Você sai para uma viagem um pouco mais longa, de 6 meses, e tranca a sua casa. Ao voltar, encontra seu muro pichado com a frase “miséria não acaba porque dá lucro”. Ao tentar estacionar o carro, depara-se com um acampamento do MTST na sua garagem. O MST invadiu seu quintal, matou seu cachorro e derrubou sua jabuticabeira. Os agricultores não plantaram nada porque estão esperando as sementes da Embrapa e a assistência técnica do Ministério da Agricultura, enquanto sobrevivem de Bolsa Família há 5 meses, depois de terem devorado tudo o que havia na sua dispensa.
Entrando em casa dá de cara com o Caetano Veloso sentado de cuecas no seu sofá e cantando, sem nunca ter sido petista, o verso “Por que você me esquece e some?”. Ao enxotá-lo de lá, você o ouve balbuciando “censura!”, e imediatamente é produzido um manifesto (você não sabe de onde) brandido pela Letícia Sabatella lembrando a ditadura militar (e você fica sem entender nada, porque quando o AI-5 surgiu ela não era nem nascida).
Um inconfundível cheiro de maconha vem do seu quarto, onde Zé Celso está encenando uma peça orgiástica de 15 horas com 18 atores nus, financiada pela Lei Rouanet.
Atordoado você corre pra cozinha, apenas para encontrar Eduardo Suplicy cantando um rap (“pou! pou! pou!”) e distribuindo livros sobre o Renda Mínima.
João Pedro Stedile está na sala de jantar dizendo que seu imóvel é um latifúndio improdutivo e por isso merece ser ocupado, enquanto bebe seu uísque.
Enjoado você se dirige ao banheiro, onde encontra um mendigo maltrapilho e mal cheiroso com uma camiseta do Che Guevara bebendo o seu perfume, mas que na verdade é um estudante (jubilado) de Ciências Sociais da USP, presidente do DCE e filiado à União da Juventude Socialista.
Parabéns! Você acaba de entender os conceitos de Função Social da Propriedade, Reforma Agrária, Intervenção Urbana, Políticas Redistributivas e Arte Engajada.
É a isso que se resumiu a extrema esquerda atual.
* Transcrito do Facebook do autor.