• Jayme Eduardo Machado
  • 17/05/2016
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PENSAMENTOS MÁGICOS



Cidadãos eleitores, em regra somos seduzidos pelos pensamentos mágicos dos candidatos. O poder de enganar dos magos da política é irresistível. O impossível é o seu objetivo, o imediatismo é o seu tempo. Enfim, abrem caminho pelo atalho cego da irracionalidade que percorremos na sofreguidão da pressa, porque tudo “urge”. Sequer a sucessão de frustrações parece ser suficiente à constatação de que invariavelmente ele – o tempo - se vinga das coisas feitas sem a sua colaboração. Na política tem sido assim: ou tarde nos damos conta, ou cedo nos desenganamos. Lidamos mal com o tempo.

Foi tarde quando percebemos que servíamos de experimento ao “pensamento mágico” apregoado pelos arautos da adaptação bolivarianista do socialismo do Século XXI. Nada além da réplica de um modelo fora de linha, enjambrado com o material reciclado do muro de Berlin - parece que ideologias que ficam velhinhas lá fora, encontram aqui o derradeiro asilo - . Enfim, pensar bem, mas executar mal, sem aprender com o tempo, é traço nosso.

Pois agora mesmo já constatamos que a alternativa resultante da estranha decisão que garantiu à presidente afastada a possibilidade de conspirar contra o governo interino na sua própria Casa, também é falsa. Pensaram bem os que apoiaram a saída de quem aceitou ser devorada no ritual autofágico da corrupção. Mas pensou mal quem imaginou pudéssemos ser salvos pelo núcleo duro dos ex-condôminos do Planalto. Se acham essa verdade frágil é só porque nem eu nem ninguém gostaria de ouvi-la. Mas, na real, estamos trocando a parte de um governo devedor de honestidade e eficiência que tarde afastamos – outubro de 2014 era o limite – pelos então fiadores do caos que juntos provocaram.

Mas ainda há um repertório de “pensamentos mágicos” em que apostar. Em uma dentre as centenas de gavetas emperradas no STF, guarda-se há mais de 20 anos o processo que se relaciona com uma bem-vinda emenda parlamentarista. E há outra, no TSE que, se aberta, será capaz de cassar a “chapa do presidencialismo de coalizão”. Como se percebe, ainda há mágicas em que acreditar, mas o diabo é a desconfiança nos mágicos.