Percival Puggina

08/03/2012
Em todo o reino animal o homem não tem afeição igual. Não a encontra no cão que lambe a mão que lhe bate nem no semelhante que logo rebate. Nada supera o sentimento em relação ao homem que vai no coração da mulher. Por isso, o melhor amigo do homem, para mim, é a mulher. Deus a Criou, naquele que foi o derradeiro e o mais inspirado instante da Criação. O homem, porém, em vez de celebrar a preciosa dádiva, dela se prevaleceu, inventando o machismo, com suas grosseiras interdições, discriminações e preconceitos. Os anos passam, as gerações se sucedem, homens e mulheres envelhecem e morrem, a civilização avança, e os descendentes de Adão continuam, majoritariamente, sem entender de mulher. E desperdiçam, assim, o privilégio que lhes adveio da costela excedente com que ela foi feita. Compartilho com os leitores reflexões a que me conduz o Dia Internacional da Mulher, a mais preciosa das fêmeas da natureza e a única, aliás, que Deus criou com um olho no que fazia e o outro no homem. E me entristece a forma como, apesar disso, ainda hoje se obrigam as mulheres a chamar atenção para os desvios de relacionamento a que resultam submetidas por aqueles com quem, por destino e mandato se deveriam harmonizar. A meu juízo, o que mais notabiliza o vínculo que a metade feminina da humanidade mantém com a outra metade é que ele, apesar de tudo, independe de retribuição. Se dependesse, a espécie já teria desaparecido! Há que reconhecer: a mulher está para o homem assim como o homem deveria estar para a mulher e não está. Não haveria, pois, com que saldar tantos débitos ? milenares débitos! - se os devêssemos resgatar. Em vista disso, amiga, pise como se o tapete fosse vermelho e posto para si. Empine o nariz como se aspirasse o buquê das flores que não lhe demos. Ouça, na voz dos ventos, os galanteios que se perderam em nossos lábios. Não permita que nosso modo rude de ser a faça perder a capacidade de sentir o efeito que sua presença produz. Ainda que tenhamos tanta dificuldade de expressar isso.

Percival Puggina

07/03/2012
CARTA QUE ENVIEI AO SENHOR ARCEBISPO DE CUIABÁ Sobre o tal manifesto contra o Pe. Paulo Ricardo Muito estimado D. Milton Li com dissabor e não sem preocupação uma tal carta-denúncia que teria sido enviada às autoridades religiosas da regional Oeste II a respeito do padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior, conhecido nacionalmente como padre Paulo Ricardo. A referida carta incorre em grau máximo nos erros e culpas que pretende atribuir ao acusado. Isso é comum em manifestações desse tipo. Obedece regras da pura malícia: acusa os outros daquilo que fazes; dize dos outros aquilo que és. A carta só surpreende, então, pelo anonimato, forma indigna de encerrar um texto com aquela estrutura e objetivo. Ela veio a público de um modo que o leitor não sabe quem diz, que autoridade tem nem quantos são os que assim se expressam. Seja como for, quero deixar registrada minha discordância em relação ao que ali foi afirmado. Conheço o padre Paulo Ricardo e posso dar testemunho de sua radical adesão ao sacramento que recebeu da Igreja, de sua exemplar fidelidade ao Papa (tantas vezes ausente em parcelas da nossa Igreja cá no Brasil), bem como sua explícita submissão e aceitação do Concílio Vaticano II. O que querem e contra ele requerem, são sanções cujo único objetivo é calar sua voz. Não porque ele ensine heresias ou atente contra o Magistério Pontifício (como Leonardo Boff), nem mesmo porque ele se opõe às heresias de natureza cismática muito em voga no nosso país, como ele de fato faz com muito vigor. O motivo da ira vai aparecer no momento em que acusam sua batina de ser objeto de um uso ideológico. É aí que o padre Paulo Ricardo incomoda como um espinho no pé. Ele é adversário de um projeto político, ideológico, que usa a Igreja Católica no Brasil para seus propósitos. No fundo é isso. Maliciosamente, o texto não diz que ideologia é essa porque se o fizesse estaria expondo a ideologia dos autores. Confio no seu justo discernimento. A verdade que liberta não é a verdade acolhida silenciosamente no coração enquanto convive de modo cúmplice com a falsidade, mas a verdade proclamada com coragem, profeticamente, quando necessária. Na mesma fé Percival Puggina

Percival Puggina

03/03/2012
Você lembra de já ter assistido a algum filme estrangeiro cuja projeção fosse antecedida pela apresentação de uma lista de patrocinadores? Eu não. O que se vê são os nomes de uma ou mais empresas produtoras que uniram esforços e recursos para fazê-lo. Filmes são concebidos como investimentos de cuja comercialização é esperado um ganho financeiro. Quando dá certo os produtores ganham dinheiro. Quando dá errado, têm prejuízo. Se os espectadores gostam, patrocinam o lucro na proporção dos ingressos que adquirem. Quando não gostam, o prejuízo fica com quem avaliou mal o negócio ou não o conduziu bem. No Brasil não é assim. Aqui, qualquer coisa com som é música, qualquer texto é literatura, qualquer lixo filmado é cultura e tudo cabe sob o guarda-chuva das leis que incentivam atividades culturais. Se por escrever isto eu for acusado de discricionário e preconceituoso, que o seja. O padrão cultural do povo brasileiro rampa abaixo e nós gastando dinheiro escasso para financiar coisas como Lula, o filho do Brasil? Cultura? Fala sério! Pois bem, essas leis permitem a captação de recursos junto a contribuintes que se disponham a orientar para tais atividades uma fração dos tributos que deveriam recolher. A produção cinematográfica - embora voltada dominantemente para o lazer - está abrangida por essa possibilidade. A maior parte dos filmes vira, então, um negócio sem risco, assumidos os custos, no todo ou em parte, pela sociedade pagadora de impostos. É o melhor dos mundos. Os mais reverenciados patrocinadores de eventos culturais são as poderosas empresas estatais cujas marcas frequentam as salas de projeção posando de mecenas com o dinheiro do povo. E não requer muito esforço intuir sobre a natureza dos alinhamentos e comprometimentos que presidem as concessões de tais incentivos. Andando por esses critérios e caminhos, o dinheiro do contribuinte é deslocado para aplicações que ele jamais autorizaria. Seus critérios convergiriam para prioridades situadas vários degraus acima da indústria do lazer. Mas a coisa vai além. Nos anos 90, surgiram no cenário nacional as agências reguladoras. São pessoas jurídicas de direito público, geralmente em forma de autarquias, concebidas para regular a atividade de setores estratégicos da economia que, ou são totalmente atribuídos à iniciativa privada, ou dela têm forte participação. No dia de sua criação, dormem assim, sobre o travesseiro das melhores intenções. Mas já na manhã seguinte acordam como objeto de disputas partidárias, transformadas em moeda de troca no balcão dos apoios políticos. Algumas dessas agências reúnem representações do poder público, das empresas envolvidas na atividade regulada e dos consumidores. Mas não me ocorre uma só onde os interesses deste último, pagador de todas as contas, tenha a devida relevância. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é uma agência reguladora. Desde 2001, convergem para ela a regulamentação e o controle das proteções que regem a produção e exibição de filmes nacionais no Brasil. Entre as providências adotadas pela Ancine - com amparo legal, diga-se de passagem - está a exigência de um determinado percentual de projeções destinado a filmes brasileiros nos cinemas e na televisão, inclusive nas tevês a cabo. Ou seja, já não basta usar recursos do contribuinte para financiar o que dá lucro e indenizar o que dá prejuízo. Em nome da proteção à cultura nacional, regulamenta-se a atividade de um modo que obriga o exibidor a abdicar de uma parte de seu empreendimento. É imposta a ele a tarefa de tentar vender o que poucos querem comprar, porque se houvesse público interessado, maior ainda seria o interesse do exibidor em comercializar o produto. E dá-lhe pornochanchada na tevê a cabo. Não sou dos que creem que o mercado resolve tudo. Mas isso que pretendem para os filmes brasileiros é o mesmo que obrigar todas as lojas de roupas no Rio Grande do Sul, por exemplo, a reservar um espaço das vitrinas e prateleiras para exibir bombachas, guaiacas e apetrechos do gênero. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

26/02/2012
BREVE NOTA SOBRE A QUESTÃO DOS EMBRIÕES HUMANOS É quase inacreditável, diante de quanto hoje se sabe sobre biologia e genética, que ainda apareçam pessoas para defender o aborto em tese. Não se trata nem de defender quem fez aborto, mas de defender o direito de abortar... Chamo a atenção, para quem tem acesso ao jornal impresso, que, em ZH deste domingo, na coluna ao lado da minha, o jornalista Marcos Rolim, defensor fervoroso desse direito, esquece que a questão das células-tronco foi parar no STF e que os pró-vida muito se manifestaram contra um tipo de pesquisa que joga embriões humanos pelo ralo da pia do laboratório. A separação entre Igreja e Estado, tão frequentemente alegada pelos fetofóbicos, se efetiva exatamente nesse momento: decidida a questão pelo poder civil, a vida civil segue seu curso, malgrado as rejeições religiosas ou filosóficas manifestadas até o limite do debate democrático, no plano das instituições. A sociedade faz o que a lei lhe permite e os cristãos seguem os ditames da sua consciência e do seu discernimento moral.

Percival Puggina

26/02/2012
O número de vítimas causadas por todas as discriminações odiosas, somadas e multiplicadas por mil, não se aproxima da carnificina causada pela fetofobia. Estima-se que ela produza, no mundo todo, cerca de 50 milhões de execuções/ano (algo como oito holocaustos a cada 365 dias, ou 2500 jamantas carregadas de fetos). Trata-se, portanto, de um mal a exigir severas medidas restritivas à sua propagação. A fetofobia vai direto da tolerância ao ato. Da teoria à prática. Ela discrimina e mata implacavelmente aqueles contra os quais se volta. Como não tem justificativa moral, insinua-se mediante raciocínios sofistas e capciosos. Outro dia, um fetofóbico, indignado, acusava os defensores da vida de se fundarem em princípios e convicções. Tinha razão. A promoção do aborto só se sustenta no contexto oposto, no contexto dos palpites que caracterizam o relativismo moral e o hedonismo mais rasteiro. Se princípios e valores não servem para discutir o respeito à vida humana, tampouco servem à Política, ao Direito e à Justiça, bem como à Saúde e à Educação. E assim se esclarece muita coisa. Todos conhecem a frase do Goebbels sobre a mentira incansavelmente repetida. Mas o que ele ensinou vale, também, para a insistente negação da evidência e para a repetição da tolice. O Brasil é um país laico!, proclamam os fetofóbicos como se tivessem atingido a epifania do saber. E daí? Significará isso que qualquer convicção moral, qualquer constatação científica, qualquer reflexão filosófica que coincida com uma afirmação religiosa deva ser banida do catálogo das ideias e expurgada de todo debate civil? Mas é inútil contestar os piores cegos e surdos, que não querem ver, nem ler, nem ouvir. Amanhã, os fetofóbicos estarão repetindo, goebbelianamente: O Brasil é um país laico. Oba, legalizemos a chacina!. Ninguém precisa ter lido Julien Freund para perceber, em si mesmo, que as dimensões do ser humano - a política, a religiosa, a cultural, a econômica, a ética e a artística - convivem, necessariamente, umas com as outras. Dar cartão vermelho a qualquer delas, abortando-a do espaço público, como pretendem fazer com a dimensão religiosa, contraria a natureza humana. Por isso, é aberração só ensaiada nos totalitarismos, como a experiência dos povos demonstra derramando exemplos sobre a mesa da História. Houvesse busca sincera da verdade, o que aí está dito bastaria. Mas a fetofobia não se segura. Ela voltará aos mesmos argumentos, dos quais se deduz que: a) a separação entre Igreja e Estado deve aprisionar em um gueto a cidadania das pessoas de fé; b) quaisquer valores em que se perceba o perfume de alguma religião devem ser barrados na porta dos parlamentos e tribunais por vício de origem; c) o feto é coisa inútil - arrancado aos pedaços nada sente; e d) só pode opinar sobre temas de interesse público quem não tiver convicção alguma. Tanta tolice precisa substituir argumentos por adjetivos. Então, ser contra o aborto é fundamentalismo e defender a vida é obscurantismo. Tão lógico quanto isso. Quero louvar, a propósito, a firmeza dos congressistas evangélicos (onde andam os católicos e a CNBB?), acusados pelos fetofóbicos de pretenderem fazer refém ao governo. É como se o governo pudesse ficar - e como fica! - refém de qualquer bando, de quaisquer negocistas, de quaisquer corporações ou grupos de interesse. Mas será demasiadamente subjugado, o governo, se aceitar pressões em defesa da vida. Zero Hora 26/02/2012

Percival Puggina

25/02/2012
Em fins de 2006, o STF julgou inconstitucional a lei que estabelecera cláusula de barreira para os partidos chamados nanicos. Essa lei fora aprovada pelo Congresso Nacional em 1995 para viger dez anos mais tarde. Foi uma das muitas vezes em que os ministros estiveram mais para opiniáticos do que para constitucionalistas. Caramba! Se o Congresso Nacional não tiver autonomia sequer para legislar sobre partidos políticos, então que se fechem suas portas e se transfiram suas atribuições para os Onze Sábios da República. A surpreendente decisão fundamentou-se no direito de representação das minorias. Entenderam suas excelências que a cláusula restringia direito fundamental das parcelas minoritárias da cidadania. Como resultado, graças ao STF, já contamos com a inestimável contribuição ao bem comum prestada por 29 partidos. O 30º está na reta de chegada para completar seu registro. Trata-se do PEN, o Partido Ecológico Nacional. Muito obrigado, senhores ministros. Valeu! Abro parêntesis. É interessante notar que pelo menos dois dos partidos que impetraram aquela Ação Direta de Inconstitucionalidade acolhida pelo STF (PCdoB e PSOL) consideram perfeitamente normal e democrático o monopartidarismo cubano, mas acham que, no Brasil, não pode haver democracia sem um multipartidarismo que os inclua como representação de certas minorias ideológicas. Fecho parêntesis. Como recusar o fato de que o excessivo número de partidos complica a política em todos os seus níveis e em todas as suas etapas? Anoto algumas dessas mazelas: 1) o custeio das legendas; 2) as cada vez mais difíceis e onerosas campanhas eleitorais; 3) as extravagantes coligações com que convivemos; 4) a multiplicidade de espaços em rádio e tevê; 5) a sobrecarga incidente na Justiça Eleitoral; 6) o excessivo número de candidatos que poluem a vitrine das campanhas e dificultam a escolha do eleitor; 7) a formação de um número demasiado de bancadas nos parlamentos; 8) a descaracterização filosófica das siglas; 9) o tumulto que geram na constituição dos governos e no processo legislativo, e por aí vai. Vinte e três partidos políticos têm representação na Câmara dos Deputados! Os 86 deputados da maior bancada, a do PT, representam apenas 15% do plenário... Ou seja, nesse modelo que seduziu a maioria do STF, a maior bancada acaba sendo, também ela, uma pequena minoria. Como organizar de modo adequado atividade tão relevante ao bem comum quanto é a política com um sistema que só produz minorias irrelevantes? Como erguer essa atividade a um patamar mais elevado se a necessária formação de maiorias leva os partidos a se debruçarem sobre um cada vez mais seboso e menos digno balcão de negociações onde, a cada ano, é necessário criar novas moedas de troca? É certo, o grau de civilidade de um país tem a ver, entre outras coisas, com a forma como trata suas minorias. Sair-se daí, porém, para transformar o sistema partidário em instrumento dessa organização e representação é clara demasia. As minorias deveriam compor-se dentro dos partidos que as acolhessem em suas plataformas e diretórios. Isso evitaria todos os males do multipartidarismo e mais este: a possibilidade de que o acesso ao poder seja franqueado a uma minoria organizada. Atenção! O nosso modelo permite que circunstancialmente, um partido minoritário, nanico, sectário (quem sabe até totalitário!) tendo cooptado para seus quadros uma figura carismática e popular qualquer, chegue ao governo trazendo na manga do casaco posições filosóficas, ideológicas e morais sem aceitação social. Governar é tarefa para partido grande. É direito e dever das maiorias. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Percival Puggina

18/02/2012
Volta e meia, repassando arquivos de antigos textos, deparo-me com cartas que recebi e guardei. Há entre elas mensagens de religiosos atacando-me como a um renegado. Afirmavam que a fé cristã me obrigaria a apoiar as tropelias do MST. Sustentavam que a própria racionalidade me imporia estar ao lado do progresso e do desenvolvimento social e econômico que adviriam dos assentamentos e da limitação da propriedade da terra. Esta última, a limitação das propriedades em um número máximo de módulos rurais, foi tentada na Constituinte, pretendida, depois, como objeto de plebiscito, e incluída, por fim, como pauta da Campanha da Fraternidade de 2010. Virou mero abaixo assinado e não conseguiu 500 mil assinaturas malgrado mobilização feita em todo o país. Ou seja, a luminosa ideia empolgou apenas um em cada 200 eleitores brasileiros. Mesmo assim, claro, o elenco dos promotores festejou o resultado como uma unanimidade nacional, porque cem por cento dos signatários foram totalmente favoráveis ao projeto. Há que reconhecer como memoráveis as energias que atuaram durante décadas contra o desenvolvimento rural e contra o agronegócio! E porque foram memoráveis não podem mergulhar nas sombras do esquecimento as hordas que investiam contra os projetos florestais, a metódica destruição de lavouras experimentais e o vandalismo contra máquinas agrícolas. Como olvidar a fúria dos ataques à biotecnologia e aos produtos transgênicos, avanços tecnológicos que nos levaram aos sucessivos recordes de produtividade e produção festejados, agora, pelos governos petistas? Em que prateleira perdida foi parar a história de que ninguém come soja (tolice que desconhece o processo de transformação de proteína vegetal em proteína animal)? Cadê a paparicação internacional ao MST, que tanto lhe rendia em dadivosos auxílios de nebulosas ONGs estrangeiras? Que fim levou o delírio de uma agricultura próspera através da política de assentamentos defendida e imposta pelo PT e seus aliados? Bilhões de reais foram para o ralo de aventuras agrárias mal concebidas e pessimamente executadas, das quais pouco se fala porque qualquer murmúrio a respeito seria o relatório de seu fracasso. Não importa, dirão os recalcitrantes. Como sempre, os fracassos da esquerda não ganham notoriedade porque, no fundo a ideia era boa. Não deu certo por causa dos mal intencionados que a ela se opunham. O sociólogo Dr. Zander Navarro, especialista internacionalmente reconhecido em desenvolvimento rural, numa entrevista concedida à Folha em 2007, apontou o óbvio: se fosse apenas algo determinado pela agenda presidencial, a reforma agrária já estaria fora das ações do governo. E o que então restava provinha da inércia inerente a tal bandeira junto a setores sociais incapazes de perceber que o mundo rural brasileiro mudou radicalmente nos últimos 30 anos. E prosseguiu: O Brasil não tem mais razões, de nenhuma ordem, para mobilizar consideráveis recursos para promover uma ampla redistribuição de terras. Passamos a ser um país predominantemente urbano e insistir na existência de uma questão agrária brasileira é uma miopia de quem tem os pés no passado remoto. As demandas sociais apropriadas à população rural mais pobre são outras (...). O esvaziamento do MST por perda de militância mostra que o país se urbaniza cada vez mais, como qualquer nação desenvolvida ou emergente. O sonho dos assentamentos é um anacronismo de quem quer reproduzir, em pleno século 21, o modelo que fez prosperar os imigrantes alemães e italianos no século 19, articulando, esse modelo, a uma simplória ideologia coletivista que, durante longos anos, salpicaram de água benta. ______________ * Percival Puggina (67) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões.

Agência Estado

12/02/2012
ENQUANTO D. JOSÉ BENEDITO BATE PESADO, CNBB TERGIVERSA Agência Estado Aqui o bispo: O bispo de Assis (SP), d. José Benedito Simão, presidente da Comissão pela Vida da regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse ontem ao Grupo Estado que a nova ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, é uma pessoa infeliz, mal-amada e irresponsável, que adotou uma postura contra o povo e em favor da morte ao defender o aborto em declarações dadas à imprensa. Informada, a ministra não quis comentar as críticas feitas pelo bispo. Recebo com muita indignação as palavras da nova ministra, cuja pasta tem uma grande responsabilidade em favor da vida da mulher, afirmou d. José - para quem a ministra abriu polêmica que pode criar um confronto entre Igreja e governo. O bispo também disse que vai seguir de perto os pronunciamentos da ministra. Vamos acompanhar seu trabalho. Se os discursos forem nessa mesma linha (de defesa do aborto), vamos tomar algumas medidas de protesto, que podem ser panfletos ou manifesto público, acrescentou D. José. Aqui o a CNBB: A CNBB informou, segundo sua assessoria de imprensa, que o fato de a nova ministra ser favorável ao aborto é uma questão pessoal e não a posição oficial do governo. Por isso, de acordo com o secretário-geral da entidade, d. Leonardo Steiner, que é também bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, não se justificaria uma declaração da CNBB... (As reticências são minhas)

Agência Estado

12/02/2012
ENQUANTO D. JOSÉ BENEDITO BATE PESADO, CNBB TERGIVERSA Agência Estado Aqui o bispo: O bispo de Assis (SP), D. José Benedito Simão, presidente da Comissão pela Vida da regional Sul 1 (Estado de São Paulo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse ontem ao Grupo Estado que a nova ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, é uma pessoa infeliz, mal-amada e irresponsável, que adotou uma postura contra o povo e em favor da morte ao defender o aborto em declarações dadas à imprensa. Informada, a ministra não quis comentar as críticas feitas pelo bispo. Recebo com muita indignação as palavras da nova ministra, cuja pasta tem uma grande responsabilidade em favor da vida da mulher, afirmou d. José - para quem a ministra abriu polêmica que pode criar um confronto entre Igreja e governo. O bispo também disse que vai seguir de perto os pronunciamentos da ministra. Vamos acompanhar seu trabalho. Se os discursos forem nessa mesma linha (de defesa do aborto), vamos tomar algumas medidas de protesto, que podem ser panfletos ou manifesto público, acrescentou d. José. Aqui o a CNBB: A CNBB informou, segundo sua assessoria de imprensa, que o fato de a nova ministra ser favorável ao aborto é uma questão pessoal e não a posição oficial do governo. Por isso, de acordo com o secretário-geral da entidade, d. Leonardo Steiner, que é também bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, não se justificaria uma declaração da CNBB... (as reticências são minhas)