Percival Puggina

18/11/2011
?Como fiscalizar as ONGs? Houve problemas, ninguém nega. E quem tiver cometido erro tem que pagar?. Quando Aldo Rebelo, escolhido para substituir Orlando Silva no Ministério dos Esportes, fez essa declaração, ficou claro, no conjunto da entrevista que concedeu, que responsabilizar as ONGs foi um modo de livrar a cara do camarada antecessor. Eu entendi a manifestação como exercício de um dever de solidariedade. A culpa era só dessas organizações e da dificuldade de as fiscalizar. Foi na mesma linha que entendi o novo ministro quando, em outras entrevistas, disse que não pretendia prosseguir com tal prática. Ele não mais se valeria de instituições que não tinha como fiscalizar e passaria a destinar os recursos da pasta para estados e municípios. Passado menos de um mês, fica-se sabendo que Aldo Rebelo cancelou convênios com 50 ONGs. Mas se era possível cancelar assim, por que, raios, esses convênios existiam? Por outro lado, deduz-se que das organizações que mantinham convênio com o ministério, malgrado a decisão de trabalhar com nenhuma, remanesceram 250 (!) em atuação (segundo o noticiário, cerca de três centenas de ONGs operavam nos programas de esporte do governo). Aliás, quando fiquei sabendo desse número, para todos surpreendente, pus-me a indagar o seguinte: se em torno do PCdoB, um partido pequenininho, numa pasta também periférica, orbitavam três centenas de ONGs, quantas não agiriam no complexo universo comandando pelo PT e PMDB, os dois gigantes do governo federal? Pois é. A resposta, colhida na mídia, chega a quase uma dezena de milhar. É toda uma rede, financeira e politicamente subordinada, envolvendo um contingente humano que pode alcançar um milhão de pessoas se considerarmos todos os dirigentes, servidores assalariados e voluntários. Trata-se de uma nova máquina que se agrega ao gigantismo do poder central, estatal, e que tantas vezes - sabe-se agora - está incorporada aos vetores da corrupção por ele polarizada. Com enorme surpresa já ouvi de alguém: Eu tenho uma ONG. E com surpresa ainda maior, já li, várias vezes: Fulano de tal, dono de uma rede de ONGs.... Que tal? Donos de ONGs? Só podia dar no que deu. Entende-se, então, o motivo pelo qual a CPI das ONGs, nascida em 2006, morreu de inanição, quatro anos mais tarde, sob total desinteresse da maioria governista. Na nota oficial em que fez o necrológico da finada CPI, a Associação Brasileira de ONGs (http://www.abong.org.br/noticias.php?id=2576) fala em criminalização dos movimentos sociais e em setores conservadores. Quem conhece o idioma da esquerda sabe que tal vocabulário não deixa dúvidas quanto à devoção filial dessa instituição a padrinhos bem conhecidos, com acesso à grana dos esfolados contribuintes. Ressalve-se que organizações dessa natureza compõem uma estrutura admirável se usadas para o bem. Mas como são terríveis, sob o ponto de vista moral e institucional, se convertidas em tentáculos do poder político! Nos negócios em que então se envolvem elas não ofendem apenas as leis penais. Elas atacam a própria democracia. Muito tenho escrito, aliás, contra a centralização em nosso país. Ela se dá ao arrepio da forma federativa, que aponta para uma direção, enquanto a prática política, fiscal, legislativa e administrativa age no sentido inverso. A isso se acrescenta agora, nestes anos de decadência moral das instituições, a vasta e multiforme rede de ONGs dependente dos favores e das vistas grossas de seus financiadores governamentais, conjugadas com subterrâneos canais de retorno das verbas recebidas. A existência de uma rede não implica, necessariamente, descentralização. No caso, ocorre o contrário disso, seja pela dependência financeira que cria, seja pelas verbas que refluem, mediante artifícios contábeis, para os dutos da corrupção política. A presidente Dilma, energicamente, no final do mês passado, determinou uma paralisação de 30 dias em todas as transferências de recursos para que um pente fino fosse passado no emaranhado cabelo dessas ONGs com dono, com jatinho e prodigalidades semelhantes. Já se foram dois terços desse prazo. Eu, ao menos, estou contando. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

18/11/2011
POBRES ALUNOS Percival Puggina O governador Tarso Genro e seu partido muito fizeram por merecer uma greve do magistério: o piso da categoria é ideia dele e seus parceiros no governo passado cobravam esse piso como mera questão de prioridades. No entanto, também é verdade que o Cpers dá continuidade à obra de esquerdização da categoria iniciada pelo PT. O sindicato é comandado, há anos, pela Democracia Socialista (corrente mais à esquerda no PT), agora em coligação com o PSOL e o PSTU. E o professorado gaúcho se alinha com esse pessoal como ovelhinhas de presépio. Na última eleição, Rejane de Oliveira foi reeleita presidente já no primeiro turno, com 54% dos votos. A segunda chapa mais votada teve apoio de 37% (e também era do PT) e a terceira (que não era de esquerda) fez apenas 9%. Conclusão: pobres alunos!

Percival Puggina

15/11/2011
SÓ PARA NÃO PASSAR BATIDO Percival Puggina Depois do Mensalão, por um passe de mágica, todo o ônus político da corrupção foi parar no colo do Congresso Nacional. A mídia comprada deitava e rolava em cima do Congresso. Contavam diárias, passagens, viagens ao Exterior. Tudo mixaria. Eu sempre disse que a grande corrupção não estava ali. Só podia estar onde morava a grana grossa, o Orçamento da União, as canetas pesadas, as poltronas de espaldares mais altos e o poder mais paparicado. É o que está se confirmando neste ano de 2011.

Percival Puggina

11/11/2011
Quando leio sobre a violência dos assaltos praticados hoje em dia, fico com saudade do tempo dos trombadinhas. Era uma época tranquila, em que o gatuno esbarrava na vítima, tomava-lhe algo e saía correndo. Tinha medo, e por isso fugia. Era um infeliz constrangido. Hoje, o ladrão ofende e maltrata. Anda armado e aperta o gatilho sem que nem porquê. Sente-se como grande senhor da selva urbana onde impõe sua própria lei. O medo fica por conta apenas da vítima. É a vítima que corre para longe. Se puder. O que foi que mudou? O que fez o trombadinha transformar-se nesse monstro urbano? Foi a droga. A droga converteu as necessidades sob cujo impulso agia o trombadinha em insaciável demanda por dinheiro para as urgências do vício. Estendeu suas malhas sobre a sociedade, multiplicou a dependência e o exército do crime urbano. Gerou recursos para aquisição de armas letais. Organizou as redes criminosas do tráfico e corrompeu setores do Estado (não apenas na área de segurança pública). Por isso, tenho saudade do tempo dos trombadinhas. A maconha - nunca esqueça que foi com ela, com a maconha, que tudo começou - abriu a porta desse cofre de perversões e perversidades. Primeiro gerando o hábito social, em seguida o vício, e, depois, desfiando a longa sequência das drogas cada vez mais pesadas que invadiram o mercado com seu poder de destruição. Outro dia, participando do programa Conexão Band, da rádio Bandeirantes de Porto Alegre, eu disse que a invasão da reitoria da USP tinha sito mais uma evidência dos males causados pela maconha. Imediatamente, um ouvinte protestou dizendo que a erva não leva alguém a agir daquela maneira. Obriguei-me, então, a explicar algo que me parecera óbvio: a sequência de fatos que levara à invasão havia iniciado com a detenção, pela Polícia Militar, de alguns estudantes que curtiam seus baseados no estacionamento da universidade. Ora, se uma ocorrência policial comum dava causa suficiente aos atos que se seguiram, apenas por envolver maconha, era óbvio que ela, independentemente dos efeitos psicotrópicos, se faz perigosa, também, sob o ponto de vista social. A desproporção na relação de causa e efeito - a detenção de alguns maconheiros e a violência que se seguiu - era apenas mais uma amostra desses tantos males. E, aquele fato em si, um dos muitos episódios diários que têm curso em toda parte exibindo a terrível face social da droga. Ouvir - não raro de autoridades - um discurso de tolerância em relação à maconha, ou, o que talvez seja ainda pior, perceber que se difunde por repetição a ideia de que maconha não faz mal algum, é profundamente perturbador para quem tem informação verdadeira e objetiva sobre o assunto. Pergunte a profissionais da área de saúde que lidam com dependência química. Ouça peritos a respeito dos efeitos da maconha sobre a atividade cerebral. Indague a pais, mães e professores sobre o impacto que o uso dessa droga determina na capacidade intelectiva, na concentração, na disciplina e na vida escolar dos jovens. A maconha pode não estar na reta final de muitas tragédias existenciais, mas está no início de boa parte delas. E os enlouquecidos vândalos da reitoria da USP talvez não estivessem sob direto efeito dos seus baseados, mas agiram tendo-os como causa da violência que empregaram. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Lidio Feix

06/11/2011
UMA CARTA MUITO INTERESSANTE Caro Puggina. Apreciei muito ambos os textos, mas gostaria de oferecer um ponto para pensar quanto ao motivo da perseguição comunista ao pensamento cristão. Um fato que muitos não se dão conta é o motivo pelo qual o Império Romano perseguia os cristãos: o motivo era muito mais político do que propriamente religioso. É fácil de entender: Os romanos eram um povo guerreiro que necessitava de constante expansão territorial pela via militar para continuar arrecadando cada vez mais impostos para custear seus gastos cada vez maiores. A expansão territorial ia agregando cada vez mais povos diferentes e que (obviamente) não comungavam dos mesmos interesses dos romanos. Isso gerava uma massa dentro das suas fronteiras potencialmente perigosa para a segurança nacional, na medida em que em qualquer das permanentes guerras em que os romanos estavam sempre envolvidos, poderiam ter que enfrentar forças internas colocadas às costas das suas legiões. O remédio para isso foi criar uma obrigação de lealdade ao imperador, usando o poder coercitivo das crendices e superstições: cada homem e mulher dentro das fronteiras do Império deveria, ao menos uma vez por ano, entrar num templo pagão e jurar lealdade ao imperador deificado, queimando incenso e prostrando-se diante da sua estátua. Isto foi um problema para os cristãos, que não se curvavam em adoração diante de ninguém mais do que do Deus Vivo. Não prestando juramento de lealdade ao imperador, os cristãos eram vistos como ameaça potencial, e por isso obrigados a jurar lealdade pela força. Quem resistia era lançado na arena para diversão e exemplo aos demais. Assim, a perseguição dos romanos aos cristãos era de fundo muito mais político do que religioso. Com o comunismo aconteceu algo semelhante. Criado e parido na onda do Evolucionismo por ateus militantes e intransigentes, o comunismo se forjou dentro da idéia darwinista de sobrevivência do mais forte. Com o propósito de ser um movimento político revolucionário e salvador da Sociedade, tinham suas próprias idéias de salvação e assumiram, assim, características messiânicas (no sentido de assumirem a responsabilidade da salvação do mundo). Dentro da ótica evolucionista de ver tudo pelo ângulo da sobrevivência do mais forte, do mais apto, passaram a ver o Cristianismo (que é messiânico por excelência desde a origem) como uma ameaça à sua própria sobrevivência como movimento. A partir daí, o Cristianismo (e todos os demais movimentos ou instituições com características semelhantes) passaram a ser perseguidos como um adversário a ser eliminado. Assim, a força motivadora da perseguição comunista também foi muito mais por um propósito de orientação político-filosófico do que qualquer outra coisa. Pensa na lógica disso... Abraço forte, e boa semana. LIDIO FEIX

Percival Puggina

05/11/2011
A fábula da rã que se deixa cozer viva, passivamente, em uma panela de água fria que vai ficando morna, depois quente e, por fim ferve, é perfeitamente aplicável a inúmeras estratégias em curso no país. Se, em vez de avançarem aos poucos, seus condutores saltassem etapas e nos jogassem diretamente onde desejam nos levar, haveria resistência social e os projetos fracassariam. Estão nos cozinhando em fogo baixo. Muito se tem escrito sobre o ENEM, esse mastodonte que iniciou como uma avaliação de desempenho do Ensino Médio no país e que, com raras exceções, virou monstruosidade ainda maior - prova de seleção para ingresso nos estabelecimentos de Ensino Superior. Por quê? Porque alguns pedagogos, afinados com o poder político estabelecido, decidiram que era assim que tinha que ser. Já escrevi que quando o coletivo aparece com uma ideia, por extravagante que seja, ela acabará prevalente. Não vou discutir, aqui, os aspectos pedagógicos nem as onerosas trapalhadas em que se tem envolvido o tal provão do MEC. Detenho-me sobre uma pauta que não pode transitar sem ser denunciada em vista de seu significado para a democracia. A forma federativa de Estado, constitucionalizada no Brasil desde a Proclamação da República, corresponde ao importantíssimo princípio da Subsidiariedade, que ordena competências em níveis superpostos, de tal modo que cada nível só age se o nível que lhe é inferior não puder cumprir bem suas atribuições. Esse princípio, que preserva, na base, a iniciativa dos indivíduos e, logo acima, a iniciativa das comunidades locais, e assim sucessivamente, tem óbvias aplicações no campo da Administração, do Direito, da Política e da Ética. Pois eis que, ao conjunto de ações centralizadoras já adotadas no Brasil, sempre pelo reverso desse respeitável princípio, soma-se agora o ENEM, como nova intromissão/cessão de autonomia em favor da União. Num país do tamanho do Brasil, as vagas nos estabelecimentos de Ensino Superior tornam-se disputadas nacionalmente, com estudantes transferindo-se de Garanhuns para Santana do Livramento e vice-versa, como se estivessem tomando lotação para ir ao colégio. Absurdo! O sistema sempre foi descentralizado, regionalizado e, por fim, como convém, foi se municipalizando. Os investimentos que proporcionaram a maior parte dessas instituições de ensino resultaram de esforço, poupança ou pleitos locais. O provão nacional é uma cessão de autonomia no controle da porta de entrada do Ensino Superior! Li todo o Caderno Amarelo aplicado este ano. Para quem está afeito às relações entre a linguagem e a política fica fácil perceber, em algumas questões, o emprego gramsciano do vocabulário e o uso da prova como instrumento de doutrinação e construção da hegemonia política. A centralização serve para muitos males, inclusive para esse específico mal. Serve para a submissão de Estados e municípios. Serve para a cooptação de maiorias parlamentares. Serve para afastar a sociedade de decisões ditas participativas pelo envolvimento de grupos sociais devidamente aparelhados. Serve para a corrupção. Serve, esplendidamente, para o uso da rede de ensino como instrumento de doutrinação (vide livros do MEC!). E, porque tem sido assim, em tudo e com tudo, também esse ENEM vai a serviço dos mesmos instrumentos de centralização e hegemonia. Enquanto a panela aquece para as festas do poder, canta-se como em outras comemorações: Para a União não vai nada? Tudo! Então como é que é? É big, é big, é big, big, big. Pobre federalismo brasileiro. ZERO HORA, 06/11/2011

Percival Puggina

03/11/2011
Reafirmo meu pessimismo: mais cedo ou mais tarde, como vem ocorrendo com todas as teses provenientes desses segmentos ideológicos e políticos, os crucifixos serão arrancados das paredes. E o resíduo cultural cristão ainda persistente continuará cedendo lugar a um humanismo desumano, destituído de alma e avesso a Deus. Avesso ao Deus cuja proteção é invocada na Constituição. Não guardo ilusões. Quando se encontra com a omissão de muitos e a ingênua tolice de outros tantos, a malícia passa por cima e impõe o que pretende com quase nenhuma resistência. Aparentemente é uma questão simples. Afinal, se o Estado é laico, os espaços públicos ou sob responsabilidade do Estado não deveriam ser isentos de qualquer religiosidade, como banheiros de estação? O crucifixo, na parede de uma repartição, seria, nessa perspectiva, um atropelo à equidade, um agravo à Constituição e à Justiça. Remova-se, então. Mas tenha-se a coragem de assumir perante a história o registro do que foi feito: preserve-se o prego! Preserve-se o prego para que todos reconheçam o extraordinário serviço prestado. Para que todos saibam que ali havia um crucifixo, e que ele foi removido por abusivo, ofensivo, intolerável às almas sensíveis que, em nome da Justiça, se mobilizaram contra ele. Observe de onde procedem os ataques aos crucifixos. Nem todos os que tocam nessas bandas são contra os crucifixos e nem todos o são por malícia. Mas todos os que se opõem aos crucifixos tocam nessas bandas. Tocam numa certa esquerda e numa certa direita. Ajudam-se mutuamente no processo de destruição dos valores. A cara da utopia da igualdade é o focinho da utopia da liberdade sem limites. Quando discorrem sobre seus motivos em relação aos crucifixos, transmitem a ideia de estarem jungidas a um imperativo constitucional - o Estado, mesmo não sendo ateu, é laico. Não tem religião própria. E os ingênuos abanam a cabeça em concordância: afinal, se há lugar para um crucifixo, por que não revestir as paredes com os símbolos de todas as outras religiões e crenças existentes? Ou tem para todos, ou não tem para ninguém. Com tanta coisa contra que lutar, escalam como adversário Jesus de Nazaré... O crucifixo na parede da repartição não é peça publicitária. Não é elemento de proselitismo religioso. Não transforma o espaço em local de culto. É referência a um patrimônio de valores universais sem similar na iconografia humana: amor a Deus e ao próximo mesmo se inimigo, solidariedade, justiça, misericórdia, paz. Se tirar o crucifixo, fica o prego. Por outro lado, percebam todos ou não, a mobilização pela remoção é apenas mais um ato da longa empreitada do relativismo, do hedonismo e do materialismo visando à deliberada destruição das bases da civilização ocidental. Apenas mais um gesto. Querem a prova? O mesmo argumento que pretende a remoção do crucifixo (o mesmíssimo argumento!) quer silenciar os cristãos sempre que se debatem aspectos morais de propostas legislativas ou decisões judiciais. O estado é laico e os argumentos baseados numa moral de origem religiosa não podem ser admitidos!, proclamam com enfatuada sabedoria. Ou seja, admitem-se nos debates as opiniões de ateus, de movimentos sociais, de sindicatos, de homossexuais, de partidos políticos, de endinheiradas ONGs, do que for. Admite-se opiniões do Além, psicografadas. Vale, até, opinião de quem não tem moral alguma. Mas não se toleram opiniões coincidentes ou fundadas na moral cristã. Pasmem os leitores: com esses argumentos de almanaque, com essa lógica de gibi, se consideram gênios da retórica, porta-estandartes da equidade. E não faltam ingênuos para aderir a essa conversa mole! No entanto, saibam quantos lerem este artigo: o comunismo, ao refletir sobre suas dificuldades para expandir-se na Europa Ocidental, concluiu que seus maiores obstáculos estavam propostos pelas bases cristãs da cultura vigente. Desde então tem sido o que se viu. E só não percebe quem não se importa em servir de pomba para a refeição dos gaviões. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Luiz José Mendonça.

30/10/2011
ENTREGA DAS MAIORES RIQUEZAS DA AMAZÔNIA AOS ESTRANGEIROS Luiz José Mendonça Caríssimos amigos patriotas. Com a vivência de quatro décadas, voando na Amazônia, há alguns anos venho alertando sobre os crimes de lesa-pátria, que os governos civis, que assumiram o poder após os militares, vêm praticando na região norte do país, entregando parte de nosso território amazônico aos estrangeiros, através de gigantescas criações e ampliações de ?Reservas Indigenistas?, chamadas ?TI? ? Terra indígena. Sempre aliciados e pressionados pelas tais ONGs (milhares delas na Amazônia), os presidentes civis, foram cedendo às suas pressões. Inicialmente a área dos Yanomami, com 9,6 milhões de hectares - 96 mil km², que foi criada por decreto e homologada, no ano de 1990, pelo Presidente da República, Fernando Collor de Mello que arrebentou com o Estado de Roraima, tanto com sua economia, quanto a parte física, subtraindo grande parte de seu território, entregando para índios que sequer são brasileiros. As Ongs ?Organizações não governamentais?, foram aumentando e hoje são milhares. Segundo consta, só na Amazônia, com a desculpa de proteger os indígenas, são mais de 100 mil delas. Continuaram com exigências no governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pressionando para abocanhar a TI Raposa/Serra do Sol, com 1,7 milhões de hectares, 17 mil km², cuja demarcação em área contínua, como queriam as ONGs estrangeiras, foi autorizada por nada menos que 8 ministros do Supremo Tribunal Federal, STF, todos nomeados pelo Presidente Lula da Silva, que homologou e entregou de ?mão beijada?, o sítio mineralizado mais rico do planeta aos estrangeiros, com essa armação de TI (terra indígena). Para ser agradável a ONU, pois pretendia ser secretário geral daquele órgão ao deixar a presidência da República, ele mandou que os delegados brasileiros, chefiados pelo comunista Celso Amorim, hoje Ministro da Defesa, protocolassem o reconhecimento do Brasil aos ?Direitos Universais dos Povos Indígenas?, o que transformará as reservas existentes em nações, que em breve serão nações estrangeiras dentro de nosso país. Assim ele deixou o governo com uma belíssima ?herança maldita?. Entregou boa parte de nossa Amazônia para os estrangeiros, nos deixou uma dívida pública impagável de 2 trilhões de reais, cujos juros nos destroem e, ainda por cima, pretende voltar em 2014 para implantar o totalitarismo, fazendo do Brasil uma gigantesca Cuba e, ele seria, claro, o grande ditador, ao estilo de seu ídolo de Havana. Essa traição de lesa-pátria tem que ser revista. Esses decretos de homologação de imensas reservas indigenistas, inventadas, têm que ser anulados pelo atual Presidente da República de qualquer maneira. O Brasil pertence ao povo brasileiro, às futuras gerações, aos nossos filhos e aos nossos netos. País algum, permitiria tamanha traição por governantes que facilitam a entrada e ainda dão recursos para ONGs estrangeiras aqui permanecerem, como o fizeram os governos de FHC e Lula da Silva. (...)

Percival Puggina

29/10/2011
Twitter: @percivalpuggina Em Pombas e gaviões aduzi, já na capa, o alerta que caracteriza os dez textos que nele se contêm: os ingênuos estão na cadeia alimentar dos mal intencionados. É uma preocupação que os últimos anos vieram acrescentar às que eu já tinha em relação ao futuro de nosso país. Com efeito, considero coisa certa, provada pelos fatos, que a única tese efetivamente abandonada pela esquerda para tomada do poder é a tesa da luta armada. O camarada Gramsci acendeu um farol sobre a formação da hegemonia como estratégia alternativa e mais eficiente (anote aí à margem: fazer do ENEM porta única para entrada da universidade é parte disso). O Senado Federal aprovou, como se previa, a criação da tal Comissão da Verdade. Haverá prova mais contundente de que usam e abusam da ingenuidade alheia? E de que a encontram, no parlamento brasileiro, em quantidade suficiente para aprovar uma coisa dessas? A ideia original de Lula e dos seus era bem outra. Era abortar a anistia ainda em 1979. O jornalista José Nêumanne (autor do livro O que sei de Lula), em entrevista ao jornal O Globo no dia 29 de agosto passado, contou ter sido procurado, entre 1978 e 1979, pelo então presidente da Arena, Cláudio Lembo, para cumprir uma missão solicitada pelo general Golbery do Couto e Silva. Golbery queria apoio de Lula para a volta dos exilados. A reunião, testemunhada pelo jornalista, ocorreu num sítio. Qual a resposta de Lula? ?Doutor Cláudio, fala para o general que eu não entro nessa porque eu quero que esses caras se danem. Os caras estão lá tomando vinho e vêm para cá mandar em nós???. O elevado critério moral de Lula não prevaleceu, a anistia aconteceu em 1979 e foi constitucionalizada em 1988. Pois eis que coube ao próprio Lula, três décadas depois daquela reunião relatada por Nêumanne, enviar ao Congresso Nacional, no ano passado, o projeto da Comissão Nacional da Verdade. O mundo deu umas quantas voltas, é certo, mas em nada se comparam ao efeito giratório que as conveniências políticas determinam sobre a moral de certas pessoas. É esse projeto que foi aprovado pela Câmara dos Deputados e acaba de sair do forno do Senado. Como Lula não conseguiu abortar a anistia em 1979 e a tentativa de matá-la quando já tinha 31 anos foi inviabilizada pelo STF em abril do ano passado, restou a alternativa da Comissão da Verdade. Os ingênuos acreditam no que está estabelecido no parágrafo primeiro da lei que cria a Comissão, segundo o qual lhe caberá efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional. No entanto, qualquer pessoa que junte b com a para fazer ba sabe que o julgamento pretendido pelos que queriam revogar a Lei de Anistia será substituído, agora, por mero linchamento sem processo nem direito de defesa. Durante dois anos (anote aí que isso será prorrogado pelo tempo que convier politicamente à esquerda) teremos uma Comissão de sete membros, escolhidos autocraticamente pela presidente Dilma, para investigar metade da verdade, posto que os crimes cometidos pelos guerrilheiros da luta armada não integram o escopo da Comissão, segundo se depreende do conjunto de suas atribuições. A própria presidente tem interesses diretos em que não se acendam luzes sobre roubos, assaltos e assassinatos praticados e cometidos pela organização comunista que integrava. A mim não me convence essa defesa dos direitos humanos com foco ideológico e com as refrações óticas determinadas pelo tempo. O SOS Tortura, telefone de denúncia instalado de outubro de 2001 a setembro de 2002, registrou 25 mil comunicações! Relativas a fatos da atualidade. Mas a única tortura que interessa à esquerda militante é a ocorrida num tempo em que esse tipo de crime, embora sempre repugnante e hediondo, sequer estava tipificado como tal no Código Penal brasileiro antes de 1997. Por fim, reitero: tortura é coisa de degenerados. Torturador é monstro que deve arder na cela mais quente do inferno. Junto com seus assemelhados do terrorismo. Mas a anistia pacificou e encaminhou o país para a normalidade institucional ao longo de três décadas. É importante que se acendam luzes sobre o passado, mas sem essas pretensões de linchamento público, de vender meia verdade como verdade inteira, ou de transformar em heróis da democracia aqueles que lutaram por um regime totalitário infinitamente pior do que o regime autoritário que combatiam. A verdade sobre períodos históricos nunca foi e jamais será determinada por uma comissão. Conceder autorização legal para que sete pessoas, nomeadas por uma oitava interessada, execute tal tarefa é ato legislativo para cuja aprovação se somam a inequívoca malícia de uns, a inaceitável irresponsabilidade de outros e a ingenuidade das pombas frente a voracidade dos gaviões. ______________ * Percival Puggina (66) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.