TIRAR O BRASIL DO VERMELHO
Percival Puggina
Em matéria de opinião, publicada na edição de ZH desta sexta-feira, um deputado federal petista expressa indignação com o governo da União ante a publicidade que anuncia "Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer". A inconformidade do parlamentar é diretamente proporcional à qualidade do marca concebida pela comunicação do governo.
Diferentemente do que ele afirma, a peça não tem um duplo sentido exato. Sair do vermelho ou tirar do vermelho são expressões que, inequivocamente, significam equilibrar as contas, seja na economia doméstica, seja na empresarial, seja na esfera pública. E é por não ser exato o duplo sentido, como se verá a seguir, que a interpretação petista se volta contra o próprio partido.
Numa primeira hipótese, se os petistas leram a frase e entenderam que ela tem copa de chapéu, aba de chapéu e fita de chapéu, talvez seja porque o adereço se encaixa nas principais cabeças de um partido que sempre, na oposição e no governo, agiu como antagonista da responsabilidade fiscal que Temer passa a buscar com absoluta determinação. A frase expressa o principal objetivo anunciado pelo novo governo para os próximos dois anos: cadeado na porta da tesouraria, que de tão arrombada e saqueada está a exigir tranca de ferro.
Na segunda hipótese, a dubiedade que o PT aponta na frase, implica identificar "vermelho" com PT. Certo? Ao menos esse é o rumo tomado pelo deputado que se alvoroçou a condenar a peça publicitária. Ao sentir-se atingido pela frase, o PT está entendendo que "Vamos tirar o Brasil do vermelho" significa "Vamos tirar o Brasil do PT". Ora, se Vermelho=PT, o partido do deputado seria uma espécie de proprietário, feudatário, usuário ou posseiro do Brasil. Então, se os petistas sentem assim, a nação deve saltar na frente e afirmar - "Nem pensar, senhores!". Nesse caso, é a reação petista que dá duplo sentido exato e necessário à frase do governo.
O Brasil não tem dono. O que se percebe com a reação petista à frase em questão é efeito da crise de credibilidade do partido, que levou boa parte das campanhas municipais petistas a tirarem o vermelho do PT. Parece que essa crise, medida com larga escala na eleição do último domingo, não reduziu a confusão, nada republicana, em que o partido e seus coadjuvantes se enredaram com a República e seus pertences.
Em uma declaração de guerra ao atraso a que todos deveriam aderir
DORIA PROJETA ARRECADAR R$ 7 BILHÕES COM VENDA DE INTERLAGOS E ANHEMBI
Segundo registra o Estadão de ontem, o prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), informou que a venda do complexo de Interlagos e do Anhembi devem render R$ 7 bilhões ao município.
"Estima-se que o Parque Anhembi e o Parque Interlagos possam render cerca de R $ 7 bilhões. Esse valor pode ser maior ou menor dependendo das circunstâncias. É um valor substantivo, cujo os recursos serão prioritariamente investidos em saúde e educação". Aduziu o futuro prefeito que não há estimativa de valor para a concessão do Estádio do Pacaembu.
Qu8m vencer aq licitação do Anhembi será obrigado a ceder o sambódromo à Prefeitura por ocasião do Carnaval.
COMENTO
Doria Jr. venceu a eleição para prefeito do principal município do Brasil com um discurso francamente liberal e a favor do capitalismo. Nada melhor poderia acontecer a São Paulo após quatro anos de compromisso com o atraso. As duas primeiras providências que anunciou são uma reafirmação disso. São duas privatizações, uma por venda e outra por concessão para exploração.
Não há motivo para que esses equipamento sejam públicos. Aos paulistanos, é preferível desfrutarem desses equipamentos podendo utilizar os recursos da privatização em outras finalidades. Um dos equívocos que inibe desestatizações é a crença de que ao vender algo o Estado "deixa de ter". Na verdade, o Estado apenas "deixa de ter como seu" porque o equipamento e o serviço continuam disponíveis enquanto o poder público com o produto da operação, dispõe de recursos para outros fins socialmente mais importantes.
Reconhecer que o Estado gera despesa e o capitalismo gera investimento, emprego e renda é condição indispensável para desamarrar a economia brasileira. Espero que a experiência paulistana sirva de exemplo ao país.
CUT E MST FAZEM MANIFESTAÇÃO PARA TUMULTUAR ACESSOS À CÂMARA E PEDEM "FORA CUNHA"
Fonte e foto: Diário do Poder
Sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao MST, inconformados com a derrocada do PT após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e o vexame histórico nas urnas no último domingo, se acumulam em frente a entradas da Câmara dos Deputados para tentar tumultuar a votação da PEC que limita o aumento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos.
Servidores da Casa descreveram a cena como uma "verdadeira feira" com direito a carrinho de pipoca e churrasquinho. Com a chuva, os manifestantes se aglomeraram próximo às entradas e começaram a gritar "fora Temer", única bandeira viável em meio às denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e falsificação de documentos contra os principais líderes do PT.
Fora Cunha?
Em alguns momentos foram ouvidos gritos de "fora Cunha", apesar de o deputado já ter sido cassado há mais de duas semanas. A "reivindicação" intrigou os funcionários da Câmara e a todos que realmente acompanham o que acontece no Legislativo nacional. "Eles não devem saber nem por que estão aqui", disse um servidor.
APOSENTADORIA DE DILMA: TUDO CERTO, EXCETO O QUE FOI ERRADO.
Percival Puggina
Leio no G1: No dia 1º de setembro – menos de 24 horas depois de Dilma ser afastada da Presidência por meio de um impeachment – Gabas foi atendido diretamente por Iracemo da Costa Coelho, chefe de uma agência do INSS em Brasília, para formalizar a aposentadoria da petista.
A reportagem (da Época) informou que, na ocasião, foi contabilizado um tempo de contribuição previdenciária de 40 anos, nove meses e dez dias para a ex-presidente da República. Dilma se aposentou com renda mensal de R$ 5.189,82, teto do regime previdenciário.
A revista afirma ainda que não há rastro de agendamento no sistema do INSS para que Dilma (ou alguém com uma procuração em seu nome) fosse atendida no dia 1º de setembro ou em qualquer outra data.
O texto destaca que o tempo médio de espera para que um cidadão consiga uma data para requerer aposentadoria em uma agência da Previdência é de 74 dias, sendo que no Distrito Federal, onde o pedido de Dilma foi feito, o prazo médio na fila é de 115 dias.
COMENTO
Não duvido de que a ex-presidente tenha cumprido os requisitos legais exigidos para obtenção do benefício que pleiteou. A ideia de qualquer fraude nesse sentido fica além da minha imaginação e não especulo sobre a honra de ninguém. No entanto, o fato não negado de que no mesmo dia em que ela deixou o governo, seu ministro da Previdência Social, já fora do cargo, entrou pela porta dos fundos de uma agência do INSS e saiu dali, minutos depois, com tudo resolvido, despachado e pronto é um irregularidade que não afeta o mérito do pedido, mas seu processamento. Não é aceitável que tenha acontecido e não seria tolerável nem mesmo a tentativa de conduzir o requerimento por essas vias paralelas e expressas.
São plenamente justificadas as providências de afastamento dos servidores envolvidos, entre eles o próprio ex-ministro Gabas, que é servidor do órgão, para apurações de fatos e responsabilidades. Presidente não fura fila, menos ainda de idosos...
INTELECTUAIS, ARTISTAS, O PT E O SILÊNCIO DOS NADA INOCENTES
Percival Puggina
"Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe."
Ao deparar, na rede, com a imagem acima, vieram-me à mente essas palavras que fazem lembrar os casamentos antigos, o tradicional matrimônio civil e religioso, celebrado diante do altar, com promessas para valer, custe o quanto custar.
A imagem, como se percebe, é apenas um retalho. A tela inteira teria centenas de rostos de supostos, autodefinidos e, mesmo, verdadeiros intelectuais e artistas que casaram com o PT, mediante promessas que resistem ao tempo e ao vento e admitem, até mesmo, o clássico "Tu não prestas, mas eu te amo".
No somatório de interesses e afinidades está o esclarecimento sobre tamanha devoção. A proteção dos seus artistas e intelectuais, num conluio reciprocamente benéfico e em escala planetária integra as mais consistentes estratégias do movimento revolucionário de esquerda. Mundo afora, no ambiente cultural, eles se conhecem, reconhecem, trocam prêmios, distribuem troféus e, sempre que próximos a um cofre, se abastecem de vantajosos contratos.
São raros os divórcios. A revolução cubana já contava 44 anos quando Saramago rompeu com ela. "Até aqui eu vim!", disse antes de lançar a aliança sobre o leito nupcial, no que foi seguido, dias depois, por Mercedes Sosa. Nos dois casos, o humanismo comunista resistiu sem engulhos um histórico de 20 mil execuções, antes de dizer "Chega!". Não é diferente a tolerância dessa turma com a descomunal organização criminosa que operou no governo companheiro.
CPI PODE LEVAR ATOR JOSÉ DE ABREU PARA DEPOR
Metro Jornal
O ator e ativista do PT José de Abreu pode encarar a Polícia Federal em sua porta, para conduzi-lo sob vara para depor na CPI da Lei Rouanet. A informação é do colunista do Metro Jornal Cláudio Humberto.
Crítico feroz do atual governo, José de Abreu já disse que não precisaria de convocação, pois “só um convite e o envio da passagem Paris-Brasília” bastaria a ele. Ele passa uma temporada na França.
“Se for necessário, mandaremos buscá-lo de jatinho da PF”, respondeu o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que o convocou, entre outras coisas, para interrogá-lo sobre os R$ 299 mil que arrecadou, via Lei Rouanet, e não cumpriu o dever de prestar contas, segundo o parlamentar.
Sóstenes também provocou José de Abreu ao dizer que vai à CPI de guarda-chuva: “Ele gosta de cuspir nos outros”, afirmou sobre o ator, que cuspiu em casal num restaurante, em 2013. Na ocasião, o ator foi insultado pela dupla por conta da sua posição política.
O clima para Zé de Abreu, aliás, não é bom na CPI, e não só por causa de Sóstenes Cavalcante. Quem preside os trabalhos, Alberto Fraga (DEM-DF), já lembrou que a comissão “tem poder de polícia”.