• Percival Puggina
  • 12/06/2023
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Os amigos de Lula no STF

 

Percival Puggina

“Eu estou convencido que tentar mexer na Suprema Corte para colocar amigo, para colocar companheiro, para colocar partidário, é um atraso, é um retrocesso que a república brasileira já conhece, já conhece muito bem, e eu sou contra” (Lula, no dia 16/10/2022, em debate durante campanha eleitoral).

         Menos de um ano depois, Lula indica o nome de Cristiano Zanin ao STF. O futuro ministro é amigo, companheiro e advogado em todas as suas encrencas com a Justiça. É bem de Lula essa relação transitória e instável com suas próprias afirmações.

Há quem goste disso, há quem não se importe com isso e todos são livres tanto para uma coisa quanto para outra. O problema está no que isso representa em termos de caráter, mormente se estamos falando sobre a visão política de milhões de pessoas. Ainda hoje, num site de esquerda, um cidadão brasileiro exultava: “Hotel agora, só de 100 mil a diária, gravatinha de mil dólares e já, já vamos trocar aquele velho aerolula por um A330 novinho em folha... Viva nosso Lulão do Mundo! Ele merece!”. O autor da frase falava sério.

Esse é o Brasil que Paulo Freire ajudou a preparar. Você tem aí o protótipo do oprimido, conscientizado, lutando por sua libertação. E não se trata de um subproduto ocasional da “pedagogia do oprimido”, não. Esse cidadão é “o” produto buscado para o tipo de revolução cultural pensado pelo marxismo paulofreireano. Nele, o educando é conduzido a confundir o mundo e a realidade com o que lhe mostram suas limitadas percepções.

Lula não é diferente desse cidadão. Por isso, faz o que faz e, sem qualquer constrangimento, diz e se desdiz. Cristiano Zanin será ministro porque a maioria do Senado o quer ministro, porque a política como a temos precisa de ministros dessa extração.