Percival Puggina

         Aqui no Rio Grande do Sul, a RBS cuidou de valorizar ao máximo os resultados das pesquisas que contratou com o tão resoluto quanto equivocado IPEC. Por aí andou durante meses, sempre com a oposição e sempre sinalizando uma vitória arrasadora do ex-governador Eduardo Leite sobre Onix Lorenzoni.

Na eleição para o Senado, as fichas do IPEC eram postas na ex-funcionária do grupo de comunicação, Ana Amélia Lemos, que queria voltar ao Senado, ou de Olívio Dutra, o ex-governador octogenário que prometeu dividir o mandato com seus suplentes... Contados os votos, Eduardo Leite, por um infinitésimo, não chegou em terceiro; Mourão, que seria o terceiro, chegou em primeiro.

Na eleição presidencial, o IPEC previa, no Rio Grande do Sul, vitória de Lula com 44% contra 42% de Bolsonaro. Dois dias após a divulgação da pesquisa, Bolsonaro venceu o pleito aqui por 49% a 42%.

Hoje de manhã, no editorial de Zero Hora, li a mera constatação de que as pesquisas erraram, seguida da cobrança de pacificação nacional e de maior objetividade dos candidatos em relação às suas propostas na campanha do segundo turno.

Mas se é para pacificar, seria importante que essa pacificação começasse dentro de casa, proporcionando calmante aos esquerdistas que dominam os conteúdos do grupo. E que não retornassem a afrontar os fatos com informações de um instituto de pesquisa cujo trabalho contribuiu para o fiasco expresso em gráficos e números que a empresa apresentou à sociedade gaúcha.

 

 

 

 

 

 

 

  • 03 Outubro 2022

Percival Puggina

         É imperioso, urgente, para o bem da democracia e do estado de direito, romper com a prevaricação, disfarçada de “equilíbrio institucional” e abençoada pela velha imprensa, que se estabeleceu entre o Senado Federal e o Supremo Tribunal Federal. Essa realidade está duramente explicitada em reiteradas declarações dos senadores Álvaro Dias, Eduardo Girão e Lasier Martins. Ao abdicarem dos julgamentos que reciprocamente lhes competem, os dois poderes desarmam a democracia das proteções constitucionais atribuídas a ambos.

O produto é abuso do poder, omissões absolutas, tirania ativa. Senadores que não são julgados pelos crimes de que são réus e ministros que fazem política em regime de dedicação exclusiva. Portanto, a eleição dos novos senadores é importantíssima para que se rompa esse ciclo vicioso.

No Rio Grande do Sul, a valerem as pesquisas na eleição para o Senado, o candidato do PT – ex-governador Olívio Dutra (em cuja posse no posto de governador foi hasteada uma bandeira de Cuba na sacada do Palácio Piratini) lidera as intenções de voto. Só não será eleito se os eleitores de um dos candidatos que aparecem em segundo e terceiro lugar migrarem suas preferências para o outro. Difícil de combinar, mas fácil de decidir.

O general Mourão, que aparece em segundo lugar na pesquisa IPEC divulgada ontem (30/09) à noite, é o candidato apoiado pelo presidente da República e isso já diz muito para quem sabe a importância de uma base parlamentar do governo no Congresso.

A ex-senadora Ana Amélia, em 2012, quando senadora pelo Progressistas, apoiou Manuela d’Ávila como candidata a prefeita de Porto Alegre; em 2018 integrou como vice-presidente a chapa de Geraldo Alckmin. Agora, disputa o Senado pelo PSD, partido que no Rio Grande do Sul apoia a candidatura de Eduardo Leite (PSDB), adversário declarado do Presidente da República. Por fim, num cenário político como o atual, o PSD alega não ter candidato à presidência, embora seu líder Gilberto Kassab faça acenos para Lula e para o PT.

São razões práticas que tenho como suficientes para recomendar, a quem não for de esquerda, um voto indispensável no general Mourão (100).

  • 01 Outubro 2022

 

Percival Puggina

         O ministro Alexandre de Moraes informou que vai avaliar o pedido de delegados-gerais (ou chefes de polícia) no sentido de que os clubes de tiro permaneçam fechados no dia da eleição.

Não há estatística suficientemente esclarecedora para quem se recusa a pensar e, nessas condições, avalia a questão das armas apenas com base nos casos destacados pela mídia. Aí não tem jeito.

Em todo caso, vale lembrar que 20% dos homicídios praticados no Brasil são cometidos mediante uso de arma branca e 8% mediante outros meios letais. Nesse caso também se poderia impedir a venda de facas, martelos, fios de nylon, barbitúricos, seringas e uma longa lista nessa linha.

Não vejo com bons olhos tanta intervenção no espaço das decisões privadas, sempre com a etiqueta das mais nobres intenções. É assim que se acaba com a liberdade para preservar a liberdade, com o estado de direito para preservá-lo e com a democracia para que ela subsista.

É a mesma lógica que contesta esses absurdos, cuja prática vejo ganhar aceleração e trazer sombras ao nosso futuro. O poder de intervir na vida privada também é uma arma perigosa.

 

  • 25 Setembro 2022

 Nota: Bianca Nunes, Diretora de Redação da Revista OESTE, divulgando aos assinantes o conteúdo da última edição, escreveu este belo texto introdutório de um tema da maior gravidade, abordado na revista. 

 

         "Além da multiplicação da pobreza, da escassez de produtos de consumo, da inflação descontrolada e da produtividade raquítica, governos populistas de esquerda da América Latina têm outra característica comum: o desprezo pela liberdade em geral e, em particular, pela liberdade de imprensa.

Em janeiro de 2021, por exemplo, depois dos sucessivos ataques a veículos de comunicação ocorridos durante o governo de Hugo Chávez, Nicolás Maduro tirou do ar o canal de streaming VPItv, o único que costumava transmitir eventos oposicionistas. O ditador em gestação também condenou à morte os sites independentes Efecto Cocuyo, Tal Cual, El Pitazo e Caraota Digital, além do jornal Panorama, de Maracaibo. Em Cuba, faz mais de 60 anos que existe um único jornal: o Granma, um Diário Oficial piorado. Em novembro de 2021, nove homens encapuzados lançaram coquetéis molotov contra o prédio do jornal El Clarín, em Buenos Aires.

Valendo-se da linguagem literária, escritores como George Orwell e Aldous Huxley mostraram como regimes socialistas censuram, oprimem e perseguem aqueles que não obedecem às ordens dos donos do poder. Mas nem mesmo esses autores de fina linhagem poderiam imaginar que algum dia a imprensa apoiaria a institucionalização da censura.

Neste estranho 2022, uma emissora de rádio e televisão se tornou alvo não do governo, mas da ira dos próprios jornalistas e do pensamento único da esquerda. A perseguição à TV Jovem Pan News não ocorre por acaso. Segundo levantamento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 80% dos jornalistas brasileiros se declaram de centro-esquerda, esquerda ou extrema esquerda. Em contrapartida, somente 4% desses profissionais se identificam como de centro-direita, direita e extrema direita.

Os efeitos decorrentes desses números são resumidos num artigo publicado em 2017 por Sérgio Dávila, diretor de redação da Folha. "As redações são formadas em sua maioria por uma elite intelectual de jovens progressistas de esquerda", afirmou. "O resultado era palpável nas páginas do jornal, por mais que os profissionais se empenhassem em fazer valer o princípio de apartidarismo."

Qualificada de "braço mais estridente do bolsonarismo", a Jovem Pan é a única emissora efetivamente plural. Afinal, que canal de TV junta no mesmo programa figuras como Amanda Klein e Roberto Motta, ou Fábio Piperno e Rodrigo Constantino? E que lei impediria a Jovem Pan de adotar a posição política que quiser, como fazem os concorrentes? Até agora, nenhum veículo de comunicação saiu em defesa da emissora.

Como reagirão agora, confrontados com a mais recente arbitrariedade registrada na Nicarágua? O tirano Daniel Ortega, decidido a reiterar que é ele quem manda no seu pequeno reino, fechou o canal da CNN local. Lula é um dos mais ativos defensores do companheiro Ortega.

Nesta edição de Oeste, o jornalista argentino Gustavo Segré fez uma profecia perturbadora: "A Venezuela é a Cuba de amanhã. A Argentina, a Venezuela de amanhã". Na eleição presidencial brasileira, uma má escolha pode transformar o Brasil de amanhã numa Argentina, numa Venezuela, numa Cuba. Ou numa inquietante cópia ampliada da Nicarágua."

 

  • 23 Setembro 2022

 

Percival Puggina, com conteúdo Gazeta do Povo

Leio na Gazeta do Povo

Em nome do “combate à desinformação”, o Supremo Tribunal Federal firmou parceria com uma entidade integrada por organizações radicais de esquerda.

A Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD) surgiu como um projeto de pós-doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os objetivos são vagos: “uma atuação voltada para a informação de qualidade”, com “princípios éticos voltados para o bem da coletividade brasileira.” Hoje, a rede é composta sobretudo por iniciativas de faculdades de comunicação país afora – boa parte delas ligada à checagem de fatos.

A matéria, importantíssima e bem fundamentada, pode e deve ser lida na íntegra aqui: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/programa-do-stf-contra-a-desinformacao-tem-parceria-com-grupos-de-esquerda/.

Comento

Por essa e tantas outras digo que a atual composição do STF é uma das mais graves sequelas das gestões esquerdistas que se sucederam no país. A Justiça brasileira está sequelada.

Como é possível que o mais alto Poder Judiciário da república vá buscar a verdade com apoio de grupos militantes de esquerda? Como é possível haver justiça e equidade quando os próprios ministros, há quatro anos, se referem aos apoiadores do presidente com desprezo e se ocupam de conter todas as maldades que os imaginam capazes de praticar? E os senadores fazem cara de paisagem para todos esses disparates?

  • 18 Setembro 2022

 

Percival Puggina

 

Leio na Gazeta do Povo

Projeto de lei enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso Nacional regulamenta a Polícia Judicial – que pode fazer investigações, com atividades de inteligência e contrainteligência, próprias da atuação da Polícia Federal. A alteração na lei ocorre na forma da troca da expressão “agente de segurança” para “policial judicial”. O decreto prevê ainda um benefício salarial aos policiais judiciais – a possibilidade de acúmulo da gratificação por atividade de segurança com função ou cargo comissionado.

O que pode fazer o policial judicial

Além das funções próprias da polícia administrativa no âmbito dos tribunais, como segurança das instalações físicas e proteção pessoal de autoridades, a Resolução 344, assinada pelo ministro Dias Toffoli, prevê como atribuições da Polícia Judicial realizar investigações preliminares de interesse institucional, operar equipamentos específicos de segurança no desempenho das atividades de inteligência e contrainteligência, interagir com unidades de segurança de outros órgãos públicos na execução de atividades de interesse do tribunal e realizar atividades de inteligência na produção do conhecimento para a segurança orgânica e institucional do tribunal. (segue)

Comento

Você pode ler toda a matéria da Gazeta aqui.

No entanto, basta-me o que está escrito acima para me arrancar interjeições de suspeita e desagrado. Em que se traduz a atribuição de “realizar investigações preliminares de interesse institucional e operar equipamentos específicos de segurança no desempenho das atividades de inteligência e contrainteligência”?

Será isso o que eu estou pensando? Temos aí algo que precisa ser muito bem esclarecido quando examinado pelo Congresso Nacional. Por maior que seja o mimetismo do Poder Legislativo e sua habilidade para fazer cara de paisagem ante os mais escancarados disparates, a criação de uma Polícia Federal paralela não pode passar despercebida. Afinal, foi essa composição do Supremo que transformou todo território nacional em “dependências do STF” para assuntos que excitem suas ansiedades e paranoias políticas ou ideológicas. É essa composição do Supremo que usurpa atribuições de outros poderes e desconhece as do Ministério Público.

Dar um salto triplo carpado sobre a PF, a PGR, a ABIN e trazer todas essas atribuições para dentro de casa, transformaria a Casa em quê? 2 de outubro vem aí.

  • 15 Setembro 2022