiro fez o contrário. Deportou-os imediatamente para Havana onde, nos meses seguintes, comeram, em pequeníssimas porções, o pão que o diabo amassou. E foi tudo que comeram. Tendo feito o oposto do que você e eu faríamos, nossas autoridades, por eminentes porta-vozes, asseveraram que ambos estavam arrependidos e que pediram para voltar aos afagos de Fidel. Era uma afirmação tão verdadeira e tão sincera quanto qualquer Me traíram! de Lula. Tanto assim que, meses após, ambos tornaram a escapar da Ilha. Hoje exercem sua atividade, como cidadãos livres, nos grandes centros mundiais desse esporte. No mesmo ano de 2007, o criminoso italiano Cesare Battisti, comunista e terrorista, ladrão e assassino, condenado em seu país por várias mortes, fugiu da França onde estava refugiado. Havia risco de revogação do benefício, o que determinaria sua extradição. Com documentos falsos, Battisti acertou na mosca vindo para o Brasil petista, onde recebeu tratamento de companheiro. Iniciou-se aqui uma longa discussão sobre seu destino. O que faria você, diante do pedido de extradição formulado por país amigo em relação a um criminoso condenado em várias instâncias? Principalmente se você fosse a autoridade que antes enviara dois inocentes de volta para Cuba? Pois é, o governo brasileiro, enrolou, enrolou e fez o oposto, contrariando, inclusive, a posição recomendada pelo Conselho Nacional de Refugiados e a decisão do STF. Concedeu-lhe refúgio e criou uma encrenca com a Itália. Battisti, hoje, trabalha na CUT. Temos, agora, o caso da cubana que abandonou o programa Mais Médicos e está sob proteção da bancada federal do DEM. O que faria você? Acolheria o pedido de uma mulher que rompeu o silêncio da omertá e revelou a máfia cubana exportadora de médicos? Até quem conhece, como eu, a realidade daquele país e sabe que é pura balela a generosa solidariedade cubana, se surpreende com a revelação da doutora Ramona. Ela provou ser contratada não pela Organização Pan-Americana de Saúde (como se contava por aqui) mas por uma empresa, uma Sociedade Anônima, criada em Cuba no ano de 2011, que abocanha 76% do valor pago pelo Brasil. Quem são os sócios dessa empresa? Nada foi dito. Por enquanto, tudo indica que o governo brasileiro, mais uma vez, fará o contrário do que você e eu faríamos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já antecipou que fora do programa Mais Médicos ela terá seu visto de permanência revogado, presumindo-se que o avião no qual deixará o Brasil terá seu nariz apontado para o Caribe. A mais insensível das criaturas humanas reconhecerá na situação dos médicos cubanos atuando no Programa Mais Médicos uma condição de escravidão. Quem se recusa a admiti-lo sonha com uma sociedade onde, em vez de o Estado existir para as pessoas, as pessoas existem para o Estado. Por isso, num regime comunista, um atleta é um atleta do Estado. Um médico é um médico do Estado. E ambos têm que fazer o que o Estado lhes determine. Bom, isso a gente sabia. A novidade é a máfia. _____________ * Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

05/02/2014
O pedido de asilo da cubana Ramona Matos Rodriguez, que desertou do programa Mais Médicos, quebrou os ponteiros do relógio do governo petista em relação à sua tramóia com a empresa Castro & Castro Cia Ltda, com sede e foro na cidade de Havana. Chegou a hora da verdade. Impõe-se, portanto, que eu escreva este artigo. Durante meses, os defensores do indefensável, com a fria determinação dos mentirosos contumazes, tentaram negar os fatos. Tentaram transformar esse negócio escandaloso em inaudita solidariedade do povo cubano para com os países necessitados. Também para eles acabou o tempo da mentira. Não se trata, aqui, de mostrar o quanto sei sobre a realidade daquela ilha caribenha, mas de mostrar há quanto tempo tais fatos são bem conhecidos. Por isso, transcrevo a seguir um trecho do meu livro Cuba - A Tragédia da Utopia, publicado em 2004. É o relato de uma informação que recebi na Embaixada de Cuba quando a visitei em 2001 e ainda sequer cogitava escrever o referido livro (pag. 113). *** Em 2001 fui visitar a embaixada brasileira em Havana. Ela se situa no excelente prédio da Lonja de Comércio (Bolsa de Valores), uma edificação do século XIX, recentemente restaurada. (...) Durante a entrevista (com o secretário da embaixada), entrou na sala uma moça de cor negra que lhe dirigiu algumas palavras em espanhol e se retirou deixando expedientes sobre a mesa. Quando ficamos novamente sós, ele explicou que a moça era cubana, excelente funcionária, contratada pela junto a uma das duas agências oficiais através das quais o governo loca mão-de-obra para organizações estrangeiras que funcionam no país. A embaixada fornecera uma descrição do perfil da pessoa que necessitava, agência estabelecera o valor da remuneração em 200 dólares mensais, enviara algumas moças para serem entrevistadas e aquela havia sido escolhida. Dos 200 dólares com que a embaixada remunerava a agência a moça recebia o equivalente, em pesos, a 20 dólares. O restante ficava para seu generoso patrão, o Estado cubano. Diante dessa dura realidade a representação brasileira, incluíra a funcionária em sua folha de pagamentos e lhe repassava, por fora, 500 dólares mensais. É o que a maior parte das representações estrangeiras e empresas de fora fazem como forma de motivar seu pessoal. Não é diferente o que acontece em relação aos muitos convênios que o governo cubano estimula que sejam firmados com países latino-americanos para fornecimento de pessoal médico, especialmente na área de medicina comunitária. Cuba não sabe o que fazer com os médicos que têm (um médico para cada cento e poucos habitantes!) e os médicos não sabem o que fazer com o que sabem. Acabam nas portas dos hotéis, oferecendo serviços como guias turísticos. Através desses convênios e do mecanismo de apropriação do salário de seu pessoal nos tenebrosos níveis acima descritos, o governo consegue captar dólares no exterior. E ainda faz o seu ?comercial? como um país solidário que presta importante ajuda à saúde pública das comunidades carentes do planeta. *** Há 13 anos, portanto, Cuba já adotava esse procedimento. De um lado anuncia ao bom e generoso povo cubano que está prestando ajuda humanitária. De outro, apropria-se da renda produzida pelos recursos humanos que aloca, numa proporção jamais sonhada pelo mais porco dos porcos capitalistas dos quais tanto mal falam. Pior ainda: nos tempos do patrocínio soviético, a paga cubana em recursos humanos consistia em enviar jovens para as guerrilhas comunistas nos conflitos da África subsaariana. Sangue cubano por rublos e petróleo, em nome da unidade dos povos. Agiu certíssimo a Dra. Ramona. Quero ver a retirarem do gabinete da liderança do DEM. Pago para ver! Ronaldo Caiado é osso duro de roer. Quero ver, também, quem terá coragem de desmentir as informações que ela presta sobre o sinuoso percurso dos valores que o governo brasileiro paga, per capita, a Raúl Castro. E quero ver, por fim, o que dirá a OPAS, a altissonante Organização Pan Americana de Saúde, intermediária oficial dessa operação, sobre o contrato dos médicos cubanos com a tal de Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S.A. que a contratou. Outra coisa que ninguém conta, mas tenho informação de cocheira: faltam médicos em Cuba. Os negócios dessa empresa locadora de médicos (!) esvaziaram os serviços locais que estão sendo prestados por estudantes latino-americanos de Medicina. Repito: quebraram-se os ponteiros desse negócio. O que ainda existe de moralmente sadio na sociedade brasileira não pode conviver passivamente com um declarado e certificado regime de escravidão em território nacional. Com a palavra a Ministra Maria do Rosário. Ou os cubanos não são humanos? _____________ * Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

02/02/2014
O PETISMO VIROU O PAÍS PELO AVESSO Percival Puggina O leitor destas linhas deve lembrar quando o país começou a rasgar ordens judiciais. O mau exemplo do MST, que fazia isso como organização sem existência jurídica, primeiro dominou o modo de agir dos movimentos de esquerda à revelia da lei. Depois, contaminou o próprio Poder Judiciário, dentro do qual surgiram tendências e associações determinadas a fazer pouco caso do Estado de Direito quando a lei contraria suas opiniões políticas. São todos eleitores do PT, claro, ou dos pequenos partidos que se amontoam no pouco espaço existente à esquerda do PT. Foi tanta água mole batendo que se abriram rombos na antigamente chamada ordem pública. Agora, a ordem é a desordem. O petismo virou o país pelo avesso, como bem demonstra a recente greve dos rodoviários de Porto Alegre. A justiça declarou a greve ilegal, mandou os ônibus voltarem ao serviço da população e impôs multa diária ao sindicato dos rodoviários em caso de descumprimento. O sindicato ignorou a determinação do TRT, que duplicou o valor da multa. Mas a categoria sabe bem em que país está e mandou o Tribunal catar coquinho. Começou, então, o vandalismo contra os ônibus que saíssem às ruas. Num país de respeito, a polícia começaria a agir, certo? Mas não no Brasil, não no Rio Grande do Sul petista! Aqui a polícia cruza os braços por ordem superior e quem não gostar que vá se queixar nas urnas em 5 de outubro. Já lá vai uma semana inteira, ao longo da qual as partes se retaliam e a população, sem ter quem defenda seus interesses como usuária dos serviços, vai marchando, docilmente, ao sol de 40 graus. Acumulam-se os prejuízos para todos, quer empregados, quer empregadores. Como aumentar salários com as tarifas congeladas e com irresponsáveis nas ruas querendo transporte grátis? A greve dos rodoviários de Porto Alegre é apenas mais um ingrediente na escalada da violência civil. Ela cresce a cada dia, à medida em que os limites são testados e ultrapassados sem consequência alguma. Também a passividade contra o vandalismo é uma arma que o petismo usa muito bem, contanto que não lhe pisem nos mocassins nem se aproximem da soleira ou vidraças do Palácio Piratini.

Percival Puggina

31/01/2014
É tamanho o descrédito dos partidos políticos que eles desistiram de proclamar suas virtudes. Ao contrário, dedicam-se a demonstrar que os outros chafurdam em ainda maiores vícios. Nesse contexto, nesse indiscutível contexto, fica imensamente favorecida a vida de quem está no poder. Ali, as facilidades voam em jatinhos militares devidamente decorados para os prazeres da vida civil. Ali, roda a ciranda em torno do Erário, que abre portas na hora certa para alegria dos folgazões. Ali há dinheiro, empregos, poder, honrarias, favores. E tudo isso, no tempo devido, vira mercadoria ou moeda eleitoral. E a oposição?, indagará o leitor atento à relevância política deste ano de 2014. Ora, a oposição é aquele pequeno reduto onde só ficam os que não se deixaram seduzir pelo que de mais atraente existe nas tentações do poder. No Brasil destes anos constrangedores, só é oposição quem faz muita questão de sê-lo. O poder tem do bom e do melhor para todos os seus. A oposição é trincheira de poucos e mal apetrechados combatentes. Quem acompanha a política nacional com interesse cívico sabe, também, que o PT muito pouco pode apresentar como resultado positivo de suas três administrações que não provenha de políticas que antes condenou e, posteriormente, adotou. Mas, convenhamos: isso não serve para estabelecer diferenças. Bem ao contrário. A estratégia oposicionista precisa ser outra. Para vencer o desequilíbrio estabelecido entre as forças do governo e as da oposição é preciso identificar e apontar ao juízo soberano dos eleitores certos abismos que as separam. A contribuição que trago nestas linhas é uma lista de pautas, de condutas e de políticas pelas quais esse rio de águas turvas chamado Partido dos Trabalhadores ganha corpo com seus afluentes pela margem esquerda e pela margem direita. Elas me levam ao que chamo de a pergunta certa: qual o partido brasileiro que se identifica com as seguintes políticas, condutas e pautas? Marco regulatório da imprensa; marco civil da internet; PLC 122 (da homofobia) e seus disparates; imposição do politicamente correto e da novilíngua; confabulações do Foro de São Paulo; apoio e refúgio a terroristas (Cesar Battisti é apenas um dos casos); captura e devolução a Fidel dos boxeadores cubanos; apoio aos governos comunistas de Cuba, Venezuela e Bolívia; incondicional afeição a qualquer patife adversário do Ocidente; homenagens e nomes de ruas para líderes comunistas; memorial para Luiz Carlos Prestes; apoio explícito a companheiros condenados pela justiça por graves crimes; verdadeira fobia por presídios e órgãos de segurança, resultando em gravíssima instabilidade social; absoluta e incondicional dedicação aos direitos humanos dos bandidos; empenho em inibir a ação armada das instituições policiais; dedicação à causa do desarmamento dos cidadãos; recusa à redução da maioridade penal; criação do MST e apoio às suas truculentas invasões de propriedades rurais; apoio a invasões no meio urbano e a políticas que restringem o direito de propriedade; cobertura às estripulias imobiliárias dos quilombolas; avanços do Código Florestal contra o direito de propriedade; expansão das reservas indígenas sobre áreas de lavoura; mudança, para pior, do Estatuto do Índio; supressão de símbolos religiosos em locais públicos; lei da palmada; apoio à legalização do aborto; políticas de gênero; kit gay nas escolas; apoio à parada gay, à marcha das vadias e à marcha pela maconha; leis de cotas raciais; uso de livros didáticos para doutrinação ideológica; fim da lei de anistia e manipulação da História; aparelhamento da administração pública e dos órgãos de Estado pelos partidos do governo; e mais recentemente, defesa dos rolezinhos e suas perturbações em locais de comércio. Examine bem a lista acima e depois me diga se não é urgente espantar, pela força do voto, esse mau agouro político que lança sortilégios sobre nossa sociedade e sobre a democracia brasileira. _____________ * Percival Puggina (69) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

31/01/2014
CUBA GANHOU UM PORTO NOVO EM FOLHA. PRÁ QUÊ? E O TERRÍVEL BLOQUEIO IANQUE? Percival Puggina Segundo a arenga dos devotos de Fidel e Che Guevara, a dupla Batman e Robin da esquerda latino-americana, a culpa dos males de Cuba é toda do bloqueio ianque. Insistem em falar nesse tal bloqueio mesmo quando o Brasil está botando quase US$ 1 bilhão de dólares na construção de um porto por lá. Porto para quê? A economia cubana é miserável porque o comunismo deixou o país sem produção para vender e sem dinheiro para comprar. Simples como isso. Malgrado essa contradição, no discurso da cartilha esquerdista brasileira, é graças ao bloqueio que o povo cubano, nem com pistolão, consegue adquirir ingredientes indispensáveis a uma culinária mais sofisticada, como, por exemplo, um prato para o qual se precise de uma asa de galinha. Ou, ter acesso a esses produtos exóticos da perfumaria ocidental, tipo sabonete ou pasta de dentes. No discurso dos comunistas brasileiros, mais satânico do que a maldita globalização neoliberal só um embargo norte-americano... Pois é. Quando a Meca do comunismo é enjeitada pela Meca do capitalismo parece que a vida fica uma droga.

Percival Puggina

29/01/2014
NA ELEIÇÃO DE 2014, FAÇA A PERGUNTA CERTA Percival Puggina Qual o partido brasileiro que se identifica com as seguintes causas? Rolezinhos, lei de cotas, gayzismo, regime cubano, regime venezuelano, regime boliviano, marco regulatório da imprensa, estatizações, companheiros condenados pela justiça e bandidos em quaisquer circunstâncias, qualquer patife adversário dos EUA, aborto, supressão de símbolos religiosos em locais públicos, nomes de ruas para guerrilheiros comunistas, memoriais para Luis Carlos Prestes, kit gay nas escolas, destinação de imensas áreas de terra do país para nações indígenas, invasão de terras pelo MST, invasões de propriedades urbanas por sem-tetos, estripulias imobiliárias dos quilombolas, parada gay, marcha das vadias, marcha da maconha, fim da lei de anistia, mudar para pior o Estatuto do Índio, maioridade penal só aos 18 anos, proibição à posse de armas, o PNDH-3... Por obséquio, ajude a completar a lista do mau agouro político que nos ameaça diuturna e infatigavelmente.

Percival Puggina

25/01/2014
Qualquer idiota com mãos firmes e um par de pulmões funcionando pode construir um castelo de cartas e depois soprar para derrubá-lo. O que aconteceu na Boate Kiss teve muito a ver com as afirmações dessa frase de Stephen King. Aquele local de lazer era um castelo de cartas à espera do sopro fatal. Muitos brasileiros que emigram para o assim dito Primeiro Mundo passam por um período de adaptação. Para uns, é rápido. Para outros, porém, é um tempo de frustração que se encerra com a decisão de retornar às origens. Na essência da adaptação ao cotidiano dos países mais bem organizados, marcando-a de modo decisivo, está a absorção da seguinte regra geral de convivência: as leis valem para todos e não são inconsequentemente desrespeitadas. Isso costuma ser um choque. A ordem que produz costuma ser vista como enfadonha. Para muitos de nós, o respeito às leis, às regras de condomínio, aos preceitos de um contrato, aos costumes locais, cria uma atmosfera irrespirável. No entanto, o Primeiro Mundo é o que é, em grande parte, por causa disso. Em virtude de tão fundamental norma alguns países europeus estão fechando presídios. Há cada vez menos pessoas dispostas a aceitar os riscos inerentes à tentativa de prosperar no mundo agindo no submundo. Em virtude dessa regra certos imigrantes preferem retornar à zorra nacional, aqui onde as leis são feitas para luzirem no papel e não para, de fato, sinalizarem as condutas. No Brasil, o costumeiro desrespeito às leis, regras e costumes vai construindo castelos de carta em toda parte. Há castelos institucionais que vemos ser soprados pela falta de racionalidade, desde dentro e desde fora, comprometendo o funcionamento da República. Há castelos de carta estatísticos e contábeis, feitos para iludir, construídos por governos prestidigitadores. Há castelos de carta empresariais, concebidos para encher o peito de vaidades, de dinheiro os bolsos de alguns, e de problemas a vida de muitos. Há castelos de carta em políticas públicas, ineficientes ante a realidade para a qual foram concebidas. E há castelos de carta como a Boate Kiss, à espera do sopro quente da morte, à espera da ignição lançada ao ar na madrugada de 27 de janeiro de 2013. Irving D. Yalom, no livro O dia em que Nietzsche chorou, afirma que se subirmos suficientemente alto chegaremos em um nível a partir do qual as tragédias deixam de parecer trágicas. Ele estava errado. Não há nível a partir do qual deixe de ser pungente o diuturno sacrifício humano nas estradas e ruas do país, nos becos das drogas, nos presídios que o Estado já delegou ao comando dos próprios reclusos, nas filas de espera do SUS, na indigente atenção à saúde pública, no mau agouro enfermiço da falta de saneamento básico. Não há altura nem distância a partir das quais o incêndio da Boate Kiss deixe de nos queimar a todos. Ele é uma consequência doída, ardida na alma, de uma outra tragédia, que quase não vemos: nosso hábito de dar um jeitinho e driblar a lei. Até que o país nos caia na cabeça. ZERO HORA, 26 de janeiro de 2014