Percival Puggina

16/11/2013
Quem estabelece a narrativa histórica e comanda a leitura do passado, mais facilmente escreverá o futuro. É esse controle da versão mais conveniente que vem sendo imposto ao Brasil nos últimos anos. Até a exumação do cadáver de João Goulart serve, qualquer que seja o resultado, para se atrair atenção à narrativa que convém ao poder. Há uma ampla perspectiva demográfica para isso. Dos 200 milhões de brasileiros vivos, apenas 15 milhões tinham 18 anos ou mais em 1964. Os outros 185 milhões conhecem apenas uma versão dos fatos ocorridos naquele ano, e em parte dos anos seguintes. Foram capturados por um único relato. A versão que lhes é insistentemente repetida serve ao projeto de poder de quem a concebeu. Não é outra a tarefa dos comissários da História, integrantes da tal comissão que insiste em ser conhecida como Comissão da Verdade. Absolutamente justo que se prestem honras fúnebres ao ex-presidente. Ele morreu no exílio e não as recebeu. E será interessante observar as expressões emocionadas de antigos militantes da luta armada diante dos restos mortais do presidente a quem tanto desprezaram. Desprezaram, sim. Eles eram comunistas e Jango não. Viam-no como um fazendeiro tíbio, inseguro, inconfiável. Enquanto representou para os comunistas dos anos 60 um projeto de poder, Jango teve seu apoio. Fora do governo, foi ignorado pelos próprios companheiros à sua esquerda. Ninguém gastou um cartucho ou pegou um bodoque para restaurá-lo no posto presidencial. Jango foi deposto pelo Congresso Nacional e pelos militares. E novamente destituído de qualquer importância pela maioria de seus parceiros. Brizola brigou com ele. O irrequieto cunhado, que projetava sombra em Jango presidente, olhos postos no mandato subsequente, continuou a projetá-la no exílio. Era em torno de Brizola que se articulavam alguns dos que foram à luta. No exílio, Jango só era visitado por amigos de pouco ou nenhum poder de mobilização. Após sua queda, muitos dos que nestes dias o celebram em Brasília pegaram armas para reproduzir, aqui, as lições de sublevação revolucionária aprendidas em Cuba e na Rússia. No entanto, para a continuidade do projeto de poder ora em curso no Brasil é importante que esses inimigos da democracia dos anos 60 e 70 sejam aclamados como portadores dos mais elevados ideais libertários. Falso! Queriam implantar um projeto comunista no país, totalitário e muito mais brutal. Atrasaram a redemocratização. Aliás, a bem da verdade, a democracia tinha inimigos pelos dois lados da disputa. Uns aferrados ao poder, abusando da violência. Outros, sem nenhum apoio popular, buscando o poder pela violência, para impor um regime que, já então, havia gerado cem milhões de cadáveres no mundo. Felizmente nos livramos desse mal maior e a política venceu. Foi através da política que o país se redemocratizou, constitucionalizou, pacificou. E hoje convive com uma concentração de poder que, novamente, vai corrompendo a democracia. É fraudulento o empenho de mistificar a história, de ocultar o fato de que muitos dos que hoje nos governam eram revolucionários comunistas e zombavam da democracia, que diziam ser coisa burguesa. Sua afeição à ditadura dos Castro (cubanos) e sua devoção a Che Guevara (argentino) ficam bem representadas nos exames a que será submetido o ex-presidente Goulart. Neles estarão atuando peritos buscados a dedo na notória ditadura cubana de tantos cadáveres e na mal disfarçada ditadura argentina. ZERO HORA, 17 de novembro de 2013

Percival Puggina

15/11/2013
Chico Buarque ocupou durante algum tempo funções privilegiadas na minha geração. Namoramos ao som de Chico. Amamos com Chico. Dançamos Chico. Mal, mas dançamos. Chico enternecia corações, a virtude trepidava, a gente era feliz. E sabia. Éramos sócios remidos no clube da eterna juventude e bebíamos cada lágrima nos olhos tristes de Carolina. Quantas vezes passei braço nos ombros de Pedro Pedreiro e caminhei com ele, penseiro das mesmas divagações! Há um enorme repertório, produzido por seu talento poético e musical que, a cada reprodução, me arrasta pelos pés se for preciso à minha juventude e à Porto Alegre dos anos 70. Foi nessa época, também, que se tornou conhecido o engajamento político de Chico e seu alinhamento com o partidão (PCB). Para ele e para muitos outros, foram tempos de interditos e censuras que tinham, cá entre nós, a marca do mau gosto. E de um inexplicável medo da música. Medo da música? Quem pode ter medo da música? Parodiando Stalin - quantas divisões tem um compositor que não sejam as dos compassos de sua canção? E a música de Chico, convenhamos, nunca produziu frêmitos revolucionários. Não, censurar Chico e tantos outros foi um erro. Mas não é essa a minha pauta. Quero falar do Chico engajado, sempre pronto a assinar qualquer mensagem de apoio ao comunismo e ao regime cubano. Resistiu e resiste até o última vilania dos ditadores vermelhos. Aquilo que nem Saramago suportou, a execução dos três negritos e a prisão de 75 periodistas e intelectuais independentes, ele engoliu com bom uísque e foi em frente. Ante o que levou Rigoberta Menchú à deserção, Chico deu de ombros. A mais do que cinquentenária ditadura castrista continua a lhe merecer incondicional reverência. A polêmica disputa jurídico-legislativa entre o grupo Procure Saber (formado por celebridades musicais como Chico, Caetano, Milton Nascimento, Djavan, Erasmo e Gil) e a Associação Nacional de Editores de livros reabre a discussão sobre o direito de escrever e o direito de não ser objeto da escrita alheia. E aí, queiram ou não os membros do Grupo Saber, entra a questão da censura, muito mal vista por todos enquanto estiveram sob seu infausto escrutínio. Não há como desfrutar, simultaneamente, as vantagens da celebridade e os benefícios do anonimato. *** Berthold Brecht, com brutal franqueza, ensinava que a solitária virtude de quem luta pelo comunismo é a luta pelo comunismo. Quaisquer outras às quais nós conservadores ainda tentamos, aqui e ali, atribuir algum valor são irrelevantes para Brecht. Pois bem, o objetivo final do comunismo é a eliminação da propriedade privada. O Manifesto Comunista deixa muito claro o que Marx e Engels pensavam sobre a posse individual de bens (que segundo eles só era viável para alguns por não ser possível para todos). Dirigindo-se à sociedade burguesa, afirmaram no Manifesto: Em resumo, acusai-nos de querer abolir vossa propriedade. De fato é isso que queremos. Tal é o generoso projeto marxista ao qual Chico Buarque adere. No entanto, direito autoral é uma legítima forma de propriedade. Tão propriedade quanto qualquer outra. Não deveriam os comunistas dar o exemplo, renunciando a seus direitos autorais? Ou estimulando sua desapropriação para, por exemplo, prover fundos ao Retiro dos Artistas, em suas tantas carências? O comunismo é uma ideia generosa e pródiga. Com os bens alheios. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

14/11/2013
IPTU DE HADDAD E A VELHA MAROTAGEM PETISTA Recém chegado à prefeitura de São Paulo, o prefeito Haddad (aquele que se abraçou com Maluf como um filho abraça o pai), já trata de elevar as alíquotas do IPTU em até 20% para os imóveis residenciais e 30% para os comerciais. É a mesma marotagem adotada pelo PT quando Olívio Dutra assumiu a prefeitura da capital gaúcha. As primeiras coisas que o PT faz quando chega ao poder jamais são previamente anunciadas porque o levariam a uma inevitável derrota. O nome disso é estelionato eleitoral.

Percival Puggina

07/11/2013
Recebi, recentemente, uma notícia que muito me alegrou. Telefonou-me o prof. Sérgio Borja, presidente da Academia Rio-Grandense de Letras, para comunicar minha eleição para uma cadeira da nobre Instituição das letras gaúchas. Compartilho-a com meus amigos e leitores. Em essência, a causa determinante dessa jamais sonhada distinção é o apreço que vocês me dedicam. Espero, como acadêmico, servir mais e melhor à cultura do Rio Grande do Sul. A posse deve ocorrer no final do mês de março vindouro.

Percival Puggina

07/11/2013
Quem é esse bravo? Como resiste às afrontas que sofre? Como tolera a impotência de sua cidadania? Como consegue conviver com o desrespeito das autoridades e o desprezo que manifestam por sua inteligência e capacidade de discernimento? Como pode custear - além das despesas da própria manutenção e de sua família - tantos impostos, taxas, multas, tarifas, contribuições sociais, juros? Por que paga tanto por bens e serviços que noutros países custam muito menos e têm qualidade superior? Onde arruma fôlego, ainda, para fornecer fundos a tantas apropriações de recursos públicos nos descaminhos da corrupção? Como consegue conviver resignadamente com a criminalidade que, agindo em regime aberto, dita regras ao convívio social e o mantém em permanente regime fechado? O brasileiro é um forte. O brasileiro é um bravo ao qual vão, aos poucos, lentamente, quebrando a espinha dorsal cívica e destruindo o juízo moral. Até que se arraste, suplicante, mãos em concha, aos pés do todo poderoso Estado. Veja só como são as coisas, leitor. Em junho deste ano, já lá vão mais de três meses, esse cidadão, em inesperada eclosão, saiu às ruas e fez passear nas grandes avenidas do país o imenso cordel de suas mais do que justificadas contrariedades. Consequência: logo surgiram os bandidos e começaram a quebrar e saquear o que viam pela frente. Em poucos dias, refluíram os cidadãos. Nas avenidas antes repletas de povo só permaneceram os arruaceiros, os vândalos, os criminosos. Isso todo mundo viu acontecer. Disso todos fomos partícipes ou testemunhas atentas. O povo voltou para casa, retornou ao regime fechado de suas grades, alarmes, portões e cada vez mais caras apólices de seguro. O que muitos não perceberam foi o que passou a acontecer desde então, com a continuidade da ação dos novos senhores das avenidas, que deram início a novas, raivosas e destrutivas manifestações. Para onde orientaram sua fúria devastadora? Essa pergunta não é irrelevante. A resposta que dermos evidenciará a que interesses serve o vandalismo em curso no país. Quais são seus alvos no Rio de Janeiro? Lá, os objetivos são o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e o governador Sérgio Cabral (PMDB). E em São Paulo? Em São Paulo, o alvo do vandalismo é o governador Geraldo Alckmin (PSDB); o prefeito Fernando Haddad (PT) fica fora dos ataques. Mas no Rio Grande do Sul a situação se inverte. O alvo é o prefeito José Fortunatti (PDT), enquanto o governador Tarso Genro (PT) não suscita o menor interesse à fúria destrutiva dos arruaceiros. E em Brasília, contra quem se voltam os atos de vandalismo. Analogamente, ali temos duas autoridades que poderiam atrair atenção: o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e a presidente Dilma (PT). Ambos, no entanto, são desprezados pelos novos fascistas. Em Brasília eles atacam o Congresso Nacional. Meras coincidências? É preciso ser muito bobo para não perceber a quem servem. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

02/11/2013
Em 2007, foi anunciada pela Petrobrás a descoberta de um megacampo, batizado com o nome de Tupi. Passados três anos, depois de muito Tupi para cá, Tupi para lá, o alto comando da Petrobrás resolveu trocar o nome do campo para... para que outro nome, mesmo? Adivinhe! Pois é, depois de guri grande, o campo de Tupi virou Campo de Lula. Há, em nosso país, uma histórica e bem sucedida petrodemagogia. Quem entra no Portal Brasil, por exemplo, e lê a nota do governo sobre o Campo de Libra e o Pré-sal vai pedir para ser congelado hoje e levado ao microondas daqui a alguns anos. No entanto, é importante para a política do poder que essas riquezas minerais, sepultadas sob quilômetros de coluna dágua e ainda mais espessas camadas geológicas, rendam votos no curtíssimo prazo. Esse é o raciocínio que explica os abusos políticos e de informação envolvendo a Petrobrás. Em 2006, o ex-presidente Luiz Inácio pousou na plataforma P-50 e, minutos após, exibiu para os fotógrafos as mãos lambuzadas de óleo extraído da Bacia de Campos. O fato foi comunicado à nação como início da autossuficiência. O Brasil se tornaria exportador. A vaga na OPEP estava logo ali, provavelmente ao lado da cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Mas o dito logo ficou pelo não dito. Os anunciados saldos positivos que viriam para a balança comercial do país a partir de 2010 viraram saldos negativos e assim se mantêm. Até o passado mês de agosto o Brasil já gastara, só neste ano, US$ 28 bilhões em importação de petróleo e derivados e essa conta joga no vermelho a balança comercial de 2013. Pensando sobre isso, e já sabendo que quatro empresas haviam desistido de participar, acomodei-me diante da tevê para assistir ao leilão do Campo de Libra. A Globo News, sei lá por quê, demonstrava imenso interesse em duas pacíficas e ociosas barreiras que se entreolhavam no meio da avenida. Numa estavam alinhadas tropas militares. Noutra, pequeno grupo de manifestantes. A tranquila cena atraía tanto a atenção da emissora que ela repartia igualitariamente: meia tela para cada evento. Assistir o leilão do campo de Libra me fez lembrar aqueles filmes nos quais nada acontece e a gente resiste teimosamente só para saber onde aquilo vai dar. E dá em nada mesmo. Perdi meu tempo testemunhando um conflito que felizmente não houve e um leilão que infelizmente não aconteceu. O único consórcio que apresentou proposta tinha a Petrobrás como líder e foi declarado vencedor pelo lance mínimo admitido. Isso é leilão que se apresente num negócio de tamanho porte? Por que tanto desinteresse mundial em riquezas que o governo anuncia tão promissoras e pródigas? Mesmo assim, horas após, a presidente veio a público festejar o resultado do evento e partilhar hipotéticos trilhões de reais que sanearão todas as carências do país. É a arte de gastar, retoricamente, recursos talvez alcançáveis em futuro remoto, convertendo-os em votos na urna de logo mais. No dia seguinte, ainda ponderando as patéticas cenas da véspera, abro minha caixa de e-mails e o primeiro que me cai sob os olhos dizia assim: O Brasil comprou do Brasil uma reserva de petróleo para ficar com 40% para o Brasil. Disse tudo. ZERO HORA, 03 de novembro de 2013

Percival Puggina

02/11/2013
É provável que você, leitor, não saiba como funciona o Enem, o tal Exame Nacional do Ensino Médio. Nem imagina como um aluno possa prestar exame no Amazonas e ser qualificado para cursar Direito no Rio Grande do Sul. Menos ainda haverá de entender a lógica dessa migração acadêmica num país de dimensões continentais. Pois eu também não sei como funciona o Enem. Mas sei algo sobre ele que, segundo tudo indica, poucas pessoas sabem. O Enem é um dos muitos instrumentos de concentração de poder político nacional nas mãos de quem já o detém e a ele se aferrou de um modo que causa preocupação. É parte de um projeto de hegemonia em implantação há vários anos. Tudo se faz de modo solerte e gradual, de modo que a sociedade não perceba estar perdendo sua soberania e se tornando politicamente imprestável. Se não fazemos parte desse projeto e não compomos quaisquer das minorias ou grupos de interesse que se articulam no país, tornamo-nos inocentes inúteis, cidadãos de última categoria, numa democracia a caminho da extinção por perda de poder popular, por inanição do poder local. É possível que o leitor destas linhas considere que estou delirando. Que não seja bem assim. Talvez diga que mudei de assunto e que o primeiro parágrafo acima nada tem a ver com o segundo. Pois saiba que tem, sim. Peço-lhe que observe a realidade do município onde vive. Qual o poder do seu prefeito, ou de sua Câmara Municipal? O que eles, efetivamente, podem realizar pela comunidade? Quais os sinais de progresso, da ambulância ao asfaltamento da avenida, que acontecem sem que algo caia da mão dadivosa da União? Quais são as leis locais que você considera importante conhecer? E no Estado? Tanto o Legislativo quanto o Executivo constituem poderes cada vez mais vazios, que vivem de discurso, de promessas, de criação de expectativas. Empurrando a letargia com a barriga. Observe que todas as políticas de Estado que podem fazer algum sentido na vida das pessoas são anunciados no plano federal (que venham a acontecer é outra conversa). Por quê? Porque é lá que estão concentrados os recursos tributários e os bancos oficiais realmente significativos. O poder político que comanda o país conta muito com seu elenco de prerrogativas exclusivas. Mas o poder que tudo pode, como temos testemunhado à exaustão, pode até o que não deve poder. Esse monstrengo chamado Enem não é apenas uma fonte de colossais trapalhadas. É um instrumento de poder, centralizando currículos, ordenando pautas, agindo contra as diversidades regionais, ideologizando as provas (não é por mero acaso que a primeira questão do Enem deste ano começa com um texto de Marx), e criando nos estudantes a sensação de que a Educação, o exame, o ingresso no ensino de terceiro grau são dádivas federais. As cartilhas, os livros distribuídos às escolas, os muitos programas nacionais voltados ao famigerado politicamente correto, tudo isso atende a um mesmo e único objetivo, do qual o Enem faz parte. É um projeto de poder. O único projeto que de fato mobiliza as energias do governo. Por isso, segue firmemente seu curso e seu cronograma no país. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

26/10/2013
ENEM E NAPOLEÃO DE HOSPÍCIO Percival Puggina A ideia de criar um exame nacional em um país com a extensão, a diversidade e as acentuadas desigualdades nacionais é coisa de Napoleão de hospício. Mania de grandeza no mais alto grau. É mais um claro sintoma de que o país é conduzido para uma centralização de poder cada vez maior. A mania de grandeza é uma forma de distúrbio bipolar que também pode estar associada ao uso de cocaína ou metanfetaminas. Quando esse distúrbio afeta autoridades da República as coisas se complicam na vida dos cidadãos porque um dos conselhos dos pweiros na atenção clínica desses casos é o de não contrariar o paciente. Jamais diga para ele que Napoleão faleceu em Santa Helena, uma pequena ilha vulcânica perdida no Oceano Atlântico, a meio caminho entre o Nordeste brasileiro e o Golfo da Guiné. Nem que o ENEN é apenas um devaneio totalitário. Além dos eventuais riscos de um possível surto de agressividade, a pessoa que fizesse a observação também ficaria exposta à ira das tropas napoleônicas, sempre bem pagas e incondicionalmente alinhadas no seguimento de seu líder.

Percival Puggina

25/10/2013
SOBRE COBAIAS Percival Puggina É obrigatório acabar com a utilização abusiva de animais para experimentos científicos. Isso pode ser atingido com bom senso e prescinde totalmente da histeria que tenho visto por parte daqueles que contrapõem supostos princípios morais a toda e qualquer utilização. Dissemina-se, entre nós, uma ideologia de valorização da natureza e de todos os seres vivos que os ergue a condição de igualdade com os humanos no plano dos direitos naturais. Longe de ser o que aparenta, essa ideologia nociva busca a desumanização do humano. E não há ironia ao afirmar que, se pudessem, usariam pessoas como cobaias para experimentos benéficos aos animais.