Há meses venho dizendo que, em qualquer situação, o PT classificaria a realidade de golpe. Vejam o que escrevi na véspera da eleição, em outubro de 2014: “O PT não aceitará a derrota!… Há tempos disse que o maior perigo não era a vitória do PT, mas sim a derrota do PT. Hoje na propaganda política, Dilma usou a palavra luta pelo menos seis vezes em menos de um minuto. Isso é sintomático.
O “Day After” da derrota petista será algo muito complicado. As bases mais radicais hoje controladas pelo poder, ao entrarem na oposição mostrarão a sua verdadeira face: cobras criadas no jardim. A derrota será chamada de “golpe da mídia golpista conservadora” e a democracia estará em cheque mais uma vez no nosso país. Espero que a maioria dos petistas que são verdadeiros democratas e provenientes de movimentos de trabalhadores e não da ala dos acadêmicos teóricos raivosos que fazem necrofilia com ideologias mortas, consigam controlar o ímpeto peçonhento das bases sedentas de desordem. Perigo, muito perigo a vista. No mínimo boicotes e sabotagens contra o governo Aécio, no máximo… Nem quero pensar."
Infelizmente, o PT ganhou (de forma bem duvidosa, e segundo o TSE com crimes que constituem em estelionato eleitoral) Sem falar na imoralidade e sandice inconcebível de termos que confiar a lisura da nossa democracia em um sistema de TI inauditável, subordinado ao TSE petista. Mas o discurso de “elite e mídia golpistas”, pronto para ser utilizado em caso de derrota (vide vídeo de Tarso Genro) ficou guardado e a caixa de pandora foi aberta mesmo com a “vitória”. Ele foi muito ensaiado para ser entoado na hipótese mais plausível que era a derrota da pior presidente da história do Brasil. Agora, ele é usado para caracterizar algo perfeitamente legal e institucional: a instauração de processo de impeachment. As mesmas instituições que funcionaram no impeachment do Collor e que foram entoadas a funcionar nos pedidos sem pudor do PT pelo impeachment do FHC, estão funcionando agora. Golpe é uma ruptura institucional. Não há ruptura. Não há uso de força nem solução de continuidade nas instituições democráticas. Pelo contrário, golpe de fato são as atitudes da presidente Dilma que obstrui a justiça, abusa de seu poder nomeando Lula como ministro, fomenta um discurso onde golpe virou eufimismo para aplicação da Constituição, e defesa da democracia virou eufemismo de defesa da manutenção do poder onde os fins justificam os meios. E se não ocorrer impeachment? Não se preocupem, a narrativa será que os fracassos e o resultado pífio de um governo incompetente, perdulário, corrupto, destrutivo e alinhado com o que há de pior no mundo não serão por culpa da presidente “Maria Antonieta” e da sua "corte de politburo" do PT…
Na narrativa "realidade paralela" do PT, o resultado "dilmesco" do governo em todos os indicadores será devido golpismo da mídia e das elites. Em resumo, quando o PT perde é golpe. Quando o PT cai por via institucional e legal é golpe. Quando o PT entrega o governo mais patético da historia do Brasil é… golpe. Não há outra alternativa. Golpe é a palavra que os papagaios hipnotizados repetem a exaustão. Golpe é a palavra chave para tentar de todas as formas abafar um dos maiores fracassos políticos e administrativos da história do Brasil. Golpe é o slogan que tenta esconder o governo que com a sua corrupção sistêmica foi o que mais espoliou o Brasil em 500 anos de história. Basta!