Percival Puggina

07/07/2012
ESCLARECIMENTO PESSOAL No domingo passado, a jornalista Rosane Oliveira publicou em sua página, no jornal Zero Hora, uma informação segundo a qual a executiva estadual do PP teria votado unanimemente em favor de uma coligação com o PCdoB na disputa pela prefeitura de Ijuí. Acrescentou a jornalista que essa decisão, contraditória com a anteriormente adotada em Porto Alegre, teria contado com o meu voto. Pessoa de ma fé induzira-a ao erro. Não houve a deliberação a que ela se referiu. Informada por mim e pelo presidente Celso Bernardi, Rosane publicou pequena nota corrigindo a informação, ao pé de sua página, na edição da última terça-feira. Como ainda recebo esporádicas mensagens a respeito do assunto, exponho aqui, aos meus amigos, este esclarecimento. E acrescento: foi coisa de gente torpe.

Percival Puggina

04/07/2012
A DEFESA PELA IRRAZÃO Todos os argumentos contra a decisão das instituições paraguaias que afastaram o presidente Lugo contam com um e apenas um argumento: foi tudo muito depressa. O chanceler brasileiro chegou correndo, suado, esbaforido, tropeçando nos degraus. E chegou tarde. Tudo estava consumado. Logo, foi golpe conclui a diplomacia petista, como quem espera encontrar uma mulher serrada ao meio na caixa apresentada sobre o palco. Estamos habituados a parlamentos silenciosos, que não se fazem respeitar. Convivemos, tolerantes, com bancadas e maiorias compradas, irrelevantes, que cedem em troca de favores os mandatos que lhe delegamos. Estamos habituados a reverenciar como sagrados mandatos presidenciais que sequer os próprios titulares respeitam. Cremos que nossas instituições - tenebrosas, sofríveis como são - devem operar como modelo para avaliar os procedimentos em outras democracias. Refiro-me, no parágrafo anterior, aos cidadãos brasileiros democratas e bem intencionados. Não é caso dos agentes petistas que comandam o Itamarati. Democracia, para estes, é todo regime que toca em consonância com os interesses da esquerda e do Foro de São Paulo. Sem qualquer constrangimento, suspendem o Paraguai e chamam correndo o Hugo Chávez para o Mercosul, ouvidos os oráculos de Havana. Portanto, escrevo aos cidadãos, brasileiros, bem intencionados. Aos democratas convencidos de que o Paraguai fez as coisas muito depressa. Note-se que a demissão constitucional - isto ninguém nega - do presidente Lugo, foi ato político adotado com a urgência que o caso recomendava, em nome da paz interna do país. Se dessem 20 dias ao presidente, o Paraguai estaria, hoje, em pé de guerra, fronteiras fechadas, convivendo com trincheiras nas ruas, o Palácio de Lopez cercado, o MST e o ELN passeariam nas ruas de Assución, armados até os dentes. A decisão, legítima e constitucional - ninguém nega -, foi também politicamente correta sob o ponto de vista da sumariedade do rito. Cobrar prazos maiores é, precisamente, querer dar tempo ao mal e suas consequências. Só não dizem isso porque ficaria chato.

Percival Puggina

30/06/2012
Quando sequestraram o embaixador Elbrick, em 1969, os autores do atentado exigiram a divulgação, em toda a grande mídia, de um longo manifesto. Imaginem o constrangimento imposto aos detentores do poder: locutor oficial proclamando à nação um libelo contra o regime deles. O texto foi exibido. O país parou para ouvir, ver e ler. Redigira-o o jornalista Franklin Martins, um dos sequestradores. Oportunidade dourada para os insurretos afirmarem seus compromissos com a democracia e cobrá-los do governo, não é mesmo? Qual o quê! O texto (íntegra em Charles Burke Elbrick na Wikipedia) foi uma catilinária comunista que falava do que os revoltosos entendiam: ideologia, violência, justiçamentos, sequestros, assaltos. Disse alguém, com razão, que os confrontos históricos se travam no tempo dos fatos e retornam no tempo das versões. Durante os governos militares, a esquerda que pegou em armas foi derrotada. Mas se deu muito bem nas versões. Indague às pessoas com menos de 40 anos, que não viveram no tempo dos fatos, sobre a imagem que têm do Brasil naquele período. Poucas terão ouvido algo que não fosse para representar um quadro de horrores patrocinados pelos governos militares. Peça-lhes opinião, também, sobre os que partiram para a luta armada e perceberá que são vistos como jovens idealistas, mártires de uma resistência democrática. Repita as perguntas aos que viveram o tempo dos fatos. Perceberá que apesar das muitas e graves restrições que se faz e se deve fazer ao regime de então, aquela versão quase unânime entre os mais jovens estará longe de ser majoritária neste grupo. Relatarão que o Brasil não foi, naqueles anos, o que hoje se ensina. Com maior surpresa ainda, perceberá que os terroristas e suas organizações praticamente não têm simpatizantes entre os que testemunharam os acontecimentos por eles protagonizados. Aliás, fracassaram por absoluta falta de apoio popular. Escassos serão os que lhes atribuem qualquer mérito na necessária redemocratização. Com razão dirão que a retardaram. Não os reconhecem como democratas. Valerá a pena ir além. Pergunte aos que viveram apenas no tempo das versões o que sabem sobre Ulysses, Covas, Teotônio, Montoro, Brossard, para citar alguns dos muitos que, no embate político foram forçando a porta da abertura. E a abertura da porta. Nada saberão porque não lhes foram mencionados! O que importa, à versão, é desprezar o processo político útil para exaltar o revolucionário inútil. Capisce? Menor ainda será o conhecimento sobre o papel das lideranças empresariais, sindicais e religiosas que se empenharam pela normalidade institucional. A contribuição dos militantes da luta armada para a democracia foi a mesma que as cheias do Nilo prestam à venda de ingressos para os shows da Broadway. Não li um único livro escrito por intelectuais de esquerda participantes daquelas organizações que se atrevesse a estabelecê-la. Antes, negam-na com firmeza. Convém aos que, após a abertura e a anistia, ingressaram no jogo político, posar de estátua da liberdade diante do porto de Nova Iorque. Volta e meia algum ministro, olho na versão, reverencia os que lutaram pela democracia apontando para as pessoas erradas. E o título? E o título? perguntará o leitor, vendo que o artigo termina. Ora, o filme Um dia, um gato ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 1963. Conta sobre um gato com óculos mágicos. Quando olhava para as pessoas, elas adquiriam uma cor relacionada com seus defeitos e virtudes. Era um pânico na cidade. Os mentirosos, por exemplo, ficavam roxos. Zero Hora, 01/07/2012

Percival Puggina

30/06/2012
É nisso que dá confiar coisas sérias ao comando de moleques. O que aconteceu nessa vergonhosa reunião de Mendoza vai entrar para a história da diplomacia brasileira como coroamento de um período em que o Itamarati esteve a serviço das idiossincrasias ideológicas de um partido. Quanto descaramento! Numa mesma conferência do Mercosul, suspendeu-se o país-membro Paraguai (cujo senado vetava o ingresso da Venezuela no bloco) e admitiu-se como país-membro a Venezuela. Sai aquele como punição por haver afastado o camarada Lugo e acolhe-se este baluarte da democracia continental que é o camarada Chávez. Doravante, teremos o Mercosul acaudilhado, patrulhado por um Simón Bolívar de ópera bufa, inimigo figadal do livre comércio. Todos sabemos: não é a Venezuela nem são os venezuelanos que entram. Quem entra é Hugo Chávez. Se existe área de ação do governo onde o PT faz o que bem entende é nas nossas relações internacionais. Não há gesto, declaração, evento, pacto que não reflita a nostalgia dos tempos de política estudantil daqueles que hoje comandam o país. Quando as coisas não vão tão mal, as estratégias parecem secundaristas; quando é para nos rachar a cara de vergonha, o estilo piora e lembra conchavos e bastidores de congresso da UNE. O Itamarati vem sendo dirigido como braço da Secretaria de Relações Internacionais do PT, a serviço de seus alinhamentos automáticos. Colocamo-nos - é a nação que vai junto - ao lado de qualquer Estado ou organização política que puxe para a canhota e chute o balde de tudo que esteja do outro lado. Quando essas coisas começaram, já vai para dez anos, pareciam arroubos de aprendizes entusiasmados. Hoje, tais comportamentos institucionalizaram-se. Nossas relações internacionais deixaram de ser questões de Estado para se tornarem assuntos do governo (o que já seria grave) conduzidas pelos gostos e desgostos da sigla dirigente. Política internacional não é assunto para partido. O que afirmo nada tem a ver com meus sentimentos em relação ao petismo. Não se trata, aqui, de simpatia ou antipatia. É a política externa brasileira que não pode ficar sujeita às antipatias e simpatias da legenda governante, ora essa! Mesmo no contexto da maçaroca institucional que fazemos ao fundir Estado e governo, entregando-os a uma mesma pessoa, o aparelhamento partidário e a instrumentalização ideológica do Itamarati nunca fizeram parte da nossa tradição. Agora, constrangidos, vemos nosso país prestar-se para a patacoada de Mendoza, onde voltamos a intervir em questão interna de uma nação do bloco; onde proclamamos que a camaradagem com Lugo é mais sólida do que nossa amizade e parceria com o povo paraguaio; e onde evidenciamos que a suspensão do Paraguai foi uma tramoia a serviço não do Mercosul, mas do PT, da Unasul, do Foro de São Paulo e dos delírios chavistas. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

30/06/2012
COISA DE MOLEQUES Brasil, Argentina e Uruguai (vale dizer, Dilma, Cristina e Mujica), ao afastarem o Paraguai para entronizarem a Venezuela no Mercosul, agiram como moleques. Estratégia de marotos. A decisão tem a decência de um cabaré e a racionalidade de um repolho (afasta-se o Paraguai, cujo parlamento vetava o ingresso da Venezuela, e se abrem os braços para a grande democracia de Hugo Chávez...). Para a trinca, o parlamento paraguaio é golpista, enquanto democrático é o bando de fantoches que compõem o parlamento venezuelano, onde se obedece Chávez como uma matilha de cães ao assobio do dono.

Percival Puggina

22/06/2012
CAIU O LUGO TEOR DO ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO DO PARAGUAI (Bastariam 2/3, ou seja, 30 votos para a destituição de Lugo. A proposta foi aprovada por 39 dos 45 senadores, ou seja, por 87% do plenário). O Presidente, o Vice-Presidente, os ministros do Poder Executivo, os ministros do Supremo Tribunal, o Procurador Geral da República, o Defensor Público, o Controlador Geral da República, o Subcontrolador e os integrantes do Tribunal Superior da Justiça Eleitoral somente poderão ser submetidos a julgamento político por mau desempenho de suas funções, por delitos cometidos no exercício de seus cargos ou por delitos comuns. A acusação será feita pela Câmara dos Deputados, por maioria de dois terços. Corresponderá ao Senado julgar, por maioria absoluta de dois terços, em juízo público, os acusados pela Câmara dos Deputados e, se for o caso, declará-los culpados com o único efeito de afastá-los de seus cargos. Nos casos de suposto cometimento de delitos se repassarão seus antecedentes à justiça comum. *** Lugo tomou uma sova de votos na deliberação de seu afastamento. Foram 39 a favor e apenas quatro contrários. Seu governo fracassou, como fracassara antes em sua função pastoral. Dera péssimo exemplo como orientador dos fiéis e andou muito mal como presidente. Enquanto religioso, apoiava os invasores de terras ( o MST paraguaio), reunia-se com os representantes das FARC, passava a mão por cima dos que sequestravam endinheirados para exigir resgates milionários sob proclamadas intenções políticas. Desde os púlpitos, anunciava aos ventos que seu país, com vontade política e sob uma gestão como ele saberia fazer, se converteria num paraíso guarani sul-americano. Deu tudo errado. Só não andou mal naquilo que o Brasil o ajudou. Deixa a presidência sem ter quem o apóie. Os jornais de amanhã, certamente, mostrarão jovens revoltados e chorosos sendo contidos pela polícia. Por favor, não os confunda com o povo paraguaio. São os mesmos de sempre. Todo país tem um pouco disso. A decisão reflete a vontade da maioria do povo paraguaio, frustrada com a incapacidade de seu presidente. E foi adotada segundo a forma prevista na Constituição do país. Por fim, fique atento ao que fará o Brasil. O nosso Antônio Patriota já está lá, chefiando uma missão com objetivo que assim explicitou: Preservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática, observar o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurar o direito de defesa e ao devido processo. Esperemos que não surja dessa intromissão aí um novo Caso Honduras... Nota: Federico Franco, o vice que assume, é tradicional adversário do Partido Colorado (Stroessner) e um homem de bem. O ordenamento constitucional paraguaio fornece saída adequada para essas situações de desgoverno e de insatisfação generalizada.

Percival Puggina

22/06/2012
Tão logo começaram a circular pelo mundo as imagens de Lula e Maluf selando aliança política para beneficiar Haddad no pleito paulistano, a mídia disciplinada pelo PT começou a reprovar o comportamento de Lula. Não o fazer seria escandaloso. Mas era preciso reprovar como quem estivesse surpreso. Como se aquilo fosse uma grande novidade e uma nódoa incompatível com a alva túnica do seráfico ex-presidente. Do lado oposicionista, surgiram comentários no sentido de que se tratava de uma aliança entre iguais. Dizia-se que ambos se mereciam. Que seriam parceiros na escassez de escrúpulos. Que os dois seriam dotados de uma consciência maleável como massinha de moldar. Também essa foi minha primeira opinião, até assistir a um debate em que tal afirmação foi feita, recebendo a seguinte contestação de um representante do PT: Não dá para comparar Lula com Maluf. Lula não é procurado pela Interpol!. Essa frase me levou a colocar os dois personagens nos pratos de uma balança mental das iniquidades. Instalei-os ali, enquanto sopesava as respectivas biografias, que, a essas alturas, enchiam as páginas dos blogs e sites da rede. Resultado do teste: Maluf foi catapultado para cima enquanto Lula se estatelava embaixo. De fato, Lula não tem condenação criminal. Mas até mesmo na balança de um juízo moral tolerante, é infinitamente mais danoso do que seu parceiro. O que ele fez com a política, com a democracia, com os critérios de juízo dos eleitores e com as próprias instituições nacionais é pior, muito pior do que o prontuário criminal do seu parceiro na eleição paulistana. Os estragos de Maluf se indenizam em São Paulo, com dinheiro, e se punem com cadeia. Os de Lula levarão décadas para serem retificados na consciência nacional e nas instituições do país. A sociedade, em algum momento, emergirá da letargia produzida pelo carisma do ex-presidente e pela rede de mistificações em que se envolve. Compreenderá, então, que o modo de fazer política introduzido por Lula conseguiu desmoralizar a patifaria. Antes dele havia um certo recato na imoralidade. As vilanias eram executadas com algum escrúpulo. Quando alguém gritava que o rei estava nu, as pessoas olhavam para as partes polpudas do rei e se escandalizavam. Com Lula, as pessoas olham para o lado. Não querem ver. São como os julgadores de Galileu que se recusavam a olhar pelo telescópio com que ele lhes queria mostrar o universo: Noi non vogliamo guardare perché se lo facciamo potremmo cambiare. Não olham porque mudar de opinião pode custar caro. Então, o rei aparece no jardim, nu como uma donzela de Botticelli, e as pessoas olham para o Maluf, de terno e gravata com ar de escândalo. Se isso não é a desmoralização da moral, se a influência de Lula nos costumes políticos não nos submete, como cidadãos, aos padrões próprios de um covil de velhacos, então é porque - ai de mim! - em algum lugar do passado recente, perdi a visão e a razão. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

16/06/2012
Eu sei, o conceito de cultura é mais abrangente que bolsa de mulher. Dentro dele há de tudo e quase tudo que não há, também cabe. Então tratemos de nos entender: 1º) por falta de outra palavra, cultura designa, aqui, o bem colhido por quem busca prazer e elevação do espírito no conhecimento e na Arte; e 2º) quando me refiro às vertentes do conhecimento estou falando, principalmente, de Filosofia, Política, Direito, História e Religião. As vertentes da Arte são muitas e proporcionam lazer e prazer. Embora os indivíduos recolham da cultura expressivos benefícios pessoais, mesmo quando individualmente construída ela é socialmente proveitosa. Tanto os que a produzem quanto os que a buscam são essenciais ao progresso das civilizações. Agora, leitor, dê uma olhada em seu entorno. Será impossível não perceber o quanto isso que escrevi vai na contramão do que se vê disponibilizado como se fosse bem cultural ao consumo da população. Felizmente, suponho que por uma questão de pudor, para que não se confunda uma coisa com a outra, música virou som. E, com exceções, sumiram os dois. Ficou o barulho. Pode a música, a boa música, sumir? Pode. A boa música pode. E os livros? Sumirão também? Intuo que vem aí uma geração para a qual livros ? em papel ou virtuais - serão objetos de um tempo remoto, coisas da casa do vovô e da vovó. Ainda são vendidos, é verdade, mas não se pode dizer que por muito tempo, nem que parte significativa das vendas atuais expresse muito gosto pela Literatura (exceto se ampliarmos o conceito para abrigar obras de auto-ajuda, vampirismo, histórias sobre animais domésticos e assemelhadas). Filosofia? Dá uma canseira danada. História? Consulte o governo. Ou ele escolhe os livros ou nomeia uma comissão para contar, tim-tim por tim-tim, toda a verdade. De Política não se quer ouvir falar. Na comunicação de massa pela tevê, o que há 20 anos era visto como baixaria e causa de escândalo hoje se afigura como clássico, recatado e requintado. Resumindo, o padrão cultural do brasileiro despenca num escorregador recoberto pela mais sebosa vulgaridade. Não vou me aprofundar nisso para não ficar deprimido. Certas correntes antropológicas promovem verdadeiro terrapleno cultural. Não existe cultura melhor nem pior, superior ou inferior. Tudo é cultura e tudo é apreciável como símbolo de ideias e comportamentos coletivos. No entanto, a civilização continuará produzindo seres humanos que, em ambiente adequado, valorizarão o bem e o belo, o saber e a verdade. Com a sociedade se massificando cada vez mais e mantidas as hegemonias que se instalam no mundo da Educação e da Política, a elite cultural brasileira definhará em importância. Os espaços de decisão serão tomados por aqueles que estabelecerem mais proveitosa interlocução com a massa crescentemente ignara, presa fácil na malha da mediocridade a seu alcance, da mentira bem contada e da promessa sedutora. Precisaríamos muito de um renascimento cultural. Mas como produzi-lo? Onde quer que olhe, não vejo sinais disso. Quase tudo que leio expressa grosseiro menosprezo pela virtude, pelas coisas do espírito e pela elevação da mente humana aos níveis de competência que lhe foram disponibilizados pelo Criador. Sei, sei, só escrevo estas coisas horrorosas, escandalosas, porque sou um conservador, palavra que a novilíngua marxista conseguiu transformar em xingamento. É categoria que, no Brasil, se desdenha. E, neste caso, diferentemente do conhecido aforismo, quem desdenha não quer comparar. Eu escrevi com-pa-rar. Zero Hora, 17/06/2012

Percival Puggina

16/06/2012
CATÁLOGO DE APOSTASIAS E HERESIAS Entre 7 e 11 de outubro deste ano deverá ocorrer em Novo Hamburgo (e, por enquanto, precisamente na universidade jesuíta da Unisinos), um tal ?Congresso Continental de Teologia: Aos 50 anos do Vaticano II e 40 anos da Teologia Latino-americana e Caribenha? . Entre os participantes, se incluem inimigos frontais da Igreja, do papado e de Roma. Alegra-me saber que há trinta anos venho combatendo tal subteologia, dita latino-americana e caribenha, e recolhendo, graças a isso, verdadeira congregação de inimigos, entre maliciosos e inocentes, úteis e inúteis. Vale a pena ler a matéria no site Fratres in unum, aqui: http://bit.ly/M9oKiy. Por que será que um evento desses, continental, escolhe o Rio Grande do Sul e a Unisinos para sediar-se?