O BRASIL NÃO POSSUI RESERVAS EM MOEDAS ESTRANGEIRAS
 

Recebo e-mail do professor e economista Ricardo Bergamini, dizendo:


Em dezembro de 2018 o Banco Central do Brasil carregava um estoque de dívida externa (pública e privada) no valor de US$ 663,8 bilhões. Deveres monetários do Banco Central em moedas estrangeiras.

Em dezembro de 2018 o saldo de caixa em moedas estrangeiras, no conceito de caixa, em poder do Banco Central do Brasil era de US$ 374,7 bilhões. Haveres monetários do Banco Central do Brasil em moedas estrangeiras.

Em dezembro de 2018 o Banco Central do Brasil tinha um saldo devedor em moedas estrangeiras correspondentes a US$ 289,1 bilhões.


COMENTO


 Impressiona, então, haver tanta gente com incapacidade de leitura e interpretação dos dados do Banco Central (ou será interesse em criar confusão mental nos cidadãos?), a dizer que:

1. Lula pagou a dívida;

2. O Brasil poderia usar o saldo de caixa em moedas estrangeiras para transformar o país numa Suíça.

O que o Brasil talvez deva fazer é usar parte dessas reservas para abater da dívida em moeda estrangeira.
 

  • 29 Janeiro 2019

O AMBIENTALISMO EUROPEU E O BRASIL

Percival Puggina

 

Uma parcela bem identificada da sociedade brasileira gosta de dar eco e assumir como verdade absoluta tudo que, na Europa se fala mal do Brasil. São os mesmos que, nem lá, nem aqui, falam de nossos verdadeiros males.

É fácil presumir o que vai na cabeça de uns e outros: há que constranger, desprestigiar os atuais ocupantes do poder, colando-lhes etiquetas e rótulos e afirmando-os como coisa “mundialmente sabida”. Então, se para os europeus, o Brasil vai acabar com a vida na terra, a vida na terra caminha para a extinção. E a culpa é do Bolsonaro.

Curiosamente, o que se sabe é bem o contrário. Em extensão de preservação, nenhum país renuncia tanto ao uso de seu território quanto o Brasil. Nenhum! Nossos produtores sacrificam sua capacidade de produzir riqueza.
Em Davos, o reconhecimento veio de onde menos se poderia esperar.


Leio no Diário do Poder

Ex-vice-presidente dos Estados Unidos, um dos maiores ativistas ambientais e ganhador do Prêmio Nobel, Al Gore elogiou a política de reflorestamento anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro no almoço nesta quinta (24) em Davos, com líderes mundiais. Gore é uma espécie de ultra-ambientalista moderno, responsável pelo filme “Uma Verdade Inconveniente”, que venceu Oscar de Melhor Documentário, em 2007. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

 

COMENTO

Al Gore, um ambientalista fanático – quem diria? – reconhece nosso trabalho, nossos esforços e sacrifícios sobre este berço esplêndido, a cuja soberania não renunciamos nem renunciaremos num governo de patriotas.
Aliás, Cláudio Humberto informa que o americano encerrou seu discurso com um formal agradecimento ao presidente brasileiro: “Thank you, sir!”.
 

  • 25 Janeiro 2019


BANCADA SINDICAL PERDE FORÇA


Percival Puggina

 

 O Estadão informou, recentemente, que a bancada dos sindicalistas na próxima legislatura será a menor dos últimos 30 anos (tempo contado desde a Constituinte de 1988 e seus muitos despropósitos). Serão apenas 35 deputados federais e cinco senadores, entre os quais o indefectível senador gaúcho Paulo Paim. Essa representação corresponde à metade do total que operou entre 2010 e 2014.


 A bancada de empresários é cinco vezes maior que a sindical, embora também tenha perdido alguns membros nesta eleição.


Creio que isso seja mais uma evidência de que o eleitorado brasileiro resolveu dar um basta à leitura socialista da realidade do país e ao que dessa leitura resultou. É inegável que a bancada sindical atua em consonância com os partidos de esquerda e que sindicalistas dessa “extração” lotaram as estatais e os fundos de pensão com as consequências de todos conhecidas. Estão pagando a mula roubada.


Ainda é desconhecido o perfil formador da bancada de empresários. Espera-se que não reproduza a atual, na busca do apadrinhamento e do patrocínio estatal e que, em viés oposto, se empenhe pelo emagrecimento do Estado, seja por dieta, seja por algum meio mais radical, tipo cirurgia de lipoaspiração.

 

 

  • 21 Janeiro 2019

UMA VENEZUELA EM QUALQUER LUGAR


Percival Puggina

 

Que um ditador faça as coisas que Nicolás Maduro faz, não causa qualquer surpresa. Que o cordão de puxa-sacos concidadãos do presidente, na plateia da cerimônia, aplauda o tirano e se comporte como impõe a gratidão dos seus protegidos, tampouco. Afinal, é da mesa do poder à qual eles sentam que caem os restos disputados nas lixeiras pela populaça.


A orquestra toca e os pares dançam conforme a música. Foi assim que o PT se fez representar na vergonhosa solenidade, afinado que sempre esteve com ditadores comunistas e pretendentes a esse galardão nas maquinações e conjuras do Foro de São Paulo. Também isso não surpreende.


A única coisa que a mim surpreendeu nesse episódio foi constatar a encenada surpresa de alguns analistas e comentaristas. Ao longo de décadas fecharam os olhos para o fato simples, plano e raso de que o Partido dos Trabalhadores sempre foi assim. Para ele, a maior virtude de qualquer organismo político é ser antiamericano. A segunda maior virtude é defender um modelo político que controle a imprensa e neutralize sua oposição. A terceira é combater a civilização ocidental. A quarta é, enquanto faz tudo isso, forjar, com habilidade, uma falsa superioridade moral.


Quando o PT inventou o Fórum Social Mundial e passou a sediá-lo em Porto Alegre nas primeiras edições, a capital gaúcha amanheceu, certo dia, recoberta com pichações exaltando o cruel ditador iraquiano Saddam Hussein. Na Pontifícia Universidade Católica desfilavam como grande coisa Ricardo Alarcón (marionete número um de Fidel Castro), o revolucionário argelino Ben Bella (“Eu não sou um democrata, sou revolucionário!”), representantes das narcoguerrilheiras FARC, e delegações do mundo inteiro que transformavam a PUC na biosfera da esquerda mundial, catalisada pelo slogan da superioridade moral: “Um outro mundo é possível”.


Claro que é possível. A experiência secular da humanidade mostra que, dado ou tomado o poder por pessoas com aquelas ideias, é perfeitamente possível fazer uma Venezuela em qualquer lugar. Do mesmo modo que Che Guevara ansiava por fazer “um dois, três, mil Vietnãs”.
 

  • 12 Janeiro 2019

HAJA PACIÊNCIA, MERVAL!

 

Dia 10 de janeiro, à noite, Merval Pereira,  tropeçando nas palavras, criticou a ascensão do diplomata Ernesto Araújo ao cargo de chanceler brasileiro. Todo o fundamento da crítica recaiu sobre o fato de o novo ministro jamais haver ocupado cargo de embaixador e isso representar uma ruptura na carreira diplomática, um desrespeito às hierarquias internas do Itamaraty. A escolha do ministro seria, então, uma afronta à longa tradição que qualifica a diplomacia brasileira.

 

O facciosismo que comanda os opinadores da Globo,  a determinação coletiva de atacar o governo Bolsonaro é um demolidor de discernimento e de sensatez! Por isso, Merval Pereira se esqueceu de todos os muitos chanceleres brasileiros que nada tinham a ver com o Itamaraty e com a diplomacia brasileira, tais como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aloysio Nunes Ferreira, Olavo Setúbal, Celso Lafer, Abreu Sodré e tantos outros.

 

Afinal, Merval? Você prefere no Itamaraty um diplomata de carreira ou um político de carreira sem qualquer relação com a diplomacia? E note: o diplomata Ernesto Araújo só não foi embaixador porque o PT jamais deixaria isso acontecer. Haja paciência!

 

  • 11 Janeiro 2019

TREM BALA: UMA TOLICE QUE VIROU EMPRESA ESTATAL


Percival Puggina

 Pensar tolices é um exercício de liberdade. Cada um tem as suas, mas cuida para não as expor em público. Com o trem bala foi diferente. A ideia tem todas as características de uma tolice e é. No entanto, foi levada a público com espocar de foguetes e discursos políticos em 13 de julho de 2010, no último ano do governo Lula. Na cerimônia em que anunciou a assinatura dos termos do processo de concessão para construção do trem bala entre Rio e São Paulo, Lula aproveitou o momento, num ano eleitoral, para dizer em impagável português lulista:

“A verdade é o seguinte, não posso deixar de dizer aqui de que nós devemos o sucesso disso tudo que estamos comemorando aqui a uma mulher. Na verdade, não poderia falar o nome dela por conta da campanha eleitoral [Dilma era candidata a presidente], mas a história a gente não pode esconder por conta da eleição. A verdade é que a companheira Dilma Rousseff assumiu a responsabilidade de fazer esse TAV [trem de alta velocidade]. 

Então, essa específica tolice tem pai e mãe conhecidos. Foi pensado, anunciado, se transformou numa estatal que até hoje consome R$ 70 milhões/ano quase integralmente em salários de funcionários. Quando foi aberta a licitação para construção e concessão, nenhum maluco se apresentou para comprar o pacote pelo simples motivo de que a obra é tecnicamente impraticável e, ainda que o fosse, seria financeiramente inviável. Com a criação da estatal, então, o trem bala virou uma tolice na segunda potência, tornando-se a empresa uma nova decisão sem qualquer sentido. Fazer um trem bala subir 720 metros?

Pois bem, essa tolice que virou empresa vai ser, enfim, extinta pelo governo Bolsonaro. Mas não pode ser apagada da memória. É preciso registrá-la na consciência nacional, como forma de prevenir futuros acolhimentos a tolices que viram discurso, ganham solenidade, ajudam a ganhar eleição e acabam só torrando recursos da população. Quantas das 12 mil obras paradas no Brasil têm a ver com isso?
 

  • 08 Janeiro 2019