• Dagoberto Lima Godoy
  • 03/09/2015
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QUANTO PIOR, MELHOR?


O povo foi às ruas, no país todo, em demonstrações de repúdio ao descalabro reinante. Muitos daí concluirão que os limites da tolerância popular foram ultrapassados pela escalada da corrupção, que começou com o mensalão do Lula e ainda não parou de crescer com o petrolão da Dilma. Lembrarão de como as Marchas da Família com Deus pela Liberdade respaldaram a instalação do regime militar, em 1964; e de como o mesmo regime teve o seu fim apressado pelo movimento das Diretas Já. E, assim, acreditarão que as manifestações populares levarão ao fim a funesta hegemonia petista.

Faz sentido, mas pode não ser bem assim.

Vale a pena lembrar: em 1991, a reeleição do Presidente Bush era dada como certa. Afinal, ele acabava de vencer a Guerra do Golfo, recuperando a autoestima dos americanos, perdida desde o fracasso no Vietnã. Seu opositor, Bill Clinton, era verdadeiro azarão na corrida presidencial. Foi então que o marqueteiro de Clinton, James Carville, criou a frase: “É a economia, estúpido!” O certo é que Clinton venceu, carregado pela fase ruim da economia americana. Fatos semelhantes, mundo afora, tornaram a frase um clichê nas campanhas eleitorais. Aqui no Brasil, quem duvida que foi o Plano Real que deu a vitória a FHC, em1994? Ou que a estagnação da economia e os juros nas alturas foram o trampolim que Lula usou para chegar ao Planalto, em 2003?

Então, sem menosprezar a significação política de manifestações como a de 16 de agosto, penso que falta muito para que elas alcancem a dimensão capaz de expulsar do poder os petistas e a súcia que aliciaram, sejam partidos, sindicatos, empresas, ou quem forem. A verdade é que a degradação política e moral instalou-se no país como um sistema, que se retroalimenta e impõe seu jugo a uma sociedade civil, fragmentada e carente de líderes. Não será fácil desmontar a máquina de “malfeitos”.

Otimista a vida inteira, me indago se não chegamos à absurda situação em que podemestar certos os que apostam no “quanto pior, melhor”.É triste, mas tudo indica que, lembrando o chavão de Carville, será preciso que mergulhemos mais fundo na crise econômica, gerada por administrações públicas incompetentes e corruptas, ideologicamente orientadas pelo “bolivariano” Foro de São Paulo.

Chego a admitir que valerá a pena aumentar o sofrimento do povo brasileiro, se for o preço a pagar para sairmos do atoleiro político e moral e reconstruirmos a nação em bases sadias e, portanto, sustentáveis.

* Cidadão brasileiro.