Juliano Roberto de Oliveira
Eu tento não me impressionar com esse monte de malabarismos e acrobacias macroeconômicos que os pesquisadores economistas da Unicamp gestam em suas mentes. Impossível!!!
Desta vez, refiro-me à economista Marilane Teixeira. A análise econômica consumista, imediatista e reducionista da economista sugere que, com uma escala de 6x1, os trabalhadores (notadamente os que não gostam de trabalhar, ressalte-se), consumiriam mais, uma vez que teriam mais tempo para lazer, e isto aqueceria a economia.
Jamais, repito, conseguirei entender a mentalidade de um economista estatista. É a produtividade o que reduz preços e melhora a qualidade de vida das pessoas. É a produtividade o que permite redução em jornadas supostamente excessivas de trabalho.
Quer implantar uma escala 4 x 3 no Brasil, um país cuja produtividade é sofrível (o Brasil é o 57º pior em produtividade entre 62 países)? Comece pela produtividade. É a produtividade, estúpido!!!
Reduzam o peso do estado. Retirem as amarras regulatórias. Eliminem o peso estatal que impede investimentos em tecnologias e a adoção de práticas inovadoras.
A título de exemplo, é possível encontrar, neste artigo, um bom resumo desta ópera bufa chamada Brasil em que o peso do Estado gera prejuízos irremediáveis. Um de seus fragmentos diz:
“O fisco, quando avança de forma tão voraz sobre a produção no país, apropria-se de rendimentos que seriam reinvestidos nas empresas; O Banco Central do Brasil, quando percebe o potencial inflacionário contido no nível de consumo da economia e decide elevar juros para coibir parte desta demanda, engessa parte dos investimentos da indústria; a deficitária infraestrutura causa diversas perdas no transcurso do processo produtivo, aumentando os custos totais de produção; a falta de qualificação crônica da mão de obra onera a atividade econômica (que frequentemente precisa assumir os custos de capacitar os empregados praticamente do “zero”), reduzindo a eficiência do setor como um todo”.
Aqui, porém, não obstante a realidade descrita na perícope acima, é comum encontrarmos este espécime (o economista estatista ou, seu auxiliar, o congressista estatista). Falo de pessoas que, a serviço do governo, distantes da realidade da vida de um comum, divagam sobre como deveriam ser as relações sociais, profissionais e até familiares que se dão entre comuns.
Milhares de inocentes úteis (até o momento de redação deste texto o número exato era de 2.791.508 de populares que manifestavam apoio à ideia), encantados com a possibilidade de trabalhar apenas 4 dias por semana, professores militantes, acadêmicos que só entendem de divagações econômicas e nada da economia real (ou seja, da lei da escassez) estão entre os principais apoiadores do projeto.
Como descrever tamanha irresponsabilidade? Como descrever tamanha insensatez? O que ocorre com a seriedade, o equilíbrio, a moderação que deveriam ser os alicerces de qualquer debate em torno do assunto?
Temos um governo protecionista, de cunho mercantilista, adepto da ideia de que gastos são investimentos e que expansão monetária é vida. Trata-se de um governo que vive em guerra contra o mercado “capitalista opressor”. Em decorrência disto, temos dólar nas alturas, inflação e, como corolário, altas taxas de juros. Não deveria surpreender qualquer indivíduo de bom senso que a economia vai mal e que seu crescimento, anunciado e comemorado pela mídia mainstream, é fantasioso, assim como o é a taxa de desemprego, uma vez que insustentáveis.
Estamos trilhando o caminho da servidão. Dia após dia. E o que propõe uma deputada psolista, baseando-se em pesquisas acadêmicas de economistas da Unicamp? O encarecimento dos custos de produção. Uma brincadeira que poderá colocar em risco a sobrevivência das empresas (em especial, das pequenas empresas).
A conclusão incontornável é: o Brasil é o país do futuro. E o será eternamente. De um futuro sombrio. De muita pobreza e miséria.
* O autor, Juliano Roberto de Oliveira, é Lean Manufacturing, Melhoria Contínua e Gestão de Custos, Consultor de empresas e professor de Economia e Finanças.