O HOMEM É UM SER FAMILIAR

Percival Puggina

O homem é essencialmente um ser social; com maior razão, pode-se dizer que é um ser familiar.” (João Paulo II)


Pediram-me, outro dia, que discorresse sobre o tema “Como podem os pais influenciar positivamente seus filhos”. Embora a receita seja a mesma de sempre - amor, diálogo, atenção, amizade, zelo e exemplo - há que reconhecer que os resultados podem ser insuficientes pois o conjunto das outras influências a que os adolescentes estão sujeitos envolve, supera e muitas vezes destrói os melhores influxos familiares. Só uma ação conjunta de pais, escolas, autoridades, Igrejas e meios de comunicação social pode reverter a situação.

 

A que influências nocivas me refiro? Refiro-me às novelas de TV (que jamais valorizam qualquer coisa que tenha valor), às perniciosas revistas juvenis, às bandas de rock (com a desarmonia que produzem, com o conteúdo das letras que berram e com o modo como se comportam); refiro-me ao fio condutor permissivo de quase toda a publicidade e mensagem voltada aos jovens (firmando, por palavras e exemplos, chavões moralmente insustentáveis, do tipo “livre é quem faz o que quer”, “você quer você pode”, “normal é o que todo mundo faz”, “você é quem sabe o que é bom prá você”, “errando se aprende”); refiro-me à cultura do corpo (e sua animalidade) e à indigência a que é relegada a humanidade do espírito e da mente; refiro-me à impotência das autoridades ante o tráfico de drogas, às noites e suas festas, que absurdamente começam na hora em que deveriam terminar (e ao livre consumo de bebidas alcoólicas por menores).

 

São adultos os que promovem e se beneficiam dessa ausência de limites e os que perante ela se omitem. Há no inferno lugar para todos.
 

  • 24 Agosto 2014

 

CADÊ A INDIGNAÇÃO PETISTA?

Escreve-me um leitor perguntando o que aconteceu com os petistas indignados que dominavam o espaço urbano do Brasil ao findar o século 20.

 

Ah, eu também me lembro! Nenhuma indignação era mais indignada que a indignação de um petista indignado. Era um furor messiânico, insuperável e imbatível. Ninguém conseguia ficar mais indignado do que um petista indignado.

 

Nem "los indignados de Espanha" lhes eram páreo. E assim andaram os petistas brasileiros, cavalgando sua ira, até que, numa ensolarada manhã de verão, Lula subiu a rampa do Palácio e enviou, no peito estufado de bazófias, a verde e amarela faixa presidencial.

 

Naquele dia e naquela hora, sumiram os indignados. Não houve escândalo, rombo, desvio de recursos, negócios sigilosos, abraço a ditadores, apoio a governos bandidos, que deles arrancasse o mais banal cenho fechado ou um simples abanar de cabeça. Nem no horário político ela aparece! O governo petista encheu-lhes a indignação com dinheiro do contribuinte. E todos se tornaram tão dóceis que só falta desfilarem com coleira...
 

  • 21 Agosto 2014

A TRISTE SITUAÇÃO DOS APOSENTADOS


Aposentados e pensionistas são pessoas que deram dupla contribuição ao país. A primeira e principal mediante seu trabalho. O país que temos é, em grande parte, produto do empenho dos que vieram antes de nós. A segunda contribuição foi dada com o aporte financeiro mensal, ao longo dos anos, para gerar seu direito à aposentadoria quando a idade e a saúde não mais lhes permitissem trabalhar. É claro que todos eles, ademais, também serviram - e muitos ainda servem - à Pátria, à Nação, às suas comunidades e às suas famílias.

De outro lado, no rol dos aposentados e pensionistas foram incluídos milhões de pessoas que, cumpridas determinadas condições, passaram a receber do sistema uma pensão cujo único fundamento é o preceito legal que lhes reconhece tal direito pelo exercício de determinadas atividades ao longo de sua vida produtiva. São beneficiários sem prévia contribuição financeira. A principal consequência dos muitos desajustes, injustos privilégios e justas compensações se encontra representada nos dados abaixo, recebidos de um leitor, mostrando a degradação do valor recebido por aposentados e pensionistas do INSS em virtude da correspondente degradação da tesouraria do sistema.

Quem recebia 10 salários mínimos (SM) em 1997, ganhava R$ 1.200,00. Em 2014, esses 10 salários mínimos representariam R$ 7.239,00, mas o valor real do benefício é de R$ 3.588,00, equivalente a 4,96 SM.

No meio da tabela, 5 SM em 1997 representavam um benefício de R$ 600,00; em 2014 corresponderiam a R$ 3.619,00, mas o beneficiário recebe apenas R$ 1.794,00 ou o equivalente a 2,48 SM.

No pé da tabela, um benefício de 2 SM correspondia a R$ 240 em 1997. Hoje deveria corresponder a R$ 1.447,00 mas paga apenas R$ 724,00 ou seja, 1 SM.

O desequilíbrio que essa depreciação estabelece no orçamento dos idosos deveria ser incluído pelos legistas entre a "causa mortis" de muitos deles.
 

  • 19 Agosto 2014

AINDA SOBRE MARINA SILVA
Percival Puggina


 Desde que comecei a escrever incluo entre meus deveres temáticos denunciar os terríveis malefícios prestados à Igreja Católica pela Teologia da Libertação, essa versão comunista da teologia cristã, que serve ao comunismo e desserve á Igreja. Já levo 29 anos tratando desse lastimável mas necessário tema.

 

 Até hoje, passadas quase três décadas não encontrei motivo para corrigir uma linha sequer do que escrevi a respeito, muitas vezes incluindo no rol das minhas execrações vastos setores da hierarquia da Igreja instalados na CNBB, em alguns de seus órgãos e em setores de sua assessoria. Esses setores, nos primeiros anos, estavam mais preocupados com promover o PT e suas pautas. Agora estão mais preocupados com proteger os efeitos políticos sobre o PT das estripulias que esse partido promove com cotidiana dedicação.

 

 Pois foi nesse azedo e mal coado caldo de cultura, cozido em água benta, que se formou Marina Silva. Quando se sentiu politicamente firme, largou a Igreja Católica, mudou-se para a Assembleia de Deus e para o PV. Depois, largou não sei que mais e se mudou para o projeto da Rede. Mas isso não a fez menos alinhada com as trincheiras de combate às economias livres, ao agronegócio, e ao evangélico domínio do homem sobre os bens da Criação. A ecomania de Marina Silva inverte a ordem natural nesse convívio, submetendo os interesses da humanidade às determinações que o mundo natural lhe propõe. No fundo, vestido com floreios ecológicos, é o velho ódio marxista à propriedade privada dos bens da natureza.

 

  • 16 Agosto 2014

A MORTE E A MORTE DE EDUARDO CAMPOS


 A morte é a mais fatal das fatalidades. Os imensos avanços científicos alongam as expectativas de vida, a ciência acena com ganhos ainda maiores, e as sociedades modernas fornecem algumas razões para que nós nos creiamos senhores de nossas próprias vidas. Até que a morte cancele todas as ilusões a esse respeito. A essa derrota corresponde o triunfo da Esperança naqueles que têm fé.

 

 Dia 13 a morte levou um jovem político de apenas 49 anos, participante da corrida presidencial em curso. Na opinião dos que o conheciam era um homem bom e um governante competente. Poucas horas após sua morte soubemos mais a respeito de suas virtudes do que pudemos conhecer nos longos meses preparatórios ao período de campanha propriamente dito. Eduardo Campos vem recebendo um reconhecimento nacional que lhe faltou em vida.

 

 Em qualquer país do mundo, a morte de um candidato presidencial cobra rigorosas investigações. Quanto mais rigorosa for, maior tributo se estará prestando à sua memória e a seu valor. Nenhuma trilha pode deixar de ser seguida, nenhuma hipótese pode ser afastada e nenhuma urgência tem o direito de acelerar a identificação das causas do lamentável acontecimento.
 

  • 15 Agosto 2014

Tais princípios, não são de direita nem de esquerda. A rigor sequer são filosóficos. Eles correspondem a um modo de ser, a uma forma de agir, a um conjunto de critérios que inspiram decisões. Não há qualquer motivo para que estes princípios não possam ser aceitos por liberais, exceto se o liberal for um revolucionário no sentido sociológico do termo, interessado em uma revolução por liberdades ilimitadas, que não condiz sequer com os muitos e óbvios limites da natureza humana.

São eles:

  • Primeiro, um conservador crê que existe uma ordem moral duradoura.
  • Segundo, o conservador adere ao costume, à convenção e à continuidade.
  • Terceiro, os conservadores acreditam no que se poderia chamar de princípio do preestabelecimento.
  • Quarto, os conservadores são guiados pelo princípio da prudência.
  • Quinto, os conservadores prestam atenção no princípio da variedade.
  • Sexto, os conservadores são refreados pelo princípio da imperfectibilidade.
  • Sétimo, conservadores estão convencidos que liberdade e propriedade estão intimamente ligadas.
  • Oitavo, os conservadores promovem comunidades voluntárias, assim como se opõem ao coletivismo involuntário.
  • Nono, o conservador percebe a necessidade de uma prudente contenção do poder e das paixões humanas.
  • Décimo, o pensador conservador compreende que a estabilidade e a mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade robusta.

 

  • 13 Agosto 2014