• Percival Puggina
  • 12/10/2020
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ELES NÃO SE COMUNICAM, NÓS NOS TRUMBICAMOS

 

 A inacreditável soltura de André do Rap, líder do PCC, por ordem do ministro Marco Aurélio Mello, sinaliza mais um passo em direção ao fim do mundo. A ordem foi revogada, é verdade, pelo novo presidente do STF, ministro Luiz Fux, mas era tarde demais. O criminoso já batera asas e voara.

 Os dois ministros não rasgaram seda e partiram para o bate-boca. Neste exato momento, leio em OAntagonista que o traficante Gilcimar de Abreu, o Pooker, pediu ao ministro Marco Aurélio um novo canetaço, em extensão à ordem concedida a favor do coleguinha André do Rap. O que este tem que o Pooker não tem?

Não preciso esperar a decisão para diagnosticar, no episódio, além da óbvia artimanha inscrita na Lei Anticrime tornando obrigatória a revisão trimestral da necessidade da manutenção das prisões preventivas, inclusive de réus condenados (!) em segunda instância, um gravíssimo problema de comunicação.

Certas decisões judiciais parecem exaradas desde aqueles mosteiros construídos em condições quase impossíveis, no alto de penhascos, na Europa medieval. Eles começaram a surgir na Alta Idade Média por inspiração de Santo Antão do Egito e, posteriormente, sob a regra de São Bento de Núrsia.

Autoridades cujo importante e oneroso trabalho é pago pela sociedade parecem incapazes de iniciativas que envolvam pedir esclarecimentos ao pessoal da planície, lá embaixo, antes de decidir contra o evidente interesse da população (não carcerária)...