• Alex Pipkin, PhD
  • 04/07/2023
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O “rent seeking” copioso e “progressista”

 

Alex Pipkin, PhD

Embora reconheça que seja um tema belicoso, discordo que a escravidão seja o motivo central da riqueza das nações centrais frente as periféricas.

Parece-me reducionismo e/ou simplismo interesseiro, creditar a riqueza de países a exploração de nações agora denominadas de “em desenvolvimento”. Nessa questão, alinho-me as análises da escravidão elaboradas pela economista americana Deirdre McCloskey.

Entendo que o enriquecimento dos donos do poder em um país, por meio da exploração e do roubo de outras nações, não implique necessariamente na riqueza desse país e, mais diretamente, na melhoria da condição de vida dos indivíduos, dos “comuns” nesses países. Impérios nasceram e desapareceram. A lição da história da humanidade demonstra, cabalmente, que a extração econômica, a cultura do “rent seeking”, não conduz os países a uma prosperidade sustentada.

Vários pensadores, tais como o espetacular Jared Diamond, investigaram as raízes da prosperidade, enaltecendo as questões relacionadas a cultura, a geografia, ao livre comércio, a qualidade das instituições, a produtividade, e a outros fatores importantes.

Não sei se existe um fator hegemônico, porém, creio que às liberdades e o estímulo à geração de ideias inovadoras, portanto, a inovação, são fatores preponderantes.

Ideias criam pensamentos e coisas que fazem pessoas e empresas serem distintivas, produzindo mais com menos, de forma mais barata, com menos recursos, em menor tempo, em maior quantidade, de melhor qualidade, enfim. Ideias criam mais oportunidades para inovação e aumento de produtividade e incrementam a riqueza geral e individual.

Em linha com o pensamento de Acemoglu e Robinson, as instituições possuem um papel crucial no sentido de criar um ambiente que fomente às liberdades individuais e econômicas para a geração de ideias inovadoras que produzam um incremento da produtividade, das inovações úteis e, desse modo, da criação de riqueza e prosperidade.

Instituições de qualidade são instituições políticas e econômicas inclusivas.

De forma nefasta, o Brasil já se acostumou a conviver com instituições extrativistas, que concentram e manipulam a sociedade com seu poder e, fundamentalmente, extorquem os recursos produzidos pelos indivíduos e pelas empresas, sem contribuir para a criação desses respectivos recursos.

Esses donos do poder enriquecem pela expropriação da maioria, e pelo funcionamento do compadrio, que suprime as práticas de mercado, beneficiando somente uma minoria alinhada com os agentes estatais.
São essas mesmas instituições que determinam o regramento e os incentivos norteadores do crescimento - ou não - econômico e social.

Nesse Brasil atual, a cultura do “rent seeking” das instituições extrativistas verde-amarelas, as elites de baixa qualidade e seus aliados, utilizam-se da narrativa da “justiça social” para extraírem recursos por meio de determinados programas sociais e aqueles direcionados às minorias identitárias. É patente que vivemos na era do “rent seeking progressista”.

Por essas bandas tupiniquins tudo é possível e se faz para que pessoas desqualificadas assumam cargos que, por exemplo, exijam o conhecimento e a fluência na língua inglesa, mas que esses padrões são eliminados e/ou reduzidos para que os “amigos do rei” possam abocanhar. Ilegal e imoral! Aqui se burlam regramentos triviais para que pessoas qualificadas não possam competir em posições e/ou programas governamentais.

O comportamento “rent seeking”, em todas as suas formas, exerce um impacto deletério para a sociedade do pau Brasil.

Em nome da balaiada “justiça social”, os donos do poder nacional geram um ambiente de corrosão da responsabilidade individual, penalizando e, de fato, prejudicando o genuíno esforço e qualificação individual e os setores produtivos do país. Mais alarmante ainda, é a destruição do Estado de Direito em prol da narrativa da justiça social.

A prosperidade não aterriza por meio de decretos. Neste sentido, as instituições econômicas e políticas extrativistas de Macunaíma continuam a obstaculizar o crescimento econômico, impedindo que as liberdades econômicas e individuais, e portanto, a geração de ideias, prevaleçam, a fim de, evidentemente, impedir que o povo possa mexer no graúdo e saboroso queijo (tipo gorgonzola ou Roquefort) da “elite” - podre - tupiniquim.

Triste, mas é o que temos, faz séculos, no país do samba, do futebol, do carnaval e das belas e afrodisíacas praias brasileiras.