• Percival Puggina
  • 03/10/2022
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2018, quatro anos e várias “pandemias” depois.

 

Percival Puggina

         Em 2018 tudo jogava a nosso favor. Roubalheira transformada em escândalo de proporções nunca antes vistas; Lula na carceragem da Polícia Federal de Curitiba cumprindo pena; a estratégia das tesouras PT/PSDB desmascarada; Bolsonaro sacudindo os conservadores de sua conservadora letargia; a direita tomando consciência de seu direito de opinião e expressão; as redes sociais proporcionando um extraordinário espaço de liberdade onde era possível contraditar o esquerdismo dos grupos de comunicação. Mesmo assim, no primeiro turno da eleição presidencial daquele ano, Bolsonaro fez 46% dos votos para vencer Fernando Haddad, 21 dias depois, por 10 milhões de eleitores a mais e 55% dos votos.

Agora, várias pandemias depois, vamos para o segundo turno partindo de 43% dos votos. “Várias pandemias?”, perguntará o leitor. Sim, várias.

A pandemia da Covid, que a oposição transformou em arma biológica contra o governo, criou imensas dificuldades econômicas e sociais e impediu, por cautelas sanitárias, a organização de um efetivo movimento conservador no Brasil.

A pandemia do ativismo dos grandes grupos de comunicação, que se abraçariam, como fizeram em 2018, a qualquer poste que Lula viesse a apresentar.

A pandemia do STF, obstando e afrontando o governo, operando como ativo político da oposição.

A pandemia omissiva do Senado Federal, cujo presidente operou como um sabujo do Supremo, impedindo aquela Casa de cumprir seu dever constitucional como julgadora de ministros do STF.

A pandemia do TSE, confiado ao ativismo feroz de Sua Alteza Eleitoral Alexandre de Moraes.

A pandemia da libertação de Lula, cronometricamente planejada para habilitá-lo a disputar a presidência como alguém “que nada deve à justiça” na proclamação da Rede Globo pela voz de William Bonner.

A pandemia que acometeu as redes sociais, nosso espaço disponível de comunicação, tornando-as submissas ao TSE e às “diretrizes da comunidade”, censurando e achatando a propagação dos canais e páginas da direita.

Não seria razoável imaginar, mesmo se depositássemos total credibilidade nas instituições republicanas, que a eleição transcorreria num cenário obediente à racionalidade e proporcional ao entusiasmo com que reconhecemos nas ruas e praças nossas responsabilidades perante a história e o futuro do país.

Quem me conhece sabe que sempre considerei que o pleito seria renhido. “Me dou por satisfeito com um segundo turno” disse aos jornalistas Júlio Ribeiro e Glauco Fonseca num intervalo do programa Boa Tarde Brasil da rádio Guaíba, na última sexta-feira.

O segundo turno é uma nova eleição. As dificuldades persistirão, bem sei. Mas elas serão confrontadas com mais e melhor trabalho, anúncio e denúncia. Em seus estados, novos e importantes atores entrarão na campanha em favor de Bolsonaro.   

Confio em que o bem haverá de vencer o mal. Eles não haverão de passar! Mesmo que todos soubéssemos, a opção dos corruptos e a opção eleitoral do crime organizado foi explicitada à nação. O Brasil não será dos ladrões.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

  


Menelau Santos -   04/10/2022 11:47:02

Sempre que me encontro no desalento, após ler o texto do Professor Puggina, me recomponho. E não foi diferente desta vez. É verdade, Bolsonaro não fez pouco, fez muito. Mesmo diante de todas essas pandemias citadas pelo Professor.

Gisleno -   03/10/2022 13:08:04

Perfeito meu amigo. É esse meu sentimento também Abraço