• Paulo Briguet
  • 05/02/2016
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O ABORTO E A ESTRELA DA MANHÃ

(Publicado originalmente na Folha de Londrina)

Eu e o Pedro gostamos das histórias do pequeno príncipe. Ontem lemos mais uma vez a passagem em que ele visita o planeta do homem bêbado.
– Por que você bebe? – pergunta o principezinho.
– Para esquecer – responde o homem.
– Para esquecer o quê?
– Para esquecer que tenho vergonha.
– Que tem vergonha de quê?
– Que tenho vergonha de beber.
Aquele triste homem, de quem o principezinho sente muita pena, é a imagem do nosso mundo moderno. Exatamente assim se comportam os defensores do aborto: voltam sempre a fazer a mesma coisa. A cada nova oportunidade, a cada novo pretexto, lá estão deles de novo, defendendo a sua tese absurda. A diferença é que não parecem sentir vergonha do que fazem.
Agora, por causa do zika vírus, os militantes querem liberar o aborto de bebês com microcefalia. Para isso, contam com o apoio de poderosas e milionárias fundações internacionais. Mas com um apoio não podem contar: o da maioria esmagadora do povo brasileiro, contrário à liberação do aborto.

É MELHOR MATAR?
Quando jovem, eu também defendia o aborto – e isso me fez cometer o maior erro da minha vida. Hoje meus pensamentos vão para a multidão de crianças que não nasceram, no mundo inteiro, porque seus pais descobriram que elas tinham algum tipo de má formação ou problema genético. A tese de que essas crianças "defeituosas" não devem nascer tem nome: eugenia. É a tese que deu origem aos campos de concentração e aos genocídios modernos.

O jornalista Edson Ferreira, da FOLHA, publicou ontem nas redes sociais um belo e comovente relato sobre a sua filha Esther, que nasceu com a síndrome de Edwards e tinha microcefalia. Escreve o Edson: "Não podemos medir a liberdade pelo tamanho do crânio. Não posso concordar que alimentemos o desejo de matar: é melhor matar do que cuidar do quintal para evitar os focos do mosquito? É melhor matar do que sentir o bebê se mexendo na barriga? Eu me lembro que Esther se manifestava na barriga de minha esposa quando eu chegava em casa do trabalho. Eu encostava a cabeça e acho que ela me acariciava! Esther deveria ser impedida de nascer?"

AMOR E ETERNIDADE

O nome Esther significa estrela da manhã. Na Bíblia, a rainha Ester salva o povo judeu do genocídio após fazer a oração que começa com as seguintes palavras: "Meu Senhor, nosso único rei, assisti-me no meu desamparo, porque não tenho outro socorro senão vós, e o perigo que me ameaça eu o toco já com as mãos". 

Nós vamos permitir que os movimentos abortistas prevaleçam sobre a vida? Vamos aceitar que outras meninas e meninos deixem de nascer? Vamos fechar os olhos para as crianças que tanto nos ensinam sobre o amor e a eternidade? As respostas, deixo aos meus sete leitores. Mas encerro com as palavras do amigo Edson: "Sem fanatismos religiosos ou pensamentos revolucionários, proclamemos a vida!"

* Jornalista