• Alexandre Mastrocinque
  • 16/04/2017
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SE MATAREM O UBER E O CABIFY, VÁ DE FLUBER OU CABIFLY

 

No começo dos anos 1990 eu atuava em uma emissora de rádio FM, e comecei a ler algumas coisas sobre um projeto para um futuro distante: um tal de MP3 – promessa de arquivos bem menores com qualidade de CD, que naquela época era uma grande novidade, de tal modo que o pessoal ia ao Paraguai para comprar ou trazia dos Estados Unidos.

Não demorou tanto tempo assim, e eu já estava pesquisando como o tal MP3 funcionava. Instalei o Winamp e baixei Losing My Religion, da banda REM.

O primeiro MP3 a gente nunca esquece!

Baixar aquele software demorou um tempão – linha discada, modem de 56k, aquele barulho lindo da conexão (escorreu até uma lágrima aqui).

Depois de pouco tempo, surgiu o Napster e, para desespero do Lars Ulrich - dinamarquês que é um dos fundadores e líder da banda de heavy metal Metallica -, o mundo da música nunca mais foi analógico.

Artistas e gravadoras até conseguiram barrar o "aplicativo", mas o estrago estava feito.

Quem realmente entendeu a coisa toda foi um tal de Steve Jobs (já ouviram falar neste cara?) – o iTunes chegou e, bem, hoje você consome música com mouse e fone de ouvido.

Eu nem sou tão velho (idoso, para os imbecis do politicamente corretos), mas já vi várias transformações como essa. Lembrem que o computador acabou com a máquina de escrever, com o fax, com as cartas e um monte de outras coisas. Só para lembrar de coisas jurássicas: fitas K7, VHS, CD, cartuchos de videogame, telegramas, calculadoras…
A Blockbuster virou o que, mesmo? E a Kodak, faz o que hoje em dia? Quantas pessoas andam com cheque nos bolsos? Até dinheiro caiu em desuso – “Pode pagar no débito?"

O novo sempre vem.

Assim como as gravadoras e o Metallica, os taxistas esperneiam à toa.Terão o mesmo sucesso de cocheiros que, em agosto de 1911, protestaram contra a chegada dos taxistas (eita, cavalo!) na Estação da Luz, em São Paulo

Mesmo que matem o Uber, Cabify ou outro aplicativo para transporte privado de pessoas, dando à estas a plena e total liberdade de escolha, que é o bem mais precioso de cada indivíduo e que é o principal alvo da caçada promovida pelos candidatos a ditadores, saibam todos: a brincadeira acabou.

Quando fui para os EUA primeira vez, logo que desembarquei em Atlanta, na Georgia (on my mind), lembro que gritei “táxi" para parar um carro amarelo. Foi divertido imitar cenas que vi em centenas de filmes ao longo da vida. No passado, peguei meu celular e aguardei o carro parar à minha frente.

A cidade de São Francisco discute sobre carros autônomos enquanto o legislativo brasileiro está "regulamentando" os aplicativos de transporte privado de livre escolha, tais como Uber e Cabify. Se acabarem com o Uber, em pouco tempo vem o Fluber, ou o Gluber; Se acabarem com o Cabify, teremos o Cabidry ou CabiFly.

 Nesta mesma linha, o que dizer das operadoras de telefone? Ainda não se conformaram com o whatsapp. A cada hora tentam impedir a chamada de voz dentro do aplicativo. Mesmo que consigam, surgirá outro aplicativo, com outra solução.

Não gostou? Melhor ir brigar com Schumpeter. Apenas para ilustrar, Joseph Schumpeter é considerado um dos mais importantes economistas da primeira metade do século XX, e foi um dos primeiros a considerar as inovações tecnológicas como motor do desenvolvimento. Ah, sim. Ele faleceu em 1950.

E as TVs a cabo? Ainda não descobriram uma forma de conter o avanço da Netflix. A ideia brilhante foi tentar, em conjunto com as operadoras, limitar o consumo de dados para determinados aplicativos. Imagino que os diretores de Vivo, Sky, Net, Claro e Oi sejam extremamente bem remunerados.

É lamentável que a única saída encontrada pelos bem remunerados executivos e grupos de sindicalistas que não querem perder as "boquinhas livres e mamatas", e acabam por ter o mais absoluto apoio da classe política, seja por meio de tentar frear a inovação.

A má notícia para essa gente toda é que o melhor é se preparar para a mudança, não adianta nada brigar com novos modelos.

Isso vale para todos!

Podem até fazer barulho, mas não vão resolver a vida de ninguém, nem fazer o mundo parar de girar.

Lembrem que o CD matou o disquete, mas foi morto pelo pen drive.

Não sei muita coisa nem sou tão inteligente assim, mas o que eu sei é que neste novo mundo, não haverá espaço para taxistas, locadoras de DVD e o Netflix veio para ficar, nem que seja como modelo, e é loucura seguir olhando para o mundo como era antes.

Bons e verdadeiros profissionais se adaptam às mudanças.
Pessoas honestas a promovem.

A propósito: um conhecido me mostrou um "print screen" (fotografia da tela do computador ou smartphone) da tela de seu celular. Ele trabalha para o Cabify. Vejam só! A deputada federal Maria do Rosário votou a favor do projeto que acaba com os aplicativos de transporte privado, mas ela usa. A imagem que foi mostrada, apresentava a foto da política fazendo um chamadinho básico.

*Jornalista