Percival Puggina

11/10/2022

Percival Puggina

         A violência política sofre da mesma síndrome que acometeu o jornalismo brasileiro. Quando algum eleitor de Bolsonaro ataca física ou moralmente um opositor do governo, o fato ganha certo tipo de destaque. Quando a situação se inverte, o fato só chega ao seu conhecimento através das redes sociais, ou sai da página política e vira notinha nas páginas policiais.  Só falta proporcionarem à matéria o título padrão: “Petista agride bolsonarista, mas...”.

Minha opinião sobre esse tipo de violência diverge do senso corrente na velha imprensa. A política, por si mesma, só dá causa à violência quando sua matriz ideológica é violenta. Se a ideologia que a pessoa abraça não constrói uma frase sem a palavra “luta”, se ela estimula atos violentos como invasões, se ela acha que “o poder se toma” e considera que os fins justificam os meios, ela gera violência. Todas as revoluções e movimentos totalitários bem como as respectivas ditaduras são violentos e usam da violência. Fora isso, pessoas violentas existem em toda parte e essa sua natureza explode por variadas motivações.

Quase todo dia alguém me envia relato pessoal sobre seu doloroso convívio com bulling e discriminação. São padecimentos, duradouros e sofridos, causados por professores e colegas. Fatos assim compõem rotina e praxe, notadamente nos cursos de Ciências Humanas e têm como causa serem, os queixosos, jovens “de direita” ou conservadores. Essa violência, de matriz política, é cotidiana e afeta centenas de milhares de estudantes e professores em nosso país. Dessa violência ninguém fala, mas você sabe, não é mesmo? Querem é mantê-lo desinformado.

Há outras causas e formas para a violência eclodir. Em 2015, estávamos em Barcelona quando o Barça venceu o Juventus e arrebatou a taça da UEFA. A torcida da equipe catalã, vitoriosa, comemorou destruindo com fúria a esplêndida Rambla de uma ponta à outra. Por quê? Não sei se alguém saberia dizer.

Black blocs, antifas e outros grupos pouco “amáveis” não põem o pé na rua sem máscaras e bonés, coquetéis Molotov, latas de tinta e porretes. Mantêm histórica animosidade contra bancos, vitrinas e lojas. As tropas militantes de Stédile não saem às ruas ou estradas sem suas rutilantes e afiadas ferramentas. Você sabe.  

Não mencionei os conflitos entre torcidas em estádios de futebol por serem uma analogia demasiadamente óbvia. É o futebol que faz isso, ou são pessoas cuja violência explode sob determinadas condições? Você sabe. Querem é lhe confundir.

O que talvez você não saiba é o motivo dessa politização eleitoreira da violência fortuita. Ela só está na pauta porque desde 2018, após muitas décadas, os campos que disputam a eleição são nitidamente antagônicos. Por causa dessa alteração convivemos com censura e prisões políticas. Também isso é violência! O novo antagonismo causa desconforto à esquerda que dominava o palco com o jogo de cena entre PT e PSDB mantendo conservadores e liberais bem acomodados na plateia.  

É esse “equilíbrio”, danoso à nação e proveitoso a si mesmos, que alguns gostariam de manter. Toda violência deve ser contida, punida, tratada, mas, no país da leniência, da impunidade e dos maus exemplos, ela prospera.      

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Percival Puggina

08/10/2022

 

Percival Puggina

         Louvando-se em opinião de uma dessas checadoras fajutas de notícias e num achômetro pessoal mal explicado, o ministro Sanseverino, do TSE, censurou conteúdo da Gazeta do Povo sobre a proximidade de Lula e Daniel Ortega. O ministro Alexandre de Moraes mandou o Gettr bloquear os perfis da juíza Ludmila Lins Grillo e Allan dos Santos. A rede social denunciou que a decisão sufoca a liberdade de expressão. O PT demanda ao TSE a censura de conteúdos de dezenas de perfis e sites bem conhecidos por suas posições filosóficas e pela defesa de princípios e valores essenciais à democracia e ao estado de direito. Não por acaso, esses mesmos bens políticos vêm sendo citados para justificar atos de nossos tribunais superiores dedicados ao que dizem combater: afrontam a democracia e o estado de direito.

Entre os objetos da ira petista avultam nomes bem conhecidos dos conservadores brasileiros e sites de grande público, como os preciosos e competentes Brasil Paralelo e Revista Oeste, cuja relevância se impõe e sobrepõe a grandes e idosos grupos de comunicação do país.

No momento em que escrevo, não se sabe o que fará o TSE a demanda que lhe chegou, mas ela, pela proporção e violência, acende todas as sirenes de alarme sobre o que fariam seus autores, se pudessem, com aquilo que Lula denomina “Controle social da mídia”.

Será um disparate atender ao pedido petista e passar a mão sobre a cotidiana conduta dos grandes grupos de comunicação que se consorciaram para violar os fundamentos do jornalismo, construir narrativas e ocultar informações. Em seus laboratórios, morrem todas as notícias positivas sobre o governo. Em seus laboratórios contrataram-se as pesquisas que impulsionaram a candidatura do ex-presidiário. Nos laboratórios da Globo nasceu a afirmação proferida por Bonner ao entrevistar Lula: “O senhor não deve nada à justiça”. E não era sarcasmo.

Por ação do esquerdismo dominante no plano da cultura, o pluralismo morre nas universidades brasileiras e em toda cadeia produtiva da educação, morre no jornalismo (80% dos jornalistas são esquerdistas) e morre nas mais altas cortes do judiciário.

Apesar de todos os danos morais, sociais e econômicos dos governos petistas, Bolsonaro não seria presidente da República não fossem as redes sociais. É exatamente por isso que esses espaços vivem, desde então, sob crescente intimidação explícita e censura efetiva.

Como afirma com sabedoria o dito popular, o vaso quebra de tanto ir à fonte. Tais abusos têm sido fator de agregação e mobilização. Funcionam como os melhores cabos eleitorais de um governo permanente e falsamente acusado de fazer aquilo que contra ele é feito. Seus adversários querem o poder a qualquer preço para, depois, fazerem negócios a bom preço.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

Percival Puggina

06/10/2022

 

Percival Puggina

O maior problema de Lula não é ter sido condenado a prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sob verdadeira montanha de provas. Nem suas ameaças sobre a economia nacional. Longe disso.

O problema de Lula reside no que ele e seu partido representam e fazem contra todos os bens não materiais da sociedade brasileira, nossos valores, nossos princípios, nossos apreços, nossa fé, nossas reverências, referências e nosso amor à Pátria comum.

Esse trabalho, voltado contra os fundamentos da nossa cultura, que está em curso no mundo, aqui é desempenhado pelos partidos de esquerda e, em sua maior proporção, pelo PT.

Muito mais grave e nocivo do que aceitar suborno e esconder dinheiro mal havido é corromper a inocência infantil, é destruir sutilmente a religiosidade e a fé das pessoas, vilipendiar objetos de devoção, atacar a instituição familiar e o casamento, levar ideologia de gênero às crianças, difundir a maliciosa teoria de que nos seres humanos “gênero” é uma construção social.

Muito mais grave e nocivo é, também, combater o direito de propriedade, o direito de ir e vir, a liberdade de opinião e expressão mediante “regulação da mídia”, o livre mercado e a liberdade de empreender, pregar o desencarceramento, a impunidade, apregoar a tese de que o criminoso é vítima da sociedade e os membros desta são os verdadeiros réus.

Muito mais grave e nocivo é atiçar e fragmentar a sociedade para dominá-la mediante pautas identitárias, desarmar os cidadãos de bem e encher os tribunais de companheiros para transformá-los em parceiros de tais causas.

Se a nação fechar os olhos para o próprio futuro, para o futuro de nossos filhos e netos, se não acordar para isso agora, quando o fizer será tarde demais. Terá feito a escolha pelo precipício ao qual tantas nações já se deixaram levar.

Minha consciência estará tranquila. Não terei feito uma opção pelo fracasso, nem autenticado uma opção pela vilania e pela desumanização da humanidade.

O maior problema de Lula não é o que estava escrito em sua ficha criminal.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

Percival Puggina

05/10/2022

 

Percival Puggina

Não entendo de fraudes. De fraudes entendem investigadores, peritos e criminosos. Mas percebo os hematomas do processo democrático quando golpeado e reconheço um complô quando o vejo produzindo efeitos.

 

Onde a nova configuração do Congresso mostra os votos de Lula? Mais da metade das cadeiras ficaram com os conservadores, ou com a direita! A esquerda raiz conquistou apenas 20% das cadeiras. O que aconteceu domingo, se não uma sequência daquilo que se viu durante quatro anos? Ou seja: as informações não coincidem com o que se vê; o discurso não fecha com a prática; a determinação judicial não confere com a lei; a pesquisa eleitoral vai para um lado e os votos para outro; a análise desconhece a realidade; toda ocultação e toda distorção beneficiam Lula e prejudicam Bolsonaro.

Diante do que disseram as urnas, não vou conjeturar sobre o que não sei, mas quem tenha observado registros desse enviesamento ao longo dos últimos quatro anos está pensando, sim, na falta de transparência do sistema.

Entendi que também a esse respeito nada é como a nação quer, mas como querem seus regentes togados. Entendi isso, muito claramente. Só não entendi o motivo capaz de levar um pequeno colegiado, encarregado de administrar os ritos do processo eleitoral, a exibir tamanho desdém à opinião majoritária da sociedade, expressa em sucessivas pesquisas que o próprio tribunal divulga. Datafolha de julho sobre confiabilidade das urnas: confiam muito, 47%; confiam um pouco, 32%; não confiam, 20%, e não opinaram 3%. Ao apresentar esses dados, em coro com o consórcio do jornalismo militante, o tribunal considera que confiar um pouco é o mesmo que confiar! Então, soma as duas parcelas e divulga um índice de confiança de 79% em vez de um índice de desconfiança de 52%! Essa não, doutores!

Já a nação, ora a nação! Que se dane em incertezas.

Não entendo de fraudes. De fraudes entendem investigadores, peritos e criminosos. Mas percebo os hematomas do processo democrático quando golpeado e reconheço um complô quando o vejo produzindo efeitos.

A inédita e constrangedora vitória de Lula no último domingo é consequência de tudo que contra Bolsonaro foi orquestrado e de todo assédio que sofreu das instituições. É colheita do patrulhamento imposto às redes sociais, das trovejantes ameaças lançadas sobre os cidadãos, da restrição às liberdades de opinião e expressão e do colaboracionismo das plataformas com o ambiente político imposto ao país.

Os eleitores que deram maioria a Bolsonaro no Congresso não haverão de entregar o Brasil de volta ao ex-presidiário.

O prazo de validade do susto já se esgotou. Queremos nosso país de volta e não soltaremos a ponta da corda. Dia 30 tem a volta.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

Percival Puggina

04/10/2022

 

Percival Puggina

         Passado o estresse da contagem dos votos, quando o início apontava para uma vantagem do presidente e, pouco depois, uma inversão de posições fazendo lembrar 2014, eu não tenho dúvidas de que o PT saiu derrotado e Bolsonaro foi o exitoso desta primeira etapa. Vi frustração nas expressões fisionômicas de apresentadores da Globo e da CNN em cujas reações andei dando uma olhada. Cheguei à mesma conclusão observando a ausência de comemorações petistas ao resultado das urnas. O PT não sentiu que venceu, nem que está à beira de uma vitória. Percebi preocupação em alguns semblantes togados.

Diferente do que apontavam as pesquisas, o resultado fez a bolsa de valores subir mais de 5% num único dia e a cotação do dólar despencar 4%, revelando que o verdadeiro mercado (não o dos banqueiros da av. Faria Lima) tem justificado receio de uma volta do bandido ao local do crime. É tudo muito racional, compreensível e aponta para um horizonte favorável.

Por outro lado – celebre-se! – o PT virou um partido do Nordeste brasileiro, como outrora foi o PFL. Nenhum partido vai longe se perder raízes nos centros econômicos e nos grandes centros urbanos de um país que se urbaniza. A situação atual não é o sonho de nenhum intelectual da USP, de nenhum “intelectual orgânico” ou inorgânico. De uma situação assim não vem hegemonia com perfume revolucionário capaz de agradar as hostes petistas.

Tem mais. Os partidos de esquerda encolheram! O PSDB sumiu da Câmara dos Deputados e apenas no Rio Grande do Sul disputa um governo estadual. Os ministros de Bolsonaro que buscaram vaga no Senado foram eleitos, o presidente fez 99 deputados federais em seu PL e a sociedade escolheu um Congresso com perfil amplamente conservador. O leque de alianças a ele acessível é muito superior ao de Lula. Os partidos de esquerda conseguiram apenas 138 deputados, enquanto a direita elegeu 273 (o dobro). Esse grupo se mobilizará em favor do presidente.

Onde buscar votos adicionais para vencer a eleição para buscar a vitória no 2º turno? Sobra trabalho. A abstenção alcançou 32 milhões de eleitores (21%)! Entre os que votaram nulo ou branco há outros 5,4 milhões de votos. A soma dos candidatos fora do segundo turno envolve mais 10 milhões de sufrágios a serem trabalhados nas próximas quatro semanas. Em síntese, há quase 50 milhões de eleitores a serem conquistados para alcançarmos uma confortável diferença sobre o ex-presidiário.

Essa tarefa começou anteontem. Ora et labora!

*       Modificado em 05/10/2022, às 15h25min.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

Percival Puggina

03/10/2022

 

Percival Puggina

         Em 2018 tudo jogava a nosso favor. Roubalheira transformada em escândalo de proporções nunca antes vistas; Lula na carceragem da Polícia Federal de Curitiba cumprindo pena; a estratégia das tesouras PT/PSDB desmascarada; Bolsonaro sacudindo os conservadores de sua conservadora letargia; a direita tomando consciência de seu direito de opinião e expressão; as redes sociais proporcionando um extraordinário espaço de liberdade onde era possível contraditar o esquerdismo dos grupos de comunicação. Mesmo assim, no primeiro turno da eleição presidencial daquele ano, Bolsonaro fez 46% dos votos para vencer Fernando Haddad, 21 dias depois, por 10 milhões de eleitores a mais e 55% dos votos.

Agora, várias pandemias depois, vamos para o segundo turno partindo de 43% dos votos. “Várias pandemias?”, perguntará o leitor. Sim, várias.

A pandemia da Covid, que a oposição transformou em arma biológica contra o governo, criou imensas dificuldades econômicas e sociais e impediu, por cautelas sanitárias, a organização de um efetivo movimento conservador no Brasil.

A pandemia do ativismo dos grandes grupos de comunicação, que se abraçariam, como fizeram em 2018, a qualquer poste que Lula viesse a apresentar.

A pandemia do STF, obstando e afrontando o governo, operando como ativo político da oposição.

A pandemia omissiva do Senado Federal, cujo presidente operou como um sabujo do Supremo, impedindo aquela Casa de cumprir seu dever constitucional como julgadora de ministros do STF.

A pandemia do TSE, confiado ao ativismo feroz de Sua Alteza Eleitoral Alexandre de Moraes.

A pandemia da libertação de Lula, cronometricamente planejada para habilitá-lo a disputar a presidência como alguém “que nada deve à justiça” na proclamação da Rede Globo pela voz de William Bonner.

A pandemia que acometeu as redes sociais, nosso espaço disponível de comunicação, tornando-as submissas ao TSE e às “diretrizes da comunidade”, censurando e achatando a propagação dos canais e páginas da direita.

Não seria razoável imaginar, mesmo se depositássemos total credibilidade nas instituições republicanas, que a eleição transcorreria num cenário obediente à racionalidade e proporcional ao entusiasmo com que reconhecemos nas ruas e praças nossas responsabilidades perante a história e o futuro do país.

Quem me conhece sabe que sempre considerei que o pleito seria renhido. “Me dou por satisfeito com um segundo turno” disse aos jornalistas Júlio Ribeiro e Glauco Fonseca num intervalo do programa Boa Tarde Brasil da rádio Guaíba, na última sexta-feira.

O segundo turno é uma nova eleição. As dificuldades persistirão, bem sei. Mas elas serão confrontadas com mais e melhor trabalho, anúncio e denúncia. Em seus estados, novos e importantes atores entrarão na campanha em favor de Bolsonaro.   

Confio em que o bem haverá de vencer o mal. Eles não haverão de passar! Mesmo que todos soubéssemos, a opção dos corruptos e a opção eleitoral do crime organizado foi explicitada à nação. O Brasil não será dos ladrões.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

  

Percival Puggina

03/10/2022

 

Percival Puggina

         Principal elemento de informação sobre as viabilidades eleitorais dos candidatos às eleições majoritárias, os institutos de pesquisa são os regentes das desafinadas orquestras em que se convertem as campanhas eleitorais.

É possível que tenha havido algum recruta de passo mais ou menos certo nesse batalhão. Fique essa análise por conta dos veículos que têm funcionários para fazê-la. No entanto, falharam desastradamente nas previsões os ditos grandes institutos, cujo prestígio e destaque dados aos resultados que divulgam crescem na proporção de seus erros. Mas acertaram em seu próprio alvo.

Conseguiram apresentar um ex-presidiário como líder político competitivo enquanto prognosticavam para Bolsonaro a mais desoladora derrota.

Assim agindo, por meses a fio, naturalizaram o absurdo!

Ressuscitaram um cadáver político, deram vitalidade eleitoral a quem faltava a coragem de se medir pela régua da opinião pública e pôr o pé na calçada por onde passam os transeuntes do Brasil que trabalha, que não rouba, que paga todos os preços, todos os prejuízos, todas as contas. Inclusive a da desinformação que recebem.

Agora, para o futuro da nação brasileira, há um novo partidor. Novo risco foi traçado no chão. No entanto, as forças que durante os últimos quatro anos atuaram contra o presidente e seu governo se manterão em plena atividade. Voltarão os institutos de pesquisa às suas artes, manhas e artimanhas. Voltarão os grandes grupos de comunicação à sua infâmia. Voltarão TSE/STF à sua desnivelada interferência na política partidária muito bem expressa pelos afagos de Lula nas bochechas de alguns ministros. Voltarão as plataformas das redes sociais a sufocar nossa liberdade de opinião com a imposição de sua própria opinião (que atende com o nome supraconstitucional de “diretrizes da comunidade”).

Novas, porém, serão as forças políticas que atuarão em favor da reeleição de Bolsonaro. Novos governadores, senadores, parlamentares se incorporarão ao trabalho daquele que será o mais decisivo outubro verde e amarelo.

Nascido vermelho, como partido dos operários, dos sindicatos, das metrópoles, consolidou-se o PT como o partido do Nordeste brasileiro, dos grotões mais atrasados e mais tolerantes com a corrupção das elites políticas. Nesses grotões se desconhece a guerra cultural, a Nova Ordem Mundial, a importância dos bens morais, espirituais, sociais, políticos, econômicos em jogo na voracidade das urnas. A eles não chegam as consequências do combate que seus senhores travam, nos gabinetes e plenários, contra os fundamentos da nossa civilização.

Não é contra eles, mas por eles que temos que nos mobilizar.

Não solte a ponta da corda. Redobremos nossos esforços. Que o Senhor Deus abençoe o Brasil e o livre de todo mal. Amém.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 

 

 

 

 

Percival Puggina

30/09/2022

 

Percival Puggina

         A importância da próxima eleição para o futuro dos brasileiros não deixa dúvida. O vigor da atual polarização evidencia estarmos todos conscientes disso.

Pensando a respeito, resolvi listar tudo que, para mim, está em jogo nas urnas do próximo domingo. A lista ficou assim, em seus elementos mais relevantes:

  1. A instituição familiar como base da sociedade;
  2. As liberdades de ir e vir, opinião, expressão, empreender;
  3. O direito de propriedade e o direito de defendê-la;
  4. A prioridade dos pais na orientação dos filhos;
  5. A proteção da inocência das crianças;
  6. O respeito à dimensão espiritual do ser humano e às religiões;
  7. A vida privada e os direitos que lhe são inerentes;
  8. A dignidade da pessoa humana;
  9. O direito à vida desde a concepção;
  10. A rejeição à ideologia de gênero como conteúdo escolar;
  11. A diversidade de ideias e opiniões como a primeira das diversidades inerentes ao ser humano;
  12. A posse de armas para defesa da vida e dos bens;
  13. A severa recusa a toda forma de tirania;
  14. O combate à criminalidade e à impunidade;
  15. O amor ao Brasil e a reverência aos símbolos da Pátria;
  16. A preservação da memória e do exemplo proporcionado pelos grandes vultos de nossa história;
  17. O respeito aos fatos e recusa à mistificação e ocultação mediante “narrativas” que fraudem o conhecimento da verdade histórica com intuitos político-ideológicos e partidários;
  18. O respeito ao patrimônio cultural comum.

Quando fiz essa lista, percebi que cada um desses itens e todos eles são objeto de combate por parte de Lula e seus apoiadores. São razões mais do que suficientes para recusar meus votos à esquerda brasileira, principalmente num momento em que todo o Ocidente se debate com os mesmos males. Há que resistir.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

Percival Puggina

28/09/2022

Percival Puggina     

         Quem condena a riqueza, dissemina a pobreza. Sem riqueza não há poupança e sem poupança não há investimento. Sem investimento, consomem-se os capitais produtivos preexistentes, surge uma economia de subsistência, vive-se da mão para a boca, aumenta o número de bocas e diminui o número de mãos. Quem defende o socialismo sustenta que a ideia é exatamente essa e que assim não há competição ou meritocracia, nem desigualdade. E como diz Lula criticando a classe média, ninguém precisa de dois televisores...

Quando o Leste Europeu estava na primeira fase, consumindo os bens produtivos preexistentes, surgiu a teologia da libertação (TL), preparada pelos comunistas para seduzir os cristãos. A receita - uma solução instável, como diriam os químicos, de marxismo e água benta - se preserva ainda hoje. Vendeu mais livros do que Paulo Coelho. Em muitos seminários religiosos, teve mais leitores do que as Sagradas Escrituras. Aninhou-se, como cusco em pelego, nos gabinetes da CNBB. Perante a questão da pobreza, a TL realiza o terrível malabarismo de apresentar o problema como solução e a solução como problema. Assustador? Pois é. Deus nos proteja desse mal. Amém.       

A estratégia é bem simples. A TL vê o “pobre” do Evangelho, sorri para ele, deseja-lhe boa sorte, saúde, vida longa e passa a tratá-lo como “oprimido”. Alguns não percebem, mas a palavra “oprimido” designa o sujeito passivo da ação de opressão. O mesmo se passa quando o vocábulo empregado na metamorfose é “excluído”, sujeito passivo da exclusão. E fica sutilmente introduzida a assertiva de que o carente foi posto para fora porque quem está dentro não o quer por perto. Então ele ganha R$ 50 para ficar na esquina agitando bandeira de algum partido vermelho, por fora ou por dentro.

A TL proporciona a mais bem sucedida aula de marxismo em ambiente cristão. Aula matreira, que, mediante a substituição de vocábulos acima descrita, introduz a luta de classes como conteúdo evangélico, produzindo o inconfundível e insuperável fanatismo dos cristãos comunistas. Fé religiosa fusionada com militância política! Dentro da Igreja, resulta em alquimia explosiva e corrosiva; vira uma espécie de 11º mandamento temporão, dever moral perante a história e farol para a ordem econômica. É irrelevante o conhecimento prévio de que essa ordem econômica anula as possibilidades de superar o drama da pobreza. A TL substitui o amor ao pobre pelo ódio ao rico e acrescenta a essa perversão o inevitável congelamento dos potenciais produtivos das sociedades.

Todos sabem que Frei Betto é um dos expoentes da teologia da libertação. Em O Paraíso Perdido (1993), ele discorre sobre suas muitas conversas com Fidel Castro. Numa delas, narrada à página 166, a TL era o assunto. Estavam presentes Fidel, o frei e o “comissário do povo”, D. Pedro Casaldáliga, que foi uma espécie de Pablo Neruda em São Félix do Araguaia.  Em dado momento, o bispo versejador comentou a resistência de João Paulo II à TL dizendo: “Para a direita, é mais importante ter o Papa contra a teologia da libertação do que Fidel a favor”. E Fidel respondeu: “A teologia da libertação é mais importante que o marxismo para a revolução latino-americana”.       

Haverá maior e melhor evidência de que teologia da libertação e comunismo são a mesma coisa?

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.