Percival Puggina

26/10/2013
ENEM E NAPOLEÃO DE HOSPÍCIO Percival Puggina A ideia de criar um exame nacional em um país com a extensão, a diversidade e as acentuadas desigualdades nacionais é coisa de Napoleão de hospício. Mania de grandeza no mais alto grau. É mais um claro sintoma de que o país é conduzido para uma centralização de poder cada vez maior. A mania de grandeza é uma forma de distúrbio bipolar que também pode estar associada ao uso de cocaína ou metanfetaminas. Quando esse distúrbio afeta autoridades da República as coisas se complicam na vida dos cidadãos porque um dos conselhos dos pweiros na atenção clínica desses casos é o de não contrariar o paciente. Jamais diga para ele que Napoleão faleceu em Santa Helena, uma pequena ilha vulcânica perdida no Oceano Atlântico, a meio caminho entre o Nordeste brasileiro e o Golfo da Guiné. Nem que o ENEN é apenas um devaneio totalitário. Além dos eventuais riscos de um possível surto de agressividade, a pessoa que fizesse a observação também ficaria exposta à ira das tropas napoleônicas, sempre bem pagas e incondicionalmente alinhadas no seguimento de seu líder.

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25/10/2013
SOBRE COBAIAS Percival Puggina É obrigatório acabar com a utilização abusiva de animais para experimentos científicos. Isso pode ser atingido com bom senso e prescinde totalmente da histeria que tenho visto por parte daqueles que contrapõem supostos princípios morais a toda e qualquer utilização. Dissemina-se, entre nós, uma ideologia de valorização da natureza e de todos os seres vivos que os ergue a condição de igualdade com os humanos no plano dos direitos naturais. Longe de ser o que aparenta, essa ideologia nociva busca a desumanização do humano. E não há ironia ao afirmar que, se pudessem, usariam pessoas como cobaias para experimentos benéficos aos animais.

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24/10/2013
No dia 23 de outubro comuniquei ao Partido Progressista, minha desfiliação. Era uma decisão que vinha amadurecendo diante de um novo rumo que estou dando à minha vida. Posto que pretendo dedicar-me inteiramente a comunicação e à formação de opinião, escrevendo mais artigos, livros e criando um novo site (o atual blog teve nos últimos 12 meses 1,5 milhão de page views!), percebi que atuaria melhor sem compromissos ou vínculos partidários. Não mudei de ideias nem de princípios, e menos ainda de amigos ou de valores. Apenas, minha ação política, como cidadão, ganhará um nível mais amplo. A política partidária é apenas uma parte da Política. Percival Puggina

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24/10/2013
No início dos anos 60, ainda adolescente, estudante secundarista, eu frequentava quase diariamente a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, que então funcionava no velho casarão da Rua Duque de Caxias. Família de sete filhos, em minha casa só se conhecia o silêncio das madrugadas. Então, às tardes, após as aulas matinais no Colégio Júlio de Castilhos, eu me refugiava na Biblioteca Pública de onde, completados os estudos do dia, cruzava a praça na direção da Assembléia onde meu pai viria a ser deputado alguns anos mais tarde. Fazia-o por perceber, ali, um centro de poder político onde se tratavam, com conhecimento, em bom português, as grandes teses e os grandes temas de interesse do Estado. Volta e meia, nessas ocasiões, da tribuna e do microfone de apartes, serviam-se às galerias brilhantes debates, travados entre homens públicos que eram, também, respeitáveis intelectuais. Desde então, vi as galerias dos parlamentos como um espaço cívico. Não é por outra razão que nos plenários, em todos os plenários, existem dois espaços, o exclusivo dos parlamentares e o destinado ao público. Essa concepção se alinha com a ideia de que o plenário é um lugar de encontro entre os representantes e a comunidade. Um lugar onde esta presencia a conduta daqueles. Em especial, suas opiniões e votos. Em condições normais de temperatura e pressão, os parlamentares falam e o distinto público acompanha. De uns anos para cá, no entanto, com não pequena frequência, instala-se o tumulto e o presidente dos trabalhos se obriga às advertências de praxe. Silêncio! Silêncio! Há um orador na tribuna. Se não houver silêncio suspenderei a sessão e determinarei à segurança que desocupe as galerias!. Essa advertência é sempre proferida, jamais atendida e nunca cumprida. Mudou o comportamento das galerias. Por bom tempo, como coordenador de bancada na Assembléia Legislativa, pude frequentar os dois ambientes e observar o que acontece em ambos. Mais modernamente ainda, a própria tevê traz as sessões legislativas para dentro das nossas casas, ao conforto das poltronas. Nessas observações aprendi a respeitar, independentemente de alinhamentos políticos e ideológicos pessoais, os parlamentares que não se deixam intimidar pela pressão das galerias. Principalmente quando dizem a elas o que tantas e tantas vezes, em função de seus pleitos e de sua conduta, merecem ouvir. Constatei, dessas observações, o quanto é comum confundir-se o público das galerias com Sua Excelência o povo, soberano dos regimes democráticos. São dois equívocos fatais, o das galerias que se consideram como o povo no exercício do munus que lhes é inerente nas sociedades políticas e o equívoco dos parlamentares que ouvem as galerias como quem auscultasse o povo. Errado! Raras, raríssimas vezes se alguma houve, vi o povo, ou a dita sociedade civil, ou ainda a cidadania ativa ocupando as galerias dos parlamentos. E essa é a constatação que desejo trazer à reflexão dos leitores. As pessoas que volta e meia lotam os espaços públicos dos plenários são, quase sempre, membros de grupos de interesse. São pessoas que comparecem a determinada sessão com o objetivo de pressionar pela aprovação ou rejeição de alguma proposta de seu específico interesse. E o grupo que se congrega em torno de algum interesse específico dificilmente não está, ao mesmo tempo, aumentando a conta a ser paga pelo povo. Não, o povo não está nas galerias. Está trabalhando e vai pagar a conta. Quod erat demonstrandum, como se dizia, tempos idos, nas aulas de geometria. Como queríamos demonstrar. A voz das galerias não fala pelo povo. Essa é e continuará sendo uma tarefa dos bons parlamentares. Estes, poucos que sejam, sabem que a política deve promover o bem comum e nesse sentido sempre deliberam. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

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22/10/2013
QUE IMPRENSA MEDÍOCRE! Percival Puggina Ontem, enquanto o petróleo do campo de Libra ia a leilão, a imprensa dividia sua atenção ao meio. Justiça seja feita! Metade do tempo para uns gatos pingados protestando na rua e metade do tempo para o fato que estava em curso. Certo. É muito mais fácil narrar que aqui tem uma barreira policial e lá adiante estão os manifestantes do que analisar o leilão, o pré-sal, as questões políticas, financeiras e econômicas envolvidas. Um negócio de centenas de bilhões de reais, tratado com a superficialidade de um pires. Por que as grandes empresas ficaram fora? Por que só houve um licitante e, mesmo esse, controlado pela Petrobrás? Ficou evidente que se a Petrobrás não encorpasse o consórcio, não haveria leilão. E qual o efeito político do fracasso dessa tentativa? Qual o tamanho do custo e do risco, para a Petrobrás, dessa aventura? O pré-sal contém um óleo de dificílima extração e os custos de obtenção ainda são uma incógnita. A Petrobrás, quebrada, ainda criou uma dívida para com a União da ordem de uns R$ 6 bilhões, que terão que ser emprestados pela União à Petrobrás. Nem fazendo um desenho dá para entender a lógica da operação. Mas nada disso parecia interessar a mídia televisiva nacional.

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19/10/2013
Uma pulga passeava, irrequieta, atrás da minha orelha. Dilma Rousseff ponteia as pesquisas. Mantido o panorama atual, vencerá sem dificuldade a eleição do ano que vem. Datafolha credita-lhe, nos vários cenários, o apoio bastante firme de 40% do eleitorado. A tal pulga ia para lá e para cá, desassossegada: como pode? Foi um feito de Lula, a primeira eleição da presidente. Guerrilheira que um dia sonhara tomar o poder pelas armas, Dilma haveria de receber esse poder - quem diria? - como um regalo de amigo. Coisa tipo - Lembrei-me de você!. Em 2010, Lula tomou-a pela mão e saiu a apresentá-la aos brasileiros. Muito prazer, Dilma Rousseff, dizia ela. Mas pode chamá-la de mãe do PAC, completava ele, pimpão. Assim, de mão em mão, de grão em grão, as urnas foram enchendo o papo e Dilma subiu a rampa catapultada pelo voto de 55,7 milhões de brasileiros. Agora, quando seu governo sacoleja no trecho final, deve estar mandando lavar, passar e engomar a faixa presidencial para nova entronização. Contar com quarenta por cento dos 140 milhões de eleitores brasileiros significa que Dilma inicia a nova campanha com um estoque equivalente aos votos que obteve no segundo turno de 2010. Pois bem, o que eu me proponho trazer à apreciação dos leitores é a explicação para esse fenômeno. Fácil, como se verá. O SUS, sabe-se bem, caminha para a perfeição. Todos são atendidos a tempo e hora, em condições adequadas. Não há bom médico, no mundo, que não queira trabalhar aqui. A longa espera nas emergências tem se revelado um excelente meio de integração social e formação de novas camaradagens. Os finais de turno não deveriam ser brindados com champanha? A marcação de consultas especializadas e cirurgias segue cronograma rigoroso. Pontual e mortal. Doravante, insatisfeitos, procurem Raúl Castro! Aposentados do INSS providenciam passaportes e trotam mundo afora, efetivando aquele direito que Lula oposicionista apontava como coisa normal à velhice dos povos civilizados. A Educação, seja na base, cumprindo papel de promoção social e cultural, seja no topo, alinhando o Brasil com a elite tecnológica do planeta, opera prodígios na transformação da nossa realidade. A Economia? É lunática: contabilidade nova, inflação crescente, PIB minguante, carga tributária cheia... E a segurança pública enfim promove, como nunca antes neste país, digamos assim, o encontro dos criminosos com as grades e do povo com a paz social. Corrupção? Tudo intriga, maledicência, coisa de quem não tem o que falar. Repare como Dilma esbanja carisma. Não é uma sedutora? Que discursos! Palavra fácil, empolgante! Ao final de cada locução, os auditórios se erguem e aplaudem-na em pé, seja em Itapira, seja na ONU. Durante estes anos como presidenta, não confirmou ela, plenamente, o que Lula assegurava a seu respeito? Observem como o governo foi bem gerenciado. Vejam o rigor com que se cumprem os prazos e se enxugam os gastos. O Brasil tem programa e cronograma, estratégias, previsões e provisões. Você duvida? Não prometera a presidente, aqui na terrinha, em 2010, que sua Porto Alegre teria, enfim, linha de metrô e nova ponte no Guaíba? Pois para desgosto dos incrédulos, as obras estão aí, novamente prometidíssimas! Basta que o Estado e o município, nos anos por vir, casem os bilhões que faltam. Um sucesso, o governo Dilma. Agora, se os motivos não se acham bem visíveis acima, então só resta procurá-los dentro das bolsas. ZERO HORA, 20 de outubro de 2013

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19/10/2013
A SUTIL SEMEADURA IDEOLÓGICA DA GLOBO NA TERRA DOS BOBOS Percival Puggina Merece ser estudada a forma como os autores de novelas da Rede Globo vão promovendo doutrinação ideológica e desintegração moral. Esta última é mais facilmente identificável, ainda que pouco estudada. Já a doutrinação ideológica se manifesta em fatos como os que pude observar ainda que em brevíssimas observações, em várias apresentações dispersas. Naquelas em que o roteiro prevê a existência de uma empresa, esta é o cenário para toda vilania, toda sorte de disputas imorais, fraudes, insidiosos jogos de poder, estabelecimentos onde quem comanda vive no ócio, no luxo e nos romances. Jamais a empresa é um lugar de trabalho sério e nunca o empresário é um trabalhador como costumam ser os bons empregadores. Arre, gente mal intencionada!

Percival Puggina

18/10/2013
O Brasil já vinha entregue aos bandidos com ou sem toucas ninja. A eles têm sido concedidas todas as garantias. A nós, sequer a de legítima defesa. Convivemos com a dura realidade de estarmos trancafiados, impedidos de usar com liberdade e segurança os espaços públicos, e despendendo valores crescente em apólices de seguro e segurança privada. Em contrapartida, assistimos os criminosos entrarem nas delegacias por uma porta e saírem pela outra. Manietados, algemados, estão os policiais, retidos por normas de conduta incompatíveis com os riscos inerentes à função que exercem. Para os bandidos, o colo macio dos direitos. Para os policiais as agruras dos deveres e restrições incompatíveis com os meios disponibilizados. O Brasil já estava entregue, também, aos bandidos de colarinho branco, para cujas lavanderias de dinheiro flui parte significativa dos impostos que pagamos com o fruto do nosso trabalho. Estes bandidos, ainda mais do que os outros, sabemos todos, estão acolhidos por garantias de livre atuação. Tais garantias são proporcionadas pela mansuetude, pela fleuma, pela pachorra em que foi amarrado o nosso sistema judiciário. E onde, não raro, o sistema se amarra um pouco mais, por conta própria. Certo, Celso de Mello? Tudo isso era coisa irremediavelmente sabida e conhecida. O que ainda não tínhamos era a convivência com o vandalismo de motivação política. Esse é um novo flagelo que ingressa no cotidiano nacional pela mesmíssima porta dos demais. Nos últimos meses, hordas de safados dão-se o direito de sair quebrando o que encontram pela frente, do condomínio de luxo à carrocinha de cachorro-quente, incendiando o que lhes dá na veneta, destruindo e invadindo patrimônio público e privado. São brutamontes incivilizados, a serviço de canalhas da política e de pervertidos do mundo intelectual. Agem, aqui no Rio Grande do Sul, diante de policiais impedidos de intervir, barrados no cumprimento de seu dever. Desde então, só os vândalos troteiam pela capital gaúcha! São os novos donos da rua, atacando objetivos políticos e ideológicos. Entre eles, o edifício onde mora o prefeito. E a Brigada Militar, inerte, sob determinação de não intervir. As perguntas que se impõem são estas: 1ª) a quem tais ações beneficiam? e 2ª) quem convive bem com a ideologia da violência? Na resposta que der, o leitor vai encontrar duas coisas: uma ideologia para rejeitar vigorosamente e um grupo de partidos políticos aos quais não deve, em circunstância alguma, conferir voto e poder. No Brasil de hoje, estamos sujeitos às leis do bem e às do mal. Obedecemos a Deus e ao diabo! A Deus pelas boas leis feitas para o bem. Ao diabo pelas leis más e pelas que o próprio mal estabelece. As leis más, entre outras coisas, protegem os bandidos de suas vítimas e da polícia. As leis do mal nos são impostas pela inevitável exposição à criminalidade em suas múltiplas e renovadas formas. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

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11/10/2013
Vinte e cinco anos se passaram desde a promulgação da Constituição Federal. Um nada, na linha da história. Um vapt-vupt, na existência de cada um. No entanto, o leitor talvez se surpreenda ao saber que, segundo a pirâmide etária brasileira de 2010, apenas 31% dos cidadãos brasileiros de hoje tinham 18 anos ou mais naquela data. Portanto, sessenta e nove por cento sabem do processo constituinte de 1988 apenas por ouvirem dizer. E em questões de política e história recentes, saber por ouvir dizer, beber de solitária fonte, é das piores maneiras de ser informado. Surpreendeu-me a afirmação de Lula sobre a participação de seu partido na Constituinte. Segundo ele, se tivesse sido aprovada a constituição que o PT queria, o país seria ingovernável, porque nós éramos duros na queda e muito exigentes. Com efeito, o PT da Constituinte detestou tanto o texto final que votou contra. Não satisfeito, anunciou que sequer iria assinar aquela coisa. Denegrindo a carta e seus autores, os petistas espalharam pelo país seu escândalo ante o conservadorismo do texto. Por um triz os deputados do partido não rasgaram as vestes na Praça dos Três Poderes. E só após muitos apelos de Ulysses Guimarães, consentiram em acrescentar seu precioso jamegão à Carta Magna. De nariz torcido, claro. Quem lê estas linhas em 2013 deve estranhar o fato de o PT haver sido derrotado pela maioria em 1988. Pois mais ainda o surpreenderá saber que para aquela importantíssima legislatura o partido de Lula conquistou apenas 16 das 487 cadeiras existentes à época na Câmara. E não elegeu um único senador. Os parlamentares do PT, PCB, PCdoB, PSB e PDT, somados aos esquerdistas do PMDB, compunham pequena minoria naquele plenário. Mas o reduzido grupo, liderado por José Genoíno e Roberto Freire, com apoio da CNBB, produzia um alarido de proporções nacionais em favor de teses comunistas na ordem econômica, socialistas na ordem social, populistas quase sempre. E demagógicas em tudo. Dá para reconhecer o estilo? Poucos, hoje, terão ouvido falar do Centrão, o grupo de congressistas que se organizou para que houvesse um mimimum minimorum de racionalidade no novo texto constitucional, opondo-se às teses da esquerda radical, muito minoritária, mas muito organizada. Este último grupo dispunha, em seu favor, de notável suporte da mídia militante, que execrava o Centrão e o servia à opinião pública como Salomé, na bandeja das coisas odiosas, articuladas com as mais nefastas e malignas intenções. Abro parêntesis: é bom que se diga, a bem da verdade, que o Centrão não foi sempre majoritário e que as cisões eram frequentes no bloco diante das pressões desencadeadas de fora para dentro do plenário e das comissões. Fecho parêntesis. Assim, em 1988, a sensatez perdeu inúmeras partidas e o Brasil ganhou uma Constituição grávida de direitos, infértil de deveres. Nos anos seguintes presenciaríamos inesquecível surto inflacionário e depois, uma escalada tributária que persiste ainda hoje entre as mais altas do mundo. A intenção deste artigo, quando se comemoram os 25 anos da Constituição, é sublinhar o reconhecimento de Lula aos pecados de seu grupo no processo constituinte de 1988. Ao declarar que as propostas petistas tornariam o país ingovernável, ele admite ter sido bom que não hajam vingado. Mas elas não vingaram graças a resistência dos bravos que decidiram pagar o preço da impopularidade para que a Carta, enfim aprovada, fosse o menor dos males possíveis. Na contramão, 14 anos mais tarde, com as mesmas teses comunistas (na economia), socialistas (no social), populistas (em quase tudo) e demagógicas (sempre), o PT se tornou o maior partido político do país. Com ele, muito distante de qualquer sinal de contrição, prosperou seu exército de falsos progressistas. São, entre outros, os fazedores de cabeça no meio escolar e universitário. E são os manipuladores da informação na mídia, das consciências em templos e da Justiça em tribunais. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.