• Gilnei Lima
  • 15/02/2015
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O FIM DO GOVERNO PELO DECRETO DA PADARIA

 

É difícil de acreditar que alguém, entre os que têm se mostrado céticos, ainda tenha esperança de que o governo que se instalou no país, com nossa aprovação, tenha projetos de melhoria da qualidade de vida da sociedade. Mais difícil ainda tem sido encontrar alguém que não rejeite as aberrações dos escândalos produzidos em escala industrial e que vertem a cada minuto, quase como se fosse uma fonte inesgotável.

A população brasileira foi subestimada em sua inteligência e capacidade de análise. Como se as pessoas mais humildes não fossem capazes de fazer uma mínima observação, vendo com seus próprios olhos o estrago que já foi feito, e pior, continua sendo feito, como se tudo estivesse às mil maravilhas.

Praticamente todos já se deram conta de que há muita coisa errada acontecendo, à despeito do que dizem os governantes que agora são reconhecidos como mentirosos e corruptos. A verdade não escapa ao cotidiano, mostrando a realidade cruel que desaba sobre um país que há bem pouco era muito bom de se viver, mesmo que longe de ser perfeito. Era o país da estabilidade, do crescimento, da oferta crescente de empregos e melhores condições de vida.

O brasileiro foi enfeitiçado pelo canto da sereia. Ouviu as trombetas apregoadas em textos apocalípticos e sucumbiu às tentações. Agora clama em uníssono: livrai-nos do mal.

Quase todas as pessoas, particularmente as mais humildes, e todas que têm preocupações reais com o que vai acontecer com suas vidas, já se agitam ao contar as moedas em suas carteiras cada vez mais vazias, e fazer a maldita contabilidade para comprar o pão e leite. Cada dia a mesma quantidade de moedas compra menos pão. Em muito pouco tempo não comprará mais o leite. Talvez nem tenhamos leite. Com sorte, teremos pão.

Algumas destas pessoas, das quais podemos ouvir seus comentários em conversas nas filas dos pontos de ônibus ou mesmo nos corredores dos pequenos mercados de bairro, nos bancos dos coletivos do transporte público o tema é praticamente o mesmo: corrupção do governo, roubalheira generalizada, escândalos e a pergunta que é quase um mantra: onde vamos parar?

É constrangedor ficar fingindo que não se ouve, mas todos percebem que há um contágio de insatisfação, que já está prestes a se tornar epidemia social. E é aí que o perigo se torna real e imediato. O medo faz as pessoas se recolherem ao exílio de suas casas, mas a angústia provocada pela sensação crescente de que a fome está em frente à porta, transforma aquelas pessoas pacíficas em guerreiros dispostos a tudo para defender suas famílias e livrar seus filhos do perigo de não ter o que comer, porque o governo lhes rouba tudo, todos os dias, várias vezes por dia; ininterruptamente. Esta é a sensação percebida, de que se produz um novo escândalo de roubo e corrupção a cada minuto.

Muitos não percebem, mas os convido a utilizar os meios de transporte público. Faça este teste e perceberá por si mesmo, que essa é a verdade que está nas ruas, e cresce na mesma proporção em que se noticiam os escândalos e crimes sem quaisquer perspectivas de punição. E mais, mesmo que os veículos de comunicação sejam "estimulados" ou impedidos de noticiar, a rede mundial e as redes sociais são de domínio público.

Para quem pensa que aquelas senhoras e senhores humildes e de baixa renda, que vivem longe dos centros urbanos, nas periferias, nos bairros afastados estão desconectados do que vem ocorrendo, prestem atenção. Estes são os maiores inimigos da corrupção, pois são a grande massa popular que está sendo afetada. São os que sofrem mais rapidamente com o roubo de qualquer centavo de suas rendas. Estes míseros centavos fazem falta para pagar o pãozinho de 50g ou completar a passagem do ônibus ou do metrô.

Há um exército formado e prestes a entrar em revolta. Eles não usam fardas ou armas convencionais. Este exército é composto por jovens que se desiludem e percebem que diminuem suas esperanças; em cada trabalhador que vai sendo tomado pelo desânimo; em cada aposentado que tenta desesperadamente sobreviver com o pouco que recebe.

A munição para este conflito, prestes a se tornar revolta popular é reabastecida a cada denúncia de escândalo, nas quais a Justiça não pune os verdadeiros culpados e a polícia é vergonhosamente desrespeitada pelo poder público. Quando se vê, a cada dia, os impostos aumentando, a conta de luz cada vez mais pesada; os combustíveis com preços absurdamente fora da realidade, e pensam que esta legião de pessoas não sabem que, se os combustíveis ficam mais caros, todo o resto também ficará. 

A recarga da munição de repúdio ao governo é feita pelo próprio governo, que não facilita em nada a vida dos brasileiros, mas doa para outros países montanhas de dinheiro produzido por essas pessoas, para que naqueles outros lugares sejam construídos portos, estradas e hidrelétricas, enquanto aqui falta água e luz todos os dias. 

Diante de todas estas coisas que acontecem diariamente, sem previsão de um final feliz e pacífico, os brasileiros sempre tão cordiais e ordeiros, trabalhadores que pouco se queixam e levam a vida como podem, percebem mais e mais, que se esvaziam as prateleiras do supermercados das esquinas, pois cada vez mais poucos podem comprar.

O decreto definitivo para o fim deste governo e sua extinção, poderá vir diretamente do balcão de alguma padaria, quando sobrar o último pão e o cidadão não puder comprá-lo.

*Jornalista

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