ENTREVISTA SOBRE O HORIZONTE DE 2016, PUBLICADA NO DIÁRIO DE SANTA MARIA
- Frente a um cenário de incerteza na política (com a possibilidade de ganhar corpo um movimento de impeachment) há quem diga que a presidente Dilma deva sair. Ao mesmo tempo, o Congresso está numa crise sem precedentes, com o presidente de uma das Casas, Eduardo Cunha, contabilizando denúncias sucessivas de corrupção. Frente a tudo isso, o que podemos, dentro do possível, traçar como cenário para a política nacional em 2016?
PUGGINA - É o velho problema das nossas mal costuradas instituições, gerando a mas grave crise política, econômica e moral de nossa história. E a crise social mal começou. O que deveria ser normal numa democracia moderna - a substituição de péssima governante que se elegeu em flagrante estelionato eleitoral e cometeu crime de responsabilidade certificado pelo TCU - pode ficar sem solução. Duas dezenas de ministros e ex-ministros do atual governo estão sob investigação. Presidentes da Câmara e do Senado sob gravíssimas acusações. O país afunda num misto de recessão, inflação e corrupção. E eu vejo o governo preocupado apenas com ele mesmo. Apelar à Justiça? Quem confia nesse STF, após o julgamento da ADPF 378 que definiu o rito do processo de impeachment? Até quando vamos esperar algo melhor desse modelo institucional ficha-suja?
- A outra questão que temos é a crise sem precedentes em que o Estado gaúcho está, com um governo que afirma estar "administrando a escassez" e o funcionalismo público em um calvário quase que todo mês, não sabendo se terá seu salário depositado. O que se pode projetar para o cenário do Estado e para a sociedade gaúcha em 2016?
PUGGINA - Chega a ser assustador perceber que enquanto entra em vida vegetativa, a despesa supera a receita em vários bilhões de reais, a oposição rejeita a proposta de uma Lei de Responsabilidade Fiscal estadual! Ora, quem é contra a responsabilidade fiscal está se declarando a favor da irresponsabilidade fiscal. Entende-se, então, o que aconteceu no quadriênio anterior e as políticas que, aplicadas em âmbito nacional, levaram nosso país à condição de potencial mau pagador. O ano de 2016 precisa ser dedicado à redução do peso do Estado e de seu custo. Será muito difícil para quem, de algum modo, depende das receitas públicas, seja como usuário de suas ações essenciais, seja como servidor, ativo, inativo ou pensionista do Poder Executivo.
- Ainda na política, a tendência é que tenhamos um crescimento da aversão das pessoas à classe política? O 'fim' dos partidos terá começado com a derrocada do PT, que sempre apregoou ser uma referência de ética e de combate ao fisiologismo?
PUGGINA - O PT, com dois tesoureiros presos, já fez o suficiente para se sujeitar às sanções previstas. Mas não considero isso provável. Muito certamente perderá tamanho e substância. Outras legendas se beneficiarão da migração que vai ocorrer. Mas não é esse o problema principal. Além da irracionalidade do modelo institucional, a gerar arremedos de partidos políticos, durante os últimos 25 anos o Brasil foi submetido a uma doutrinação que tende a empurrar parcela significativa do eleitorado para a esquerda, de onde só sai um pouco mais disso que já está aí. É uma opção paralisante, que combate a responsabilidade fiscal, a meritocracia, as privatizações, o livre mercado, o direito de propriedade, e por aí vai.
- Por fim, na economia, o Estado e o país precisam rever suas finanças, jogando o cidadão a pagar por serviços cada vez mais caros. Até que ponto deve-se cortar, de fato, "na carne" para colocar as economias gaúcha e a nacional nos trilhos? Questiona-se e acredita-se que as políticas de austeridade, propostas por Levy e por Feltes, são um remédio amargo. Mas há uma outra saída, uma vara de condão?
PUGGINA - Talvez os ideólogos da esquerda brasileira devam conversar com o Papai Noel. Talvez ele traga em seu trenó algum pacote que resolva, sem contenção de gastos, o déficit das nossas contas públicas. Tudo indica que o governo, ao derrubar o ministro Levy, fez uma opção pelo agravamento da crise. Isso foi imediatamente reconhecido pelo mercado.
O TEMPO FALA DEPOIS E FALA MAIS CLARO
Percival Puggina
Há poucos meses, mulheres alemãs prepararam faixas e cartazes para acolher com ruidosas e festivas boas-vindas os imigrantes que às centenas de milhares entravam em seu país. Tais manifestações eram, simultaneamente, de acolhida e de rejeição aos que pediam prudência às autoridades. Transcrevo a seguir trecho de uma postagem de Luciano Ayan em seu site lucianoayan.com (Ceticismo Político) e, em seguida, links para três vídeos muito breves. O primeiro é o postado pelo Luciano na matéria abaixo, o segundo tem depoimentos colhidos na rua sobre os ataques a mulheres em Colônia (com legendas em português) e o terceiro mostra uma cena explícita de violência imotivada e criminosa.
Uma das conquistas de nossa civilização é o reconhecimento da dignidade da mulher . Omitir-se em sua proteção, franquear acesso a agressores potenciais, ou silenciar ante agressões reais não é sinal de uma tolerância virtuosa, mas de uma viciosa tolerância com o intolerável.
Publicado no site de lucianoayan.com (Ceticismo Político)
Dizem que no cinema algumas das cenas mais apavorantes acontecem "off screen". Parece que o mesmo vale para o vídeo que vocês poderão assistir ao final deste post, mostrando os momentos que antecedem o estupro de uma das quase 500 mulheres violadas na passagem de ano em Colônia, Alemanha. (Por sorte, não vemos nenhuma cena gráfica de estupro, mas nem por isso deixamos de testemunhar uma cena de horror absoluto, adornada com gritos que calam na alma de pessoas com o menor traço de empatia).
Desprezadas pela mídia de extrema-esquerda, o sofrimento dessas mulheres tem sido ignorado pelas feministas, que se recusam a chorar qualquer lágrima por uma da maiores afrontas civilizacionais já cometidas contra o sexo feminino na história recente.
Bem que Flávio Quintela escreveu no Facebook: "Era uma vez uma mulher chamada Esquerda. Ela teve dois filhos, o Multiculturalismo e o Feminismo. Um dia eles brigaram e o Multiculturalismo matou o Feminismo. Fim de história."
É claro que a frase é irônica. As feministas ainda existem enquanto movimento. Mas perderam toda a moral depois de seu silêncio diante de sua atitude perante o horror em Colônia.
Vídeo 1 - https://youtu.be/KKu6Y7FtgF4
Video 2 - https://www.youtube.com/watch?v=DYE4ZUQIkws
Vídeo 3 - https://www.youtube.com/watch?v=QEt-hD9VVzw
PERDEMOS 13 ANOS, EM 13, COM O 13.
Percival Puggina
Durante mais de uma década tivemos que ouvir as lideranças petistas se referirem ao legado de seu antecessor como uma "herança maldita" que haviam conseguido reconduzir ao caminho da prosperidade. Omitiam, como de hábito, o que não lhes convinha reconhecer: os números da economia brasileira em 2002 refletiam as péssimas expectativas do mercado em relação ao inevitável governo Lula.
Pois eis que passados 13 anos, o dólar volta ao patamar de R$ 4,00, o PIB cai pelo segundo ano consecutivo (desta feita chegando a 4% negativos), o desemprego cresce, o país perde o grau de investimento e a inflação retorna a dois dígitos, segundo admite a própria Agência Brasil, na matéria transcrita abaixo. Perdemos 13 anos em 13.
IPCA: inflação oficial fecha 2015 em 10,67%
Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o último mês de 2015 com variação de 0,96%, resultado 0,05 ponto percentual abaixo da taxa de novembro (1,01%).
Com o número de dezembro, o IPCA de 2015 encerrou os 12 meses do ano com alta acumulada de 10,67%, resultado 4,16 pontos percentuais acima do teto da meta inflacionária fixada pelo Banco Central, de 6,5%. A taxa de 2015 é a maior desde 2002, quando atingiu 12,53%.
Os dados relativos ao IPCA foram divulgados há instantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) .
Mesmo com a desaceleração de novembro para dezembro, a taxa do último mês de 2015 foi a mais alta para o mês de dezembro desde os 2,1% de dezembro de 2002. Em dezembro de 2014, chegou a 0,78%.
Em 2014, o IPCA fechou o ano em 6,41%, ficando abaixo do centro da meta fixada pelo Banco Central, de 6,5%. A inflação de 2014 já havia sido a mais alta desde 2011.
DUPLAMENTE ROUBADOS PELO GOVERNO
Comentário do leitor Genaro Faria
Imaginem, só para fazermos um exercício de raciocínio, a hipótese de que o governo decrete que todo salário, seja o dos servidores públicos ou dos trabalhadores de empresas privadas, sofrerá uma redução de 10%. Quem ganhava 10 mil reais passaria a ganhar só nove mil.
Que governo cometeria tal confisco? Nenhum, é claro.
Mas tirar 10% do valor da moeda com a qual é pago o salário, ou seja, os mesmos mil reais de cada 10 mil que o trabalhador ganharia, não desperta a mesma indignação que a redução nominal da renda ocasionaria.
Isso é que é ter a mão leve.
(Esse é um roubo. Sobre o outro, o achaque fiscal, fala aqui, o jornalista Alexandre Garcia).
CASSINOS SERÃO LEGALIZADOS E GOVERNO FEDERAL ABOCANHARÁ TODA A ARRECADAÇÃO!
O presidente da Loteria Estadual do Rio de Janeiro, em artigo publicado hoje em diversos jornais do país, rebela-se contra o conteúdo do artigo 5º do PLS 186/14. O projeto dispõe sobre a exploração de jogos de azar no Brasil. Com a redação atual, se nenhum senador pedir vistas, o projeto vai para votação na Câmara criando "um monopólio que atribui apenas à esfera federal o direito de credenciar, outorgar e, consequentemente, arrecadar com os jogos legalizados. Aos Estados, apenas o ônus da fiscalização".
Estima o autor do artigo que os principais Estados poderiam arrecadar cerca de R$ 4 bilhões anuais com tributos incidentes sobre essa atividade.
INDÚSTRIA BRASILEIRA FICA NA LANTERNA MUNDIAL EM PRODUÇÃO NO 3º TRIMESTRE
Roque Landim (Folha)
O Brasil está na lanterna da indústria global. A produção do setor registrou o pior desempenho no terceiro trimestre entre mais de 130 nações, que representam 95% da indústria no mundo.
A indústria brasileira recuou 11% em relação ao mesmo período do ano passado. No fechado do ano, a queda deve ser de cerca de 8%.
O estudo foi feito pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) com base em dados reunidos pela Unido, órgão das Nações Unidas que também estuda o desenvolvimento industrial.
O resultado brasileiro é muito pior que a média da indústria global, que subiu 2,7% na mesma comparação. Nos países desenvolvidos, a produção industrial se recupera da crise e cresceu 1,2% no terceiro trimestre, enquanto nos países em desenvolvimento a alta foi de 5%.
A América Latina tem o pior desempenho por região (-3,2%). Na América do Norte, houve alta de 1,8%, e, na Europa, de 2%. Na África, onde a indústria é incipiente, houve estagnação (0,1%).
Os países latino-americanos tiveram uma fraca performance, mas nada se compara ao Brasil. No Peru e na Colômbia, as quedas foram de 3,2% e 0,3%, respectivamente. A Argentina ficou estável. Chile e México são exceções com resultados positivos. A Unido não inclui a Venezuela em seu levantamento.
"O tombo da indústria brasileira é enorme, com uma crise conjuntural e estrutural", afirma David Kupfer, coordenador do grupo de indústria do Instituto de Economia da UFRJ.
O economista diz que a indústria enfrenta forte recessão após perder densidade e competitividade, em razão da falta de investimentos e da transferência de produção para o exterior.
"A crise brasileira é puxada pela queda do investimento por causa da falta de confiança, o que atinge diretamente a indústria", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Para especialistas, as medidas adotadas pelo governo Dilma no primeiro mandato não salvaram a indústria, porque focaram a demanda por produtos, e não o aumento da competitividade. Um exemplo é a desoneração de IPI para veículos e móveis.
Além disso, a política anticíclica do governo, iniciada para combater os efeitos da crise global em 2008 e 2009, durou tempo demais e antecipou para 2010 e 2011 uma demanda de produtos que deveria estar ocorrendo hoje.
"E não há horizonte de melhora", diz Kupfer. Para ele, a desvalorização do câmbio vai trazer alívio, mas teria que durar muito tempo para que a indústria voltasse a investir em produtividade e inovação.
A performance do Brasil é muito pior que a dos demais países em desenvolvimento, cuja produção industrial cresceu, em média, 5% no terceiro trimestre.
O desempenho ainda é puxado pela China, cuja indústria avançou 7%, o pior resultado desde 2005, mas ainda assim impressionante.
COMENTO
E o governo quer fazer crer que a crise é mundial...