QUANDO FRIEDRICH HAYEK FALA QUE O MEIO JORNALÍSTICO É SEMI-ANALFABETO ECONÔMICO, ELE ESTÁ SENDO COMEDIDO: ESSE MEIO É BEM MAIS ANALFABETO DO QUE ELE PENSA
Economista Alfredo Marcolin Peringer
Vejam a manchete de O GLOBO de ontem (24/3/15). Ela diz que “com alta do dólar, mercado já estima inflação acima de 8%”. Acontece que o Dólar é um preço e, como preço, ele é o resultado da inflação e, não, a sua causa.
A inflação, como sempre Milton Friedman procurou ensinar, é um fenômeno inteiramente monetário: só ocorre se os mandatários econômicos (Tombini, Levy, et caterva) deixarem os meios de pagamento crescer além das
possibilidades de crescimento dos bens e serviços. Se não houver crescimento monetário, a alta do preço do feijão terá que ser compensada com a queda do preço do arroz ou de outro bens ou serviços existente dentro da economia
e/ou, ainda, das suas quantidades. E é isso que vem ocorrendo na economia brasileira, e que venho mostrando, ao apontar que o crescimento da moeda no Brasil (valores médios diários), nos últimos doze meses, finalizados em
13/03, foi de 13,0% a.a..
Como o crescimento da economia foi próximo a zero por cento no mesmo período, o inchaço monetário levará, inevitavelmente, ao crescimento do dólar ou dos demais preços dos bens e serviços, ao menos de maneira consistente, já que eles sempre podem ser afetados, no curto prazo, por fatores passageiros diversos, mas que acabam não vingando em prazo mais longo. O fato a destacar é que os crimes monetários contra a população deveriam ser castigados, pois afetam os rendimentos dos trabalhadores, poupadores e investidores, reduzindo os seus ganhos e, com isso, a atividade econômica futura. Em resposta, então, à "notícia" da turma de o GLOBO: não são o dólar ou os preços dos bens e serviços que causam a inflação. Ao contrário, esse fenômeno também é causado pela verdadeira inflação, a da moeda, levada avante pelo banco central brasileiro, sob o comando dos seus burocratas, muitas vezes obedecendo ordens do ministério da fazenda ou do Tesouro."
E AGORA, CAMARADAS?
Percival Puggina
Os governos do Brasil, Argentina e Venezuela, entre outros que dançavam ciranda-cirandinha com Cuba no Foro de São Paulo, devem estar atônitos.
Toda essa turma dos partidos de esquerda da América Latina formou seus quadros e suas milícias com corações e mentes seduzidos pelo lero-lero de Fidel Castro. Cuba, mais que o modelo, era a inspiração. Era o ponto final da peregrinação. Era Roma, Santiago de Compostela, Jerusalém, Meca das esquerdas ibero-americanas.
Por ali foram e por seus fundamentos andaram os governos de Chávez, Maduro, Kirchners, Evo Morales, Rafael Correa, Lula, Dilma e muitos outros. Depois de uma década, há mais burros n'água do que fora d'água. Aqui na nossa volta, onde a gente acompanha melhor, os três países mencionados acima, os mais ruidosos e ativos no neocomunismo, estão com as respectivas economias aos pandarecos e os governos com o prestígio no chão. Exatamente como Cuba, há mais de meio século, para quem a conhece.
Imagino, então, a surpresa de todos ao verem que os negócios daquela ilha pertencente à firma Castro&Castro Cia. Ltda. passam a ser feitos com o Império, com os ianques, com o grande satã do Norte, sob cujo guarda-chuva passaram a se abrigar os proprietários de Cuba. A imagem acima é simplesmente brilhante!
UMA ENTREVISTA QUE NUNCA IRÁ ACONTECER, COM PERGUNTAS ÓBVIAS, QUE O JORNALISMO BRASILEIRO JAMAIS FEZ E NUNCA SERÃO RESPONDIDAS.
O Antagonista, blog de Diogo Mainardi e Mário Sabino, publicou, em fins de fevereiro, matéria relatando que Renato Duque fora solto a pedido de Lula. O ex-presidente interviera quando informado de que a mulher de Duque ameaçara Paulo Okamoto de contar tudo que sabia se o marido continuasse preso. Lula teria, então, solicitado a um ex-ministro do STF que falasse com Teori Zavascki. Motivo alegado: Lula seria injustamente acusado, pela mulher do preso, de envolvimento no propinoduto.
Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, enviou mensagem aos autores da matéria, afirmando que as informações nela contidas eram "completamente inverídicas, tanto no que me diz respeito quanto ao ex-presidente Lula. O que, aliás, os senhores comprovariam se tivessem tido a dignidade de me perguntarem antes, frente a frente, diretamente, o que queriam saber. Mas não o fizeram, preferindo publicar injúrias não só contra nós, mas também contra o Supremo Tribunal Federal".
O Antagonista voltou a carga, reafirmando a denúncia e propondo uma entrevista com ambos, com Lula e Okamoto, frente a frente, para que, "além de darem a sua versão sobre o fato reportado por nós, esclareçam nossas poucas dúvidas a respeito dos seguintes assuntos: mensalão, a acusação de que o senhor ameaçou Marcos Valério de morte, petrolão, uso abusivo de cartões corporativos da Presidência da República, atuação de Rosemary Noronha como lobista, sucesso empresarial de Lulinha, financiamentos do BNDES a empreiteiras com contratos em países africanos, as ligações com o grupo JBS/Friboi e a ameaça de usar a turma do Stedile para promover um banho de sangue no país".
Tal entrevista jamais acontecerá. O que surpreende é que as pautas propostas por O Antagonista, jamais tenham sido abordados pelos grandes veículos do país nos muitos contatos que têm com os mencionados figurões da República. Parece haver liberdades naturais que a imprensa brasileira, paradoxal e misteriosamente, não se concede.
Imperdível. Matéria de Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br), a quem vão todos os créditos!
OS ESQUEMAS DO DUQUE
“Se o senhor é o duque, quem é o rei?”
O questionamento foi feito pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a rede de corrupção instalada dentro da maior estatal brasileira. Preso pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira 16, o ex-funcionário da petrolífera prestou depoimento à CPI três dias depois. A PF prendeu Duque após a inteligência da instituição descobrir que ele tentou movimentar mais de 20 milhões de euros de uma conta da Suíça para vários países, entre eles o Principado de Mônaco – não poderia haver, afinal, lugar mais apropriado para um duque. Na comissão, o ex-diretor não revelou quem é o monarca supremo nem respondeu às outras perguntas dos parlamentares. Pelo menos momentaneamente, o silêncio confortou as hierarquias do Palácio do Planalto e do PT. Se confirmasse o teor da denúncia do Ministério Público Federal (MPF) sobre o aparelhamento da Petrobras por uma quadrilha, o reinado petista sofreria abalos irremediáveis.
FHC NA GLOBO NEWS. PANOS QUENTES E CALDO DE GALINHA.
Percival Puggina
Ontem, dia 19, assisti a entrevista de Fernando Henrique Cardoso a Mario Sérgio Conti, na Globo News. Tão previsível quanto lamentável.
O ex-presidente é um daqueles muitos personagens, existentes mundo afora, que saíram do comunismo, mas dos quais o comunismo não saiu. Ele tem nostalgia dos good old days em que era o príncipe dos sociólogos, o bam-bam-bam da esquerda brasileira. E nada lhe doi tanto na alma quanto ser chamado de neoliberal pelos seus parceiros de anteontem.
No programa, então, instigado por Mario Sérgio, antigo militante da Libelu, FHC fez o que todos esperavam. Chegou ao programa carregando uma sacola cheia de panos quentes para jogar em cima de todas as pautas levantadas. Rigorosamente, segundo Fernando Henrique, nada é grave, nada exige reação, tudo se resolve, basta ter calma e beber caldo de galinha.
Estava ali, no vídeo, maquiado e com laquê, vendendo saúde, o responsável pelas insuficiências cardíacas e a falta de energia do PSDB em sucessivas campanhas eleitorais contra a fúria devastadora dos petistas. FHC é o adversário dos sonhos do PT.
Quando ele disse que as multidões do último domingo, 15 de março, ao clamarem "Fora Dilma!", expressavam irritação, mas não uma intenção real, dei-lhe o devido clic e fui assistir Mad Men.
TOFFOLI LEVA JEITO PARA A LAVA JATO?
Percival Puggina
O novo presidente da turma que vai julgar os denunciados da Operação Lava Jato dispensa apresentações. Não sei se alguém já convidou o jovem ministro como palestrante, mas seu currículo é daqueles que não se anunciam para não constranger o convidado. O currículo de Sua Excelência tem pouco de Direito e muito de esquerdo, com largo tempo e muito serviço prestado ao Partido dos Trabalhadores que, impropriamente, o designou para o Supremo Tribunal Federal.
Sua mais recente distinção corresponde ao exercício da presidência do TSE na mais discutida e controversa eleição presidencial brasileira, marcada por pouco convincente e sigilosa apuração dos votos colhidos.
Pois eis que o ministro enviou o ofício acima ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski (aquele com quem Toffoli muito cochichava no julgamento do Mensalão), manifestando, como se lê, seu "interesse em compor a 2ª Turma" daquela corte. O ministro não manifestou desejo, vontade. Manifestou "interesse". Dentre todos os seus colegas ele deveria ser único impedido de expressar vontade. E, mais gravemente ainda, "interesse".
Mesmo que, por indulgência, se considere que o ministro usou inadvertidamente vocábulo impróprio, estamos diante de nova evidência de despreparo. Ministros do STF não podem enredar-se com o léxico.