• Luiz Carlos Da Cunha
  • 08/10/2015
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O PRIMADO DO PACÍFICO


“A geografia prefigura a história” (Euclides Da Cunha)

Há um século e dez anos Euclides Da Cunha publicou o ensaio histórico intitulado O primado do Pacífico, profetizando sobre severos termos estatísticos da época, o determinismo da república americana no viés integracionista ao comércio asiático. À ocasião despontava como seu parceiro principal o Japão, e, de longe, o Império do Meio esboçava inclinar-se da influência inglesa ao anelo americano.

 Desde então até hoje, episódios surpreendentes e dramáticos estremeceram a instabilidade histórica mundial: a derrota do Japão na II Guerra Mundial, a criação da republica Popular da China em 48, a ousada virada diplomática de Nixon–Kissinger em 1972, estabelecendo relações com o inimigo, e assoalhando a escalada comercial de trinta anos de parceria interdependente das duas maiores potências econômicas mundiais.

Assistimos agora o presidente Obama anunciando a formação do acordo Transpacífico, com dez países distanciados 20 mil quilômetros de mar, do oeste asiático à margem oeste da América, articulados na maior malha marítima comercial ao peso respeitável de 40% do PIB mundial. O acometimento foi fermentado em oito anos de tratativas diplomáticas, econômicas, jurídicas e comerciais. Nele se exclui adrede a China. E por razões de prudência e pragmatismo; a China – agora parceira - ao embalo de seu crescimento ininterrupto, expõe explícitas e ambiciosas demonstrações de força sobre as nações circunvizinhas. A criação desta coalizão comercial debruçada sobre o Pacífico liderada pelos EEUU, credencia Obama entre os grandes condutores da presidência americana. Visão estratégica de cem anos.

A presença do Chile Peru e México relegou ao ostracismo os países prisioneiros do MERCOSUL, que há vinte anos desacertam um tratado comercial com os USA e a União Europea. As conseqüências mais percucientes da Parceria Transpacífico para conosco , na perspectiva de duas décadas no concerto mundial do comércio, são nada animadoras. O Brasil pagará um alto preço pela insensatez diplomática dominante nesta década. Nossa diplomacia estiolou-se.